FICAMOS ALEGRES COM SUA VISITA

ESPERAMOS, QUE COM A GRAÇA SANTIFICANTE DO ESPIRITO SANTO, E COM O DERRAMAR DE SEU AMOR, POSSAMOS ATRAVÉS DESTE HUMILDE CANAL SER VEÍCULO DA PALAVRA E DO AMOR DE DEUS, NÃO IMPORTA SE ES GREGO, ROMANO OU JUDEU A NOSSA PEDRA FUNDAMENTAL CHAMA-SE CRISTO JESUS E TODOS SOMOS TIJOLOS PARA EDIFICACÃO DESTA IGREJA QUE FAZ O SEU EXODO PARA O CÉU. PAZ E BEM

AGRADECIMENTO

AGRADECEMOS AOS NOSSOS IRMÃOS E LEITORES, POR MAIS ESTE OBJETIVO ATINGIDO, É A PALAVRA DE CRISTO SEMEADA EM MILHARES DE CORAÇÕES. PAZ E BEM

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

SIMPLICIDADE E PERMANENCIA


De vez em quando gosto de reler “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz”, de C. S. Lewis. Sua habilidade em perscrutar os labirintos da tentação me impressionam. Ele nos ajuda a reconhecer nossa enorme ingenuidade e a profunda sagacidade do inimigo.


Em uma dessas cartas, o Diabo reconhece que o verdadeiro problema dos cristãos é que eles são “simplesmente” cristãos. O laço que os une é a vida comum que eles têm em Cristo. Ele então aconselha seu sobrinho: “O que nós desejamos, se não houver mesmo jeito e os homens tiverem de tornar-se cristãos, é mantê-los num estado de espírito que eu chamo de cristianismo e alguma outra coisa [...]. Substitua a fé em si por alguma moda com colorido cristão. Faça com que tenham horror à Mesma Coisa de Sempre”.

A “mesma coisa de sempre” nos deixa entediados. Ser “simplesmente” cristão, para muitos, não é suficiente. Precisamos de coisas novas. Sempre. Modelos novos de igreja, um jeito diferente de cantar, formas inovadoras de culto, estratégias sofisticadas de crescimento, e por aí vai. Somos movidos pelas novidades, não pela profundidade. Nosso interesse está na variedade, não na densidade.

O reverendo A. W. Tozer, num artigo intitulado “A velha e a nova cruz”, comenta o mesmo fenômeno: “Uma nova filosofia brotou dessa nova cruz com respeito à vida cristã, e dessa nova filosofia surgiu uma nova técnica evangélica -- um novo tipo de reunião e uma nova espécie de pregação. Esse novo evangelismo emprega a mesma linguagem que o velho, mas o seu conteúdo não é o mesmo e sua ênfase difere da anterior”.

O Diabo, na carta ao seu sobrinho aprendiz, diz: “O horror pela mesma coisa de sempre é uma das mais preciosas paixões que incutimos no coração humano -- uma fonte infinita de conselhos estúpidos, de infidelidade conjugal e de inconstâncias na amizade”. A lista poderia se estender, mas o que se encontra por trás desse “horror pela mesma coisa de sempre” é a grande atração pelo novo seguida de uma profunda distração pelo essencial. O que a novidade faz é direcionar nossa atenção para outras preocupações, dando mais valor aos meios e não aos fins.

A formação espiritual cristã sempre requereu, basicamente, obediência a Cristo no seu chamado a proclamar o evangelho, fazer discípulos, integrá-los numa comunidade trinitária e ensiná-los a guardar a sua palavra. Ensiná-los a se comprometerem com o serviço como expressão de amor para com o próximo e com o cultivo e a prática de disciplinas espirituais como oração, jejum, arrependimento, confissão, leitura e meditação nas Escrituras e contemplação.

Não importa o quanto nossas igrejas e ministérios sejam sofisticados. Não importa o volume de novidades e tecnologias que oferecemos. Se no final não encontrarmos as mesmas coisas de sempre, significa que nos perdemos com o meio e não alcançamos o fim.

Existem dois aspectos que considero fundamentais na experiência espiritual cristã: simplicidade e permanência. Quando perguntaram para Jesus como o reino de Deus viria, ele respondeu afirmando o seu caráter discreto. Não viria com grande estardalhaço. Se estabeleceria dentro daqueles que o confessam como Senhor e Rei. Jesus apresenta um evangelho que transforma de dentro para fora. O que o vaso contém é infinitamente maior e mais valioso que o vaso. Ele cresce como uma pequena semente de mostarda. A simplicidade está na natureza própria do evangelho.

