FICAMOS ALEGRES COM SUA VISITA

ESPERAMOS, QUE COM A GRAÇA SANTIFICANTE DO ESPIRITO SANTO, E COM O DERRAMAR DE SEU AMOR, POSSAMOS ATRAVÉS DESTE HUMILDE CANAL SER VEÍCULO DA PALAVRA E DO AMOR DE DEUS, NÃO IMPORTA SE ES GREGO, ROMANO OU JUDEU A NOSSA PEDRA FUNDAMENTAL CHAMA-SE CRISTO JESUS E TODOS SOMOS TIJOLOS PARA EDIFICACÃO DESTA IGREJA QUE FAZ O SEU EXODO PARA O CÉU. PAZ E BEM

AGRADECIMENTO

AGRADECEMOS AOS NOSSOS IRMÃOS E LEITORES, POR MAIS ESTE OBJETIVO ATINGIDO, É A PALAVRA DE CRISTO SEMEADA EM MILHARES DE CORAÇÕES. PAZ E BEM

sexta-feira, 27 de março de 2009

DESCANÇANDO EM DEUS


Ah, se agíssemos com Deus como nossos cães agem conosco.

Um dia desses quando chegava em casa, meu cão me recebeu com pequenos uivos - como quem pede algo - e com saltos espalhafatosos. Ele não havia ido na rua fazer suas necessidades e nem tampouco havia se alimentado. Notei que após ter pedido a seu modo, ele se deitou calmamente no chão, como quem simplesmente confiava que seria satisfeito.

O que nos diferencia dos seres irracionais é, obviamente, a nossa capacidade de raciocinio. Ele pode funcionar para o bem e para o mau. É através dele que compreendemos o caráter de Deus e é por meio dele que muitas vezes nos rebelamos contra Ele por nos julgarmos auto-suficientes ou por diversos outros motivos "racionais".

O cão não entende. Sua única opção é aceitar suas condições e ser submisso. Se ele conseguisse raciocinar, poderia julgar o fato de eu olhar os bilhetes na geladeira antes de levá-lo na rua como algum tipo de má vontade e se rebelar contra mim. Mas a única coisa que eu acredito que ele percebe em seu limitado instinto animal é que até então eu nunca permiti que ele passasse fome e que uma hora ou outra eu acabaria satisfazendo suas necessidades. Isso era tudo que ele precisava para deitar-se no canto da sala calmamente e descansar.

ARRUME A CANGALHA EM TEUS OMBROS


Era mais uma das crises de Jeremias. Por que as pessoas más se dão bem? Eles não respeitam nada. Só pensam em si mesmas. Parecem aquelas mangueiras centenárias enormes. Dão fruto, tem raízes profundas. São religiosos, imagine. Não tiram o nome 'Deus" da boca. Mas só da boca pra fora. O Senhor devia destruí-los. Até quando eles vão explorar a terra como se fossem seus donos, deixando atrás de si um rastro de morte e poluição? E fazem tudo isso sem o menor remorso ou temor de castigo.

Resposta de Deus a Jeremias: “Se correndo com os pedestres você se cansa, como poderá competir com os cavalos? Se você não se sente seguro numa região pacífica, o que fará na floresta do Jordão?” (Jr 12.5 – EP) A Nova Versão Internacional diz na segunda metade do versículo: “Se você tropeça em terreno seguro, o que fará nos matagais junto ao Jordão?” (Jr 12.5b – NVI)

Em bom português, com ou sem mudança ortográfica, o que Deus diz é: “Arruma a cangalha na cacunda que a rapadura é doce, mas não é mole não” E acrescenta: “Rosas têm espinhos, e pedras no caminho / Daqui até a cidade é pra mais de tantas léguas / Firma o passo, segue em frente, / Que essa luta não tem trégua / Fica na beira da estrada quem o fardo não carrega”. (letra da música Feirante – João Alexandre)

Vem cá, ouve. Seu senso de justiça funciona, não poucas vezes, como uma espécie de âncora que lhe pára no meio da viagem. Ele se torna a desculpa perfeita para camuflar seus senões para um envolvimento direto nas causas que parecem corretas e pedem intervenção. Ou por outra, eles escondem seu sentimento de incapacidade, seu despreparo. Como aqueles de quem você se escandaliza, que usam o meu nome apenas na boca, também você está paralisado, apenas falando. Se se ocupasse de sua missão, carregasse seu fardo, não teria tempo para estar à beira da estrada, assistindo o desmantelo do mundo.

Quem disse que seu papel é apontar os defeitos do mundo ou das pessoas? Arre com tanto diagnóstico! Não estou preocupado com estes falsos religiosos, com esta cambada de destruidores. É porque não me importo? Longe disso. Eles fazem parte da paisagem das relações humanas. Eles existem, ponto. Minha “preocupação” é com aqueles que perceberam que tem um destino em mim. E este destino passa por fazer o contrário daqueles que destroem – estes inimigos do bem –, com atos positivos, manifestos, abrangentes. E o fazem por que é o certo a ser feito, não em contraposição ao mal.

Ora, se nessa competição com seus iguais, você choraminga e se assusta... Acorda! A coisa começa na sua própria casa. Como é que vai ser no combate com aqueles que são muito mais escolados na maldade? Num ambiente conhecido você se amofina, que será em terrenos desconhecidos? Entenda uma coisa. Os atos maus têm a mesma lógica, podem ser mais requintados, mais cruéis, mas sua natureza é a mesma. No conhecido e no desconhecido. O princípio que você tem que aprender a usar no embate com seus próprios parentes, é o mesmo com os estranhos. Nunca se fie em meras palavras. Estas devem ser sempre autenticadas pela história pessoal de quem fala. E ainda aí, aqui acolá, haverá decepções.

Por funcionarem pela mesma lei, a tendência de todos eles é viver sem paz, podem até semear trigo, mas colherão espinhos (Jr 12.12,13). Não é o seu falar que fará com que isso aconteça. O que espero de você é a realização daquilo para o qual o destinei. Se caminhas se medindo com o mal, que referencial é este? A competição acontece não porque você se coloca na linha de partida em igualdade de condições com eles. É possível que você se sinta a própria tartaruga da fábula. Perceba, porém, a distância de naturezas entre os dois competidores. Trata-se de uma evidente injustiça e desigualdade, mas quem disse que a tartaruga em qualquer momento se preocupou com seu concorrente? Ela tinha uma meta e apenas isso importava. A lebre, sim, queria o primeiro lugar e estava absolutamente confiante dele. Deu no que deu.

A caminhada tem diferentes graus de dificuldade. Atemorizar-se com alguns deles, é aceitável, eu entendo. Mas não se importe com quem corre. É o obstáculo que precisa ser vencido e ele é só seu. Você corre, afinal, contra você. Com que velocidade você corre? Com que energia? Conhece isso? Se sabe, então não se medirá pelo outro. Você, debaixo de minha graça, é sua medida.

Ah, não há nada de errado em olhar outros seus iguais e neles se inspirar. Mas saiba uma coisa, eles viveram as mesmas coisas que você: mediram-se errado, atrapalharam-se, foram atacados por sentimento de impotência, desmotivação. Cada obstáculo é grande para cada um que o enfrenta. Há centenas de soluções possíveis. Digo assim porque cada um imprimirá sua marca na solução, ainda que o modo de solucionar seja mecanicamente igual ao que alguém, noutro momento, realizou.
Eu quero saber é disso: “Muitos governadores estrangeiros (estes são os maus de quem Jeremias se queixa) destruíram a minha plantação de uvas, pisaram os meus campos e fizeram da minha linda terra um deserto. Arrasaram a terra, e ela está abandonada diante de mim. A terra toda virou um deserto, mas ninguém se importa.” (vers 10,11 – NTLH). Você deve tomar a peito e considerar não os fazedores do mal, mas com aquilo em que tenho alegria, que está sendo destruído. Em suma, é minha vontade que você tem que considerar.

Quando você vê maldade no outro e o acusa, reconhece nele o que o escandaliza. A diferença é que você se tem em grande conta e não deseja mostrar o seu vexame. Quase toda condenação neste nível, é a condenação de si próprio. Sei o que você pensou. Pareço maneirar, incentivar a indulgência? É claro que todo mal merece justiça, mas há um a quem cabe fazê-lo. Ademais, à medida que você defende meus interesses, você confronta o mal, mas a motivação é cumprir a minha vontade, percebe a diferença? Assim o mal é exposto à luz. Em alguns casos haverá combate, eles lhe ferirão fisicamente, lhe imporão dores e perdas. Não douro a pílula, até a morte é uma possibilidade. Mas só aumentará sua frustração ao perceberam que mesmo agindo contra você, terão perdido a causa.

quinta-feira, 26 de março de 2009

NÃO É O FIM PARA VOCÊ


"Então apareceu um anjo do céu que o confortava." (Lucas 22.43)

Eu estava lendo a passagem supracitada quando uma curiosidade tomou conta de mim. Ela, no entanto, se desfraldou em duas perguntas: "O que o anjo que recebeu a missão de consolar Jesus pensou quando foi escolhido e enviado?". E mais: "O que ele teria dito a Jesus que fez com que esse recobrasse os ânimos e prosseguisse de forma decisiva e triunfal?".

Deixando o detalhe da nota de rodapé das Bíblias - essa parte não se encontra nos melhores manuscritos -, que é irrelevante em razão de que os nossos textos gregos e hebraicos são cópias de um original perdido, e que cada uma delas têm sua história de vida que as legitimam como inspiradas (sitz em lebem), endereço-lhes essa pequena reflexão, fruto daquilo que C. Lewis, autor do livro que deu origem ao filme “As crônicas de Narnia” chamou de “Evangelho puro e Simples”. Não é um texto fundado na pesquisa histórico social, na crítica das formas, mas numa simples observação do evangelho simples crido ao longo de nossa historia cristã.

É obvio que soltei a imaginação. E ela se perdeu em várias hipóteses que não tem a menor intenção de ser encontrada e acreditada. Uma delas diz respeito à primeira pergunta.

Deus, o Senhor dos Senhores, percebendo o momento crítico que seu filho passava no Getsêmani, chama os anjos e, dentre eles, escolhe um. A partir desse momento, o escolhido é o anjo mais importante das miríades celestiais. Ele é saudado pelos outros anjos quando passa pelas ruas celestiais. E ele está contente, pois de novo verá seu príncipe amado. Porém, fica preocupado em como se aproximar dele, o que lhe dizer para consolá-lo sendo criatura obra de suas mãos - sem ele nada do que foi feito se fez Jo. 1.3? Era uma preocupação desnecessária, posto que somente um pudesse ter palavras para consolar o Cordeiro de Deus: o Pai. Bom, essa questão está resolvida, o anjo não teria que redigir um sermão para Jesus; não tinha que passar os dias celestiais pensando no que dizer; não tinha que consultar a teologia sistemática de Rudolf Bultmann, ou a teologia de Joaquim Jeremias. A mensagem era do próprio Pai para seu filho!

