FICAMOS ALEGRES COM SUA VISITA

ESPERAMOS, QUE COM A GRAÇA SANTIFICANTE DO ESPIRITO SANTO, E COM O DERRAMAR DE SEU AMOR, POSSAMOS ATRAVÉS DESTE HUMILDE CANAL SER VEÍCULO DA PALAVRA E DO AMOR DE DEUS, NÃO IMPORTA SE ES GREGO, ROMANO OU JUDEU A NOSSA PEDRA FUNDAMENTAL CHAMA-SE CRISTO JESUS E TODOS SOMOS TIJOLOS PARA EDIFICACÃO DESTA IGREJA QUE FAZ O SEU EXODO PARA O CÉU. PAZ E BEM

AGRADECIMENTO

AGRADECEMOS AOS NOSSOS IRMÃOS E LEITORES, POR MAIS ESTE OBJETIVO ATINGIDO, É A PALAVRA DE CRISTO SEMEADA EM MILHARES DE CORAÇÕES. PAZ E BEM

sábado, 8 de janeiro de 2011

VESTES E CORES LITURGICAS



PARAMENTOS OU VESTES LITURGICAS

- Amito:
É um lenço de linho, branco, que recobre as costas, os ombros e o pescoço do sacerdote. Era a peça do vestuário que os povos antigos usavam para cobrir a cabeça, quando saíam ao ar livre. Recorda o pano com que os soldados vendaram os olhos de Jesus, para melhor ludibriarem-No. Simboliza o capacete da fé, com o qual venceremos os nossos inimigos. Ai vesti-la, o sacerdote faz a seguinte oração: " Colocai, Senhor, sobre a minha cabeça, o capacete da salvação, para que eu possa resistir às ciladas do demônio".

- Alva: Esta palavra vem do vocábulo "albus", que significa branco. É uma túnica talar, de linho branco, que recobre todo o corpo. Era usada pelos nobres gregos e romanos, e também pelos povos de climas quentes, como se vê, ainda hoje, em alguns países do Oriente tropical. Recorda a túnica branca de escárnio com que Herodes mandou vestir Jesus. Simboliza a pureza do coração. Ao vesti-la, o sacerdote reza: "Fazei-me puro, Senhor, e santificai o meu coração, para que , purificado com o Sangue do Cordeiro, mereça fruir as alegrias eternas".

- Cíngulo: É um cordão branco ou da cor dos paramentos, de seda, linho ou algodão, com que o sacerdote se cinge à cintura. Os antigos o usavam para maior comodidade, a fim de que a alva, comprida, não os estorvasse nos trabalhos ou nas longas caminhadas. Recorda as cordas com que Jesus foi atado pelos algozes. Simboliza o combate às paixões e a pureza do coração. Ao cingir-se com o cíngulo, o sacerdote reza: "Cingi-me, Senhor, com o cíngulo da pureza e extingui em meu coração o fogo da concupiscência, para que floresça em meu coração a virtude da caridade".

- Manípulo:
É uma faixa de pano, do mesmo tecido e cor da casula. Tem uns 40 cm de comprimento e uns 12 de largura. É preso ao braço esquerdo. Antigamente, servia para limpar o pó ou suor da fronte durante as caminhadas e trabalhos, ou ainda, com suas dobras, fazia-se as vezes de algibeira. Recorda as cordas com que Jesus foi manietado. Simboliza o amor ao trabalho, ao sacrifício e às boas obras. Ao acomodá-la ao braço, o sacerdote reza: "Que eu mereça, Senhor, trazer este manípulo de dor e penitência, para que possa, com alegria, receber os prêmios dos meus trabalhos".

- Estola: É uma faixa de pano, do mesmo tecido e cor da casula e do manípulo. Mede uns oito palmos de comprimento e uns 12 cm de largura. Dá a volta ao pescoço, cruzando ao peito e passando sob o cíngulo, à altura da cintura. Os antigos a usavam como sudário ou como símbolo de autoridade e condecoração honorífica. Recorda as cordas com que Jesus foi puxado ao Calvário. Simboliza o poder espiritual do sacerdote, bem como a nossa dignidade de cristão e penhor de imortalidade. Ao vesti-la, o sacerdote reza: "Restituí-me, Senhor, a estola da imortalidade que perdi pelo pecado dos nossos primeiros pais; e ainda que eu seja indigno de acercar-me aos vossos Santos Mistérios, possa, contudo, merecer a felicidade eterna.