A permanência define o caráter pessoal e relacional da fé. Permanecer em Cristo é permanecer ligado como galho na videira. É somente nessa permanência que recebemos de Cristo sua vida e a transmitimos aos outros. Permanecer é mais do que conhecer -- é manter-se em constante e dinâmico relacionamento. As novidades não transformam o caráter; a permanência, sim. Para C. S. Lewis, a maturidade é algo que “todos alcançam na velocidade de sessenta minutos por hora, independentemente do que façam e de quem sejam”.
• Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

HOMOFOBIA: NÃO CABE AO CRISTÃO DISCRIMINAR



Além de não poder praticar nem dar seu aval à conduta sexual adulterina e à homossexual, o cristão precisa aprender a arte da convivência com aqueles que as praticam. Por ter se comprometido espontaneamente com Cristo ao se converter, o cristão é membro de uma comunidade cristã e responsável por seu comportamento e testemunho. Porém, ele não é retirado do mundo, da sociedade no meio da qual vive. Segundo Paulo, o cristão não deve ficar separado dos não-cristãos, que vivem a seu bel-prazer. Para viverem separados, os cristãos “teriam de sair deste mundo” (1Co 5.10, NTLH), atitude com a qual Jesus não concorda. Na oração sacerdotal do Cenáculo, Jesus é claro: “Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno” (Jo 17.15, NTLH). Retirado do mundo, o cristão jamais seria “o sal da terra” e “a luz do mundo” (Mt 5.13-16).


Por uma questão de princípios, se o cristão não se retira da sociedade, ele tem de aprender a conviver com seus contemporâneos e vizinhos, sem se deixar influenciar ou enredar por eles. Convivência e conivência são coisas distintas: “convivência” é viver com outra pessoa; “conivência” é cumplicidade, colaboração, conluio.

Não cabe ao cristão discriminar, desprezar, odiar, maltratar, humilhar ou apedrejar o homossexual ou a lésbica, em uma sociedade em que há muitos outros desvios, como a injustiça, a avareza, o consumismo, a hipocrisia, a idolatria, o ódio, a vingança, a arrogância, a frivolidade e assim por diante. Cabe ao cristão conviver com todas essas pessoas, com temor e tremor, sem espírito de superioridade, reprovando todas essas coisas mais pela conduta do que pelas palavras.
O ensino de Paulo tem um valor imenso se o contexto for considerado. Não há concessão alguma ao desregramento sexual. No mesmo capítulo, o apóstolo é enfaticamente contrário à presença de certo indivíduo da comunidade cristã de Corinto que estava tendo relações com a mulher de seu pai (já morto ou não), provavelmente sua madrasta. Ele deveria ser temporariamente afastado dos privilégios da comunidade, até que sua natureza carnal fosse suplantada pela nova natureza (1Co 5.1-5). No capítulo seguinte, Paulo recorda que entre os membros fundadores da comunidade cristã havia ex-homossexuais ativos e ex-homossexuais passivos, bem como muitos outros ex-isto-e-aquilo (1Co 6.9-11).

Na comunidade, o critério seria um; na sociedade, seria outro. Não se pode exigir que o não-cristão se comporte como cristão, mas é lícito exigir que o cristão se comporte como cristão.

Elben M. Lenz César

SONHOS E UTOPYAS (IM) POSSÍVEIS


Morre mais um ano. Parecidíssimo com os demais, os meses desta década vieram marcados por tragédias que se misturaram com poucas alegrias. Rio de Janeiro e Haiti se misturaram às dores dos alagoanos. O sofrimento de tantos miseráveis clamou em alto e bom tom: a humanidade não pode esquecer-se de que o preço de um possível descontrole ambiental será altíssimo. O conflito iniciado pelo Ocidente, que tenta esvaziar a agenda fundamentalista muçulmana, parece não ter fim. Mais uma vez a história lembra que é mais fácil começar uma guerra que terminar.

Com a queda de alguns mitos da modernidade, o mundo padece de uma enxaqueca histórica. Não se acredita mais no progresso sem limite nem na agenda consumista do neoliberalismo. Sobrou uma ressaca, que imobiliza os ideais e as ações transformadoras da história; ressaca que alguns chamam de pós-modernidade. Se a alternativa da alienação não convém, parece que não há vigor para sonhar na reconstrução de outro mundo possível. Porém, sonhar é preciso. Nossos filhos e filhas não merecem herdar um mundo onde impera o desdém.

