FICAMOS ALEGRES COM SUA VISITA

ESPERAMOS, QUE COM A GRAÇA SANTIFICANTE DO ESPIRITO SANTO, E COM O DERRAMAR DE SEU AMOR, POSSAMOS ATRAVÉS DESTE HUMILDE CANAL SER VEÍCULO DA PALAVRA E DO AMOR DE DEUS, NÃO IMPORTA SE ES GREGO, ROMANO OU JUDEU A NOSSA PEDRA FUNDAMENTAL CHAMA-SE CRISTO JESUS E TODOS SOMOS TIJOLOS PARA EDIFICACÃO DESTA IGREJA QUE FAZ O SEU EXODO PARA O CÉU. PAZ E BEM

AGRADECIMENTO

AGRADECEMOS AOS NOSSOS IRMÃOS E LEITORES, POR MAIS ESTE OBJETIVO ATINGIDO, É A PALAVRA DE CRISTO SEMEADA EM MILHARES DE CORAÇÕES. PAZ E BEM

sábado, 26 de julho de 2008

A oração é alimento para alma


São João Crisóstomo dizia: "assim como a alma dá a vida ao corpo, assim também a oração mantém a vida da alma. Assim como o corpo não pode viver sem a alma, assim a alma sem a oração está morta e exala mau cheiro". Portanto enquanto a comida é o alimento para o corpo, a oração é o alimento para a alma.
Extraído do site: www.padremarcelorossi.org.br

sexta-feira, 25 de julho de 2008

CONFRONTO CRISTO / ANTICRISTO

Jesus falou do fim do mundo e nos revelou alguns fatos que acontecerão antes do fim dos tempos. Como a Eucaristia é protagonista de um desses fatos, recordemos alguns pontos da escatologia, sem entrar em detalhes, pois, o nosso tema central é a Eucaristia e não o fim do mundo.
O Evangelho de Mateus nos diz: “Esta boa nova do reino será pregada em todo o mundo, como testemunho a todas as gentes, e então virá o fim”(Mt 24,14).
A Carta aos Tessalonicences nos diz: “Que ninguém vos engane de qualquer modo que seja. É necessário que antes venha a defecção (apostasia) e se manifeste o homem da impiedade (anticristo), o filho da perdição, o adversário que se levanta acima de tudo o que é chamado Deus ou é objeto de veneração, ao ponto de sentar-se no templo de Deus, proclamando ser Deus ele próprio”(2 Tes 2,3-4).
Dado que estamos tratando da Eucaristia e não do fim do mundo, tomemos somente estes três pontos:
1 - O Evangelho será anunciado a todas as nações (Mt 24,14).
2 - A defecção ou apostasia (2 Tes 2,3).
3 - Confronto entre o homem da impiedade (anticristo) e Jesus Cristo (2Tes 2,4).

1 - O Evangelho será anunciado em todas as nações
Jesus não diz que todas as nações aceitarão o Evangelho; diz apenas que a boa nova será anunciada em todas as nações. Com o descobrimento das Américas, em 1492, e com o imediato anúncio do Evangelho feito pelos missionários que acompanhavam os colonizadores, este ponto se concretizou.
2 - A defecção ou apostasia
Neste ponto devemos distinguir o sentido bíblico do sentido teológico da palavra apostasia.
a) A teologia chama apóstata aquele que, tendo chegado à fé, a abandona completamente, negando tudo, inclusive a existência de Deus. Para a teologia, portanto, apostasia corresponde a passar da fé para o ateísmo.
b) Nos escritos do Novo Testamento não se conhece nenhum caso de membros das comunidades cristãs que tenham abandonado a fé e a própria crença em Deus, passando da fé para o ateísmo. O que os apóstolos citam, em seus escritos do Novo Testamento, são casos de pessoas que, apesar de crerem em Jesus Cristo, davam-se a práticas pagãs, como, por exemplo, os nicolaítas (Ap. 2,14-15), ou negavam alguma verdade revelada em relação a Jesus Cristo, como, por exemplo, os docetas que negavam a natureza humana de Jesus (2Jo 1,7).
Por isto, somos forçados a concluir que, para os apóstolos, bastava negar uma verdade revelada para ser apóstata. Enquanto a teologia chama herege quem, conservando a fé, nega uma ou mais verdades reveladas, o Novo Testamento considera este indivíduo um apóstata. Em resumo: para a teologia é apóstata quem passa da fé para o ateísmo; para o Novo Testamento é apóstata quem nega uma verdade revelada. O ateu que nasceu ateu e permaneceu sempre ateu, em nenhum dos casos pode ser considerado apóstata. No conceito do Novo Testamento, quem negar a Eucaristia é um apóstata.
3 - Confronto Jesus Cristo / Anticristo
Quem nega a Eucaristia é levado a supor que o confronto do anticristo com Jesus Cristo se dará no fim dos tempos quando Jesus voltar; porque, de outra forma, com quem o anticristo se confrontará? Isto é um verdadeiro absurdo. Quando Jesus voltar, ninguém se atreverá a confrontá-lo. Vejamos o que diz o Apocalipse: “Ei-lo que vem entre as nuvens e todos os olhos o verão, também os que o trespassaram, e, por causa dele, hão de se percutir o peito todas as tribos da terra”(Ap. 1,7). Ao retorno de Jesus, até o anticristo se ajoelhará, apesar de que nada adiantará, pois o tempo da fé já terá passado.
O confronto entre o anticristo e Cristo se dará, portanto, antes do fim do mundo. Prestemos bem atenção ao que diz S Paulo na carta aos Tessalonicenses (2Tes 2,3-4) já citado acima. “É necessário que ANTES venha a apostasia... se manifeste o anticristo... que se levanta acima de tudo o que é chamado Deus...”. A palavra ANTES rege toda a frase. Portanto, antes de fim do mundo, deve vir a apostasia, deve levantar-se o anticristo e o anticristo deve executar sua ação contra tudo o que é chamado Deus.
O anticristo se levanta contra tudo o que é chamado Deus: para nós católicos, uma hóstia consagrada é Deus; para os cristãos que não acreditam na Eucaristia, uma hóstia consagrada é um objeto que os católicos chamam Deus. O confronto entre o anticristo e Jesus Cristo terá, de um lado, o anticristo, ou seja, a pessoa que liderar os cristãos que não acreditam na Eucaristia (inclusive os católicos que não crêem na Eucaristia) e, do outro lado, a Eucaristia defendida pelos católicos que acreditam e a recebem dignamente. É muito difícil prever qual será o pretexto do confronto, mas pode ser uma tentativa de unificação das religiões cristãs. Se os líderes da Igreja católica, futuramente, aceitarem as interpretações errôneas dos protestantes, referentes à Eucaristia, com o intuito de unificar as religiões cristãs, haverá um pequeno grupo de católicos que permanecerão fiéis à convicção que Jesus está realmente presente numa hóstia consagrada. O grupo que negará a Eucaristia, sendo maior e, humanamente falando, mais poderoso, tentará suprimir o grupo fiel à Eucaristia e nisto pode se concretizar o confronto.
O confronto entre o sumo-sacerdote e Jesus Cristo, perante o sinédrio em Jerusalém, é semelhante ao confronto entre o anticristo e Jesus Cristo antes do fim do mundo. O sumo sacerdote acreditava no Messias e aguardava a vinda do mesmo. Mas não acreditava que aquele homem (Jesus) amarrado e, aparentemente, incapaz de se defender fosse o Messias. Jesus declarou ser o Messias: “Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste. Antes vos digo que doravante vereis o Filho do Homem sentado à direita da Onipotência e vir sobre as nuvens do céu”(Mt 26,64). Jesus não fez nenhum milagre perante o sumo-sacerdote para provar que era o Messias. O sumo-sacerdote tinha somente a palavra de Jesus como argumento para crer. Se Jesus tivesse feito, perante o sinédrio, a manifestação que fez, na transfiguração, perante Pedro, Tiago e João, com Moisés e Elias conversando com Ele, é óbvio que o sumo-sacerdote teria acreditado nele.
O anticristo, no confronto com Jesus Cristo, estará na mesma situação. Terá perante si uma hóstia consagrada, aparentemente incapaz de se defender, e como único argumento para crer a palavra de Jesus “ISTO É O MEU CORPO” (cf Mt 26,26). Porém, no confronto anticristo / Jesus Cristo, antes do fim do mundo, haverá uma reação de Jesus Cristo ( que não houve perante o sinédrio). S Paulo diz: “Então manifestar-se-á o ímpio (anticristo), que o Senhor Jesus destruirá com o sopro de sua boca e aniquilará com o esplendor de sua vinda”(2Tes 2,8). O sopro que derrubará o ímpio sairá do objeto considerado Deus, ou seja da Eucaristia, que o anticristo pretenderá destruir. A vinda de Jesus em glória, que aniquilará o anticristo, acontecerá em seguida.
No Evangelho de Mateus, Jesus previne os discípulos em relação aos fariseus e saduceus (cf Mt 16,5-12). E, no entanto, sabemos que os fariseus e saduceus professavam a fé do povo judeu, eram mais rigorosos na prática religiosa que os apóstolos, e esperavam o Messias. O erro deles era não aceitar que aquele homem, chamado Jesus, Filho de Maria, fosse o Messias. É inegável que as religiões cristãs não católicas aceitam Jesus como Messias, Filho de Deus, e esperam a volta do mesmo. Mas, negando a Eucaristia, negam Jesus já presente entre nós, assim como os fariseus e saduceus negavam que o Messias já estivesse entre eles na pessoa de Jesus. Quem vê, numa hóstia consagrada, um simples pedaço de pão, comete o mesmo erro que os fariseus e escribas que viam, em Jesus, um simples homem.
Para salvar-nos precisamos crer em Jesus: “Com efeito, Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho Unigênito para que todo aquele que crer nele não pereça, mas tenha a vida eterna”( Jo 3,16). Crer em Jesus não quer dizer apenas admitir que Ele é o Messias, o Filho de Deus, o Redentor ou o Salvador. É preciso também crer naquilo que Ele falou. Se alguém acredita que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, mas não acredita na palavra dele quando diz: “TOMAI E COMEI; ISTO É O MEU CORPO” (Mt 26,26) não pode afirmar que acredita em Jesus. Se alguém acredita que eu sou o Padre Ângelo José Busnardo, filho de Raymundo Busnardo, mas não acredita naquilo que eu digo, não pode dizer que acredita em mim. Assim, para alguém poder dizer que acredita em Jesus, não basta que acredite que Ele é o Messias e o Filho de Deus, precisa crer em tudo o que Ele disse; precisa crer em Jesus também quando diz: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,53-54).

EUCARISTIA ALIANÇA DEFINITIVA

Somente através da Eucaristia a aliança definitiva entre Deus e o homem se concretiza. Antes do pecado, o homem tinha dentro de si um princípio incriado, eterno, o sopro de Deus. Deus era Senhor de Adão e Eva. Adão é Eva eram aliados de Deus. Com o pecado esta aliança foi desfeita. Deus, porém, desde a criação, quer ter o ser humano como seu aliado. Por isto, no Antigo Testamento, Deus faz uma aliança a nível humano, uma aliança externa, com diversos homens, depois com todo o povo. Ainda no Antigo Testamento é anunciada uma aliança nova e definitiva que se concretizou com Jesus Cristo na Eucaristia. Vejamos o anúncio desta aliança no Antigo Testamento.
ALIANÇA COM NOÉ Gn 9,8-17
Com o dilúvio, Deus nos mostra que não adianta exterminar os maus antes do fim do mundo, pois, haverá sempre entre os bons quem se perverterá. Joio e trigo deverão conviver até o fim dos tempos (cf Mt 13,24-30 e 36-39). Por isto Deus fez uma aliança com Noé.
Sinal desta aliança: o arco-íris.
Promessa de Deus: não exterminar a vida pela água.
ALIANÇA COM ABRAÃO Gn 15,9-21 e Gn 17,1-14
Deus manda Abraão partir animais pelo meio (Gn 15,10). Ao escurecer um archote aceso, que representa Deus, passa entre os animais partidos. Na época, quando duas pessoas celebravam um contrato importante, partiam um animal ao meio e, passando entre as partes, pronunciavam o juramento, desejando-se a mesma sorte do animal partido ao meio, se não fossem fiéis ao juramento. Deus usou este esquema ao fazer aliança com Abraão. Assim Abraão autoriza Deus a matá-lo se não permanecesse fiel.
Sinal da aliança com Abraão: a circuncisão.
Promessa de Deus: numerosa posteridade a Abraão e posse da terra aos descendentes.
Lembremos que esta é uma aliança de vida ou morte: vida para o fiel e morte para o infiel.
ALIANÇA COM O POVO Ex 24,1-8
Na pessoa de Noé e Abraão, Deus fez aliança com um indivíduo e sua família. No deserto, Deus faz aliança com todo o povo. Na aliança com Abraão, Deus prometeu aos seus descendentes a terra de Canaã. O povo judeu no deserto fazia parte da descendência de Abraão. Deus permanece fiel à sua promessa. De sua parte, o povo deve provar a sua fidelidade para com Deus, observando os dez mandamentos - código da aliança. Moisés asperge o povo com sangue de animais. A aliança é selada externamente (aspersão) e com sangue de animais.
ANÚNCIO DA ALIANÇA DEFINITIVA Jr 31, 31-34
Jeremias anuncia uma aliança nova e definitiva, superior àquela feita no deserto com o povo judeu. Seria uma aliança no coração que modificaria radicalmente quem tomasse parte dela. É evidente que a profecia de Jeremias se realiza na Eucaristia, pois, na Eucaristia, a aliança é feita no corpo e sangue de Jesus ( e não no sangue de animais). É uma aliança interna: o corpo e sangue de Jesus são consumidos, digeridos, e passam a fazer parte do corpo de quem os recebe. Aquele que recebe dignamente a Eucaristia tem em suas veias o sangue do Filho de Deus.
“Tomou então o pão, deu graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em minha memória’. Depois da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a NOVA ALIANÇA no meu sangue, que por vós é derramado’”(Lc 22,19-20).