- Casula: É a última veste que o sacerdote usa, por cima de todas as outras. Tem, geralmente, atrás, uma grande Cruz. Os antigos a usavam como uma capa, nas estações chuvosas. Casula, em latim, significa "pequena casa". Recorda a túnica inconsútil de Nosso Senhor, tecida, segundo a tradição, por Nossa Senhora. No Calvário, os soldados não quiseram retalhá-la, mas sortearam-na entre si. Simboliza o suave jugo da Lei de Deus que devemos levar, e que se torna leve para as almas generosas. Ao vesti-la, o sacerdote reza: "Ó Senhor, que dissestes: ' o meu jugo é suave e o meu fardo é leve' (Mt 11, 30); fazei que eu possa levar a minha cruz de tal modo que possa merecer a vossa graça".

- Dalmática:
É uma túnica originária da Dalmácia. É usada pelo diácono nas Missas solenes. O subdiácono usa, nas Missas solenes, a tunicela, bastante parecida com a dalmática, mas que deve ser um pouco mais curta e menos adornada que esta.

- PluviaL: É uma capa comprida, usada pelos antigos em tempos de chuva, como indica o seu mesmo nome. Atrás, em cima. há uma dobra ou capucho, com que os antigos se cobriam a cabeça, à semelhança de algumas capas impermeáveis modernas. O sacerdote a usa nas Bênçãos do Santíssimo Sacramento, nas procissões e outras funções litúrgicas solenes.

- Batina ou hábito: Veste talar dos abades, padres e religiosos, cujo uso diário é aconselhado pelo Vaticano. Alguns sacerdotes fazem o uso do Clerical ou "Clericman" como meio de identificação, sendo esta uma peça única de vestuário, ou seja, um colarinho circular que envolve o pescoço com uma pequena faixa branca central.

- Tonsura:
Corte circular, rente, do cabelo, na parte mais alta e posterior da cabeça, que se faz nos clérigos, também denominado cercilho ou coroa, em desuso. A "Prima Tonsura" consiste em cerimônia religiosa em que o prelado, conferindo ao ordinando o primeiro grau de clericato, lhe dá a tonsura.

AS CORES DOS PARAMENTOS LITURGICOS

A liturgia sagrada da Igreja tem uma linguagem simbólica muito expressiva, através das cores. As cores propriamente litúrgicas são seis: branco, vermelho, verde, roxa, rosáceo e preto. Em alguns lugares, por privilégio, usa-se o azul celeste na festividade da Imaculada Conceição.

- Branca: Resultado de todas as cores juntas, simboliza a pureza e a alegria. É usada em todas as festividades de Nosso Senhor (excetuadas as da Paixão), que é a Luz do mundo; nas festas de Nossa Senhora, dos anjos e dos santos não-mártires.

- Verde: Simboliza a esperança. É adotada nos domingos que seguem a festa da Epifania, até à Setuagésima; e após o Pentecostes, até o Advento.

- Vermelha: Simboliza o fogo do amor, da caridade ou do martírio. É adotada nas festividades do Espírito Santo da Santa Cruz e dos Santos Mártires.

- Roxa: Simboliza a penitência e a contrição. Usa-se no tempo da Quaresma e do Advento.

- Rosácea: Simboliza a alegria, dentro de um tempo destinado à penitência. Usa-se no 3º. domingo do Advento e no 4º. domingo da Quaresma.

- Preta: Simboliza o luto, dor e tristeza. É usada na Sexta-feira Santa e nas Missas de defuntos, quando a Igreja chora, respectivamente, a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo e a dos seus filhos espirituais. (Em desuso no Brasil.)

OS GESTOS, OBJETO, O SACERDOTE, O ALTAR...........


GESTOS E ATITUDES

O homem é corpo e alma. Há nele uma unidade vital. Por isso ele age com a alma e com o corpo ao mesmo tempo. O seu olhar, as suas mãos, a sua palavra, o seu silêncio, o seu gesto, tudo é expressão de sua vida. Na Missa fazemos parte de uma Assembléia dos filhos de Deus, que tem como herança o Reino dos céus. Por isso na Celebração Eucarística, não podemos ficar isolados, mudos, cada um no seu cantinho. A nossa fé, o nosso amor e os nossos sentimentos são manifestados através dos gestos das palavras, do canto, da posição do corpo e também do silêncio. Tanto no canto como o gesto, ambos dão força à palavra. A Oração não diz respeito apenas à alma do homem, mas ao homem todo, que é também corpo. O corpo é a expressão viva da alma.