Aí entra a segunda pergunta: o que ele lhe teria dito que surtiu um efeito tão positivo, que trouxe tanta força para o mestre Jesus? Também dei azo a várias palavras. Na verdade, elas não me convenceram. Mas uma coisa é certa: depois da mensagem, enquanto o anjo volta para o céu, sob aplausos das miríades celestiais, na terra o Nazareno se levanta e marcha, com paixão e propósito.

Poxa! Que palavras tão poderosas Jesus recebeu do Pai por meio daquele anjo tão especial?! Definitivamente não sei. Contudo, isso é o que aprendi: não importa o tamanho do nosso desespero; não importa se nos faltam amigos; não faz diferença se minhas esperanças se esgotam. Existe uma mensagem que vem direto do coração de Deus, do meu amado pai, que me confortará, trará forças para minha vida, e me reconduzirá aos meus sonhos e propósitos.

Decerto, eu não sei em que estado emocional e espiritual você se encontra. Não importa! Deus tem uma palavra para você. Talvez esteja enfrentando uma terrível crise conjugal; talvez esteja vivendo uma depressão arrasadora. Não importa! Deus tem uma palavra para você. Talvez já tenha passado em tua cabeça o desejo de não ter nascido, ou até já pensaste em tirar sua vida. Acalme-se, Deus tem uma poderosa palavra para tua vida. Quem sabe você se esconde atrás de um ministério eclesiástico que te obriga maquiar sua dor, sua culpa, seu desespero. Deus tem uma palavra para você. Tuas lágrimas se tornam como gotas de sangue. Não importa! A palavra de Deus está chegando para o teu coração. Talvez esteja enfrentando uma crise de sexualidade. Medo e vergonha tomam conta de você. Deus tem uma palavra para tua vida!

Uma coisa muito boa nos surge quando lemos o texto do sermão da montanha no seu original hebraico. A palavra “bem aventurado”, que é makários no grego, no hebraico é arshrei. E essa significa “em marcha”.

Então o sermão da montanha ficaria assim: Em marcha, em frente, os humildes de espírito, porque deles é o Reino de Deus; Em marcha, prossigam, os que choram, porque eles serão consolados; Em marcha os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos; Em marcha... (Mt.5. André Chouraqui. A bíblia, ed. Sefer)

Pois bem. Antes que a palavra especial para o teu coração chegue, eu te digo siga em frente, em marcha! Marche na direção dos teus objetivos. Não importa o quanto você tem perdido. Tens a coisa mais importante: a sua vida. O hoje se chama presente justamente porque, esse mais um dia, é um presente e uma oportunidade maravilhosa para você fazer mudanças dentro de si mesmo e, como conseqüência, o que está fora será mudado.

Experimente continuar orando, com todo o coração. Ore como um filho, não como uma cátedra, um doutor em... Sei lá o que. Fale como um filho amado que você é. Com simplicidade e fé. Porque, nesta hora, mais um anjo se senti especial por ter sido escolhido para lhe trazer uma poderosa mensagem do Pai amado. E quando ela chegar ao teu coração tu serás tomado de uma força e alegria sem igual. Serás avivado para vencer. Digo-lhe que isso já é motivo de sobra para começar a se alegrar.

Assim, resta-me dizer-lhe que deves seguir em frente, amando e sendo amado.

ENCONTRAR DEUS ( PARTE 2 )


Voltamos a mencionar o que disse César Thomé: "Admira-se que muitos digam que Deus seria distante, inacessível, impossível de contatar".

Aí não poderíamos omitir a mensagem eterna, a Palavra de Deus, com a mesma citação feita no artigo anterior: "Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração" (Jeremias 29. 13).

Sim, já foi abordado este assunto, de buscar Deus e achá-Lo, se o fizermos de todo o coração, com sinceridade de propósitos, como Ele promete, através de Jeremias (29. 13).

Há, todavia, uma outra advertência de Deus a respeito, quando Ele nos diz através do profeta Isaias: "Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto" (Isaias 55. 6).

Este é um capítulo profético em relação à Graça de Deus, derramada a nosso favor, através do Senhor Jesus Cristo.

Dois capítulos antes, era profetizada a morte de Jesus, na cruz, quando fica claro que Ele levaria sobre si os nossos pecados, as nossas dores e enfermidades, as nossas maldições, ou seja, Jesus é anunciado como:
- quem perdoa pecados/salva o pecador;
- quem sara nossas dores e enfermidades, as quais levou sobre si.

O Novo testamento confirma isso em Mateus 8. 17: “Para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaias: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças”.

Mas, reitero, Deus nos adverte que a Graça é temporária, quando diz:
- "enquanto se pode achar" (...)
- "enquanto está perto".

A dispensação da Graça (ou tempo da Graça) se inicia com o sacrifício de Jesus em nosso lugar, e termina no arrebatamento daqueles que receberam o Senhor Jesus no coração, tornando-se filhos de Deus (João 1. 12).

Quando esses forem arrebatados para o encontro com o Senhor nos ares, encerra-se, portanto, o período da Graça, pois aqueles que foram salvos através da aceitação de Cristo já estarão com Ele.

Inicia-se, novamente, um outro período de salvação, não apenas pela fé, mas também através de obras.

Jesus, no seu discurso profético, referindo-se à sua vinda (e ele volta com os salvos) faz uma distinção entre os que fizeram boas obras para com os seus pequeninos irmãos [os judeus perseguidos que serão na Grande Tribulação] e os que não fizeram, dizendo:

"Quando vier o Filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas, e porá as suas ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda; então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era forasteiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; preso e fostes ver-me". (Mateus 25. 31-36)

E quando perguntarem a Ele, quando é que essas coisas aconteceram, Ele responderá: "Em verdade vos digo que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes" (Mateus 25. 40).

Logo em seguida Ele anunciará o contrário, ou seja que aqueles que nada fizeram, que estão à sua esquerda, deverão se apartar dele, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (Mateus 25. 41).

E, da mesma maneira, quando lhe perguntarem: "quando deixamos de fazer essas coisas?”, ele lhes responderá que "quando deixastes de fazer a um destes meus pequeninos irmãos" (Mateus 25. 45).

Notemos que o texto referido começa com a expressão "QUANDO VIER O FILHO DO HOMEM".

Portanto está se referindo à sua segunda vinda, quando os cristãos já foram arrebatados (salvos do pecado, salvos da ira vindoura, a grande tribulação), e voltam com Ele para estabelecer o Reino. Não há outro julgamento “para salvação”. Quem está salvo, salvo está.

Se os cristãos já foram salvos, quando aceitaram o Senhor Jesus, não é a eles que esse texto se refere, quando o Messias julgará os sobreviventes à tribulação, que se dará após a manifestação do anticristo, o que, por sua vez, só ocorre depois de ser removido da terra aquele que o detém [detém o anticristo], e quem detém a manifestação do anticristo, na era da Graça, é o corpo de Cristo, formado por membros do Seu corpo [os salvos, os convertidos a Jesus].

Assim, fica clara a expressão profética, "buscai-o enquanto está perto, enquanto se pode achá-lo".

Seria isso, ou seja, esse julgamento após a segunda vinda, uma segunda chance para os que não foram arrebatados por Jesus?

Sim e não!

Os que nunca ouviram falar de Jesus, e se converterem durante a tribulação, por terem ouvido a pregação do Evangelho, terão essa chance. (São, cerca de quatro bilhões de pessoas [vivas] HOJE).

Mas os que ouviram a Palavra, antes do arrebatamento, e dela não fizeram caso, não terão uma segunda chance, conforme a Palavra de Deus, através de Paulo, nos diz em II Tessalonicenses 2. 7 a 12, destacando o seguinte:

"Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos".

Portanto a hora é agora, o tempo de receber Jesus no coração, como único e suficiente Senhor e Salvador, é hoje.

Amanhã pode ser muito tarde!

VÃO PELO MUNDO E..................


A ordem de Jesus para os seus discípulos é clara: "Vão pelo mundo e preguem o evangelho". Só os homens com suas manias de quererem complicar o incomplicável conseguem deturpar uma mensagem tão clara como esta. Em breves palavras quero analisar com vocês algumas destas deturpações.

Primeiro, alguns discípulos do séc. XXI não vão, ficam, e ficam utilizando um discurso que não lhes pertencem. Já vi incansavelmente vários líderes e igrejas usando o “vinde a mim” de Jesus como slogan promocional e de forma bastante equivocada. Quando Jesus diz, vinde a mim, ele é quem faz o convite, Jesus não pede às pessoas para irem até à igreja, pelo contrário, o convite é feito para se achegarem à Ele, e a igreja não é detentora deste discurso e muito menos de Jesus. É Jesus quem faz o convite e é até Ele que as pessoas devem ir, a menos que você acredite numa simbiose entre Jesus e a Igreja. Por outro lado, para a Igreja, a ordem de Jesus é que vão, e vão anunciando o vinde a mim, porém, não há conexão em anunciar o vinde a mim sem o ide.

Segundo, vão por onde? Vão pelo mundo, os discípulos teimam em não ir pelo mundo, vão pelos guetos, pelos dogmas, pelos caminhos institucionalizados. Não vão pelos caminhos diferentes, opostos, contraditórios. A igreja tem medo do que não lhe pertence, dos caminhos que não são os seus. Os discípulos só caminham em lugares seguros, bem diferente dos caminhos em que Jesus caminhava. Para ir pelo mundo é preciso romper com as barreiras religiosas, com as teologias insanas, com o preconceito humano. É preciso ter bala na agulha para enfrentar e argumentar com as idéias e pensamentos antagônicos. É preciso coragem. A ordem de Jesus é que vão, mas com um destino, pelo mundo afora.

Terceiro, vão pelo mundo com qual finalidade? Vão pelo mundo e preguem o evangelho, disse Jesus. Minhas queridas e queridos leitores, talvez, aqui esteja a maior das deturpações por parte dos discípulos em relação à grande comissão. Dos poucos que vão, muitos não pregam o evangelho de Jesus, pregam coisas verossímeis. Talvez, usem até mesmo Jesus como isca, e quando as almas estão enlaçadas, muda-se o discurso, troca-se o evangelho. O evangelho está sendo adulterado, e em algumas culturas como a nossa por exemplo, acostumada com tantos desvios e falsificações, o adultério do evangelho é mais um em meio a tanta bandidagem. E o povo que já está cauterizado, nem percebe a diferença.