Trabalhemos pelo alvorecer de um novo dia em que os rios não poluam os oceanos; os peixes não morram asfixiados em águas podres; o raiar do sol seja menos abrasador, pois homens e mulheres conscientes restauraram as camadas estratosféricas porque adquiriram uma nova consciência ecológica. Aguardemos o dia em que novas leituras do Gênesis devolvam a humanidade à sacralidade do jardim e todos se comprometam a cuidar da criação, recompondo a natureza, que geme devido à insanidade do pecado.

Trabalhemos pelo despontar de um novo tempo em que se acabarão as fronteiras entre países, os muros étnicos e as cancelas rodoviárias; em que nos guichês de passaporte o pobre não seja impedido de procurar fugir de sistemas iníquos e o doente encontre o hospital que salvará a sua vida.

Trabalhemos pelo futuro quando espadas serão transformadas em arados. Procuremos ressignificar a esperança de que os bilhões de dólares gastos com armas e bombas sejam relocados em tratamento de esgoto, que aumenta a expectativa de vida de milhões de crianças. Repitamos: é possível acreditar que as fortunas desperdiçadas em cassinos sejam úteis em pesquisa pela erradicação da malária. Esforcemo-nos por esboçar outra realidade, em que se considera inadmissível uma bolsa custar mais que dois anos de salário de um operário.

Trabalhemos para que surjam muitas Madres Teresa de Calcutá em diversos continentes, todas empenhadas em acolher os moribundos. Sonhemos com mais profetas como Martin Luther King -- e que eles não sejam exceção rara. Concebamos que as penitenciárias políticas serão implodidas e que ninguém jamais seja preso por pensar diferente. Criemos um mundo em que os instrumentos de tortura se tornem peças macabras de museu e que não reste nenhuma ilha onde se maltrata outro ser humano em nome de ideologia, religião ou regime político.

Trabalhemos para que deixem de existir corregedorias, grampos telefônicos e espiões e que seja proibido bisbilhotar a privacidade das pessoas. Contribuamos para que o mundo se liberte das delações traiçoeiras contra o próximo. Convençamos os nossos filhos que é dever de todo homem e de toda mulher proteger o seu irmão. Esforcemo-nos para que os orfanatos não precisem manter as crianças por muito tempo porque as filas de adoção se multiplicaram; também, que os idosos nunca fiquem esquecidos em clínicas, à espera da morte.

Trabalhemos para que se multipliquem as orquestras e que os prefeitos construam coretos em todas as praças; e que as famílias se reúnam nos fins de semana para ouvir a apresentação vespertina de música. Não deveria ser considerado um delírio esperar que se projetem bons filmes em vilarejos e em cidades remotas. Oxalá bibliotecas ambulantes distribuam poesia para os tristes e boa literatura para os sonhadores; que escolas treinem bons malabaristas para a alegria das sextas-feiras e que mais trapezistas desafiem a gravidade nos picadeiros.

Trabalhemos para que os experimentos com células-tronco deem certo, e que muito em breve os tetraplégicos sejam curados e saltem como gazelas pela vida. Incentivemos quem trabalha no Projeto Genoma; e que eles terminem de mapear a estrutura da vida biológica para que se reduza o número de crianças com doenças genéticas.

Trabalhemos para que o turismo sexual seja banido e extinto entre os povos; que a pedofilia se torne um anacronismo; que se desarticulem os cartéis de droga -- o tóxico tem que parar de ceifar vidas, já que, um dia, pouquíssimas pessoas precisarão entorpecer a mente para tolerar a vida; os êxtases virão do encontro com a beleza, a bondade e a solidariedade.

Trabalhemos por um novo céu e uma nova terra. Todavia, reconheçamos que esse porvir não acontecerá enquanto a humanidade tolerar o pressuposto da sobrevivência do mais forte, ou da exclusão racial e da discriminação social. Optemos pelo legado de sabedoria que nossos pais nos deixaram, que nos convoca a construir a história. Incumbidos por Deus de promover o bem, represar o mal e disseminar a justiça, acreditemos que o futuro chegará de acordo com a semente que plantarmos no presente.

O futuro que ansiamos nascerá tanto de nossas mãos como de nossos ouvidos. Primeiro, ouçamos as verdades e os princípios eternos que Jesus nos ensinou. Depois, arregacemos as mangas. A vida espera por nós. Nossos filhos e netos não podem correr o risco de sermos negligentes ou apáticos. Qualquer hesitação pode redundar em desastre. Já é tarde!

Soli Deo Gloria.

• Ricardo Gondim é pastor da Assembleia de Deus Betesda no Brasil e mora em São Paulo.