VEJAMOS O SIGNIFICADO DOS GESTOS

- Sentado:
É uma posição cômoda, uma atitude de ficar à vontade para ouvir e meditar, sem pressa.

- Em pé:
É uma posição de quem ouve com atenção e respeito. Indica a prontidão e disposição para obedecer. (Posição de orante)

- De joelhos:
Posição de adoração a Deus diante do Santíssimo Sacramento e durante a consagração do pão e vinho.

- Genuflexão: É um gesto de adoração a Jesus na Eucaristia. Fazemos quando entramos na igreja e dela saímos, se ali existir o Sacrário.

- Inclinação: Inclinar-se diante do Santíssimo Sacramento é sinal de adoração.

- Mãos levantadas: É atitude dos orantes. Significa súplica e entrega a Deus.

- Mãos juntas: Significam recolhimento interior, busca de Deus, fé, súplica, confiança e entrega da vida.

- Silêncio: O silêncio ajuda o aprofundamento nos mistérios da fé. Fazer silêncio também é necessário para interiorizar e meditar, sem ele a Missa seria como chuva forte e rápida que não penetra na terra.

CANTO LITÚRGICO

A liturgia inclui dos elementos: o divino e o humano. Ela nos leva ao encontro pessoal com Deus, tendo como Mediador o próprio Cristo, que nascido de Maria, reúne em Si a Divindade e a Humanidade. Portanto, a Missa é mais do que um conjunto de orações: ela é a grande Oração do próprio Jesus, que assume todas as nossas orações individuais e coletivas para nos oferecer ao Pai, juntamente com Ele. O canto na Missa está a serviço do louvor de Deus e de nossa santificação. Não é apenas para embelezar a Missa, para nos ajudar a rezar. E cada canto deve estar em sintonia com o momento litúrgico que se celebra. O canto penitencial deve nos ajudar a pedir perdão de coração arrependido; um canto de Ofertório deve nos ajudar a fazer a nossa entrega a deus; um canto de Comunhão deve nos colocar em maior intimidade com Deus e expressar nossa adoração e ação de graças.

O SACERDOTE

O Concílio Vaticano II diz que o padre age "in persona Christ", isto é, em lugar da pessoa de Jesus. O padre é presbítero e profeta. Como sacerdote, administra os sacramentos, preside o culto divino e cuida da santificação da comunidade, como profeta, anuncia o Reino de Deus e denuncia as injustiças e tudo o que é contra o Reino; como presbítero, o padre administra e governa a Igreja.


O ALTAR

O altar representa a mesa da Ceia do Senhor. Lembra também a cruz de Jesus, que foi como um "altar" onde o Senhor ofereceu o Sacrifício de sua própria vida. O altar deve ter o sentido de uma mesa de refeição para celebrar a Ceia do Senhor. Sobre o altar vai a toalha, geralmente branca, comprida. Deve ser limpa, condizente com a grandeza da Ceia do Senhor.

OBJETOS USADOS NA MISSA

- Hóstia: é pão de trigo puro. Há uma hóstia grande para o presidente da celebração e as pequenas para o povo. A do padre é grande para ser vista de longe na elevação.

- Vinho: É vinho puro, de uva. Assim como o pão se muda no Corpo de Cristo na consagração, o vinho se muda no Sangue do Senhor, vivo e ressuscitado.

- Cálice: É uma "taça" revestida de ouro ou prateada. Nele se deposita o vinho a ser consagrado.

- Âmbula: É semelhante ao cálice, mas tem uma tampa. Nela se colocam as hóstias. Após a Missa é guardada no Sacrário com as hóstias consagradas.

- Patena: É um "pratinho" de metal. Sobre ele se coloca a hóstia grande.

- Água: É natural. Serve para purificar as mãos do sacerdote e ser colocada no vinho (umas gotas só), para simbolizar a união da humanidade com a Divindade em Jesus. Também é usada para purificar o cálice e a âmbula.