JESUS NÃO FICA INDIFERENTE

Como a Eucaristia é imprescindivelmente necessária para a salvação, poder-se-ia ser tentado a induzir todos a recebê-la. Mas a revelação nos pede de tomar rigorosas precauções. Jesus-salvador se torna condenação para quem o recebe em pecado.
“E por isso, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, torna-se culpado para com o corpo e o sangue do Senhor. Examine, pois, cada um a si mesmo e, assim, coma deste pão e beba deste cálice; pois quem come e bebe sem fazer distinção de tal corpo, come e bebe a própria condenação. É por isto que, entre vós, há muitos enfermos e adoentados e um bom número faleceram” (1Cor 11,27-30).
Para entendermos porque S Paulo é tão radical em relação à Eucaristia, voltemos ao segundo e terceiro capítulos do Gênesis sobre a criação do homem e às conseqüências do pecado que destruiu o plano de Deus em relação ao homem. Através dos esquemas abaixo, procuremos visualizar as sucessivas etapas do plano da criação do homem e da sua destruição pelo pecado:

Esquema 1 (antes do sopro)
Deus cria o homem. Deus é criador e Senhor do homem.
O homem tem corpo físico, vida física e alma imortal.
( Antes do sopro, o homem não tinha a vida eterna em si).
Esquema 2 ( após o sopro de Deus)
Deus é criador e Senhor do homem.
O homem tem corpo físico, vida física, alma imortal e vida eterna (sopro de Deus). A vida eterna é incriada.
Adão vê Deus e fala com Ele.
Esquema 3 (após a criação de Eva e antes do pecado)
Deus é criador e Senhor de Adão e Eva. Eva é tirada de Adão e, por isso, mesmo sem receber o sopro de Deus, ela nasce com corpo físico, vida física, alma imortal e vida eterna.
Adão e Eva vêm Deus e falam com Ele.
Esquema 4 (após o pecado)
Não se pode obedecer a dois senhores (cf Mt 6,24). Adão e Eva obedecem a satanás e, portanto, o senhor deles passa a ser satanás.
Deus continua sendo criador de Adão e Eva. Mas satanás se torna senhor de Adão e Eva (escravos de satanás pelo pecado).
Adão e Eva tem corpo físico, vida física e alma imortal, mas perderam a vida eterna (sopro de Deus). Deus disse a Adão: “Se comeres, morrerás” (cf Gn 2,17). Adão e Eva tinham vida física e vida eterna. A vida eterna tinha sido colocada no homem, portanto, podia ser tirada sem destruir o homem. Cometendo o pecado, Adão e Eva perderam a vida eterna, mas continuaram fisicamente vivos; esta foi a primeira morte pela qual Adão passou. Novecentos e trinta anos depois, Adão morreu, isto é, perdeu também a vida física (cf Gn 5,5); esta foi a segunda morte pela qual Adão passou. Por isto, o ser humano que se salva passa por duas ressurreições: a recuperação da vida eterna pela Eucaristia (Jo 6,53-54) que é a primeira ressurreição (cf Ap. 20,5b). Esta primeira ressurreição pela Eucaristia acontece durante a vida física de cada pessoa. As almas das pessoas, que, ao serem surpreendidas pela morte física, estiverem de posse da vida eterna, reinarão com Cristo durante mil anos (cf Ap. 20,4). Neste caso, mil anos não correspondem a um período de dez séculos, mas ao período que transcorre entre a primeira e a segunda vinda de Jesus. A segunda ressurreição é a ressurreição da carne que atinge a todos, bons e maus, eleitos e condenados. Jesus nunca perdeu a vida eterna (como Deus não podia, em nenhuma hipótese, perdê-la), por isto, passou somente pela ressurreição da carne. Não tendo cometido pecado, Jesus passou somente pela morte física e, por isso, precisa recuperar somente a vida física que corresponde à ressurreição da carne.
Nos quatro esquemas, Adão é sempre senhor do mundo. Quando satanás se torna senhor de Adão e Eva, se torna senhor também do mundo. Por isto, satanás, nas tentações do deserto, diz a Jesus: “Dar-te-ei todo este poderio de reinos e a sua magnificência, porque me foi entregue e eu o dou a quem quiser” (Lc 4,6). E Jesus diz em outra ocasião: “Agora tem lugar o julgamento deste mundo. Agora o príncipe deste mundo vai ser lançado fora” (Jo 12,31).
Quem está em pecado grave, está sob o senhorio de satanás ou seja é escravo de satanás. Quando Deus soprou a vida eterna em Adão, este estava sob o senhorio de Deus (vide esquemas 1 e 2). Se alguém está em pecado mortal, deve, antes de receber a Eucaristia, voltar ao senhorio de Deus, através do sacramento da penitência. Somente assim, ele comerá e beberá dignamente o corpo e o sangue do Senhor. Caso contrário comerá e beberá a própria condenação (cf 1Cor 11,27-30).
Peca-se gravemente de muitas maneiras. Para não entrar em detalhes, lembremos apenas que todas as faltas contra os dez mandamentos de Deus e os cinco mandamentos da Igreja são pecados graves. Para cometer um pecado grave basta, por exemplo, perder a missa aos domingos (cf Catecismo da Igreja Católica, número marginal 2181). Os sofrimentos do inferno serão diferentes de uma pessoa para a outra de acordo com o volume de pecados que cada um cometeu. O apocalipse fala que há dois livros: o livro da vida e o livro das obras. Quem passou pela primeira ressurreição, através da Eucaristia, e possuía a VIDA ETERNA no momento em que a morte física o surpreendeu tem seu nome escrito no LIVRO DA VIDA; este está salvo. Quem rejeitou a Eucaristia e perdeu a vida física, sem estar de posse da vida eterna, isto é, não passou pela primeira ressurreição, não tem seu nome escrito no LIVRO DA VIDA; este está condenado. Ambos, ELEITOS e CONDENADOS, serão classificados no CÉU e no INFERNO, conforme o que está escrito no LIVRO DAS OBRAS. Aquele que tiver seu nome escrito no livro da vida será classificado, no céu, de acordo com o volume de obras boas que tiver feito. Aquele que não tiver seu nome escrito no livro da vida estará, no inferno, a uma temperatura tanto mais alta quanto mais graves e mais numerosos forem os pecados não perdoados, que estavam armazenados em seu coração na hora em que a morte física o surpreendeu. Se alguém recebe a Eucaristia em pecado, em vez de se salvar, apenas multiplica o pecado, merecendo um castigo mais severo na eternidade, se não se converter e arrepender antes de morrer.

INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA

Jesus anuncia a Eucaristia durante a vida, conforme nos diz São João no capítulo 6 do seu Evangelho. Neste anúncio, Jesus fala claramente em comer sua carne e beber o seu sangue, tanto assim que alguns dos seus discípulos deixaram de segui-lo pois acharam duras demais tais palavras: comer a carne e beber o sangue de um homem. A lei judaica proibia beber sangue até de animais. Jesus fala em beber sangue de gente. Em vez de explicar para os seus seguidores como procederia, Jesus os deixa ir embora, dizendo que ninguém poderia ir até Ele, se não lhe fosse concedido pelo Pai (Jo 6, 59-66). Hoje não deve ser diferente. Quem recupera a vida eterna vai morar na casa do Pai, após a morte física; quando ressuscitar, ressuscitará para morar na casa do Pai com corpo e alma. Como em nossa casa mora quem nós queremos, também na casa do Pai mora quem Ele quiser.
Quando Jesus celebra, com seus apóstolos, a última páscoa, antes de morrer, tudo fica claro. A Eucaristia é instituída durante esta refeição e o poder de Jesus fica novamente demonstrado, pois consegue fazer os apóstolos comerem sua carne e beberem seu sangue sem repugnância, porque o maior milagre feito por Jesus muda o pão e o vinho no corpo e sangue dele, sem atingir os sentidos dos apóstolos. Os apóstolos continuam a ver a sentir pão e vinho, mas comem e bebem o corpo e o sangue de Jesus.
“Tomai, comei: isto é o meu corpo”(Mt 26,26).
“Bebei todos dele; porque isto é o meu sangue”(Mt 26,27-28).
A palavra de Jesus sempre se concretiza. Portanto, se Jesus disse: “isto é o meu corpo e isto é o meu sangue” aquele pão e aquele vinho se tornaram instantaneamente o corpo e o sangue dele, da mesma forma que se teriam tornado o corpo e o sangue de Jesus, no espaço de aproximadamente três horas, se Ele os tivesse comido e bebido. Mas os olhos dos apóstolos continuaram a ver e a sentir pão e vinho, assim como nós continuamos a ver e a sentir pão e vinho e, por isto, comemos a carne de Jesus e bebemos o sangue sem repugnância.
Entre os que dizem acreditar em Jesus, mas negam a Eucaristia, há os que afirmam que Jesus não disse: “Isto é o meu corpo”, mas isto simboliza o meu corpo, porque atribuem ao verbo ser o sentido de simbolizar. A instituição da Eucaristia é citada em quatro diferentes escritos do Novo Testamento: Mt 26,26-29; Mc 14,22-25; Lc 22,19-20 e 1Cor 11,21-27. Mateus, Marcos, Lucas e Paulo confirmam que Jesus disse: “ISTO É O MEU CORPO E ISTO É O MEU SANGUE”. Atribuir ao verbo SER outro sentido, ou seja, o sentido de simbolizar, corresponde a deturpar o texto.
Como foi dito no início, a palavra de Deus deve ser compreendida. Quem, em vez de compreender, a interpreta, pode atribuir-lhe um sentido diferente do verdadeiro sentido dela. Compreendê-la corresponde a captar-lhe o sentido que Deus dá à sua palavra. O Evangelho de João, no capítulo 6, liga a Eucaristia à multiplicação dos pães. E, na verdade, sem querer ultrapassar os limites que o mistério nos impõe, para compreendermos a Eucaristia, precisamos compreender a multiplicação dos pães. É estranho ver que, aqueles que aceitam a Bíblia como palavra de Deus mas negam a Eucaristia, não negam também a multiplicação dos pães. E, no entanto, a multiplicação dos pães é uma intervenção na natureza maior do que a Eucaristia, ou seja, o milagre processado na Eucaristia é mais simples do que o milagre da multiplicação dos pães. Na Eucaristia, Jesus faz instantaneamente aquilo que a natureza faz em aproximadamente três horas; na multiplicação dos pães, Jesus faz instantaneamente aquilo que a natureza faz em aproximadamente seis meses. Vejamos ambos os processos.
MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES - JO 6,1-15
O evangelho diz que havia cinco mil homens (v 10). Sem nos deter sobre o número provável de pessoas, tomemos como base cinco mil homens e suponhamos que, dadas as circunstâncias, cada um comeu meio quilo de pão e peixe. Jesus tem apenas cinco pães de cevada e dois peixes, o que representa meio quilo de comida. Se cada um comeu meio quilo, Jesus precisou de dois mil e quinhentos quilos para satisfazer somente os homens. Se Jesus passa de meio quilo para dois mil e quinhentos quilos de comida num instante, podemos nos perguntar: após a multiplicação dos pães houve aumento de matéria no planeta? Em outras palavras, Jesus criou do nada o alimento que distribuiu, descontados os cinco pães e os dois peixes?
É evidente que Jesus, não sendo criador (Ele é redentor), não pode ter criado, mas apenas transformado. Se Jesus tivesse criado a partir do nada, teria invadido a função do Pai. Como as pessoas da Trindade são perfeitas, uma não invade a função da outra. As obras são atribuídas ao Pai (cf 1Cor 12,6). O milagre é uma obra e, portanto, foi, na realidade, realizado pelo Pai a pedido de Jesus. Mesmo assim não houve aumento de matéria no planeta, porque o Pai usou matéria preexistente até para construir o homem, as plantas e os animais (cf Gn 2). Não faria sentido criar matéria nova para produzir o alimento que Jesus distribuiu.
Qual é então o processo empregado na multiplicação dos pães?
O Evangelho de Marcos diz: “Dizia também: No reino de Deus sucede o que sucede depois que um homem lançou a semente na terra: ele de noite dorme e de dia vigia, enquanto a semente germina e cresce sem ele saber como. Porque a terra por si mesma produz primeiro o colmo, depois a espiga, depois o trigo grado na espiga. E, quando o fruto o permite, logo lhe mete a foice, porque chegou o tempo da colheita (Mc 4,26-29). O próprio agricultor que põe a semente na terra, conforme diz esta parábola, não sabe como, mas constata que parte do solo é transformado em fruto pela semente. Há uma transformação de ingredientes do solo em fruto, sem alterar a quantidade de matéria existente no planeta. Se um agricultor coloca no campo cem quilos de semente e colhe dez toneladas na colheita, as dez toneladas que levará para o celeiro foram tiradas do campo. Portanto, o volume de matéria no planeta continua o mesmo. Se Jesus não criou o alimento que distribuiu, precisou transformar o solo em alimento, como faz a semente. Lembremos que, nas bodas de Caná (Jo 2,1-11), Jesus transformou o mesmo volume de água no mesmo volume de vinho. Na multiplicação dos pães, Jesus parte de uma pequena quantidade de alimento, pronto para o consumo, para mostrar que Ele não cria do nada, mas transforma. Neste caso, o milagre consiste na eliminação de um processo da natureza, ou seja, Jesus faz, num instante, aquilo que a natureza faz em aproximadamente seis meses. Vejamos o processo da natureza para produzir pão:
SOLO
SEMENTE (dentro do solo)
ERVA SEM ESPIGA
ERVA COM A ESPIGA
ESPIGA MADURA
COLHEITA
INDUSTRIALIZAÇÃO
PÃO
Para passar da semente para o pão, a natureza leva aproximadamente seis meses e a semente deve ser colocada dentro da terra. O pão que nós comemos, como também qualquer outro alimento, é, na realidade, terra, que, por um processo da natureza, foi transformada para se adaptar ao nosso organismo e servir de alimento. Jesus transforma instantaneamente parte do solo em pão, sem colocar nenhuma semente dentro do solo.
EUCARISTIA
O processo do milagre da Eucaristia é semelhante ao da multiplicação dos pães. Para entendê-lo, vejamos antes o processo natural em conjunto com a multiplicação dos pães:
SOLO
SEMENTE (dentro da terra)
ERVA SEM ESPIGA
ERVA COM A ESPIGA
ESPIGA MADURA
COLHEITA
INDUSTRIALIZAÇÃO
PÃO
Duração deste processo aproximadamente seis meses
PÃO (dentro do estômago)
CORPO E SANGUE
Duração deste processo aproximadamente três horas
Sempre que comemos pão e bebemos vinho, o pão e o vinho são transformados pelo nosso organismo em nosso corpo e nosso sangue. Sempre que Jesus, durante a duração de sua vida física, comeu pão e bebeu vinho, o organismo dele transformou o pão e o vinho em seu corpo e sangue pelo processo natural que leva mais ou menos três horas. Nem mesmo quem é ateu duvida disto. Acredito que até os cristãos que negam a Eucaristia não tenham dificuldade em admitir isto.
Como, na multiplicação dos pães, Jesus transformou parte do solo em pão, pronto para o consumo, sem colocar semente dentro da terra, por que não poderia, agora, transformar, pelo seu poder, o pão e o vinho em seu corpo e seu sangue, sem colocá-los dentro do seu próprio estômago?
Vamos imaginar como seria a Eucaristia, se Jesus tivesse resolvido realizá-la pelo processo natural:
1. A comunidade se reúne.
2. O padre coloca meio quilo de pão e um copo de vinho sobre o altar.
3. Jesus aparece com seu corpo ressuscitado e come o pão e bebe o vinho.
4. Jesus espera três horas para fazer a digestão, enquanto isso a missa segue com a prática, orações e cânticos
5. Acabada a digestão, Jesus coloca o pé numa bacia, corta um pedaço da coxa para cada um dos presentes, deixando o sangue escorrer na bacia.
6. Assim que cada um terminou de comer a carne de Jesus, volta e bebe um pouco de sangue, recolhendo-o da bacia.
Este processo seria indiscutivelmente mais convincente. Ninguém poria em dúvida que a Eucaristia é o corpo e o sangue de Jesus. Mas, na hora de comer a carne e beber o sangue de um homem presente e vivo, alguém poderia ter medo ou repugnância. Eu, pessoalmente, toparia, porque para recuperar a vida eterna e entrar no céu faço qualquer negócio, até comer carne e beber sangue de gente, se isto for pedido por Deus; mas será que todos teriam coragem de fazê-lo?
Vamos imaginar um processo menos chocante, mas visível, e por isto mais convincente para quem não aceita Jesus como Filho de Deus. Um pássaro que se alimenta de peixes mergulha na água e sai com um peixinho no bico. O peixinho se contorce, tentando escapar, mas acaba sendo engolido vivo. Ao ser ingerido o peixe morre e se torna carne e sangue do pássaro. Jesus tem poder para transformar cada hóstia, no momento da consagração, num homem vivo em miniatura, do tamanho de um comprimido, para que possa passar pela garganta de cada pessoa que o receber. Na hora da comunhão, todos receberiam, em suas mãos, um homem pequeníssimo - o próprio Jesus - pulando de alegria. Será que todos os fiéis teriam coragem de engolir aquele homem vivo, sabendo que, para se tornar corpo e sangue de cada um, Ele seria morto, como o peixinho que entra vivo no bico do pássaro e é morto para se tornar corpo e sangue dele?
Alguém pode perguntar: Como Jesus pode caber inteiro com corpo, sangue, alma e divindade numa hóstia tão pequena? Todos nós um dia coubemos inteiros, com todas as características que possuímos hoje, numa quantidade de matéria bem menor que uma hóstia. No momento em que nossa mãe ficou grávida, nosso corpo era tão pequeno que só podia ser visto através de um microscópio. Quando Maria ficou grávida por obra do Espírito Santo, o corpo de Jesus era constituído de uma quantidade de matéria visível somente ao microscópio; mesmo assim, lá estava Jesus inteiro com corpo, sangue, alma e divindade, sem ficar apertado.
A missa é um sacrifício. Sacrifício implica morte. No Antigo Testamento matavam-se animais para o sacrifício. Enquanto Jesus morria na cruz, o sumo-sacerdote matava um cordeiro, no templo, durante o sacrifício vespertino. Em vez de receber o sacrifício do cordeiro imolado no Templo, o Pai recebeu o sacrifício de seu Filho Jesus imolado na cruz. Em cada missa que for rezada Jesus morre. Não é no altar que Jesus morre, mas dentro de cada pessoa que recebe a Eucaristia. Jesus é engolido vivo e é sacrificado para se tornar carne e sangue de cada pessoa que comunga. Comendo pão e vinho não consagrados, nós os transformamos em carne e sangue nossos. Se comemos carne de frango, elementos que pertenceram ao corpo do frango passam a fazer parte do nosso corpo. O mesmo acontece quando comemos o corpo de Jesus e bebemos o seu sangue, elementos que pertenceram ao corpo de Jesus passam a fazer parte do nosso corpo.

REDENÇÃO

Jesus Cristo redime o ser humano. Para o homem voltar a ser igual ao Adão criado por Deus, antes do pecado, isto é, ter corpo físico, vida física, alma imortal e vida eterna, é preciso que se livre do pecado e recupere a vida eterna. São dois momentos distintos:
1. LIBERTAÇÃO DO PECADO
O pecado original é eliminado pelo batismo. Os pecados pessoais, cometidos após o batismo, são eliminados pela confissão sacramental (cf Jo 20,22-24). O batismo nos torna filhos adotivos de Deus (cf Gál 4). O filho adotivo não tem a vida do pai. Se um casal adotar um filho, poderão dar-lhe amor, educação, herança... mas não a vida.
2. RECUPERAÇÃO DA VIDA ETERNA
Para conviver com Deus e falar com Ele, como Adão e Eva antes do pecado, precisamos ter em nós a vida eterna, um princípio incriado (eterno não tem começo nem fim). A vida eterna correspondente àquele sopro que Deus infundiu em Adão, só volta para nós pela Eucaristia, conforme nos diz o Evangelho de João (cf Jo 6,53-54).
Alguém poderá dizer: Adão e Eva, de posse da vida eterna antes do pecado, viam a Deus e conversavam com Ele. Se a Eucaristia realmente devolve a vida eterna, por que eu, liberto do pecado pelo batismo e tendo recuperado a vida eterna pela Eucaristia, não vejo nem ouço a Deus sensivelmente? O Evangelho de Mateus nos diz: “Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus”(Mt 5,8). Aqui não se trata de uma pureza moral apenas, mas de um desapego total de tudo o que é material. Quem, além de ser puro moralmente, for também totalmente desapegado de todos os afetos e apegos humanos, poderá ver Deus desde agora. Abraão viu Deus e conversou com Ele, mas ele, apesar de rico, era tão desapegado que, quando Deus lhe disse, sacrifica-me teu filho Isaac, Abraão preparou tudo, e se o anjo da contra-ordem tivesse atrasado um pouco, ele o teria matado mesmo.
Sem a vida eterna, ninguém entra no céu. Os justos de Antigo Testamento, que morreram antes de Jesus, ficaram aguardando a morte de Jesus, o qual desce à mansão dos mortos, conforme dizemos no CREIO (cf 1Pr 3,18-20), para devolver-lhes a vida eterna e possibilitar-lhes a visão e a convivência com Deus. Para nós que vivemos no Novo Testamento, segundo o Evangelho de São João, há uma única alternativa para recuperar a vida eterna, o sopro de Deus, que Adão e Eva perderam pelo pecado: comer a carne de Jesus e beber o seu sangue (Jo 6,53-54).

A NECESSIDADE DA EUCARISTIA

Para entendermos porque a Eucaristia é realmente necessária para a salvação, precisamos antes entender o capítulo 2 do Gênesis. Neste segundo relatório sobre a criação, a Bíblia nos fala que Deus criou o homem do barro da terra (Gn 2,7). Deus soprou no homem formado do barro da terra e o homem se tornou um ser vivente. Deus é o único que tem a vida desde sempre e para sempre: “assim como o Pai, o vivente, me enviou e eu vivo pelo Pai, assim também o que me come viverá por mim”(Jo 6,57). Alguém pode pensar que Deus formou um boneco morto de barro e soprando nele o tornou fisicamente vivo. Não. Quando Deus soprou no homem, ele estava fisicamente vivo e tinha alma imortal. O que Deus soprou no homem foi a vida eterna, a qual é distinta da vida física e da alma imortal. Somente Deus é eterno. Em Deus tudo é eterno: se Deus tiver braços e cabeça, estes serão eternos como Deus, portanto, o sopro de Deus também é eterno. Para entender, vejamos a distinção entre ETERNO e IMORTAL.
a) ETERNO
É eterno o que não tem começo nem fim. Aquilo que é eterno é incriado. Somente Deus é eterno. Em Deus tudo é eterno, também o sopro. Quando Deus sopra em Adão lhe infunde algo eterno ou seja a vida eterna. A vida eterna é colocada em Adão. Se a vida eterna foi colocada, ela pode ser tirada. “E deu ao homem este preceito: Podes comer de todas as outras árvores do jardim, mas da árvore da ciência do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres, morrerás ao certo”(Gn 2,16-17). Quando Deus disse MORRERÁS, Ele se referia à perda da vida eterna que tinha sido colocada no homem. Tanto assim que o homem comeu a fruta proibida, continuou fisicamente vivo, e contudo morreu, ou seja perdeu a vida eterna que Deus tinha colocado nele.
De posse da vida eterna, o homem vê e fala com Deus. Eva é tirada de Adão antes de ele perder a vida eterna; e, por isto, Eva, mesmo sem receber o sopro de Deus, possui a vida eterna. Se Adão e Eva tivessem tido um filho antes de cometer o pecado, este também teria nascido de posse da vida eterna. Antes do pecado Adão e Eva tinham os seguintes elementos:
CORPO FÍSICO
VIDA FÍSICA
ALMA IMORTAL
VIDA ETERNA
Adão e Eva cometem o pecado e continuam fisicamente vivos e com a alma imortal, mas perdem a vida eterna. Daqui se deduz que, quando Deus disse a Adão MORRERÁS (Gn 2,17) se referia à perda da vida eterna e não da vida física. Após a perda da vida eterna, Adão e Eva viram Deus somente uma vez para receber o castigo (Gn 3). Se tivermos compreendido o julgamento da assembléia que se encontra em Mt 25,31-46, veremos que os condenados, isto é aqueles que perderem a vida física sem estar de posse da vida eterna, terão um único contato com Deus, no julgamento final, para receber o castigo: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o demônio e seus anjos”(Mt 25,41). Como Adão e Eva, após o pecado, só têm alma imortal, vida física e corpo físico, todos os seus descendentes nascem somente com corpo físico, vida física e alma imortal, sem vida eterna.
b) IMORTAL
É imortal aquilo que tem começo, mas não tem fim. Tudo aquilo que é imortal é criado. Dado que todo o ser humano nasce sem a vida eterna, nasce sem nenhum princípio incriado (eterno). O homem, ao nascer, é, portanto, uma simples criatura de Deus. É, porém, uma criatura especial, porque tem a possibilidade de se tornar filho de Deus. Jesus é o único filho de Deus conforme dizemos no CREIO, porque Ele é o único que foi gerado por Deus. Segundo nos ensina Gênesis 2, Deus tirou da terra também as plantas e os animais, os quais eram vivos, mas neles Deus não infundiu nenhum princípio eterno, nenhum sopro, e, portanto, eles nunca se tornarão filhos de Deus. Com isto, podemos concluir que o homem, ao ser formado da terra, antes de receber o sopro de Deus, já estava fisicamente vivo, pois as plantas e os animais, tirados da terra, sem receber nenhum sopro de Deus, estavam fisicamente vivos.
“Adão viveu novecentos e trinta anos e morreu”(Gn 5,5). Adão teve duas vidas: a vida eterna e a vida física. Como teve duas vidas, Adão também passou duas vezes pela morte.
Primeira morte: ao cometer o pecado, Adão perdeu a vida eterna.
Segunda morte: com a idade de novecentos e trinta anos, Adão perdeu a vida física.
Para recuperarmos os elementos necessários para morar no paraíso, precisamos ressuscitar duas vezes. A primeira ressurreição é a recuperação da vida eterna (cf Ap. 20,5). Recebendo a Eucaristia dignamente, recuperamos a vida eterna (cf Jo 6,53-54). A segunda ressurreição é a ressurreição da carne. A primeira ressurreição se realiza no decurso da vida física e somente quem recupera a vida eterna durante esta vida entra no céu. Pela ressurreição da carne - segunda ressurreição - passarão todos, tanto os eleitos como os condenados. Como nunca cometeu pecado, Jesus nunca perdeu a vida eterna e precisou passar somente pela segunda ressurreição - a ressurreição da carne. Jesus experimentou somente a morte física. Sendo Deus é eterno e nunca poderia ter perdido a vida eterna. Por isto, Jesus passa somente pela ressurreição da carne.