Por isso, nunca foi tão necessário que os discípulos fossem pelo mundo pregando o verdadeiro evangelho. Você que está aí, reflita se a sua vida neste mundo prega o evangelho da verdade. Não entre na corja dos falsos discípulos, seguidores de Baal, do deus deste século. Cumpra com a missão que lhe foi dada, vá, vá sem distinção e viva o evangelho entre todos!

ORAÇÃO UM DIALOGO MUITO ESPECIAL


Somos seres humanos, e como tais, repletos de desejos que conhecemos e desconhecemos; com uma história pessoal que nos motiva a tomar certas atitudes conscientemente e a fazer certas escolhas, e a não fazer outras, também conscientemente. Mas muitas atitudes e escolhas ocorrem sem que as razões e motivações sejam claras. E quando oramos, tudo isto, e muito mais, é o terreno no qual construímos esta relação. Portanto, um grande risco na oração é querermos transformar Deus em um mero efetivador de nossa vontade, no lugar de buscar um despreendimento progressivo "das coisas que para trás ficam", dos frutos da carne, da nossa natureza mais íntima que milita contra o Espírito.

Certamente dependemos de Deus para nossa sobrevivência; somente pela Sua graça comum é que conseguimos sobreviver neste mundo muitas vezes cruel. Certamente necessitamos expor-lhe nossas necessidades. Contudo, Ele não se confunde com nossas carências, do mesmo modo como o leite do seio materno não é a própria mãe, nem a função dela se resume na produção e entrega lácteas.

Segundo alguns, a verdadeira oração é aquela capaz de sobreviver a não resposta, a não satisfação de nossas necessidades. Afinal, se oramos “seja feita a Tua vontade” aceitamos a possibilidade de não termos nossas súplicas atendidas; se buscamos comunhão com Deus deve ser pelo prazer que Sua companhia desperta, e não pela recompensa, por mais santa e justa que possa parecer. Podemos ter uma ideia fixa, biblicamente embasada, psicologicamente válida, amparada pelo bom senso e a defendermos em oração arduamente, com jejum se necessário...e ficarmos a ver navios...

Esta oração que transcende a necessidade pura traz a aceitação da solidão última de cada um de nós, com a qual temos de conviver, queiramos ou não. Não somos Deus, Ele não é nós; nosso desejo é somente nosso, e impotente, pois não podemos transformar um fio de cabelo nosso de preto em branco, nem crescermos em estatura pela força de nosso querer. Comunhão com Ele não quer dizer fusão com Ele.

Não O vemos; aceitamos Sua existência através de um complexo jogo psicológico e intelectual, cimentado pelas experiências subjetivas cotidianas. Não podemos pedir-lhe prova de Sua realidade; ou do Seu poder; ou chantageá-Lo. O descrente que assiste o crente em oração tem certeza de presenciar uma ilusão pura, uma fantasia ou um delírio. O crente que ora sabe que nada pode provar, e ele mesmo se pergunta sobre sua própria sanidade. Sabe que nenhum sinal lhe será dado, porque o de Jonas já foi-lhe relatado, cabendo-lhe crer ou não; sabe que se for atrás de Jesus por causa do pão, será por Ele rejeitado; sabe que seu Senhor e mestre foi perseguido, humilhado, torturado e morto – e que o servo não pode esperar destino diferente.

O Deus real é bem diferente daquele dos nossos desejos...

FREIO NA LINGUA


Com experiência no falar desastrosamente, São Pedro Apóstolo tem autoridade para ensinar: “Aquele que ama a vida e deseja ver dias felizes, guarde a sua língua do mal e os seus lábios de proferir mentiras” (1Pd 3,10).



Quanta violência, crimes separação conjugal, de amigos, perda de emprego, desordem, fracassos, doenças e guerras por falta de freio na língua.
Se usar a língua para amaldiçoar, difamar, caluniar, blasfemar, mentir e falar negativamente, torna-se catastrófico o mundo inteiro.
Uma das piores desgraças do ser humano e ser falastrão e uma das maiores virtudes e falar pouco e o pouco que fala é com sabedoria. Uma língua sem freio leva a alma e corpo para perdição.
Existe muita gente que não tem amigos, amor e sucesso porque fala demais. E sobra como castigo a angústia e a solidão doentia.



NÃO DIGAS TUDO
Não digas tudo o que sabes,
Não faças tudo o que podes,
Não acredites em tudo o que ouves,
Não gastes tudo o que tens...
PORQUE:
Quem diz tudo o que sabe,
Quem faz tudo o que pode,
Quem acredita em tudo o que ouve,
Quem gasta tudo o que tem...
MUITAS VEZES:
Diz o que não convém,
Faz o que não deve,
Julga o que não vê,
Gasta o que não pode.
(Provérbio Árabe)



O grande ícone da literatura espanhola, o novelista Miguel de Cervantes (1547 – 1616), disse: “Três coisas em demasia e três coisas em falta são perniciosas aos homens: falar muito e saber pouco; gastar muito e possuir pouco; se estimar muito e valer pouco”.



OS DITADOS FALAM POR SI SÓ



“Peixe morre pela boca”.
“Quem fala muito dá bom dia a cavalo”.
“Caveira quem te matou? Foi à língua”.
“Uma pessoa bonita e inteligente que fala pelos cotovelos torna-se horrorosa, boçal e solitária”.



PARA UMA PROFUNDA MEDITAÇÃO



“A morte e a vida estão em poder da língua” (Pr 18,21).
“Se alguém pensa ser religioso, mas não refreia a sua língua, antes se engana a si mesmo, saiba que a sua religião é vã” (Tg 1, 26).



O sábio ensinamento para frear a língua é a pedagogia do silêncio.
O Alimento dos monges é o silêncio e a meditação. Nos mosteiros e conventos aprendemos amar e praticar a sadia solidão companheira. A pedagogia do silêncio monástico é o tesouro espiritual da alma. Aqui se faz ouvir a voz interior, esta só para sentir-nos intimamente conectados com o céu, fechar os ouvidos para escutar e auscultar o bom Deus que faz em nós Sua habilitação eterna.
Para quem tem o vício de falar muito, se faz necessária uma profunda experiência de um encontro com Deus no silêncio e no progresso da meditação.
O caminho é fazer retiros espirituais, principalmente nos mosteiros, e se alimentar de literaturas monásticas.
No silêncio tudo se encontra.
O grande patriarca dos monges do Ocidente São Bento nos ensina: “Não gostar de falar muito”.

terça-feira, 24 de março de 2009

FAZER A PAZ COM AGUA


O fato da ONU consagrar o dia 22 de março como "Dia internacional da Água" não pode deixar de nos recordar que estamos vivendo uma profunda crise da civilização. Este modo de organizar o mundo, baseado na sistemática exploração de seres humanos por outros seres humanos e na intensa destruição da natureza por uma restrita elite mundial, já não tem mais sustentação. Dos seis bilhões de pessoas que habitam a face do planeta, apenas 1,7 bilhões pertence a esta sociedade consumista e predadora da civilização contemporânea. Para sustentar os caprichos dessa elite mundial são necessárias 1,5 Terras para alguns, ou até seis Terras para outros. Essa elite não está apenas no primeiro mundo, mas também tem seus nichos no segundo, terceiro e quarto mundo.



A consciência dos limites do planeta começou surgir a partir da década de 60, mas aprofundou-se na década de 70 e generalizou-se a partir da década de 80.



Entre todos os bens da Terra e da Vida, o mais ameaçado é a Água. É o maior problema ecológico de nossos tempos e está começando a ser motivo de conflitos e guerras entre vários povos em quase todos os continentes. Se um bilhão e duzentos milhões de seres humanos não têm acesso à água potável e milhões de crianças, em muitos países pobres, morrem em conseqüência do uso de águas impróprias para a saúde, não podemos mais não cuidar com prioridade desta questão. O uso que a sociedade faz da água aumenta sempre, enquanto, por causa da poluição e do aquecimento global, agora evidente, os rios de todos os continentes diminuem de volume normal, muitos estão agonizantes, como o São Francisco e o nosso Araguaia (quem o viu em fins de novembro, época que ele sempre estaria cheio e exuberante, sabe disso). As fontes de água diminuem a cada dia e o uso continua predatório.



Por outro lado, a reação a isso da sociedade capitalista é fazer da água uma mercadoria, em alguns lugares, mais cara do que o leite ou a Coca Cola. Vender a água, que é um bem indispensável à vida humana e a todas as formas de vida, como privatizar, ou seja, entregá-las nas mãos de grandes conglomerados econômicos, como a Coca-Cola, a Danoni e outras. Atualmente, por exemplo, todas as fontes minerais da cidade de São Lourenço, MG e a própria água que serve à cidade são propriedade particular da Coca-cola e são vendidas como mercadoria.



A privatização da água não se dá ao acaso, ou de forma dispersa. Ela passa pela elaboração de grandes estratégias, de acordo com a abundância da água nas regiões do planeta e através de planos que, ao longo prazo, permitam a apropriação privada desse bem em escala mundial.



Muitos grupos da sociedade civil têm se mobilizado contra este crime. O Uruguai conseguiu passar uma lei na sua nova Constituição Federal que proclama claramente: "A Água é uma necessidade e um direito de todos os seres vivos. Por isso, não poderá ser privatizada nem mercantilizada". A resistência contra continua difícil e violenta. Mas, a organização da sociedade civil mais consciente e os grupos ecológicos não descansam. "Na Itália, em 2004, as comunidades se organizaram e conseguiram obter uma grande vitória: obrigaram 136 prefeituras a retirar a deliberação - já muitas vezes, implementada - de privatizar a água. De lá para cá, a luta se ampliou e espalhou-se por outras regiões e países" (Cf. Alex Zanotelli no livro: Marcelo Barros e Frei Betto, O amor fecunda o universo, Ed. Agir 2009).



Certamente, as pessoas podem se perguntar: "O que nós, pobres mortais particulares, podemos fazer em prol de uma causa como esta? Sem dúvida, a primeira coisa é tomar consciência do problema, educar-se e educar os seus a tomar todo o cuidado de poupar água, de proteger os rios e fontes próximos à sua casa ou que você encontra nos caminhos da vida. Quem tem possibilidades, pode formar espontaneamente e civilmente - é previsto por lei federal - comissões de defesa das bacias hidrográficas. Existe uma funcionando sobre o rio Vermelho. Existirá alguma que proteja o Meia Ponte e, principalmente, o nosso Araguaia?