NOSSA SUTIL HIPOCRISIA


Emil Brunner disse certa vez que, em sua caminhada histórica, a igreja oriunda da Reforma procura automaticamente o engessamento de uma crescente e perene institucionalização, matando o caráter orgânico, vivo e livre da igreja. Brunner identifica o início da institucionalização da igreja quando o apóstolo Paulo normatiza o sacramento da Ceia em 1 Coríntios 11. Discordo do teólogo, pois creio que a semente dessa institucionalização é bem anterior, e pode ser encontrada nos embates travados entre os fariseus e o Crucificado.


Nesses embates, os fariseus, que eram professores da Lei, e que deveriam, por dever de ofício, conhecer as Escrituras, as negam ao reclamarem contra a terrível falha de Jesus em curar num sábado. “Era só o que faltava!”, diziam eles. Em sua sutil hipocrisia, os fariseus da época de Jesus ficavam chateados com a falta de modos do Senhor, que comia sem lavar as mãos, mas não se importaram em corromper um processo jurídico contra ele, ao comprar testemunhas e permitir correr o julgamento no Sinédrio à noite, o que era ilegal à época.

Hoje em dia, a igreja dita evangélica cada vez mais se engessa em seu institucionalismo ensimesmado, se aproximando do sistema religioso farisaico, cada vez mais se distancia da pura fonte de conhecimento de Deus, ou teologia, que é Jesus, e cada vez mais vivencia uma hipocrisia de modo sutil.
Enchemos a boca ao afirmarmos que nossa salvação é pela graça, mas enchemos as pessoas de cargos, sobrecargos e obrigações, que devem ser desempenhados sem pestanejar, para provar que é “um dos nossos” e merecedor da salvação.

Nos alegramos, e até mesmo nos orgulhamos, de nossa herança reformada. Mas, se é verdade que muitos arminianos oram como calvinistas (“Se for da tua vontade, Senhor...”), também é verdade que muitos calvinistas vivem sua vida como perfeitos agnósticos. Afinal, Deus é distante, intangível, inalcançável, portanto vou viver minha vida do meu jeito, sem me importar com isso.

Prezamos a família. Há até ministérios voltados para ela, e grande volume de literatura especializada no tema. Mas o número de divórcios aumenta, a quantidade de maus-tratos contra crianças se torna assustadora (sem contar os casos de abuso sexual cometidos dentro de famílias evangélicas, por pais, tios, avós ou padrastos), cada vez mais desordens de ordem sexual se tornam presentes, sem que isso seja tratado com coragem, discrição e amor. E sem falar também que, de todas as famílias da igreja, a do pastor é a mais penalizada.

Há muitas camisetas e adesivos de carro que dizem “Jesus te ama”, “Deus é amor”, mas somos frios, distantes, individualistas e cruéis. Não conseguimos expressar esse amor ao homossexual, ao alcoólatra, ao mendigo. Ou ao crente da igreja com uma teologia diferente da nossa, ou mesmo ao católico.

Aliás, somos muito ciosos em relação à pureza da nossa devoção. Falamos contra a crescente mariolatria, como bem apontou Hans Küng, mas temos nossos ídolos, nossos pequenos deuses, nossos altares de adoração abjeta. Enquanto muitos católicos adoram uma figura bíblica que foi instrumento da ação de Deus na história, muitos de nós adoramos homens sem escrúpulo, sem caráter e com uma enorme voracidade por fama, poder e dinheiro. Talvez até mesmo por nos espelharmos neles.

Prezamos a transparência, reclamamos até mesmo disso em relação aos governos. Mas não sabemos o que fazer com aqueles que decidem abrir seus corações, expondo suas fraquezas e sua dependência de Deus. Em um tempo de cultivo de heróis gospel, não soa bem se mostrar frágil.

Prezamos o papel de líder, enquanto Jesus prezava a atitude de servo. Prezamos a vitória e a intrepidez, mas Jesus morreu como um bandido fora da cidade santa, abandonado por todos. Nos espelhamos na esperteza relatada em livros sobre liderança, mas Jesus nos incita à simplicidade infantil. Buscamos metodologias para a igreja crescer, mas nos esquecemos que quem enche a igreja é o Espírito, e qualquer outro crescimento produzido fora dele é puro inchaço.

Em tempos em que as técnicas ditam as normas (como bem disse Won Sul Lee), é anacrônico ser fiel a alguém que não se vê e que nem sempre responde como queremos. Mas somos chamados a este anacronismo, somos chamados para vivermos, como diz o antigo hino, para o Deus dos antigos, o Deus que nos limpa por dentro e nos remove a sutil hipocrisia dos fariseus modernos. O Deus que nos quer íntegros e transparentes. O Deus que nos quer santos.

Rodrigo De Lima Ferreira Casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, é autor de "Princípios Esquecidos" (Editora AGBooks