EUCARISTIA


Existem na revelação escrita, ou seja na Bíblia, afirmações categóricas de Jesus. Estas afirmações de Jesus não admitem outras alternativas. Seguem alguns exemplos:
1 - Mt 7,13-14
Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçosa a via que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Mas quão estreita é a porta e apertada a via que leva à vida, e poucos são os que dão com ela.
Se Jesus tivesse falado somente que muitos entram pelo caminho da perdição, poderíamos entender que MUITOS significa um número grande, não necessariamente uma porcentagem alta. Dez por cento (10%) da humanidade de todos os tempos é um número muito grande, mas é uma porcentagem baixa em termos globais. Mas Jesus fala em seguida (v 14) POUCOS entram no caminho da salvação. Num mesmo volume, no caso a humanidade de todos os tempos, não podemos tomar a palavra MUITOS como 10% e a palavra POUCOS como 90%. Com esta afirmação MUITOS tomam o caminho da perdição (v 13) e POUCOS tomam o caminho da salvação (v 14), Jesus nos força a entender que o número dos que entram pelo caminho da perdição é maior do que o número dos que entram pelo caminho da salvação.
2 - Jo 20,22-23
Dito isto soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, ficar-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficar-lhes-ão retidos.
Se Jesus tivesse dito somente “àqueles a quem perdoardes os pecados, ficar-lhes-ão perdoados” poderíamos dizer que esta é uma alternativa para se obter o perdão dos pecados, mas que poderia haver outras. Como, porém, Jesus acrescenta “àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos”, exclui a possibilidade de haver outras alternativas para se obter o perdão dos pecados.
3 - Jo 6,53-54
Jesus disse-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.
Se Jesus tivesse dito somente “quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna”(v 54), poderíamos dizer que este é um meio para se obter a vida eterna, mas que poderia haver outros. Através do v 53, porém, Jesus exclui a existência de outras alternativas. Portanto, segundo Jesus (Jo 6,53-54), quem nega e não recebe a Eucaristia não terá a vida eterna. Quem quiser recuperar a vida eterna perdida, desde Adão, pelo pecado deve crer e receber dignamente a Eucaristia. Alguém poderá perguntar: e as crianças que morrem pequenas, antes de receber a Eucaristia, e as que são exterminadas pelo aborto antes de nascer? As crianças que morrem pequenas ou antes de nascer não negaram nem recusaram a Eucaristia, porque a Eucaristia nunca lhes foi apresentada. As pessoas adultas que negam a Eucaristia, as que acreditam na Eucaristia mas não a recebem ou a recebem indignamente estão em situação diferente.
Apresentei três exemplos de afirmações categóricas de Jesus. Somente o terceiro exemplo está diretamente relacionado com o tema a ser tratado - a EUCARISTIA. Por isto, agora vamos nos estender de forma mais detalhada sobre este assunto.
A Bíblia não foi escrita para ser interpretada, mas para ser compreendida. No Evangelho de Mateus Jesus nos diz: “Quando alguém ouve a palavra do reino, mas não a entende, vem o maligno e arrebata o que foi semeado em seu coração. Este é o simbolizado na semente caída ao longo do caminho”(Mt 13,19). Segundo nos diz Jesus, neste versículo, não basta ler a Bíblia, é preciso entendê-la. Porque satanás tira a semente do coração de quem lê sem entender. Satanás não avisa o leitor da Bíblia que a semente foi tirada do seu coração; assim o leitor permanece na ilusão de possuir a verdade, enquanto ela lhe foi tirada. “A semente que caiu em boa terra indica aquele que ouve a palavra e a entende; por isso, dá fruto, produzindo, ora cem, ora sessenta, ora trinta por um”(Mt 13,23). Ser boa terra para a semente significa ler e entender. Somente quem lê e entende produz fruto.
Vamos, portanto, fazer um esforço para entender porque Jesus instituiu a Eucaristia e porque ela é radicalmente necessária para a nossa salvação. Respeitando os limites que o mistério nos impõe, vamos tentar entender o processo no qual ela se realiza.

BATISMO


Pelo batismo o ser humano se liberta de satanás e volta ao senhorio de Deus, tornando-se filho adotivo de Deus. São Paulo nos diz: “Mas, ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à lei, e para que nós recebêssemos a adoção de filhos. Ora porque vós sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: ‘Aba, ó Pai’. Portanto já não és escravo, mas filho, e, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus” (Gál 4,4-7). O filho adotivo não tem a vida do pai. Se um casal adota uma criança, poderá dar-lhe todo o amor do mundo e até a herança, mas não a vida. Dizemos no CREIO que Jesus é Filho Único de Deus. Jesus é o único que foi gerado por Deus, nós somos filhos adotivos.

SÉRIE SACRAMENTOS


Para entendermos os sacramentos, precisamos primeiro entender o segundo capítulo do Gênesis.

1.Deus cria o homem formando-o da terra (Gn 2,7).
2.Deus sopra no homem (Gn 2,7).
3.Deus cria as plantas, tirando-as da terra (Gn 2,9).
4.Deus proíbe o homem de comer o fruto da árvore do bem e do mal (Gn 2,17).
5.Deus criou os animais, formando-os da terra (Gn 2,18-19).
6.Deus criou a mulher, tirando-a do homem (Gn 2,21-22).

Quando Deus criou o homem, antes de soprar nele, o homem estava vivo? ou morto?

Ao ser criado, antes do sopro, o homem estava fisicamente vivo e tinha:
Corpo físico
Vida física
Alma imortal
Com o sopro, Deus infundiu no homem a VIDA ETERNA.

Qual é a diferença entre IMORTAL e ETERNO?

IMORTAL
É imortal tudo aquilo que tem começo mas não tem fim. Tudo aquilo que é imortal foi criado. Nossa alma é imortal, porque teve início, isto é, foi criada a um dado momento, mas não terá fim.

ETERNO
É eterno aquilo que não tem nem começo e nem fim. Somente Deus é eterno. O eterno é incriado. Nenhuma criatura é eterna. Deus é eterno, isto é incriado. Nele tudo é eterno, também o sopro.

Quando Deus soprou no homem, infundiu nele um princípio incriado, eterno, ou seja a VIDA ETERNA. Após receber o sopro de Deus o homem passou a ter:
Corpo físico
Vida física
Alma imortal
Vida eterna

A vida eterna foi colocada no homem, portanto, podia ser tirada. Quando Deus diz: Se comeres do fruto da árvore do bem e do mal, morrerás, Ele se referia à vida eterna. Tanto assim que o homem comeu, continuou fisicamente vivo, mas morreu, isto é perdeu a vida eterna.

Perante Deus não se pode obedecer a dois senhores: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará ao outro, ou odiará este e amará aquele”(Mt 6,24). Adão e Eva obedeceram a satanás. O senhor de Adão e Eva passou a ser satanás. Deus continua a ser o criador de Adão e Eva, mas o senhorio sobre a humanidade passa para satanás. Como Adão e Eva são senhores do mundo, tornando-se senhor de Adão e Eva, satanás torna-se senhor também do mundo. Por isto Jesus diz: “Agora tem lugar o julgamento do mundo. Agora o príncipe deste mundo vai ser lançado fora” (Jo 12,31).

Para reverter a situação em que a humanidade se meteu após o pecado, Jesus instituiu os sacramentos. Define-se os sacramentos como sinais sensíveis da graça. Os sacramentos são sete:
BATISMO, CONFIRMAÇÃO, EUCARISTIA, PENITÊNCIA, UNÇÃO DOS ENFERMOS, ORDEM E MATRIMÔNIO.

Sabemos que Deus quer que o ser humano o reconheça como criador e senhor. O homem precisa também recuperar a vida eterna perdida pelo pecado para poder ver Deus e morar com Ele. Isto se torna possível através dos sacramentos, sendo que cada um dos sete tem uma função diferente, como veremos adiante.

Pelo pecado Adão e Eva perderam a vida eterna e o senhorio de Deus, deixando de ser filhos de Deus e voltando a ser simples criaturas de Deus.

O SENTIDO DA PALAVRA ACOLHIMENTO


Primeiramente, deve-se entender que o termo “acolhedor” possui diferentes conotações, de acordo com o idioma para o qual é traduzido. Por isso, Micheline pediu ao Senhor que lhe indicasse a melhor forma de explicar o sentido da palavra “acolhimento”.
O Senhor lhe respondeu que ela desse como exemplo o tipo de acolhimento e de amor que um pai e uma mãe têm por seus filhos durante toda a vida, proporcionando-lhes o necessário para que cresçam, tornem-se independentes e sejam felizes, nos planos material e espiritual.
Essa é maneira com que o Senhor acolhe e ama cada um de seus filhos que fazem parte da missão de seu Coração Acolhedor, concedendo-lhes as graças necessárias para que cheguem ao Pai, pois um pai nunca abandona seus filhos por sua própria.
A cada provação a ser atravessada, o Pai Celestial coloca à disposição de seus filhos um excedente de bênçãos, pois deseja que se voltem para ele. Tudo faz para que não se percam, como um bom pai e uma boa mãe que não permanecem indiferentes diante das tribulações vividas por seus filhos, mas que se utilizam de todos os meios possíveis para reconfortá-los, mesmo diante de grande decepção. Para aqueles que padecem imensamente por causa de seus pais, Deus diz:
“Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta?Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas?E mesmo que ela o esquecesse,Eu não te esqueceria nunca.Eis que estás gravada nas palmas de minhas mãos.” Is, 49, 15-16
O Senhor ama e zela por cada um de seus filhos, de uma maneira única e pessoal. Tanto para os pais e as mães do mundo inteiro como também para ele, cada um de seus filhos é o mais belo de todos. Ao retornar à casa de seu pai, o filho pródigo recebeu amor e acolhimento (Cf. Lc 15,11-31); igualmente, não se deve esquecer de que Deus Pai é Todo-Poderoso e conhece a história de nossas vidas melhor do que nós mesmos e, ao cuidar de cada um de nós, seu acolhimento e amor são incondicionais e gratuitos.
“...e vós, que eu carreguei desde vosso nascimento,e sustentei desde o seio materno:permanecerei o mesmo até vossa velhice,sustentar-vos-ei até o tempo dos cabelos brancos;eu vos carregarei como já carreguei,cuidarei de vós e preservar-vos-ei.” Is 46, 3-4
Ele nos criou por amor e para o amor; e para o Senhor, cada um de seus filhos é único. Ele nos fala: “ Pois vou dei a conhecer tudo o quanto ouvi de meu pai.” (Joã 15,15).
Como uma boa mãe, Maria nos pede que reconheçamos a dádiva do Coração Acolhedor de seu Filho, que nos concede os poderes das graças de seu Reino. Portanto, o Pai, o Filho, o Espírito Santo e o Coração Imaculado de Maria vêm em nosso socorro, ajudando-nos a atravessar este tempo de provações por meio do Coração Acolhedor de Jesus.
O Coração Acolhedor de Jesus foi concebido no seio da Virgem Maria e ela sabe que o futuro da humanidade está na força desse Coração que contém todo o Amor do Pai, toda a sua Misericórdia e todo o seu perdão.
Maria nos ensina que o Coração Sagrado de Jesus, seu Coração Misericordioso e seu Coração Acolhedor são um único Coração que foi trespassado em benefício de cada um de nós. É chegada a hora de aceitar que Maria opere em nossos corações, para que recebamos o Coração Acolhedor de Jesus, dádiva do Pai todo-poderoso, o Cristo, seu único filho e o Verbo de Deus, que é a expressão do Amor do Pai.
Ao abraçar o Acolhimento de Jesus, através do poder do Espírito Santo, recebemos as bênçãos de nosso Pai Celestial e, ao abrir nossos corações para acolher essas bênçãos, obtemos a vida dos filhos de Deus: aquela que é constituída de seu Amor.
Nestes últimos tempos de trevas, o Senhor tem derramado, dos Céus, os poderes das graças de seu Reino para que estes se manifestem em seus filhos e para lhes dar, ainda hoje, uma pequena amostra de seu Reino. “E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens para mim.” , é o que Jesus nos prometeu (Joã 12,32).
Não se deve jamais esquecer de que a missão do Coração Acolhedor é uma missão eucarística, para a qual o Senhor escolheu uma mãe de família, Micheline Boisvert, do Canadá, a quem ele curou, através do milagre, da esclerose múltipla, para que ela se unisse à sua Eucaristia e a fez passar pelos martírios de sua Agonia e de sua Paixão, e, dessa forma, purificou sua alma. Jesus nos disse: “...assim também aquele que comer a minha carne, viverá por mim.” (Joã 6,57)
Assim, aquele que comunga habita em Jesus e Jesus habita nele. Essa não é, apenas, uma união afetiva, mas é, também, uma verdadeira e real união. Não se deve esquecer de que a Eucaristia recebida nos leva a permanecer na graça de Deus.
“Junto de vós, Senhor, me refugio;Não seja eu confundido para sempre.” (Sal 30,1)
Na missão do Coração Acolhedor, Jesus derrama os poderes das graças de seu Pai, para redimir, purificar, santificar e curar os seus filhos, e é ele quem os transforma, para que possam viver esse estado de renovação no Amor do Pai, na bondade e na santidade da Igreja, sob a condição de que a dádiva do Pai todo-poderoso seja aceita por cada membro da Igreja. Nosso Pai do Céu nos oferece o Coração Acolhedor de seu Filho que toma para si todos as nossas angústias.
Junto a Jesus, à exemplo de Maria aos pés da Cruz, desnudemos os nossos corações para acatar a divina vontade de nosso Pai Celestial e para continuar anunciando a Boa Nova de Jesus Cristo para nossos irmãos e irmãs, por nossos atos, visões, entendimentos e palavras. Cristo possui apenas os nossos corações para manifestar o seu Amor e testemunhar, uma vez que recebemos as suas graças, que ele nos acolheu em seu Coração Acolhedor.
Nas mensagens do Coração Acolhedor, Maria nos ensina que só é puro o Acolhimento de seu Filho, e, apenas ele pode derramar, com tanta pureza e força, as bênçãos de libertação e de livramento que nos preparam para a iminente vinda de seu Filho, no poder do Espírito Santo e de seu Amor.
“Estai, pois, preparados, porque à hora em que não pensais, virá o Filho do homem.” Lc12,40