Fazer-se responsável, dentro de suas possibilidades, deste problema da Água é fazer com que a Paz e a Justiça possam ocorrer no mundo.

O ESPIRITO RELIGIOSO DE UM AUTÊNTICO CRISTÃO


A Constituição do Brasil que invoca Deus no seu Preâmbulo é um ato de respeito à convicção religiosa da maioria absoluta do povo brasileiro. Deus é o fim último de todas as consciências e de todas as sociedades. É Ele a fonte e a garantia dos valores, porque é Ele a realização infinita. É o Ser Supremo, Transcendente, Pessoal de quem dependem na existência e na atividade todos os seres do universo. Sério fenômeno do mundo hodierno é a expansão do ateísmo. Muitos, sobretudo na Europa, aderem à descrença. Esta tende a se tornar infelizmente norma comum da sociedade.Estudar a vida de vultos eminentes na qual se vislumbra uma fé arraigada, é firmar princípios fundamentais que valorizam o homem.Arthur da Silva Bernardes foi um varão que possuía profundo espírito religioso.Martins de Oliveira afirma: “Tinha o Presidente Bernardes, na sua formação espiritual, um ponto alto, altíssimo, como disciplina de ação”. Recebera, de fato, no berço a formação religiosa. Esta crença que herdou, ele fez crescer e em função dela viveu. Cristão convicto, não tinha respeito humano e se proclamava católico, apostólico, romano. Aliás, Arthur Bernardes, em entrevista ao jornal “A União” dizia francamente: “Fui educado na religião católica, que é a da maioria dos brasileiros, e, como homem de governo, não desconheço a influência benéfica da Igreja, em todos os tempos. Muito lhe deve o Brasil, a começar da descoberta, primeiras colonizações, catequeses, até aos nossos dias, em que a formação da moral do nosso povo e a educação da infância, têm o desvelo constante do clero. Assim também a assistência à pobreza, à orfandade e aos enfermos indigentes, é um dos mais beneméritos traços DA AÇÃO SOCIAL DA IGREJA”.O mandamento máximo de Cristo foi o preceito do amor. Arthur Bernardes, apesar da inflexibilidade com que teve que agir para o bem da nação, podia, com razão, dizer, como fez várias vezes, que não tinha inimigos. O ódio não tinha guarida em seu nobre coração. A palavra intransigência jamais seria escrita em sua agenda. O senso do Evangelho impregnava-lhe os sentimentos. Martins de Oliveira relata que, por ocasião de visita que fez ao grande político em Viçosa, em dado momento a palestra focalizou o papa Pio XII, então reinante. Arthur Bernardes “acentuou que o papa era um espírito de eleição e extraordinária grandeza moral. Pôs em relevo a situação em que encontrava o mundo sob os pavores da Grande Guerra, acrescentando que, para tais épocas, Deus escolhia instrumentos apropriados que pudessem dirigir a cristandade em luta pela paz”.Foi este espírito religioso que lhe plasmou o caráter cristão. Nunca sacrificou o bem público às compensações políticas, através de trocas escusas. Buscava a perfeição e desejava os melhores processos para atingir o progresso nacional. Eis o motivo pelo qual “foi verdadeiramente o ecônomo exatíssimo, mordomo absolutamente fiel dos dinheiros da Nação”. Seu semblante tranqüilo, fazia transparecer a limpidez de sua consciência em paz com Deus. Era a serenidade de quem cumpre o dever.Uma das mais impressionantes recordações de infância deste que escreve estas linhas foi contemplar a figura hierática daquele que fora o Presidente da República, assistindo a Missa de domingo na antiga Igreja Matriz da Sta. Rita de Cássia, de Viçosa. Seu porte um tanto majestático, revestia-se de magnetismo numa cerimônia religiosa, na qual um homem fora do comum adorava o Senhor do Universo, presente sob as espécies eucarísticas.A Deus atribuía todo bem que lhe advinha ou que podia fazer: “Rendemos graças ao Criador, por ter nos dado a necessária fortaleza de ânimo no cumprimento do nosso dever para com a Pátria”. Na Câmara dos Deputados afirmou que, como político de personalidade e idéias próprias, fora duramente atacado de todos, por seus adversários, os quais não ousaram chamá-lo de comunista ou cripto-comunista. Dava então o motivo: “devido às minhas conhecidas convicções católicas”.Não poderiam ser concluídas estas considerações sobre a religiosidade deste homem de fé profunda sem se transcrever suas últimas palavras. Por certo quisera Arthur Bernardes ter podido se entregar ao contacto diuturno com o Criador no instante de prolongadas reflexões. Servindo, porém, à pátria, ele serviu a Deus. Belas palavras sempre recordadas com enlevo: “O fim do homem é Deus para o qual devemos, preferentemente, viver. Eu, porém, vivi mais para a pátria, esquecendo-se d’Ele. A Ele devemos contas do uso que aqui fizemos de nossa vida, e eu a tive longa. Receoso de não poder resgatar minha falta no pouco tempo que me resta, apesar de Sua infinita misericórdia, peço aos meus amigos e correligionários brasileiros de boa vontade que me ajudem a supri-la com sua prece”.Impressionante missiva escrevera Arthur Bernardes a um amigo que estava afastado da religião e se achava no Rio de Janeiro. Eis o texto em toda beleza da forma e esplendor teológico: “Insisto na sugestão de se reconciliar com Deus por meio de uma confissão geral e da santa comunhão. Depois de entrar em graças, use diariamente a oração aconselhada pelo Pe. Antônio Pinto e obterá resultado. Procure um frade aí no convento ou mande chamá-lo em casa para se confessar caso não possa ir pessoalmente até lá. Vá confiante que Deus além de nosso Pai é nosso Amigo”. Aliás, pouco antes de falecer a ordem dada ao sentir-se mal foi esta: “procurem primeiro o padre, depois o médico”. No momento em que a Igreja Católica é atacada tão vilmente por certos locutores aos quais faltam fé e critério científico é bom recordar a religiosidade de uma figura ímpar como Arthur Bernardes, este, sim, homem culto, sábio e patriota aguerrido. * Professor no Seminário de Mariana de 1967 a 2008.






Última Alteração: 09:37:00

Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Local:Mariana (MG)

segunda-feira, 23 de março de 2009

TUDO ISTO TE DAREI


Mais do que nunca vivemos num tempo em que ter é melhor do que ser; onde a posição, o status, a afirmação e a autoafirmação são buscados a qualquer custo, não importam as consequências. O mundo hodierno dita as regras e as massas, atormentadas pelo "não ter", se lançam freneticamente em busca de algo que lhes promovam destaque, mesmo que seja uma aparência qualquer. O consumismo desenfreado e a oferta sempre facilitada a possuir mais, pressionam e escravizam as pessoas que, inclinadas ao material, tornam-se fiéis e adoradoras do deus empórion.

Mas quando olhamos para o Novo Testamento, especialmente para Mateus 4 e Lucas 4, fica-se entendido quem foi o 'autor' da idéia do TER. Mateus registrou: "Depois, o Diabo o (Jesus) levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor" (4.8-NVI), e em Lucas temos: "E lhe disse: Eu te darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser" (4.6-NVI). Seria uma oferta irrecusável para qualquer um que deseja ser uma "celebridade" hoje, menos para Jesus.

No conjunto das tentações de Jesus, oferecer-lhe o "ter" e o "esplendor", tem a ver com o despertamento do 'ego', do 'ter' acima do 'ser', do status, da posição elevada, do poder. Sim, do poder absoluto. O Diabo ofereceu a Jesus tudo aquilo que os homens, em todo os tempos, buscam a qualquer custo: poder, grandeza, riquezas, bens. Nessa tentação muitos têm caído e nela permanecem.

O verbo tentar (πειράζω/peirázô) significa testar, provar, instigar. Portanto, a tentação é envolver, convencer, induzir alguém a praticar o mal. A tentação não somente testa a capacidade e o caráter da pessoa para si mesma, fortalecendo-a, como também prova aos outros a sua integridade e a identidade daquilo que é de fato. Ou seja, os outros ficam sabendo da firmeza de caráter após alguém ser provado.

A tentação de Cristo foi uma prova legítima de sua verdadeira humanidade. Foi a oportunidade dele se identificar com as nossas fraquezas e sofrimentos. Com uma diferença apenas, sem ter cometido pecado (Hb 2.14-18). A sua identificação com o pecador é autêntica. Por essa razão é que ele socorre aqueles que são tentados, pois ele mesmo foi aprovado por Deus para ser o nosso perfeito sumo-sacerdote (Hb 4.4-16).

A tentação de Jesus também foi uma prova de que Satanás (Σατανάς – inimigo, adversário, opositor) pode ser derrotado por aqueles que lhe resistem firmados na Palavra de Deus (1Pd 5.8-9; Tg 4.7).

A todas as investidas de Satanás, Jesus respondeu com afirmações das Sagradas Escrituras. Todas as três respostas de Jesus ao tentador estão no Livro de Deuteronômio (8.3; 6.13,16). São citações curtas, porém, eficazes e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes (Hb 4.12; Ef 6.17).

Assim como Diabo ao induzir Jesus à tentação pelos meios da "fé", tudo o que as pessoas mais almejam hoje em termos de poder, status, glória, bens materiais, prosperidade e tudo mais, são-lhes oferecidos no âmbito da fé religiosa evangélica. Foi exatamente o que aconteceu com Jesus. O Diabo é um ser "religioso", não é "ateu". Ele não veio a Jesus com chifres, um tridente na mão e fedendo enxofre. Ele veio a Jesus com a 'Bíblia', se não na mão mas na ponta da língua. E a Bíblia foi citada para Jesus (Mt 4.6 par. Sl 91.11-12).

Muitas pessoas estão sendo ensinadas por "diabos", que lhes pregam a Bíblia com falsas interpretações, como fez Satanás a Jesus. Esses 'diabos' estão enganando as pessoas, infundindo em seus corações uma falsa esperança e prometendo-lhes coisas que nunca acontecerão. O engano é sagaz mas brilha aos olhos; a expectativa de elevar-se diante do "esplendor" do mundo é fantástica, mas tem deixado muitos na lama da decepção, no lixo da descrença.