- Pala: É uma peça quadrada, dura, (um cartão revestido de linho). Cobre o cálice.

- Sanguinho: É uma toalhinha comprida, branca. Serve para enxugar o cálice e a âmbula.

- : É uma toalhinha quadrada. Chama-se corporal porque sobre ela coloca-se o Corpo do Senhor (âmbula e cálice), no centro do altar.

- Galhetas: são como duas jarrinhas de vidro. Numa vai a água, na outra, o vinho. Elas estão sempre juntas, num pratinho, ao lado do altar.

- Manustérgio: Vem da palavra latina "manus", que quer dizer "mão". É para enxugar as mãos do Celebrante, no ofertório. Acompanha as galhetas.

- Missal: é um livro grosso que tem o rito da Missa, menos as Leituras, que estão num outro livro chamado Lecionário.

- Crucifixo: Sobre o altar ou acima dele deve haver um crucifixo para lembrar que a Ceia do Senhor é inseparável do seu Sacrifício Redentor.

- Velas: Sobre o altar vão duas velas. A chama da vela é o símbolo da fé, que recebemos de Jesus, "Luz do Mundo". É sinal de que a Missa só tem sentido para quem vive a fé.

A SANTA MISSA E SEU SIGNIFICADO


“Pegando o cálice, deu graças e disse: 'Tomai este cálice e distribuí-o entre vós (...) Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: 'Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim'. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: "Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós...".

(Lc 22, 17-20)


Nessa ocasião Jesus celebrou a primeira missa. É importante notar que o Senhor pede que o cálice seja distribuído entre todos; é a partilha, a comunhão entre os presentes. Depois, Jesus diz “isto é”. Ele não disse isto representa ou significa, mas disse bem claramente “é”. Neste momento, no mundo inteiro é celebrada uma missa onde o pão é transformado no Corpo de Cristo e o vinho transformado em Seu Sangue, pelo poder do Espírito Santo.

O grande milagre

A Missa é a maior, a mais completa e a mais poderosa oração da qual dispõe o católico.

Entretanto, se não conhecemos o seu valor e significado e repetimos as orações de maneira mecânica, não usufruiremos os imensos benefícios que a missa traz.

Lembremo-nos, antes de qualquer coisa, de que somos convidados especiais. Jesus convida a cada um de nós em particular para esta festa. Preparemo-nos, portanto, de um modo muito mais cuidadoso do que para qualquer outra festa, porque nesse caso o anfitrião é Deus em pessoa.

Ao entrar na Igreja, saibamos dar valor à graça de Deus que nos trouxe ao momento presente, abrindo nosso coração na certeza de que Deus nos ama. Ao entrar, é também importante persignar-se com água benta, pois essa é uma maneira de recordarmos o nosso Batismo e invocar a proteção e a bênção do Senhor.

A Missa é para todos, mas a maneira de cada um participar pode ser diferente. Depende da fé que as pessoas têm. Existe quem vem à Missa para fazer pedidos a Deus, outros apenas para cumprir uma obrigação e outros com alegria e fé, para louvar e bendizer a Deus. E você porque veio à Missa? (pausa)

Reflitamos um pouco mais sobre a forma de como cada um participa da Missa lendo a seguinte história:

Numa certa cidade, uma bela catedral estava sendo construída. Ela era inteiramente feita de pedras, e centenas de operários moviam-se por todos os lados para levantá-la. Um dia, um visitante ilustre passou para visitar a grande construção. O visitante observou como aqueles trabalhadores passavam, um após o outro, carregando pesadas pedras, e resolveu entrevistar três deles. A pergunta foi a mesma para todos.

- O que você está fazendo?

- Carregando pedras, disse o primeiro.
- Defendendo meu pão, respondeu o segundo.

Mas o terceiro respondeu:

- Estou construindo uma catedral, onde muitos louvarão a Deus, e onde meus filhos aprenderão o caminho do céu.

Essa história relata que apesar de todos estarem realizando a mesma tarefa, porém a maneira de cada um realizar é diferente. Assim igualmente acontece com a Missa. Ela é a mesma para todos, contudo a maneira de participar é diferente, dependendo da fé e do interesse de cada um:

- Existem os que vão para cumprir um preceito;

- Há os que vão à Missa para fazer seus pedidos e orações;

- E há aqueles que vão à Missa para louvar a Deus em comunhão com seus irmãos.