NOSSA HORA DE JÓ


Não estou muito interessado em saber se o profeta Jô existiu de verdade ou se é ficção bíblica. Se ele existiu em carne e osso ou foi uma personagem bem encontrada pelo poeta bíblico para descrever a trajetória do ser humano sobre a terra. Esses problemas históricos e exegéticos, vamos deixá-los para os estudiosos. Nós, teólogos, pé-de-chinelo e místicos do cotidiano, nos contentamos em nos aproximar de Jô, espelhamos na sua história e comprovar que o que ele diz é mais do que verdade: acontece mesmo, não é depressão nem pessimismo exagerado.
Ao longo de nossa vida, é preciso atravessar a noite e ninguém nos pode substituir. Somos nós mesmos que devemos entrar na espessa noite e esperar que as nuvens passem para voltar a ver a luz. Há momentos em que tudo parece estar andando de marcha a ré: não se pode parar o carro que desce a ladeira e nos encontramos todos machucados, feridos, sem forças, e nos perguntamos: - Por que tudo isto aconteceu comigo? Que fiz de mal para merecer tamanha punição de Deus misericordioso?
É o grande desafio que o homem bíblico lança no rosto do próprio Deus: “Por que os corruptos estão bem sadios, nada lhes falta;os que são idólatras parecem todos os dias cheios de saúde, engordam mais as suas riquezas, e eu que sou honesto, luto para não me deixar extraviar, e eis-me aqui sem saúde, sem família, sem dinheiro, sem casa, e a morte vem e me leva o único filho e me deixa prostrado? Por que, Senhor, tudo isto?”
E ao nosso redor, como ao redor de Jô, se aproximam amigos e pessoas que nos querem convencer de que temos algum “pecado secreto, escondido” dentro de nós, no nosso fundo subconsciente que não queremos revelar, e que é preciso nos converter e pagar o peso do pecado...Mas nós, como Jô, nos perguntamos: qual pecado devo pagar? Onde está o meu pecado para que eu possa me arrepender? É a nossa hora de Jô!
Nossa hora de Jô chega também através da própria Igreja que não nos compreende, e dos amigos que se afastam de nós e nos deixam sozinhos com as nossas feridas supuradas. Jô não encontrava apoio de ninguém, nem da mulher, nem dos amigos, nem do povo, sentia-se terrivelmente sozinho, isolado, amargurado. Ele sabia só de uma coisa: que o seu coração estava limpo, sereno, que não tinha ofendido ao seu Deus e que vivia como era necessário, segundo a palavra de Deus.
É a hora de Jô: nada lhe resta a não ser confessar a sua justiça, gritar a sua inocência e saber que um bel dia Deus virá: “Sei que eu verei a face do Senhor, não nesta terra; mas quando dela eu partir, verei o Senhor face a face!”
É a nossa hora de Jô, quando tentamos nos revoltar contra todos e tudo, mas Deus, que nos ama, nos refreia na tentativa de revolta e nos coloca com as costas na parede e nos pergunta: “Onde estavas, quando lancei os fundamentos da terra?” (Jó38,4)
É a nossa hora de Jô, quando somos chamados por Deus a escutá-lo e reconhecer a nossa estultícia, e a dizer para Deus: “Eu me retrato e faço penitência no pó e na cinza.” (Jó42,6)
E a nossa hora de Jô...Quando tudo parece obscuro e nessa escuridão só podemos dizer: “De Deus recebemos o bem, por que não receber também os males? Deus deu, Deus tirou, Deus seja bendito!”

quinta-feira, 24 de julho de 2008

PARA QUE TODOS SEJAM UM


(Jo 17, 20-26)

“20 Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: 21 a fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. 22 Eu lhes dei a glória que me deste para que sejam um, como nós somos um: 23 Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que me enviaste e os amaste como amaste a mim. 24 Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estou, também eles estejam comigo, para que contemplem minha glória, que me deste, porque me amaste antes da fundação do mundo. 25 Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci e estes reconheceram que tu me enviaste. 26 Eu lhes dei a conhecer o teu nome e lhes darei a conhecê-lo, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles”.


Em Jo 17, 20- 21 diz: “Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: a fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”.
Edições Theologica comenta: “À Igreja, pela qual Cristo pede, pertencem todos aqueles que ao longo dos séculos hão de crer n’Ele pela pregação dos Apóstolos”, e em Lumen gentium, 20, diz: “A missão divina confiada por Cristo aos Apóstolos durará até ao fim dos tempos (cfr Mt 28, 20), uma vez que o Evangelho que eles devem anunciar é em todo o tempo o princípio de toda a vida na Igreja. Pelo que os Apóstolos trataram de estabelecer sucessores, nesta sociedade hierarquicamente constituída”.
“A origem e o fundamento apostólico da Igreja chama-se ‘Apostolicidade’, propriedade essencial que confessamos no Credo. Consiste em que o Papa e os Bispos são sucessores de Pedro e dos Apóstolos, conservam a sua autoridade e proclamam a mesma doutrina” (Edições Theologica).
Em Lumen gentium, 20, diz: “Ensina, por isso, o sagrado Concílio que, por instituição divina, os Bispos sucedem aos Apóstolos, como pastores da Igreja; quem os ouve, ouve a Cristo; quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que enviou Cristo (cfr Lc 10, 16)”.
“... a fim de que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17, 21). Depois de ter rogado pelos Apóstolos, pede o Senhor por todos os que, através dos séculos, crerão nele e pede que todos sejam um: “A união implorada para os fiéis é, sobretudo, união com o Pai e o Filho, única fonte de sua união recíproca. Maduro é o cristão quando realiza o encontro pessoal com Deus e o transborda no encontro pessoal com os irmãos. O primeiro encontro é a base, o fundamento do segundo, enquanto o segundo é o sinal visível e verificável da autenticidade do primeiro” (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 139), e: “A união dos cristãos com Cristo causa a unidade deles entre si. Esta unidade da Igreja beneficia, em última análise, toda a humanidade, pois sendo a Igreja uma e única, aparece como sinal levantado diante das nações para convidar a crer em Jesus Cristo como enviado divino que vem salvar todos os homens. A Igreja continua no mundo essa missão salvadora pela sua união com Cristo. Por isso convoca todos a integrar-se na sua própria unidade e, mediante esta, a participar na união com Cristo e com o Pai” (Edições Theologica), e também: “Chamamos-lhe Católica, quer porque se encontra difundida por todo o orbe da Terra, dum confim ao outro, quer porque ensina de modo universal e sem defeito todos os dogmas que os homens devem conhecer, do visível e do invisível, do celestial e do terreno. Também porque submete ao reto culto todo o tipo de homens, governantes e cidadãos, doutos e ignorantes” (São Cirilo, Catechesis, 18, 23).
Em Jo 17, 22-23 diz: “Eu lhes dei a glória que me deste para que sejam um, como nós somos um: Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que me enviaste e os amaste como amaste a mim”.
Nosso Senhor quer que a união dos fiéis com Deus e entre si seja tão perfeita que reflita a unidade existente entre si e o Pai: “... como nós somos um”.
O Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena escreve: “Poderíamos dizer que Jesus confia a fé – que há de ser pregada ao mundo – à capacidade dos fiéis de provar, através de sua união, o amor com que Deus ama e salva os homens. Responsabilidade tremenda, na qual muito pouco pensamos!” (Intimidade Divina, 139), e: “Deus e Senhor do universo, pela vossa bondade tornai-nos dignos desta hora, apesar da nossa miséria. Tornai-nos unidos uns aos outros, sem falsidade e sem fingimento, com o vínculo da paz e da caridade. Consolidai nossa união com a ação santificante de vossa divina Luz, com o auxílio de vosso Filho único, Senhor nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo...” (Orações dos primeiros cristãos).
Cristo Jesus tem a glória, manifestação da divindade, porque é Deus, igual ao Pai. O Filho é Deus igual ao Pai, e desde a Sua Encarnação e nascimento, principalmente na Sua Morte e Ressurreição, manifestou a Sua divindade: “Vimos a Sua glória, glória como de Unigênito do Pai” (Jo 1, 14).
Edições Theologica explica: “Cristo, ao dizer que comunica a Sua glória, está a indicar que por meio da graça nos torna participantes da natureza divina (2 Pd 1, 4). A glória e a justificação pela graça apareceu na Sagrada Escritura estreitamente unidas: ‘Aqueles que Deus predestinou também os chamou. E aqueles que chamou também os justificou, e aqueles que justificou também os glorificou’ (Rm 8, 30). A transformação pela graça consiste em que os cristãos se tornam cada vez mais semelhantes a Cristo, que é a imagem do Pai (cfr 2 Cor 4, 4; Hb 1, 2-3). Deste modo, Cristo, ao comunicar a Sua glória, faz que os fiéis se unam com Deus pela participação na própria vida sobrenatural, que é a raiz da santidade dos cristãos e da Igreja”, e: “Agora compreenderemos melhor como é que a unidade da Igreja leva à santidade, e como é que um dos aspectos capitais da sua santidade é essa unidade centrada no mistério do Deus uno e Trino: Há um só corpo e um só espírito, como também vós fostes chamados a uma só esperança pela vossa vocação. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, e governa todas as coisas e habita em todos nós (Ef 4, 4-6)” (São Josemaría Escrivá, Hom. Lealdade à Igreja).
Em Jo 17, 24 diz: “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estou, também eles estejam comigo, para que contemplem minha glória, que me deste, porque me amaste antes da fundação do mundo”.
Edições Theologica explica: “Cristo termina esta oração pedindo a bem-aventurança para todos os cristãos. O termo que utiliza – ‘quero’ em vez de ‘rogo’ – exprime que está a pedir o mais importante, que coincide com a Vontade do Pai, que quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (cfr 1 Tm 2, 4); é, em última análise, a missão da Igreja: a salvação das almas.
Enquanto estamos na Terra participamos da vida de Deus pelo conhecimento (fé) e pelo amor (caridade); mas só no Céu conseguiremos a plenitude dessa vida sobrenatural, ao contemplar Deus tal qual é (cfr 1 Jo 3, 2), face a face (cfr 1 Cor 13, 9-12). Por isso, a Igreja aponta para a eternidade, é escatológica; isto é, que tendo neste mundo todos os meios para ensinar a verdadeira doutrina, tributar a Deus o verdadeiro culto e comunicar a vida da graça, mantém viva a esperança na plenitude da vida eterna”, e: “A Igreja, à qual todos somos chamados e na qual por graça de Deus alcançamos a santidade, só na glória celeste alcançará a sua realização plena, quando vier o tempo da restauração de todas as coisas (cfr At 3, 21) e, quando, juntamente com o gênero humano, também o universo inteiro, que ao homem está intimamente ligado, e por ele atinge o seu fim, for perfeitamente restaurado em Cristo (cfr Ef 1, 10; Cl 1, 20; 2 Pd 3, 10-13)” (Lumen gentium, 48).
Em Jo 17, 25- 26 diz: “Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci e estes reconheceram que tu me enviaste. Eu lhes dei a conhecer o teu nome e lhes darei a conhecê-lo, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles”.
Paulo VI escreve: “Só Deus pode outorgar-nos um conhecimento reto e pleno de Si mesmo, revelando-Se a Si mesmo como Pai, Filho e Espírito santo, de cuja vida eterna somos chamados a participar pela graça aqui, na Terra, na obscuridade da fé, e, depois da morte, na luz sempiterna” (Credo do Povo de Deus, 9).