Mas essa foi a tática usada pelo tentador e que não funcionou com Jesus. Ele ofereceu tudo mas com uma condição: "Tudo isto te darei, se prostrares e me adorares" (Mt 4.9-NVI). Quem adora se prostra ante ao ser adorado; e adorar ao Diabo significa prostrar-se no pior: na sujidade do pecado, no pó da desilusão, na infâmia da vergonha, na morte da esperança, na destruição da alma.

Jesus o refutou com a autoridade de sua palavra: "Retire-se, Satanás! Pois está ecrito: Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto" (Mt 4.10-NVI). O estilo de Jesus é diferente: "Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza, vocês se tornassem ricos" (2Co 8.9). O que Deus dá não tem mistério, não tem cilada, não tem perigo. O que o Diabo dá é muito complicado, é muito arriscado, é muito enganoso. Pode criar situações dificílima e irreversíveis, uma vez que ele é "mentiroso e pai da mentira" (Jo 8.44).

Em vez do "tudo isto te darei", procurem: "Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam" (Mt 6.19). Em Jesus há segurança.

GALARDÕES CELETIAIS, PREPAREMONOS PARA SURORESA


Quando a Bíblia se refere à palavra galardão, recompensa a ser recebida no céu, sempre desperta-me uma curiosidade de como isto se concretizará.

O que nos aguarda é certamente algo grandioso demais (e que vai bem além da nossa percepção humana), pois assim está escrito: "As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam" (1 Coríntios 2:9b).

O galardão é o que cada cristão receberá na exata proporção do amor empregado em todas as coisas feitas para Deus nesta terra.

Entendo, e a Bíblia me assegura disto, que galardão nada tem a ver com salvação, pois esta se obtém unicamente pela fé depositada no sacrifício vicário realizado por Jesus Cristo na cruz do calvário.

Deus julgará cada serviço que realizamos para Ele, e só o Senhor é capaz de saber se o que fazemos é isento de atitudes ou intenções pecaminosas (auto-justificação, barganha, marketing pessoal).

Na distribuição dos galardões pelo Senhor, creio que muitos servos ficarão surpresos, pois a magnitude do esforço terreno em "favor da obra de Deus" talvez não venha corresponder à recompensa do que se irá receber nas mansões celestiais, pois o amor será a régua de medir o trabalho concretamente realizado.

No meu serviço para Deus, nada do que venho fazendo impressiona pelo teor das realizações, pois venho tentando construir com uma preocupação maior nos alicerces ...

Almejo pela chegada daquele grande dia, em que receberei o meu galardão. Se muito ou pouco, só Deus o sabe. Estou certo de que milhões de outros cristãos receberão bem mais do que eu, e isto, com 100% de certeza, não me fará cobiçar o que é dos meus irmãos, pois, como bem sabemos, no céu, não entrará pecado, já que lá estaremos definitivamente livres dos sentimentos carnais (como é o caso da inveja) que ainda carregamos dentro de nós, mesmo depois da nossa conversão.

Portanto, no que se diz respeito aos galardões celestiais, é inequívoco que a eternidade nos reserva grandes surpresas, “...porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1 Samuel 16:7b).

O SOBRE NATURAL DE DEUS


1 Reis 19: 11-13: "O SENHOR lhe disse: 'Saia e fique no monte, na presença do SENHOR, pois o SENHOR vai passar'. Então veio um vento fortíssimo que separou os montes e esmigalhou as rochas diante do SENHOR, mas o SENHOR não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o SENHOR não estava no terremoto. Depois do terremoto houve um fogo, mas o SENHOR não estava nele. E depois do fogo houve o murmúrio de uma brisa suave. Quando Elias ouviu, puxou a capa para cobrir o rosto, saiu e ficou à entrada da caverna. E uma voz lhe perguntou: 'O que você está fazendo aqui, Elias?'".

Certa vez estava indo ministrar uma palestra e um amigo me deu uma carona até o lugar. Estávamos na estrada quando começamos a conversar sobre nossas experiências e caminhada.

Eu estava na época muito intrigado com o sobrenatural de Deus, esse termo de certa forma me remetia a algo que eu não concordava. Longe de estar questionando a onipotência de Deus, pois creio que Deus está muito além da nossa compreensão e entendimento. Deus é muito maior que qualquer mente humana.

A questão é que achava que as pessoas que se “apoderavam” ou que “esperavam” nesse sobrenatural tinham meio que uma postura de acomodação. Era uma questão minha e talvez motivada pelas minhas experiências pessoais.

Temos o privilégio de fazer parte de um estilo de vida maravilhoso e de sermos filhos de um Deus muito amoroso e gracioso. Naquela tarde, naquela estrada, conversando com meu amigo, Deus falou ao meu coração através da vida daquele brother.

Lembro que meu amigo me perguntou: Carlos, como é sua rotina de manhã, como você faz seu devocional? Eu respondi: Geralmente acordo, faço um alongamento de uns quinze minutos pra manter o corpo flexível pro surf, ai me ajoelho no tapete da sala, entrego minha vida a Deus, meu dia, peço para que Ele possa me usar da forma que deseja e que Ele me dê sensibilidade pra estar caminhando e ouvindo Seu direcionamento na vida. Ai me levanto e leio um capítulo do livro da Bíblia que estou lendo no momento. Através desse capítulo busco trazer algo prático pra minha vida.

Ele me disse: Cara, você quer algo mais sobrenatural do que isso? Acho que você está com preconceito com a palavra sobrenatural...

Naquela tarde, naquele momento, eu percebi que eu estava entendendo mal a questão do sobrenatural de Deus. Assim como questionava a postura dos amigos que viviam esperando a adrenalina, o poder, o sobrenatural acontecer, eu estava limitando a ação sobrenatural de Deus a isso também.

Assim como nos versículos que lemos acima, ouvimos os ventos, os trovões e esperamos ver Deus lá mas, muitas vezes, ele não está lá. Deus se manifesta muitas vezes na brisa suave.

Esperamos encontros de pura adrenalina e de puro poder quando muitas vezes Deus está nos ministrando através de um amigo enquanto viajamos na estrada.

Deus tudo pode, Deus não tem receita pronta e o convite que faço a você hoje é para perceber que Deus pode estar se expressando na sua vida de forma suave e de repente você pode estar deixando passar algo que Ele queira lhe dizer.

Creio que Deus nos ama tanto que se limita ao nosso entendimento, ao nosso universo para poder se relacionar de forma plena com a gente. Que a nossa sensibilidade possa estar em perceber que tudo que fazemos e que tudo que somos tem o propósito de estar na presença de Deus.

Nas brisas suaves da vida Deus está também querendo nos dizer muitas coisas.

QUEIXA DE FIEIS COM FOME


Pe Zezinho scj



Ele, engenheiro conceituado, ela, diretora e escola de bairro tomaram a liberdade e, juntos, ao saber que, desde l980, leciono Prática e Crítica de Comunicação nas Igrejas, desabafaram:
- Os fiéis da nossa diocese andam tomando sopa rala, não porque o desejem, mas porque nossos dois pregadores raramente oferecem sopa substanciosa, de conteúdo. Ou não sabem, ou não querem, porque o bispo prega maravilhosamente bem-, disse ele.
- O pároco que foi para Roma pregava coisa com coisa. Ele até trazia os livros para mostrar de onde tirava suas idéias. Acho que o bispo não está conseguindo tocar estes novos padres. Eles resolvem tudo mandando orar e dizendo que Jesus lhes disse para dizer. Pregam sempre a mesma coisa, com as mesmas palavras, domingo após domingo. Decoraram um sermão e não saem mais dele! E os erros que cometem contra a gramática são imperdoáveis!- emendou ela, eximia professora de português.



Desejei contradizê-los, mas infelizmente estão certos. Passaram-se quase trinta anos desde que optamos por lecionar em nossa escola de teologia Prática e Crítica de Comunicação nas Igrejas, para convencer os novos pregadores a lerem mais e a oferecerem um pouco do que leram aos fiéis, que nem sempre têm acesso aos documentos, aos livros e aos estudos da nossa fé. Deveríamos ser como os garçons que servem alimento sadio e sólido, preparado pela Igreja para o povo que vem sentar-se àquela mesa da Palavra. Leve, suave ou sólida, mas com suficiente conteúdo nossa pregação deveria ser recheada de textos e de conteúdo tirados do tesouro de tantos séculos de catolicismo. A maioria dos pregadores ignora esta caminhada. Parece que a sabedoria chegou com eles. Nem a pau eles citam os outros pensadores de outros caminhos da fé. Não citam nem mesmo as conferências episcopais e os papas.



Há os bem preparados e estudiosos que, graças a Deus são cada dia em maior número. Uma nova leva de seminaristas em alguns institutos gosta de livros e estuda até o cansaço. Eles nos dão esperança de pregações sólidas e de repercussão do que o papa diz a cada semana.



Mas a constatação daquele casal deveria chocar, incomodar e provocar seminaristas, catequistas, sacerdote e bispos. Não são os únicos a nos dizer que não estamos servindo bem à mesa da Palavra, nem saciando a fome do povo. Se há bispos e sacerdotes que quando abrem a boca oferecem um conteúdo para semanas de reflexão, há os outros dos quais os fiéis não guardam nenhuma palavra nova já que tudo é obvio demais.



No dizer daquele casal: é muito fervorzinho, muito “se entregue”,” ore”, “ouça” “dê seu coração”, muito entusiasmo de tocar e sentir Jesus e pouquíssimas citações explicadas do evangelho, de santos famosos, de autores profundos, de grandes teólogos de ontem e de hoje, ou de livros que merecem ser citados. Ignoram quase 2 mil anos de teologia católica.



Culpa de quem? Do povo é que não é! Alguém não abre os livros, às vezes nem sequer a Bíblia, alguém não lê os documentos e as palavras dos papas e dos bispos, alguém anda oferecendo sempre o mesmo do mesmo. Mas será que um artigo como este convencerá os pregadores a darem ao povo o que a Igreja disse mais do que aquilo que eles sentiram durante a última adoração?



-A pregação de muitos se individualizou e perdeu o conteúdo, de tal forma que até as duas merendeiras da escola que não tiveram chance de estudar, andam brincando com as pregações do nosso novo padre. Apostam para ver com que palavras ele vai começar e terminar o sermão no domingo seguinte. Já sabem que ele não trará nada de novo. Ele não estuda!



Não é que nós, professores, preguemos melhor ou sejamos mais santos do que estes irmãos piedosos. Não se pode negar que eles oram muito e amam a Igreja. Alguns deles são puros de sentimento e dedicados sacerdotes. Mas na hora de subir ao púlpito pecam por falta de leitura e por falta de transmitir o que leram ao povo que vem ouvi-los.