MAS PORQUE IR À IGREJA?

O individualismo não tem lugar no Evangelho, pois a Palavra de Deus nos ensina a viver fraternalmente. O próprio céu é visto como uma multidão em festa e não como indivíduos isolados. A Igreja é o povo de Deus. Com ela Jesus fez a Nova e Eterna Aliança no seu Sangue. A palavra Igreja significa Assembléia. É um povo reunido na fé, no amor e na esperança pelo chamado de Jesus Cristo.

A Missa foi sempre o centro da comunidade e o sinal da unidade, pois é celebrada por aqueles que receberam o mesmo batismo, vivem a mesma fé e se alimentam do mesmo Pão. Todos os fiéis formam um só "corpo". São Paulo disse aos cristãos: "Agora não há mais judeus nem grego, nem escravo, nem livre, nem homem, nem mulher. Pois todos vós sois UM SÓ em Cristo Jesus" (Gl 3,28).

O BATISMO DE CRISTO É O NOSSO VIVER


“Oh! Se rasgásseis os céus, se descêsseis...” (Is 64,1a) . O tão esperado desejo de Isaías é manifestado no Batismo de Cristo. Nesse evento, à beira do Jordão, destacamos quatro aspectos de revelação: o batismo como sacramento; como sinal da páscoa; como início do “céu na terra” e como fundamento do cristianismo.
O Batismo de Cristo é Sacramento, ao menos no sentido etimológico, pois é um sinal. Sinal sensível da união de Cristo com o Pai e o Espírito Santo. Sinal daquilo que o Verbo sempre foi: Filho. O Batismo de Cristo não é um fato que acrescente algo novo no seio da Trindade, mas o é para o homem.  Não é novo enquanto pensamos na trindade imanente, na relação das três pessoas divinas. Mas é sim quanto à trindade econômica, isto é, a trindade enquanto evento, enquanto autocomunicação com a humanidade. Nesse sentido, vemos um homem, Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, ouvindo do Pai que ele é filho. Não é uma voz nova para o Verbo Eterno. Para nós, contudo, é inaudito. Nele ouvimos que podemos ser filhos. Abrão não tinha ouvido nada igual nem mesmo Moisés. Só em Cristo essa verdade se concretiza.
O batismo de Cristo é sinal da páscoa. Ao dizer “este é meu filho”, prepara-nos para o mistério pascal. Lá, Cristo nos dirá que sobe para o seu pai e acrescenta “vosso Deus”. No batismo de Cristo no Jordão a humanidade escuta o prenúncio da páscoa quando definitivamente fomos batizados. Podemos, portanto, confiantes, beber do cálice do Senhor.
Viver o Batismo é já vivenciar o céu. Sim, o céu não é um lugar, mas um estado de espírito. No céu veremos face a face, mas no batismo já fomos imergidos naquela Santíssima Trindade com a qual nos uniremos para sempre. O céu começa no Batismo. Ah, se os céus se abrissem... ei-lo aberto, ei-nos imergidos nele. Isso é Batismo. Isso é cristianismo.
É no Batismo que recebemos a missão profética, real e sacerdotal. Ao se falar desse primeiro sacramento, é inevitável recordar a nossa missão no mundo, os “nossos deveres” como cristãos. O Batismo, contudo, transcende à recordação de tarefas a serem executadas. O Batismo é mais do que o que devemos fazer e sim o como fazer. Em nós habita a Trindade e é por isso que podemos ser coerentes com nossa missão.  Não se trata apenas de recordar os nossos deveres, mas o nosso direito maior: filhos de Deus. Direito que torna os mandamentos morais em um julgo suave. Talvez não conseguiremos cumprir todas expectativas que as pessoas depositam em nós, mas poderemos realizar tudo o que o Senhor quer, pois é Ele mesmo que age em nós.
Que o batismo do Senhor nos recorde que o cerne do cristianismo não é um conjunto de regras morais. A igreja não é um aglomerado de preceitos. A mensagem é muito maior: fomos batizados com Cristo. O sacramento que recebemos no rito da iniciação cristã nos preenche com o Espírito que clama “Aba, Pai”. No Batismo de Cristo duas verdades se entrelaçam, aquela de um céu aberto almejado por Isaías e a constatação da Beata Elizabete da Trindade: “o céu é Deus e na minha alma Ele está”.