DEIXO-VOS A PAZ


Jo 14, 23-29)

“23 Responde-lhe Jesus: ‘Se alguém me ama, guardará minha palavra e o meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada. 24 Quem não me ama não guarda minhas palavras; e a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou. 25 Essas coisas vos tenho dito estando entre vós. 26 Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse. 27 Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá. Não se perturbe nem se intimide vosso coração. 28 Vós ouvistes o que vos disse: Vou e retorno a vós. Se me amásseis, ficaríeis alegres por eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que eu. 29 Eu vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais”.


Em Jo 14, 23-24 diz: “Responde-lhe Jesus: ‘Se alguém me ama, guardará minha palavra e o meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada. Quem não me ama não guarda minhas palavras; e a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou”.
“Responde-lhe Jesus...” A quem? A Judas, não o Iscariotes, mas irmão de Tiago (cf. Lc 6, 16 e At 1, 13; o Tadeu, de Mt 10, 3 e Mc 3, 18).
Judas Tadeu diz ao Senhor: “Senhor, por que te manifestarás a nós e não ao mundo?” (Jo 14, 22). Cristo Jesus lhe responde: “Se alguém me ama, guardará minha palavra e o meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada”.
O amor a Cristo Jesus não consiste em dizer palavras bonitas, mas sim, em obedecer aos Seus mandamentos. Ele dá-Se a conhecer a quem O ama de todo o coração e que guarda os Seus mandamentos.
Aquele que O ama e que obedece aos Seus mandamentos será amado pelo Pai, e a ele virão e nele estabelecerão morada: “Deus, Trindade, Pai e Filho e Espírito Santo vêm a nós quando vamos nós a eles: vêm a nós socorrendo-nos, vamos a eles obedecendo; a nós vêm iluminando-nos, a eles vamos contemplando-os; vêm enchendo-nos de sua presença, a eles vamos acolhendo-os” (Santo Agostinho, Em Jo 76, 4). Esse mesmo santo, ao considerar a proximidade inefável de Deus na alma, exclama: “Tarde Te amei, formosura tão antiga e tão nova, tarde Te amei; eis que Tu estavas dentro de mim e eu fora, e por fora Te buscava (...) Tu estavas comigo, mas eu não estava contigo. Tinham-me longe de Ti as coisas que, se não estivessem em Ti, não existiriam. Tu chamaste-me claramente e quebraste a minha surdez; brilhaste, resplandeceste e curaste a minha cegueira” (Confissões, X, 27, 38).
O Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena escreve: “A habitação da Trindade na alma do fiel é o dom supremo feito aos homens, merecido pela morte e ressurreição de Cristo, e por ele oferecido a quem corresponde ao seu amor, ouvindo e praticando fielmente sua Palavra. Mistério inefável que para ser compreendido e vivido exige particular iluminação divina” (Intimidade Divina, 132), e: “O coração sente então a necessidade de distinguir e adorar cada uma das pessoas divinas. De certo modo, é uma descoberta que a alma faz na vida sobrenatural, como as de uma criancinha que vai abrindo os olhos à existência. E entretém-se amorosamente com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo; e submete-se facilmente à atividade do Paráclito vivificador, que Se nos entrega sem o merecermos: os dons e as virtudes sobrenaturais!” (São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n° 306).
O católico mundano não ama a Cristo nem observa os Seus mandamentos, porque o seu prazer está em seguir as máximas do mundo. Esse, como acontece com milhões de pessoas, pode até pronunciar o nome de Deus, mas o que realmente reina em seu coração é o mundo: “Que multidão inumerável ele arrasta atrás das suas seduções!” (Pe. João Colombo).
Em Jo 14, 25-26 diz: “Essas coisas vos tenho dito estando entre vós. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse”.
Nosso Senhor expôs com clareza a Sua doutrina, “mas os Apóstolos não podiam entendê-la plenamente; entendê-la-ão depois, quando receberem o Espírito Santo, o Espírito da Verdade que os guiará até à verdade completa (cfr Jo 16, 13)” (Edições Theologica), e: “Com efeito, o Espírito Santo ensinou e recordou: ensinou tudo aquilo que Cristo não tinha dito por superar as nossas forças, e recordou o que o Senhor tinha ensinado e que, quer pela obscuridade das coisas, quer pela rudeza do seu entendimento, eles não tinham podido conservar na memória” (Teofilacto, Enarratio in Evangelium Joannis, ad loc.).
“... o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse”. O Espírito santo é o Mestre interior que introduz na compreensão viva, íntima, experimental das verdades anunciadas por Jesus, especialmente: “O mistério da Trindade, sua habitação nos fiéis, a vocação destes à comunhão pessoal com Cristo e com a Trindade. Dá o Espírito Santo o sentido genuíno das Escrituras, a inteligência do plano divino para a salvação universal e guia a Igreja no cumprimento de sua missão. Tal se verificou com singular plenitude na vida da Igreja primitiva, quando os Apóstolos falavam e agiam em total dependência dele” (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 132).
Edições Theologica diz: “O termo que traduzimos por ‘recordar’ inclui também a idéia de ‘ sugerir’: o Espírito Santo trará à memória dos Apóstolos o que já tinham escutado a Jesus, mas com uma luz tal que os capacitará para descobrir a profundidade e a riqueza do que tinham visto e escutado”. Assim “... os Apóstolos transmitiram aos seus ouvintes, com aquela compreensão mais plena de que eles, instruídos pelos acontecimentos gloriosos de Cristo e iluminados pelo Espírito de verdade, gozavam (cfr 2, 22), as coisas que Ele tinha dito e feito” (Dei Verbum, n° 18).
João Paulo II escreve: “Cristo não deixou os Seus seguidores sem guia na tarefa de compreender e viver o Evangelho. Antes de voltar ao Pai prometeu enviar o Seu Espírito Santo à Igreja: ‘Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em Meu nome, Ele vos ensinará tudo e vos recordará todas as coisas que vos disse’. Este mesmo Espírito guia os sucessores dos Apóstolos, os vossos Bispos unidos ao Bispo de Roma, a quem encarregou de manter a fé e ‘pregar o Evangelho a toda a criatura’ (Mc 16, 15). Escutai a sua voz, pois vos transmite a palavra do Senhor” (Homilia, Santuário de Knock).
Em Jo 13, 27 diz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá. Não se perturbe nem se intimide vosso coração”.
Cristo Jesus é a Fonte da verdadeira paz. Está claro que fora d’Ele não existe paz, mas somente tristeza, angústia e ilusão: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá”.
Em Jo 13, 27, Nosso Senhor não deixa nenhuma dúvida nem abertura para desculpa. Cristo Jesus deixa bem claro que somente Ele é capaz de dar a verdadeira paz: “... a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá”.
Católico, abra o coração e os olhos; não finja que não entendeu esse trecho da Palavra de Deus. Por que você teima em permanecer com o coração petrificado? O que ganhará com isso? Por que correr desesperadamente atrás do mundo, sendo que ele não pode dar aquilo que não possui: a paz?
Deixe de ser cabeça dura e rebelde para com aquele Senhor que morreu na cruz para te salvar e que cuida diariamente de ti. Seja sincero, e aceite de uma vez por todas, que paz verdadeira só existe em Nosso Senhor.
Os anjos enviados pelo próprio Deus a anunciar ao mundo a boa nova da vinda de seu Filho disseram: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama!” (Lc 2, 14). O Verbo encarna-se para dar toda a glória a seu Pai e trazer a paz ao mundo.
Durante os três anos de vida pública, Nosso Senhor pregou sobre a paz, a verdadeira paz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14, 27).
Depois de ressuscitado, Cristo apareceu aos Apóstolos e disse-lhes: “A paz esteja convosco!” (Jo 20, 19. 21).
Somente em Jesus Cristo encontraremos a verdadeira paz; aquela paz que o mundo não pode dar: “Experimentai, ó cristão, pensar quando foi que saboreastes a paz verdadeira na vossa vida, desde o dia da vossa primeira Comunhão: acaso depois dos divertimentos do mundo? Acaso depois de haverdes cedido aos desejos do mundo? Não! Mas somente quando, longe do mundo, vos abraçastes a Jesus com uma boa Confissão e Comunhão” (Pe. João Colombo).
“Deixo-vos a paz!” A que vem de uma Confissão sincera e da Comunhão.
“Deixo-vos a paz!” Não aquela das revistas pornográficas; mas sim, a que vem das leituras piedosas da Sagrada Escritura e vida dos Santos.
“Deixo-vos a paz!” A que vem de uma vida casta; e não aquela falsa paz oferecida pelo adultério, fornicação, masturbação, homossexualidade e bestialidade.
“Deixo-vos a paz!” Não aquela do carnaval, rock, bailes e forrós; mas da paz encontrada no silêncio, na piedosa oração e na adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
Católico, jamais você encontrará paz no mundo. Lembre-se continuamente de que o mundo é inimigo de Deus e da paz; aquele que serve o mundo é inimigo de Deus e vive em contínua angústia: “Adúlteros, não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Assim, todo aquele que quer ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus” (Tg 4, 4).
Não se adquire a verdadeira paz num copo de pinga, nas novelas imorais, nas fofocas nas portas dos botecos, nas músicas vazias e pornográficas, nas vestes imorais, etc., mas sim, em seguir a Cristo Jesus pelo caminho da renúncia e da observância dos mandamentos: “É a paz justamente o dom que Jesus deixou aos seus discípulos depois de ter assegurado a presença da Trindade em seus corações e a assistência do Espírito Santo... É a paz de Jesus baseada nas boas relações com Deus, na observância de sua palavra, na comunhão íntima com ele; é a paz de quem se deixa guiar pelo espírito santo e age segundo sua luz. Paz que nesta vida não dispensa o sofrimento mas infunde coragem para enfrentar sem medo até a luta, quando necessária para conservar a fé em Deus. Paz que será absoluta sem sombra de perturbação na Jerusalém celeste onde Cristo, ‘o Cordeiro’, será a ‘lâmpada’ que iluminará (Ap 21, 23) e a felicidade que alegrará para sempre os eleitos” (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 132).
Nosso Senhor Jesus Cristo é o Príncipe da paz (cfr Is 9, 6), enquanto que Satanás é o príncipe do mundo (cfr Jo 12, 31).
Em Jo 14, 28-29 diz: “Vós ouvistes o que vos disse: Vou e retorno a vós. Se me amásseis, ficaríeis alegres por eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que eu. Eu vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais”.
Nosso Senhor, enquanto Filho Unigênito de Deus, “possui a glória divina desde a eternidade, mas durante o tempo da Sua vida na terra essa glória está velada e oculta por detrás da Sua Santíssima Humanidade (cfr Jo 17, 5; Fl 2, 7). Só se manifesta em algumas ocasiões, como nos milagres (cfr Jo 2, 11), ou na Transfiguração (cfr Mt 17, 1-8). Vai ser agora, mediante a Morte, Ressurreição e Ascensão aos céus, que Jesus vai ser glorificado, também no Seu Corpo, voltando ao Pai e entrando na Sua glória. Por isso, a Sua saída deste mundo devia ser causa de alegria para os discípulos; mas estes não entendem bem as palavras do Senhor, e entristecem-se porque os afeta mais a pena da separação física do Mestre que o pensamento da glória que O espera” (Edições Theologica).
Quando Jesus diz que o Pai é maior que Ele, “está a considerar a Sua natureza humana; assim, enquanto homem, Jesus vai ser glorificado ascendendo à direita do Pai” (Edições Theologica).
Jesus Cristo “é igual ao Pai segundo a divindade, menor que o Pai segundo a humanidade” (Símbolo Atanasiano). Santo Agostinho exorta: “Reconheçamos, pois, a dupla natureza de Cristo: uma, pela qual é igual ao Pai, que é a divina; e a humana, que o torna inferior ao Pai. Uma e outra natureza não constituem dois, mas um só Cristo...” (In Ioann. Evang., 78, 3). Não obstante, embora o Pai e o Filho sejam iguais em natureza, eternidade e dignidade, também podem entender-se as palavras do Senhor considerando que “maior” se refere à origem: só o Pai é “primeiro sem princípio”, enquanto o Filho procede eternamente do Pai por geração também eterna. Jesus Cristo é Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro (cfr Símbolo Niceno-Constantinopolitano).