Um sacerdote que lê os documentos da Igreja, lê teologia, sociologia, filosofia, psicologia, antropologia certamente tem mais a dizer do que aquele que derrama maravilhosamente o seu coração diante do altar, mas no púlpito não resiste em falar de si mesmo, sempre as mesmas coisas e sempre do mesmo jeito. É que ele não lê.



Deus não precisa aprender mais quando o pregador lhe fala, mas o povo precisa! Por isso, o pregador que não lê livros profundos e cheios de sabedoria tem culpa. E como têm. Será como o médico que parou de ler. Há coisas das quais não gostamos, mas assim mesmo temos que nos valer: remédios e alimentos sólidos, por exemplo. Há outras que simplesmente não gostamos de fazer, mas que temos que fazê-las: por exemplo, ler mais e ler autores profundos! Também os que não dançam nem cantam, nem oram como nós!



Última Alteração: 10:54:00

Fonte: Pe. Zezinho, scj
Local:São Paulo (SP)

LIBERDADE DO CRISTÃO


Uma situação de conflito na Igreja: sintoma de um mal oculto
Paulo não se dava muito bem com a comunidade de Jerusalém. Não era culpa sua. Alguns cristãos de lá não confiava nele. Além de conservarem a lembrança dolorosa da perseguição que ele tinha movido contra eles (At 9, 13.26), acabava com as tradições e de que incitava os judeus do mundo inteiro a abandonarem a observância da lei de Moisés (At 18, 13; 21,28). Ele teria dito que a circuncisão já não valia mais nada (At 21,21). Seria mais ou menos como quando hoje alguém anda dizendo que o preceito dominical, o celibato, o jovem, o jejum eucarístico, as fitas, o terço, etc., não valem mais nada.
Paulo sentia profundamente essa falta de confiança dos seus irmãos na fé. Justamente ele, que tudo dera de si, por amor a Cristo, em quem eles também acreditavam (Gal 2,20; 2 Cor 10,1; 11,22-23; Fil 3, 5-8). Além de não ser verdadeira, a acusação contra ele era o sintoma de um mal oculto. Revelava uma divergência muito profunda entre Paulo e os seus colegas de Jerusalém. Tinham opiniões radicalmente opostas sobre o evangelho e sobre a função e o lugar de Jesus Cristo na vida dos homens.
Paulo achava perfeitamente compatível existir, dentro da unidade da fé, um certo pluralismo na maneira de se viver esta fé em Jesus Cristo.. Os judeus convertidos viviam essa fé, na sinceridade e na doação total, observando as prescrições de Moisés (At 21,20; cf 10,14.28; 11,3; 1,46) .Paulo não era contrário a isso. Ele mesmo, quando o julgava oportuno, observava a lei (1 Cor 9,20) . Nem por isso podia ser acusado de oportunista, pois não procurava seu próprio interesse. Mas ele não podia suportar a pretensão de alguns colegas de Jerusalém que queriam encampar a maneira judaica de se viver o evangelho, como sendo a única válida e verdadeira, e impô-la a todos como caminho obrigatório, para alguém poder participar da salvação de Cristo (At 15,1.5.24) .
Paulo achava que um pagão, convertido ao cristianismo, deveria poder viver essa mesma fé a seu modo, diferente dos judeus, mas com a mesma sinceridade e doação total. E era exatamente neste ponto que se manifestava a divergência. Os outros não tinham essa abertura de espírito e contestavam a iniciativa de Paulo. Talvez agissem sem maldade, impelidos por uma consciência mal formada. Paulo porém, tinha lá as suas dúvidas a respeito da sinceridade desses homens ( cf Gal 2,4-5; 4,17; 6,12; Fil 3,2) .Em todo o caso, eles trabalhavam ativa e organizadamente para conseguir o seu objetivo.
II
As dúvidas e as lutas internas, geradas pelo conflito
Provocou-se assim uma grande confusão dentro dá Igreja (At 15,2) .Ninguém sabia o certo. Quem tinha razão ? Paulo ou o grupo de Jerusalém, que se escondia atrás do nome do Apóstolo Tiago? (Gal 2,12) .Até Pedro, o chefe da Igreja, ficou na dúvida e na in- certeza, não sabendo logo encontrar o caminho certo, nessa problemática eminentemente prática, e deixou influenciar-se pelo grupo de Jerusalém (Gal 2,11-14) .
A Igreja estava numa encruzilhada e ninguém sabia o caminho certo a ser seguido. Aquilo não fora previsto; Cristo não deixara nada escrito; normas anteriores não eram capazes de equacionar o problema totalmente novo e que exigia criatividade. Era difícil escolher: continuando na linha dos mais moderados, não haveria o perigo da perseguição (Gal 6,12; 5,11) , mas também não haveria pagão que entrasse na Igreja, submetendo-se ao rito da circuncisão; a Igreja ficaria reduzida a uma seita judaica e seria tragada pelo tempo; continuando na linha de Paulo, o mundo judeu e romano iria abater-se sobre o cristianismo ( cf At 13,45; 13,50; 14,2.5 ; 16,20), mas a fé estaria aberta para todos os homens indistintamente. Que fazer? Atrair sobre si a reação de todos e colocar em perigo a sobrevivência da fé por excesso de velocidade, ou andar com mais calma e colocar em perigo a sobrevivência da fé por morte prematura?
Paulo era da primeira opinião e lutou por ela. Sofreu muito por causa dessa sua convicção. Os seus adversários fizeram tudo para diminuir a influência de Paulo. Procuravam contestar a sua autoridade: o evangelho pregado por ele seria só dele, e não dos apóstolos Pedro e Tiago (cf Gal 2,6-9; 1,19-23) .Destruída a sua autoridade, estaria solapada a base de todo o seu trabalho. Paulo teve que defender-se, mostrando não existir nenhuma divergência entre ele e aqueles do.is grandes apóstolos (Gál 2,1-10) .Fêz todo o possível para desfazer a impressão de que ele fosse um demolidor da lei e da tradição ( cf 2 Cor 11,21-23; 12,11; At 25,8; 24,14-15 ; 1 Cor 9,20; Rom 3,31; 10,4) .É possível que a reação dos outros contra Paulo fosse motivada apenas por medo de perseguição. É difícil julgar à longa distância. Paulo, ao menos, era desta opinião : «É só para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo !» (Gal 6,12) .Ele os chamava «irmãos falsos» (Gal 2,4; 2 Cor 11,26. 12-13) .



III
A convicção de Paulo, traduzida em atitudes práticas
A Paulo. pouco importava alguém ser circunciso ou não, ser um cristão vindo do judaísmo ou do paganismo (Gal 6,15; 5,6; 1 Cor 9,20) .Não proibia ninguém a observar a lei de Moisés. Mas também não suportava a pretensão dos outros de que essa lei fosse necessária para se poder ser cristão. A salvação que Cristo trouxe, essa estava aberta a todos, pois segundo Paulo, bastava a fé em Jesus Cristo, entendida como adesão total a ele (Gal 3,22; 2,15-19. 21) . Diante de Cristo, todo o mundo está em pé de igualdade. Todo o resto, as observâncias, as prescrições e aquela quantidade inumerável de normas, tudo passou para o plano secundário de instrumento e meio .
Por isso, quando lhe convinha, isto é, para poder fazer-se judeu com os judeus, Paulo observava a lei de Moisés (1 Cor 9,20) . Fez até questão de circuncidar Timóteo, para facilitar o relacionamento com os judeus (At 16,3) .Mas opôs-se energicamente a fazer o mesmo com Tito, quando os outros queriam fazer disso uma questão de princípio (Gá12,3-5*; 5,2).
O mesmo se diga daquelas observâncias judaicas em relação à comida e à bebida. Paulo achava que, em tudo isso, o que tinha valor mesmo era a consciência (Rom 14,1-5) Que cada um fizesse o que bem entendia, mas que seguisse sempre a sua consciência e que fizesse tudo para o Senhor (Rom 14,6-9) , porque, afinal, «o reino de Deus não é uma questão de comida e de bebida» (Rom 14,17) .Que fossem livres realmente (Gal 5,1). Porém, quando os outros queriam fazer dessas coisas secundárias uma questão de princípio, então ele reagia fortemente, até contra o próprio Pedro (Gal 2,11-14), e denunciava as pretensões deles como contrárias à vontade de Deus, como coisas que apenas «favorecem o orgulho» (Col 2,23) .Não passavam de prescrições humanas (Col 2,22) .
Paulo tinha horror àquela uniformidade no agir, imposta em nome da fé. Não gostava de gente que, por não entender nada do principal, se levantava em defensor de coisas secundárias, querendo definir por elas a ortodoxia de alguém. Assim como ele dizia : «O reino de Deus não é uma questão de comida e de bebida», poderíamos repetir hoje: «0 reino de Deus não é uma questão de comunhão na mão ou na boca, de padre casado ou solteiro, de cor de paramento, de hábito branco ou marrom, de confissão uma vez por mês ou uma vez por ano, de missa com uma ou com três leituras, de jejum eucarístico de 50 ou de 60 minutos, de «E contigo também» ou de “Ele está no meio de nós», e de uma infinidade de outras questões que obnubilam a visão. 0 reino de Deus é «justiça, paz e alegria no Espírito Santo» (Rom 14,17) . 0 que vale mesmo é «a fé que opera e se manifesta na caridade» (Gál 5,6). O resto é bom, válido e útil enquanto tiver capacidade de levar a isso e for expressão sua. Do contrário, nada vale; certamente, “não provém daquele que vos chamou» (Gál 5,8) .
Em outra ocasião, Paulo chegou a tomar uma atitude que lhe deve ter custado muito. De volta a Jerusalém, depois da terceira viagem missionária ao mundo pagão, aceitou levar alguns homens ao templo, para cumprirem uma promessa, feita segundo a lei de Moisés. Era uma manobra de tática de alguns colegas seus de Jerusalém, para darem aos outros a impressão de que Paulo não era contrário à lei (At 21,20-24) . Mas em outra ocasião, em se tratando apenas de um problema de convivência à mesa, Paulo chegou a enfrentar Pedro publicamente (Gál 2,11-14) .Por motivo de tradições e convenções judaicas, Pedro se deixou envolver pelo grupo de Jerusalém e abandonou o convívio com os pagãos convertidos, comendo só com os judeus convertidos. Os pagãos, por causa disso, se sentiam reduzidos a uma categoria inferior de cristãos e se viam forçados, pela situação" a observarem aquelas mesmas convenções . Paulo, diante disso, reagiu fortemente: «Se você, embora sendo judeu, vive como um não-judeu, como então pode forçar os não- judeus a viverem como judeus ?» .E falou isso «na presença de todos» (Gál 2,14) .
Vê-se que, apesar dos interesses tão grandes em Jogo, a luta se trava sempre, tanto ontem como hoje, nas coisas bem comuns da vida, coisas irritantes de pequena monta; mas é lá que se decide a batalha. Um quilômetro se percorre, vencendo-o centímetro por centímetro .