 por Moisés Alves

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

NA ORAÇÃO CONHECEMOS OS PLANOS DE DEUS


Ninguém se coloca sob o sol sem se queimar e quem se expõe exageradamente a ele vai sofrer as suas consequências. Com Deus acontece algo semelhante, pois ninguém se coloca na presença d'Ele sem ser beneficiado por Sua presença. As marcas da presença do Todo-poderoso também são irreversíveis. Irreversíveis para a nossa salvação.
Quando nós nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo Ele nos dá liberdade. Nunca Nosso Senhor pensou em trazê-lo para perto d'Ele para tirar algo de você, muito menos para limitar a sua liberdade. Se Ele não quisesse que fôssemos livres, por que Ele nos teria criado livres?

A nossa liberdade ficou comprometida por nossa culpa, porque quem peca se torna escravo do pecado. Pelos nossos pecados e pelos vícios, que entraram em nossa vida, nós ficamos debilitados. Foi para sermos livres que o Pai do céu enviou Jesus. Deus Pai nos deu Cristo para nos libertar daquilo que nos amarrava. Deus nos mostra quais caminhos podemos seguir, mas a liberdade de escolher é nossa. O desejo do Senhor é libertar você de toda angústia, de toda opressão. O desejo d'Ele é vê-lo feliz.
"É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão" (cf. Gálatas 5,1).
Cristo amou você, morreu em uma cruz por sua causa para que você não seja escravo do pecado. O Ressuscitado nos libertou de todo o mal, de toda a armadilha do inimigo, para que permaneçamos livres. Contudo, ninguém é livre na maldade. Uma vez que o Espírito Santo o visitar não dê brecha para o pecado; Ele desbarata a tentação.
O Espírito Santo nos cura e nos liberta. Ninguém pode saber o que está em seu interior se você não abrir a boca e dizê-lo. Rezar é você ficar nu na presença de Deus. Quando você reza, você está se pondo na presença do Altíssimo. Quando você tira a roupa diante do espelho você vê o que quer e o que não quer. Na hora em que estamos rezando caem as nossas roupas, espiritualmente falando e, do mesmo modo, vemos aquilo que queremos e o que não queremos. Tudo que eu faço de mau volta para mim no momento da oração. As feridas que nós ignoramos, na oração não conseguimos ignorá-las, porque nesse momento Deus no-las revela para nos curar. No momento em que o Senhor me mostra quem eu sou, Ele também mostra quem Ele é.
No momento em que você conhece a Deus, você conhece a si mesmo, por isso rezar não é coisa para qualquer um. Na oração, Deus se revela a mim, mas Ele também me revela a mim mesmo. Se Ele me revela uma coisa que não está boa, é porque é preciso consertá-la.

Você precisa de muito perdão e de muita cura e só Deus pode lhe dar essas graças. Eu e você precisamos, na oração, pedir ao Espírito Santo que nos faça entrar em nosso coração para descobrimos o que está ruim ali dentro. Deus, que passou com você por cada caminho que você percorreu, sabe quando você foi machucado e sabe como curá-lo.
A nossa vida inteira é um processo de cura interior. Enquanto você estiver com os pés aqui nesta terra sua vida será um processo de cura interior. Não existe ninguém que, tendo rezado, Deus não lhe tenha respondido. E se Ele não o faz diretamente Ele o faz por intermédio de uma pessoa ou de um fato.

Nós precisamos aprender a ouvi-Lo na oração, para conhecermos os planos que Ele tem para nossa vida. O Todo-poderoso tem um plano de amor, um plano de realização, um plano de felicidade, Ele projetou um caminho de felicidade para você. Muitas vezes, nós não somos felizes porque esse plano não se cumpre na nossa vida. Se você não abre o seu coração para a oração, você corre o sério risco de morrer sem conhecer o plano que Deus tinha para você.

Artigo produzido a partir da pregação de Abr/2010
Foto Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com
Missionário da Comunidade Canção Nova, formado em teologia, autor dos livros "Quando só Deus é a resposta" e "Vencendo aflições, alcançando milagres".