MILAGRES E MILAGRES


Pedro e João estavam subindo ao Templo para a oração da hora nona. 2 Vinha, então, carregado, um homem que era aleijado de nascença, e que todos os dias era carregado à porta do Templo, chamado Formosa, para pedir esmola aos que entravam. 3 Vendo a Pedro e João, que iam entrar no Templo, implorou que lhe dessem uma esmola. 4 Pedro, porém, fitando nele os olhos, junto com João, disse-lhe: ‘Olha para nós!’ 5 Ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa. 6 Mas Pedro lhe disse: ‘Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, põe-te a caminhar!’ 7 E, tomando-o pela mão direita, ergueu-o. No mesmo instante seus pés e calcanhares se firmaram; 8 de um salto pôs-se em pé, e começou a andar. E entrou com eles no Templo, andando e louvando a Deus. 9 Todo o povo viu-o andar e louvar a Deus; 10 reconheciam-no, pois era ele quem esmolava, assentado junto à Porta Formosa do Templo. E ficaram cheios de admiração e de assombro pelo que lhe sucedera”.


Em At 3, 1 diz: “Pedro e João estavam subindo ao Templo para a oração da hora nona”.
É a hora do sacrifício da tarde, “que começava pelas três e era freqüentado por grande número de Judeus piedosos. O longo rito durava até ao pôr do sol. Era este o segundo sacrifício do dia. Pela manhã tinha lugar outro, com ritos análogos, que começava com a aurora e durava até às nove da manhã, a hora de tércia” (Edições Theológica), e: “Era a hora do sacrifício vespertino, cerca das três da tarde (cf. Ex 29, 39-42; Lc 1, 8-10+; Eclo 50, 5-21; At 10, 3-30)” (BJ).
Observe-se que a Palavra de Deus cita em várias passagens Pedro e João juntos: o primeiro papa e aquele que Nosso Senhor amava: “... Jesus tomou Pedro, Tiago e seu irmão João...” (Mt 17, 1), e: “E, levando consigo Pedro, Tiago e João...” (Mc 14, 33), e também: “Corre então e vai a Simão Pedro e ao outro discípulo, que Jesus amava...” (Jo 20, 2), e ainda: “Aquele discípulo que Jesus amava disse então a Pedro: ‘É o Senhor!” (Jo 21, 7), e: “Tendo entrado na cidade, subiram à sala superior, onde costumavam ficar. Eram Pedro e João...” (At 1, 13), e também: “Pedro e João estavam subindo ao Templo para a oração da hora nona” (At 3, 1), e ainda: “Como ele não largasse a Pedro e João” (At 3, 11), e: “Ao verem a intrepidez de Pedro e João...” (At 4, 13).
Está claro que a amizade entre o dois era sincera. Não existia entre eles a desgraça da inveja nem o verme da implicância.
Como é agradável possuir verdadeira amizade; aquela que nos ajuda a percorrermos com segurança o caminho do céu: “Ambos tinham por sua a glória do outro. Parecia uma só alma, em dois corpos. Há quem diga não se dever confiar em tudo, com que todos concordam; nós, porém sempre de absoluta concórdia. A única intenção e esforço de ambos era alcançar a virtude e viver a esperança futura, de tal forma que, antes mesmo de sairmos desta vida, dela emigrássemos. Tendo isso diante dos olhos, orientávamos nossa vida, ora seguindo os divinos preceitos, ora estimulando-nos um ao outro à virtude; e, parece pretensão minha dizê-lo, éramos um para o outro a norma e o critério para discernir o certo e o errado” (Dos Discursos de São Gregório Nazianzeno, sobre a sua amizade com São Basílio Magno).
Para o clero de hoje, cabe muito bem a seguinte passagem: “Mas, se vos mordeis e vos devorais, vede que não acabeis por vos destruirdes uns aos outros” (Gl 5, 15).
Em At 3, 2 diz: “Vinha, então, carregado, um homem que era aleijado de nascença, e que todos os dias era carregado à porta do Templo, chamado Formosa, para pedir esmola aos que entravam”.
Edições Theologica explica: “A porta ‘Formosa” não figura com este nome nos documentos conhecidos sobre a topografia do Templo. Trata-se provavelmente da chamada porta de Nicanor ou porta coríntia, que fazia comunicar o extenso átrio dos gentios com o átrio das mulheres e conduzia finalmente ao dos Judeus. Tinha grande valor artístico. Por ser muito transitada, pela sua posição, era um lugar muito apropriado para pedir esmola”.
Em At 3, 1 diz que os Apóstolos Pedro e João estavam subindo para o Templo para rezar; e em At 3, 2 diz que o paralítico, carregado por pessoas, estava chegando ao Templo para esmolar.
Feliz dia e feliz hora para esse paralítico: encontrar dois luzeiros seguidores da Luz Eterna! Que Nosso Senhor nos ajude a encontrarmos sempre pelo caminho, pessoas “Sal da terra e Luz do mundo” (Mt 5, 13-14), cheias de caridade e dispostas a nos orientar no bem: “... ao arrastar e enveredar pela vida espiritual não confieis em vós mesmos, mas com simplicidade e docilidade peçais e aceiteis o auxílio de quem possa guiar vossa alma com esclarecida direção, indicar-vos os perigos, sugerir-vos os remédios idôneos, e em todas as dificuldades internas ou externas vos possa dirigir retamente e levar-vos a uma perfeição cada vez maior, segundo o exemplo dos Santos e os ensinamentos da ascética cristã” (São Pio X, Menti Nostrae, 54).
Em At 3, 3-8 diz: “Vendo a Pedro e João, que iam entrar no Templo, implorou que lhe dessem uma esmola. Pedro, porém, fitando nele os olhos, junto com João, disse-lhe: ‘Olha para nós!’ Ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa. Mas Pedro lhe disse: ‘Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, põe-te a caminhar!’ E, tomando-o pela mão direita, ergueu-o. No mesmo instante seus pés e calcanhares se firmaram; de um salto pôs-se em pé, e começou a andar. E entrou com eles no Templo, andando, saltando e louvando a Deus”.
Esse homem era paralítico, mas enxergava muito bem. Viu os dois luzeiros, Pedro e João, que passavam próximo a ele, e não ficou calado, mas pediu-lhes algo: “Vendo a Pedro e João, que iam entrar no Templo, implorou que lhe dessem uma esmola”.
Os dois Apóstolos, homens cheios de caridade e bondade, não continuaram a caminhar, mas pararam, e “... fitando nele os olhos... disse-lhe: ‘Olha para nós!”
Muitos católicos, infelizmente, agem completamente diferente dos Apóstolos: desprezam as pessoas necessitadas e zombam das mesmas. Deus quer que façamo-lhes o bem: “O Senhor do universo quer a misericórdia e não o sacrifício, e a compaixão supera milhares de cordeiros gordos. Apresentemo-la por conseguinte pelas mãos dos pobres e dos humilhados para que, ao deixarmos este mundo, eles nos recebam nas moradas eternas, no próprio Cristo Senhor nosso, a quem seja a glória pela eternidade” (Dos Sermões de São Gregório Nazianzeno), e: “Mostremos também agora uma generosidade mais compassiva para com os pobres e os que sofrem das várias enfermidades...” (Dos Sermões de São Leão Magno).
Existem também aqueles, inclusive sacerdotes, que desprezam os paralíticos espiritualmente; deixando-os se arrastarem pela lama do mundo sem dar-lhes a ajuda espiritual: “Quem quer que entre para o sacerdócio recebe o ofício de arauto, porque caminha à frente, proclamando a vinda do juiz, que se seguirá de modo terrível. Portanto, se o sacerdote não sabe pregar, que protesto fará ouvir o arauto mudo?” (Da Regra Pastoral de São Gregório Magno), e: “Se puderdes fazer algum bem não deixeis para mais tarde” (Da Epístola aos Filipenses, de São Policarpo), e também: “Não digas: não posso ajudar os outros, pois se és cristão de verdade é impossível que não o possas fazer” (São João Crisóstomo, Hom. sobre Act. 20).
Os Apóstolos Pedro e João não viraram o rosto para o paralítico, mas fitaram-lhe nos olhos. Aquele que ama de verdade não despreza quem precisa de ajuda: “A caridade é prestativa” (1 Cor 13, 4).
O paralítico, admirado com a educação e atenção dos Apóstolos, olhou atentamente para os dois “esperando receber deles alguma coisa”.
Ele, com certeza, esperava receber algo desses dois homens bondosos e atenciosos; quem sabe um pouco de pão ou algumas moedas. Pedro, olhando em seus olhos disse: “Nem ouro nem prata possuo. O que tenho, porém, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, põe-te a caminhar!’ E, tomando-o pela mão direita, ergueu-o”.
A cura do paralítico é o primeiro milagre operado por meio dos Apóstolos. Está claro que não se trata de um exibicionismo nem charlatanismo, como acontece hoje em inúmeras seitas e também entre os reboladores, que se dizem católicos; esses imitam os sectários ao pé da letra. Para esses charlatães, cabem muito bem as palavras de São João Crisóstomo: “Esta cura, testemunha a Ressurreição de Cristo, da qual é imagem (...). Observai em primeiro lugar, que os dois Apóstolos não vão ao Templo com a intenção de fazer um milagre, porque, à imitação do seu Mestre, evitavam tudo o que pudesse trazer-lhes notoriedade humana” (Hom. sobre Act. 8).
O que aconteceu em At 3, 6-8 foi realmente um milagre. O homem era paralítico de nascença, e começou a andar e saltar: “E entrou com eles no Templo, andando, saltando...”. Aqui não existe nem sombra de charlatanismo, como acontece hoje nas seitas e nas reuniões dos reboladores que se dizem católicos.
O reboladores deveriam fundar um movimento com o título: “O Circo de Herodes”. Esse monstro assassino e luxurioso apreciava muito os milagres; mas Cristo Jesus que não é nenhum charlatão, exibicionista ou palhaço, deu-lhe como resposta o silêncio: “(Herodes) intenta servir-se de Jesus para seu entretenimento. Quer vê-lO como quem deseja presenciar uma sessão de magia. Jesus não responde às suas perguntas feitas com palavreado adulador. A posição do Salvador é de simplicidade e grandeza e, por outro lado, de severidade. O Seu silêncio eloqüente é o castigo exemplar para este tipo de comportamento” (Edições Theologica).
Já pensou se os reboladores e os sectários vivessem no tempo de Herodes? Penso que o “Rei Porcão” passaria todos ao fio da espada, porque ele, apesar de ridículo e idiota, queria presenciar um milagre e não macaquice, como acontece hoje.
Como é nojento ver os fundadores de seitas obrigarem os sectários mentirem a cada minuto, dizendo que foram curados dessa ou daquela doença. Quanta mentira!
Como é repugnante ver os reboladores que se dizem católicos, imitarem esses bodes berrantes e mentirosos com falsos milagres. Os reboladores reúnem milhares de pessoas por causa do exibicionismo, do charlatanismo, da mentira e da vida fácil, sem nenhuma exigência. Coloque sobre os ombros dos reboladores a cruz, e verá onde os mesmos vão parar: “É melhor padecer por Deus que fazer milagres” (São João da Cruz, Ditos de Luz e Amor, 181).
Se existem tantos “milagreiros” entre os sectários e reboladores, se são realizados centenas de “milagres” diariamente; por que será que os hospitais estão superlotados? Se são “milagreiros”, por que então existem entre os mesmos tantos enfermos, depressivos e desesperados?
Como é vergonhoso ver mulherinhas e homenzinhos carregados de pecados gritando: “Senta e levanta”, “Eu te ordeno: levanta-te”, “Deixa a muleta e pula”, e outras “palavras de ordem”, e o pior, por pessoas que se dizem católicas.
Edições Theologica comenta: “Nos primeiros tempos da expansão da Igreja, estes fatos miraculosos que Jesus anuncia cumpriram-se de modo freqüente e visível. Os testemunhos históricos destes acontecimentos são abundantíssimos no Novo Testamento (cfr. p. ex. At 3, 1-11; 28, 3-6) e noutros escritos cristãos antigos. Era muito conveniente que assim sucedesse para mostrar ao mundo de uma maneira palpável a verdade do cristianismo. Mais tarde, continuaram a realizar-se milagres deste tipo, mas em menor número, como casos excepcionais. Também é conveniente que assim seja porque, por um lado, a verdade do Cristianismo está já suficientemente atestada; e, por outro, para dar lugar ao mérito da fé”, e São Jerônimo também comenta: “Os milagres foram precisos ao princípio para confirmar com eles a fé. Mas, uma vez que a fé da Igreja está confirmada, os milagres não são necessários” (Comm. in Marcum, ad loc.).
Sem dúvida, Deus continua a realizar milagres através dos santos de todos os tempos, também dos atuais; mas não de uma maneira forçada e mentirosa, como acontece com os sectários e os reboladores, que se pode muito bem chamar de “Oficina dos milagres”.
Nosso Senhor também realiza milagres através de algumas imagens: “A diferença das formas ou a beleza material da imagem não são motivo para Deus fazer milagres e mercês; serve-se o Senhor daquelas diferenças, não para as imagens serem estimadas com preferência de umas e outras, mas unicamente para despertar nas almas a devoção adormecida, e o afeto dos fiéis à oração” (São João da Cruz, Subida do Monte Carmelo, Livro III, capítulo XXXVI, 2).
É ridículo ver entre os reboladores que se dizem católicos: meninas, mocinhas e senhoras semi-nuas se gabarem de realizar milagres. Já que são “milagreiras”, porque então não realiza o milagre de aumentar as suas roupas? Esse milagre seria bem visível! Porque são milhares as “peladinas” de Satanás.
Esses falsos milagreiros gostam de se aparecer. Atribuem a si os seus falsos e esfarrapados milagres; e isso, diante das câmeras de televisão e nos microfones. Como Satanás é esperto!
Jesus Cristo, o Rei humilde, realizava os milagres e procurava, por todos os meios velá-los. Ele proibia expressamente às pessoas curadas de dizerem ser Ele quem havia realizado os milagres: “Cuidado, não digas nada a ninguém...” (Mt 8, 4), e: “Jesus, porém, os admoestou com energia: ‘Cuidado, para que ninguém o saiba” (Mt 9, 30).
Depois que Cristo Jesus multiplicou os pães, queriam fazê-lO rei: “Jesus, porém, sabendo que viriam buscá-lo para fazê-lo rei, refugiou-se de novo, sozinho, na montanha” (Jo 6, 15).
Quão grande a diferença de Nosso Senhor, que realmente realizava milagres, com os charlatães de hoje, que fazem todo tipo de macaquice para se aparecerem: até cursos para aprenderem a falar em línguas e também para realizarem milagres. Respeitável público, o “Circo de Herodes” chegou! Cuidado com os lobos!
Em At 3, 9-10 diz: “Todo o povo viu-o andar e louvar a Deus; reconheciam-no, pois era ele quem esmolava, assentado junto à Porta Formosa do Templo. E ficaram cheios de admiração e de assombro pelo que lhe sucedera”.
O milagre realizado em At 3, 6-8 não é uma mentira, mas é realmente um milagre, porque: “Todo o povo viu-o andar...”, e: “Reconheceram-nos, é verdade, como os que haviam estado com Jesus; mas, vendo com eles, de pé, o homem que fora curado, nada podiam dizer em contrário...Que faremos com estes homens? Que um sinal notório foi realizado por eles é claramente manifesto a todos os habitantes de Jerusalém, e não podemos negá-lo” (At 4, 13-15).
Onde estão as provas dos milagres realizados pelos sectários e reboladores? Todos não passam de charlatães vaidosos e enganadores. Seria muito bom se essas pessoas rezassem todos os dias, de joelhos, a Ladainha da humildade.
Onde estão os sinais notórios realizados pelos sectários e reboladores? O “sinal” mais notório apresentado por eles, é o de andarem quase nus e de mentirem desavergonhadamente.
Católico, você que, graças a Deus, não faz parte do “Circo de Herodes” ; peça a partir de hoje, provas sobre tais “milagres” realizados pelos reboladores.