IV
A liberdade em Cristo
O que Paulo prezava, antes de tudo, era a sua liberdade. Livre da lei (Gál 3,13), livre de tudo, para em tudo poder seguir a consciência nova, nele nascida a partir da sua adesão a Cristo (Gál 5,1; 2,4) .A obrigatoriedade não se impunha de fora, mas nascia de dentro. Por nada trocaria tal liberdade (Fil 3,7 -9) , e não permitia que outros impedissem os pagãos de viverem essa mesma liberdade (Gál 2,4-5) .Nem mesmo Pedro, o chefe supremo da Igreja, tinha autoridade para isso (Gál 2,14) .Nem mesmo aqueles «figurões» ou «super-apóstolos» de Jerusalém (2 Cor 11,5; 12,11) .Ele os enfrentava corajosamente, porque, assim escrevia, «eu acho que não sou em nada inferior a eles» (2 Cor 12,11) , pois «penso possuir, eu também, o Espírito de Deus» (1 Cor 7,40) .
A partir dessa sua visão, Paulo tomava as suas decisões, mas não sem antes consultar os outros apóstolos (Gál 2,1-2) que aliás, nunca tiveram nada a reprovar nele, ao menos em princípio (Gál 2,6-9) .Talvez, na prática, não conseguissem entender de todo o procedimento de Paulo. De fato, havia muita gente que não conseguia acompanhar Paulo em sua abertura, pois não, tivera a mesma luta e experiência por que ele passara. Paulo, por sua vez, também não exigia que todos pensassem como ele .Sabia respeitar a consciência dos outros. Sendo realmente livre, ele se fazia escravo de todos (1 Cor 9,19) .
Via no outro, por mais fraco e fechado que fosse, um «irmão por quem Cristo morreu» (1 Cor 8,11) .E se, por acaso, o seu procedimento livre pudesse ser motivo de queda para o outro, estava disposto a nunca mais comer carne, se com isso podia ajudar o irmão (1 Cor 8,13) ; praticou o que escrevia aos gálatas: «Fostes chamados, irmãos, à liberdade, não a uma liberdade que dê ocasião à carne; antes, sede escravos uns dos outros pelo amor» (Gál 5,13) .O amor o levava a respeitar a consciência dos outros. Só pedia que não dificultassem o seu trabalho, impondo restrições que nada tinham a ver com a fé em Cristo, e que não escondessem, sob o manto da fé e da boa ordem, a sua própria falta de coragem de enfrentar a realidade e as perseguições (Gál 6,12) .
Deve-se notar ainda que tudo isso, para Paulo, não ficava apenas em teoria ou em documento escrito. Ele tinha a coragem de ensiná-lo aos outros na prática e de assumir o risco das conseqüências. Tinha a coragem de dizer ao gálatas, povo simples e sem muita cultura: «Deixai-vos guiar pelo Espírito. Santo e já não cumprireis os desejos da carne» (Gál 5,16) .Os «desejos da carne» eram aquelas preocupações com as observâncias materiais de comida e bebida, com festas e normas e sobretudo com a circuncisão, a ser feita na carne. E não ficava nisso. Depois de ter indicado aos outros o caminho, ele não se esquivava, quando surgiam dificuldades com as outras autoridades. O compromisso de Paulo com Cristo se traduzia concretamente no compromisso com os outros . Êle não fazia distinções teológicas, para não ter que entrar na briga. Não distinguia muito entre teoria e prática. Para ele, a fé era uma atitude eminentemente prática. E apelava para este seu comportamento de compromisso real: «Daqui por diante ninguém me moleste mais, pois trago no corpo as marcas de Jesus» (Gál 6,17) . Aludia ao sofrimento e à tortura, suportados pelo bem dos outros .
V
Solução do problema: aceitação do pluralismo
Na medida em que o tempo passava, a confusão aumentava na Igreja. A convivência entre cristãos vindos do paganismo e cristãos vindos do judaísmo tornava-se cada vez mais difícil (At 15,1-5) .Era urgente resolver esse problema e obter uma visão mais clara do evangelho. Foi convocada uma reunião em Jerusalém, que entrou na história como o primeiro concílio ecumênico (At 15, 6) .A discussão foi longa (At 15,7). Mas no fím, Pedro falou e encerrou o assunto: o que salva mesmo e liberta o homem, é a fé em Jesus Cristo (At 15,11) .Falou assim, não para agradar a Paulo, mas porque ele mesmo vira e percebera, por própria experiência e por indicação divina, que esse era o caminho certo (At 15, 7-9; 10,44-48) .As visões se clarearam. Não foi proibida a observância da lei de Moisés . Foi apenas condenada a obrigatoriedade dessa observância para os pagãos convertidos (At 15,10) .Tiago apoiou a decisão de Pedro (At 15,13-19) e ambos se distanciaram definitivamente daqueles que andavam dizendo o contrário (At 15,24) . Fizeram questão de deixar bem claro esse ponto no comunicado
final da reunião: «Tendo sido informados de que alguns dos nossos, sem autorização da nossa parte, foram inquietar-vos com certas afirmações, lançando a confusão em vossas almas, resolvemos unânimimente designar alguns homens e enviá-los a vós, junto com nossos diletos Barnabé e Paulo, homens que expuseram sua vida em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo» (At 15,24-26) .
Aceita em tese a pluralidade na maneira, de se viver a fé em Jesus Cristo, tentou-se concretiza-la na pratIca, dando-lhe uma certa estrutura. A tese é uma coisa, a prática é outra. Na aplicação da norma genérica, os apóstolos seguiram o bom senso. Não se podia, por exemplo, exigir de um judeu convicto, como era o caso de Pedro e de Tiago, que fossem viver como os cristãos vindos do paganismo. Nem era necessário. Não podiam exigir de Paulo que fosse adaptar-se às normas da convivência judaica. Por isso, deixaram a Paulo e Barnabé o cuidado pelas comunidades existentes no mundo pagão. Pedro e Tiago tomariam conta das comunidades do mundo judaico (Gál 2,7-9) .A todos, porém, assistia o direito de viver a sua fé em Cristo na santa liberdade da sua consciência Mas, em vista da convivência mútua, exigia-se dos pagãos convertidos que observassem quatro normas, propostas por Tiago (At 15, 20; 21,25)
Assim, a paz voltou, ao menos como possibilidade real, paz fundada sobre o respeito e a aceitação das mútuas divergências .
Os cristãos souberam descobrir e aceitar a vontade de Deus no meio daquela confusão generalizada. E, por mais estranha que possa parecer, essa aceitação realista das mútuas divergências lançou a base de uma aproximação e uma comunhão muito Mais Intima e real do que aquela que os outros pretendiam atingir, impondo todos a mesma bitola na Maneira de se Viver a fé em Jesus Cristo.
No concílio, os cristãos conservadores de Jerusalém, abrindo mão de suas exigências, como que cortaram o cordão umbilical e permitiram que Cristo de fato nascesse para o mundo todo. Precisamente por causa dessa sua magnanimidade, que certamente não foi fácil, obtiveram a gratidão reconhecida dos cristãos vindos do paganismo. E é dessa gratidão que nasceu, depois, uma das mais bonitas iniciativas de unidade: a grande coleta nas igrejas do mundo pagão em favor dos pobres da comunidade de Jerusalém .
V
Do pluralismo nasce a iniciativa da unidade
Os cristãos de Jerusalém, por aquela sua concessão bastante dolorosa, liberaram a mensagem cristã para o mundo pagão. E do mundo pagão, provavelmente em Corinto, (2 Cor 8,10), nasceu a iniciativa de retribuir o bem recebido (Rom 15,27) .Organizou-se, ali, uma campanha de fraternidade que ganhou a simpatia e a colaboração de todas as comunidades da Galácia, na Ásia Menor (1 Cor 16,1) ; da Macedônia, no norte da Grécia (2 Cor 8,1) e da Acaia, no sul da Grécia (2 Cor 9,2) .Havia até uma certa concorrência entre elas, para ver quem dava mais dinheiro (2 Co.r 9,2) .E foram generosas, apesar da sua pobreza (2 Cor 8,2-3) , pois se fala de uma «soma importante» (2 Cor 8,20) .Foi uma mobilização geral das igrejas pagãs em favor dos irmãos necessitados de Jerusalém. E Paulo deu tudo por esse trabalho.. Tornou-se esmoleiro esperto, para convencer os outros a darem com generosidade (cf 2 Cor cc 8-9) .
Não se deve confundir essa campanha de fraternidade com uma coleta Qualquer. Ela é um sinal eloqüente de que o Espírito Santo nunca é derrotado pelos fatos novos. Ele nunca fica preso nas idéias dos homens. E criador e sabe suscitar coisas novas, quando os homens desanimam por falta de idéias, derrotados pela realidade.
Com efeito, oficializada a divergência entre pagãos e judeus, aceitos os fatos. e reconhecida a realidade, no primeiro concílio, esta mesma realidade nova recém-criada, como sempre acontece, suscitou logo um novo problema, como manter a unidade nessas condições? Mais ainda: os cristãos de Jerusalém, reconhecendo e aceitando os apelos de Deus nos fatos, tiveram que assistir ao lento deslocamento do eixo da Igreja para o mundo pagão. Sabiam que iriam ser uma pequena minoria. Qual o lugar e o futuro deles na Igreja ?
Todos tinham o mesmo Cristo, a mesma fé. o mesmo Pai, o mesmo batismo, o mesmo Espírito Santo (Ef 4.4-6) , mas a vida era pluriforme. Do mesmo tronco estavam nascendo os galhos mais diversos, diversificando-se cada vez mais uns dos outros na medida em que cresciam. Mas nesses galhos, por mais variado.s e diferentes que fossem, corria a mesma seiva que fazia nascer, em todos eles, as mesmas folhas e os mesmos frutos, os frutos da caridade. concretizada nessa ampla campanha de fraternidade. Foi uma iniciativa, ao que tudo indica, espontânea, não imposta (2 Cor 8,3.10) , que uniu as comunidades pagãs mais do que antes e que deu aos irmãos de Jerusalém uma consciência bem maior de pertença à Igreja, bem maior do que antes. A campanha fazia até parte da oficialização do pluralismo existente na Igreja (Gál 2,10) .Era uma forma de concretizar as decisões do concílio .
A campanha não era tanto para dar a impressão de unidade aos outros, pois não havia a assistência do mundo, para aclamar as iniciativas dos cristãos. Não era para servir de fachada que escondesse a mais profunda desunião. Pelo contrário, ela nasceu precisamente da aceitação realista das divergências; cresceu do próprio pluralismo. Ê a resposta agradecida dos cristãos pagãos à magnanimidade dos colegas de Jerusalém, aos quais deviam a liberdade de viverem a sua fé, conforme a sua própria inspiração e realidade (cf Rom 15,26-27) .A desunião fora vencida, porque souberam encontrar o sentido da unidade no nível mais profundo e sólido do pluralismo, onde o amor pôde dar prova da sua criatividade . Tal campanha teria sido impossível antes do concílio de Jerusalém, quando eles ainda estavam brigando em torno de idéias, uns querendo impor aos outros a sua opinião. Nesse casa, a campanha teria sido um instrumento a mais, para um grupo poder dominar o outro.
Agora, aceita a diversidade e partindo dela, a unidade pôde florescer e cada flor pôde desabrochar no seu próprio campo, com o seu próprio adubo, e mostrar as suas próprias qualidades e cores, colocadas na vitrina da Igreja para alegrar a vista de todos os irmãos. A campanha mostrou até onde ia o compromisso de cada um com Cristo e com os irmãos. Era o termômetro da sua fé, esperança e caridade. Não era uma forma barata de esmola, dada para tranqüilizar a própria consciência .