O OBJETIVO DAS PARABOLAS


As parábolas possuem a capacidade de, por meio de suas imagens, revelar algo da realidade da sociedade da Galileia do primeiro século. E é possível ver a presença desses indícios nas narrativas. Sendo assim, cabe a nós buscarmos esse entendimento das parábolas para São Mateus.
O objetivo das parabólas era o de transcender a realidade para modificá-la, ou seja, uma resposta à situação na qual vivia a sociedade da época. E é dessa maneira, entendendo como os textos bíblicos foram primeiramente utilizados e interpretados, que conseguiremos ler hoje esses mesmos textos com mais segurança e sem o risco de uma leitura fora de contexto; e fazer essa mesma dinâmica de levar nossa realidade para mais perto do Cristo e assim modificá-la.
Alguns estudiosos de parábolas as definem como mashal, palavra hebraica que designava toda sorte de linguagem figurada: parábola, comparação, alegoria, fábula, provérbio, revelação apocalíptica, dito enigmático, pseudônimo, símbolo, figura de ficção, exemplo, motivo, argumentação, apologia, objeção, piada, entre outros. Esses textos, muitas vezes, querem nos contar que algo no cotidiano é mau ou bom. Dessa forma, as parábolas passam a não somente buscar na realidade fontes para as imagens usadas, mas também o conteúdo que se quer dirigir aos ouvintes.
Assim, dependendo da proximidade ou distanciamento dos ouvintes, leitores da realidade apresentada na parábola, maior ou menor seria o entendimento dessas historias. Por outro lado, a falta de ligação entre as imagens concretas apresentadas e a significação da parábola gera um livre entendimento, daí a alegorização livre, na qual as parábolas são vistas somente com base no sentido diretamente adquirido por quem a ouve ou lê.
Enfim, quanto mais ligados ao cotidiano das pessoas forem as palavras do primeiro plano usadas nas parábolas e quanto mais rápida for a assimilação dessas palavras no segundo plano – por possuírem essa ligação – tanto maior será a proximidade de sentidos e, consequentemente, mais direta será a interpretação da parábola.




(Artigo extraído do livro: "Dinheiro à luz da fé" do mesmo autor.)



Foto Denis Duarte
contato@denisduarte.com
Denis Duarte Especialista em Bíblia e Cientista da Religião.www.denisduarte.com

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

APRENDENDO A ORAR COM JESUS



Mt 6:5-15

INTRODUÇÃO

Jesus como Filho de Deus, era sabedor que antes de tudo, tinha um propósito a realizar em favor do homem. Tinha dentro de si um desejo intenso de falar com Deus, pois sabia que somente através da oração poderia estabelecer um elo com Deus pai. Alguém falou em determinado momento: "Deus dá maior valor à nossa oração e comunhão com Ele, do que qualquer serviço".  "Um dia sem oração é um dia sem benção, e uma vida sem oração é uma vida sem poder". O profeta Daniel preferiu passar uma noite com os leões do que passar um dia sem oração.

ORAÇÃO, UMA DEFINIÇÃO

Orar é estender toda a nossa incapacidade e a de outros, em nome do Senhor Jesus Cristo, perante os olhos carinhosos de um Pai que tudo sabe tudo entende, tudo acolhe e tudo responde. A Oração é a respiração e o suspiro do espírito humano por Deus.

A NECESSIDADE DA ORAÇÃO

A razão de todo fracasso, é a falta de oração. Para verificar isso, basta estudar a vida de Saul (no AT) e Judas Iscariotes (no NT). Estes homens não tinham o hábito de orar. Ou ainda, analisando as atitudes de alguns servos de Deus em que não oraram antes de tomar algumas atitudes. Abrão, antes de tomar por mulher Hagar, ou antes, de descer ao Egito. O apóstolo Paulo não orou antes da desavença com Barnabé por causa de João Marcos (Atos 15:36-41). A grande tragédia de Davi veio quando ele passeava sem oração no terraço da casa e viu a Bate-Seba. Citamos apenas alguns exemplos de homens dedicados a Deus. Contudo, em alguns momentos de vacilo, sofreram as conseqüências por não vigiarem em oração. Sendo assim, é bom que todo homem busque ao Senhor em oração em tempo de poder encontrá-lo, Salmo 32:6ª.