NOSSO ADVERSARIO


“Sede sóbrios e vigilantes! Eis que o vosso adversário, o diabo, vos rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé”.


Milhões de pessoas negam a existência do demônio, dentre essas, infelizmente, bispos e sacerdotes católicos.
Enquanto isso, esse terrível adversário vai espalhando o seu veneno: “... provoca numerosos danos de natureza espiritual e até, indiretamente, de natureza física, tanto nos indivíduos como na sociedade” (João Paulo II, Audiência geral, 20-VIII-1986).
O demônio é um ser pessoal, real e concreto, de natureza espiritual e invisível, que, pelo seu pecado, se afastou de Deus para sempre.
Os demônios não são amigos, e sim, inimigos dos homens: “... o diabo, vos rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar”.
O Concílio de Latrão ensina: “... o diabo e os outros demônios foram criados por Deus naturalmente bons; mas eles, por si mesmos, se tornaram maus” (IV, 1215).
Quão grande loucura comete o pecador ao trocar Nosso Senhor, o Rei do amor, que morreu na cruz para salvá-lo, pelo demônio, o rei do ódio, que trabalha continuamente para mergulhá-lo nas chamas do inferno: “Em seu ódio inextinguível a Deus, é natural que odeiam também a sua criatura, o homem. Seu ódio torna-se ainda mais compreensível à luz da cresça de que Deus criou os homens precisamente para substituir os anjos que pecaram, para preencher o vazio que deixaram com a sua deserção... Toda a sua inteligência e todo o seu poder concentram-se agora em afastar do céu as almas a ele destinadas. Os esforços do diabo encaminham-se agora incansavelmente no sentido de arrastar o homem ao seu mesmo caminho de rebelião contra Deus. Em conseqüência, dizemos que os diabos nos tentam ao pecado... Um demônio é cem por cento mau; sem por cento ódio, sem que se possa achar um mínimo resto de bem em parte alguma de seu ser” (Pe. Leo J. Trese).
Em 1 Pd 5, 8 diz: “Sede sóbrios e vigilantes!”
Vivemos em contínua batalha. Esse mundo é um campo de batalha, principalmente contra o Príncipe das trevas; por isso, sejamos sóbrios e vigiemos atentamente para não sermos derrotados: “Sirvo-me do demônio qual instrumento de minha justiça para atormentar os que me ofendem. Nesta vida o coloquei qual tentador, molestando os homens. Não para que esses sejam vencidos, mas para que conquistem a vitória e o prêmio pela comprovação das virtudes” (Santa Catarina de Sena, O Diálogo, Primeira Parte, 14. 7).
Sejamos sóbrios e vigilantes! Mortifiquemos o nosso corpo com penitência e mortificação, evitemos certos ambientes perigosos, fujamos das amizades mundanas, mortifiquemos os nossos sentidos, rezemos com humildade e confiança pedindo a proteção de Deus, da Virgem Maria e dos Anjos, aproximemos com freqüência da confissão e da Santíssima Eucaristia, usemos também água benta: “De nenhuma coisa fogem tanto os demônios, para não voltar, como da água benta” (Santa Teresa de Ávila).
Satanás não dorme nem cochila; aquele que vacilar será derrotado: “Na luta com aquele maligno, porém, nunca haverá pausa; nunca poderás despojar-te das armas, nunca poderás entregar-te ao descanso, caso quiseres ficar ileso... Aquele adversário infame mantém sempre sua linha de combate perto de nós, pronta para nos perder tão logo note algum relaxamento em nossa vigilância. Podes estar certo: mais zelo emprega ele para a nossa perdição do que nós para a nossa salvação!” (São João Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro Sexto, 13).
Sejamos sóbrios e vigilantes! No caminho da vida devemos ser prudentes e não tontos: “Viajamos carregados de ouro: é o grande tesouro da graça de Deus, da sua paz santa. Não nos deixemos roubar. Temamos os ladrões astutos e ferozes que estão escondidos dentro e fora de nós” (São Jerônimo).
Vigiemos a exemplo de Santo Antão. Quando Antão chegou à idade de trinta e cinco anos, quis ir para um antigo eremitério onde pudesse louvar a Deus em toda pobreza e penitência. Mas o inimigo infernal tentou impedir esse propósito heróico, e, no caminho por onde ele devia passar, lançou um disquinho de prata. “Ele o apanhará, - pensava o demônio, - e voltará atrás para gastar a moeda ou para dá-la; e, depois, provavelmente esquecerá a ermitagem”. Mal, porém, Antão viu o discozinho de prata luzir-lhe diante dos passos, conheceu o logro, e gritou como se o demônio pudesse ouvi-lo. “Seja para tua perdição este dinheiro”. Uma chamazinha, um pouco de fumaça, e o disquinho desapareceu.
Sejamos sóbrios e vigilantes. Esse adversário não descansa, por isso, tomemos cuidado com as suas armadilhas. Ele, sabendo do nosso propósito, com certeza lançará algo no nosso caminho para tentar nos impedir de progredir no caminho da santidade: “É aquele baile, é aquela pessoa, é aquela reunião, é aquele prazer, é aquele livro... Pelo amor de Deus, não apanheis o disquinho de prata infernal; fugi da ocasião! E, vós também gritais: ‘Seja para tua perdição este ardil’. Num segundo, toda tentação se dissolverá em vã fumaça, diante dos vitoriosos” (Pe. João Colombo).
Esse ser maldito não tira férias, pelo contrário, trabalha continuamente para perder as almas, e são muitas aquelas que caem em suas garras: “Tamanho é o número dos que diariamente são derrotados pelo demônio” (São João Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro Sexto, 13).
Em 1 Pd 5, 8 diz também: “Eis que o vosso adversário, o diabo, vos rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar”.
Caminhamos todos os dias rumo a Pátria celeste em meio a inúmeras dificuldades e obstáculos; o demônio que não dorme e trabalha para a nossa perdição, qual leão furioso, gira em torno de nós procurando poder devorar-nos.
Esse leão infernal usa todos os tipos de armadilhas para nos apanhar: “Caso ainda queiras conhecer de perto a maneira de atacar do demônio, verificarás que é, além de intensa, muito variada. Como aquele infame, ninguém conhece as múltiplas intrigas, tramóias, astúcias e artimanhas. É isto que lhe dá tanta força. Também não há ninguém que seja capaz de manter um ódio tão implacável como aquele malicioso contra todo o gênero humano. Em seguida, considerando ainda o zelo e o afinco com que ele luta, qualquer comparação com os homens e suas atitudes tornar-se-ia ridícula. Até os animais mais ferozes e mais sanguinolentos, comparados com ele, tornar-se-iam mansos e dóceis. Com tanta raiva ele esbraveja contra as nossas almas” (São João Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro Sexto, 13), ele jamais nos deixará em paz: “O infame não cessará com seus ataques até o último suspiro da alma que não soube defender-se já contra os primeiros golpes” (Idem).
Em 1 Pd 5, 9 diz: “Resisti-lhe, firmes na fé”.
Não se entregue ao demônio, mas resista-o corajosamente, e com a ajuda do alto sairá vencedor: “Com Jesus Cristo, o poder do demônio reduziu-se consideravelmente, pois Ele ‘nos libertou do poder de Satanás’. Graças à obra redentora de Cristo, o demônio só pode causar verdadeiros danos a quem livremente lho permitir, consentindo no mal e afastando-se de Deus” (Pe. Francisco Fernández-Carjaval).
O demônio não chega a penetrar na nossa intimidade, se nós não o queremos: “Os espíritos imundos não podem conhecer a natureza dos nossos pensamentos. Só lhes é dado pressenti-los por indícios sensíveis, ou então examinando as nossas disposições, as nossas palavras ou as coisas para as quais percebem que nos inclinamos. É-lhes totalmente inacessível o que não exteriorizamos e permanece oculto nas nossas almas. Mesmo os pensamentos que eles próprios nos sugerem, a acolhida que lhes damos, a reação que provocam em nós, nada disso o conhecem pela própria essência da alma (...), mas, quando muito, pelos movimentos e manifestações externas” (Cassiano, Colationes, 7). Esse ser horrível não pode violentar a nossa liberdade a fim de incliná-la para o mal: “É um fato certo que o demônio não pode seduzir ninguém, a não ser os que lhe prestam o consentimento da sua vontade” (Idem). O Santo Cura d’Ars diz que “o demônio é um grande cão acorrentado que arremete, que faz muito barulho, mas que só morde os que se aproximam dele em demasia” (Sermão sobre as tentações). No entanto, “nenhum poder humano pode ser comparado ao seu, e somente o poder divino o pode vencer e somente a luz divina pode desmascarar as suas artimanhas. A alma que queira vencer a potência do demônio não o poderá conseguir sem oração, nem poderá entender os seus enganos sem mortificação e sem humildade” (São João da Cruz, Cântico espiritual, 3, 9).
Uma pessoa poderia dizer que é impossível resistir ao demônio por quarenta e sessenta anos; sendo que já tentou por várias vezes e não conseguiu.
É possível. Leia com atenção esse exemplo dos Padres do deserto, homens experimentados nos combates espirituais.
Viviam na ermida dois Egípcios que, havia pouco, tinham abraçado aquela vida santa; e, compreende-se, o demônio induzia-os a abandoná-la. Para vencer esta tentação, eles decidiram esperar até à estação seguinte: “Eis o inverno – diziam-se eles; - passemo-lo ainda aqui; aliás, é tão breve; ir-nos-emos na primavera”.
O inverno, passavam ainda em santidade e em oração. “Eis a primavera! – diziam-se depois; - é coisa tépida que agrada até mesmo no deserto. Ir-nos-emos no outono”. E, assim, de estação em estação, ficaram cinqüenta anos na solidão, e morreram em paz: “Outro tanto fazei vós, cristãos, que desejais perseverar em graça. Da Páscoa a Pentecostes não são cem anos; resisti até então; em seguida, após uma boa Confissão e uma fervorosa Comunhão, decidireis. – E, de Pentecostes à Assunção ou ao Dia de Finados... não é uma eternidade: resisti até então. E, assim, de período em período, a vida toda passareis na santa perseverança da Páscoa” (Pe. João Colombo).
É preciso resistir ao demônio. Quando o homem resiste às tentações do Diabo, este afasta-se dele, porque não pode obrigar o homem a pecar: “...resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4, 7), e: “Convertei-vos, vós, os que andais nos mandamentos do Diabo, entre vícios intoleráveis, repelentes e selvagens, e não temais o Diabo, porque não há nele força alguma contra vós (...). O Diabo só infunde medo: mas este medo não tem eficácia nenhuma. Não o temais, pois, e ele fugirá de vós (...). O Diabo não pode dominar os servos de Deus que de todo o coração confiam n’Ele; pode certamente combatê-los, mas não pode derrotá-los. Se, pois, lhe resistis, fugirá de vós, vencido, cheio de vergonha” (O Pastor de Hermas, Mandamento XII, 4, 6 e 5, 2).