VII
Conclusão
Nem todos os judeus convertidos conseguiram ter essa visão. Não compreenderam a abertura imensa do concílio, e continuaram, mesmo depois, a defender a sua opinião., molestando Paulo o mais possível. Mas quem vence uma guerra, já não se incomoda com uma pequena escaramuça. Essas discussões, por mais dolorosas que fossem, não conseguiram tirar de Paulo o profundo sentimento de gratidão. Êle sabia distinguir entre o que era iniciativa de alguns poucos, por mais perigosa e desagradável que fosse, e o que era iniciativa da Igreja .
Tudo isso já se passou há muito tempo e não volta mais. Mas hoje existe na Igreja uma situação de conflito que, ao que tudo indica, também, é sintoma de uma divergência profunda sobre o que vem a ser o evangelho hoje. Será que hoje não estamos impedindo, como outrora, o nascimento de Cristo para o mundo, mantendo-o preso em esquemas e modos de pensar e de viver que têm pouco a ver com a fé ? Será que não é hc.ra de darmos uma prova de magnanimidade, como fizeram os cristãos de Jerusalém? Será que não deveríamos ser realistas e aceitar o pluralismo na maneira de se viver a fé, a mesma fé, em Jesus Cristo ? Ou será medo de enfrentar a realidade e as perseguições ?

O JULGAMENTO DESTE MUNDO


Lemos no Evangelho de São João o que disse Jesus: “É agora o julgamento deste mundo” ( Jo 12,31). Deixou também claro: “Se alguém me quer servir, siga-me e onde eu estou estará também o meu servo” (Jó 12 26). No fim dos tempos, está claro nas palavras de Cristo, Ele virá julgar os vivos e os mortos e Ele deixou também evidente que haverá uma recompensa eterna para os bons e um castigo perene para quem não observou os Mandamentos. Eis as palavras textuais do divino Redentor: "E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna" (Mt 25,46). Há passagens na Bíblia que muitos gostariam de apagar e eis aí a demonstração de uma fé vacilante, frouxa, anêmica. Seja a religião culto esplendoroso da divindade, sem leis que se oponham às veleidades das paixões tal o ideal vazio de muitos cristãos. Claríssimo este trecho do Evangelho: “Um jovem aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna? Disse-lhe Jesus: Por que me perguntas a respeito do que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos. Quais?, perguntou ele. Jesus respondeu: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo (Mt 19,16-19). Portanto, quem não observa tais mandamentos não entrará na vida eterna, estando, em conseqüência, condenado, evidentemente se não se arrepender. Tudo isto confirma as palavras de Cristo acima recordadas: “É agora o julgamento deste mundo”. Adite-se que, quer se queira, quer não, a cada passo Deus, ser onisciente, conhecendo tudo, julga se são bons ou maus os pensamentos de cada um. Este é um dos pontos chaves da Bíblia. Está no profeta Jeremias que Ele “sonda os rins e os corações” (Jr 11,20). No salmo se acha claro: "A palavra ainda me não chegou à língua, e já, Senhor, a conheceis toda" (Sl 138,4). O julgamento não é tanto uma sentença divina, mas sim uma revelação do segredo dos corações humanos. Isto convida então a todos à conversão, uma vez que Deus julga cada um segundo suas próprias obras, seus pensamentos, suas intenções. Para os justos não há condenação. Existe julgamento para o mundo mau e tal foi a missão de Cristo: livrar os que O seguem das garras do maligno. Eis por que tem uma importância capital na vida do cristão o diário exame de sua consciência. Esta estabelece limites à liberdade em razão exatamente da presença divina que tudo vê. O critério supremo são os mandamentos, dado que desprezar gravemente um deles é se colocar em condição de condenação. O julgamento de Deus tem por matéria não a ciência do bem e do mal, mas a sua prática. A obra intencionada pelo Decálogo está inscrita nos corações e na consciência de cada um e oferece elementos para o julgamento próprio. São os juízos internos que alternadamente acusam ou não o discípulo do Redentor. É neste sentido que São Paulo diz que Deus julga as ações secretas dos homens, por Jesus Cristo (Rm 2,16). É, de fato, inevitável o diálogo com o Ser Supremo, dado que a consciência de cada um reage conforme o projeto divino. Aderir a este projeto é estar com a consciência em paz. O remorso da consciência é um ótimo sintoma, pois leva à postura salvífica do arrependimento. Entretanto, a pureza de intenção evita que se pratique o mal e Jesus advertiu: “É do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias” (Mt 15, 19). Aliás, foi neste sentido que Jesus também ensinou: “O olho é a lâmpada do corpo. Se teu olho é são, todo o corpo será bem iluminado; se, porém, estiver em mau estado, o teu corpo estará em trevas. Vê, pois, que a luz que está em ti não sejam trevas” (Lc 11, 35-36). Em síntese, o julgamento do mundo se dá em função da negação do Filho de Deus; o julgamento pessoal ocorre a cada ação praticada

SENHOR EU NÃO SOU DIGNO


O Dicionário diz que digno é alguém merecedor, honrado, capaz, confiável, apto, apropriado, adequado, etc. Não repetiria algo que o leitor certamente já sabe, não fossem tantos os sinônimos para uma única palavra. Além deles, há os derivativos, tais como dignidade, dignificado, dignitário, digníssimo. Aqui entra a questão, ou seja, seríamos merecedores desses títulos e do uso dessa palavra?
Coloco-a num confronto com a relação não social, nem pessoal ou profissional, mas com sua essência humana, a dignidade da vida. Todo ser humano possui direito a uma vida digna. Todo filho de Deus merece respeito.
Vai daí que o conceito de dignidade oscila de pessoa para pessoa, dança conforme a música, pois acima do respeito e da prática está o individualismo e seus interesses pessoais. Há muitos digníssimos senhores sem dignidade alguma. Há certos apropriados que só sabem apropriar-se. Capacitados por falsos diplomas ou méritos pessoais sem mérito algum, que vivem de aparências, incapacitados em plenitude, sem os dons que pensam ou dizem merecer... E assim por diante.
Conhecemos bem essas situações. Autoridades sem unção, profissionais de fachada, doutores por vaidade, médicos que nada curam, pastores do rebanho de suas reses (nunca de suas rezas), padres por acaso... Nenhuma categoria profissional ou social se safa desses usurpadores, que desonram a classe à qual pertencem.
Por outro lado, há os verdadeiros merecedores. Curiosamente, a maioria destes se acha indigna, porque para eles a perfeição é uma busca constante, sem fronteiras, sem limites. Não aceitam elogios. Não se ufanam do que fazem. Não se cansam de aprimorar seus feitos, buscar mais e mais conhecimentos, novos procedimentos, novas condutas. Citá-los agora seria incorrer numa injustiça, pois incontáveis são seus nomes. Um desses certamente você conhece bem. Fica, pois, ao seu critério a escolha desses exemplos. É sempre salutar nos alimentarmos com referenciais construtivos, mais ainda quando são capazes de nortear nossas vidas, nossas condutas.
Algo ainda me incomoda nesta reflexão. Por onde anda nossa dignidade diante de Deus? Não voltarei ao negativismo puro e simples, pois que tal visão nada constrói. Apenas questiono, já que são raros esses momentos de auto análise, busca de novos rumos. A Bíblia – nosso dicionário – nos fala poeticamente desses questionamentos humanos. “Senhor, vós me perscrutais e me conheceis. Sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto. De longe penetrais meus pensamentos, quando ando e quando repouso, vós me vedes, observais todos os meus passos...” (Sl 138, 1-3). Seria interessante se você pude ler esse salmo em sua totalidade. Mas o essencial está dito: Deus nos conhece por dentro e por fora. E nos quer dignos diante dele.
Porém, não temos o hábito de parar por um momento, nos confrontarmos, sentir sua presença, escutar suas palavras, praticar seus ensinamentos, buscar a perfeição através da observância de suas leis. Dizem os Evangelhos que certo centurião romano, rico, influente em sua comunidade, respeitado por todos, foi atraído pela mensagem do Cristo. Vendo seus milagres, não pediu para si, mas para um servo doente, que muito sofria. Pensou primeiro no outro, externando sua solidariedade humana, sua própria dignidade. Deixou-nos uma grande lição de humildade, que hoje repetimos na perspectiva da comunhão eucarística: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado” (Mt, 8,8).
Donde lhe veio tamanha humildade diante dos poderes divinos de Jesus? Diante de Deus somos realmente indignos. Mesmo assim Ele nos oferece a cura, perdoando-nos sempre e nos reabilitando com sua graça e poder. Isso nos basta. A graça e o poder de Deus é que nos fazem dignos de qualquer título, até de cristãos.