COMO SE DEVE ORAR

Um grande homem de oração, Jorge Müeller, descobriu que é melhor começarmos o dia pela leitura da Palavra de Deus, do que diretamente orar, ilustra isso da seguinte forma, pelos dois elementos necessários ao cilindro do automóvel, para produzir a explosão e a força resultante. O primeiro elemento é a centelha, o segundo o combustível. Ora, no coração do crente a centelha pode estar presente logo cedo; mas para que haja poder em oração, precisamos encher o coração do combustível da palavra de Deus. A leitura da Palavra de Deus em atitude humilde, e a meditação diária e planejada, resultam em fé, em poder, em vontade de orar. João 6:63: Mas a própria leitura da palavra devemos começar com uma breve oração, Salmos 119:18. Em oração devemos adorar ao Pai pelo o que ele é, Romanos 11:33. Devemos agradecer ao Senhor pelo que já fez por nós e por outros, Lucas 17:17-18. Devemos adorá-lo com louvores, Salmo 107:8. Achegando-se a Ele como filho, é preciso antes de tudo, termos na mente e coração, que Deus é também nosso próprio Pai querido. (Is 40:22ª; Rm 8:15. Gl 4:6.). Devemos ver a miséria do próprio coração e vendo a glória e a graça de Deus, assim curvando a cabeça e confessando o que somos. I João 1:9.

IMPEDIMENTOS À ORAÇÃO

O RANCOR constitui-se em um dos principais obstáculos a oração, pois o cristão deve aprender a liberar perdão e com isso o rancor, e isso só será possível, com a prática da oração. Mateus 6:14-15. O EGOÍSMO, muitas esposas querem a salvação de seus esposos, apenas para que haja mais alegria no lar. Contudo, deve lembrar-se que a principal razão deve ser a glória de Deus e resgate de outras famílias. Muitos pais oram por seus filhos, mais nunca levantaram a voz em favor dos filhos de seus melhores amigos, digo que tenham orado com fervor por eles, e isso é egoísmo, Deus quer que intercedamos pelos outros. Jó 42;10. Mt 6:10. A FALTA DE AMOR NO LAR, muitos homens que parecem anjos em público e demônios em casa, não sabem por que suas orações não são respondidas, esposas ciumentas e injuriosas, dadas a gênios e queixas, admiram-se quando suas orações não são respondidas, o mesmo acontece com filhos desobedientes. I Pe 3:6-7. MESQUINHEZ, o apóstolo Paulo alegrou-se com a igreja de Filipos ter repartido as suas finanças com ele. Fp 4;16. O apóstolo abençoou aquela igreja Fp 4:19 . Deus é grande doador e Ele derrama as suas melhores bênçãos sobre aqueles que não querem guardar nada para si. João 3:16; I João 3:17 e 22. Há ainda vários outros impedimentos: ingratidão, Rm 1:21; orgulho, Jó 35:12-13; vontade própria I Samuel 15:15:22-23.

CONCLUSÃO

O que produzia maior desejo e admiração nos corações dos discípulos eram as orações do Senhor Jesus. Lc 11:1. Se o Filho de Deus achou a oração necessária em sua vida, que lugar você acha que deve ocupar em nossas vidas? Devemos orar com persistência, as demoras de Deus não são negações. Cada dia chegamos mais perto da resposta. Lc 11:9.
Fortaleza - CE

CONHECIMENTO E VIVÊNCIA




Já dizia Confúcio que, conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la, e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela.

Não se vive de conhecimento. Saber quem é você, quem Deus é, e conhecer verdades profundas a respeito disso não garantem a vida de um coração. O conhecimento não sustenta uma alma se esta não passar pela vivência. E a vivência é o conhecer a Deus por meio do relacionamento com Ele, esse conhecer não é baseado em quantidade de informação bíblica ou certezas, mas aquele cujas palavras e verdade provocam mudanças até mesmo sobre as convicções mais firmes e cegas.

Depois de tanto tempo pedindo, buscando e batendo em todas as portas(1), estou farta desse conhecimento teórico (o qual eu mesmo me encontro inserida); farta desse conhecimento de Bíblia, mas de boca; farta dessa religião sem amor e sem obras.

Cansei de conhecer a Deus só de palavras e de ouvir falar, quero conhecê-lo de com Ele andar(2). Minhas mãos calejadas de tanto bater em portas sem nenhuma resposta me mostraram que, de fato, o conhecimento renovou a minha mente(3), me levou a porta certa, mas é somente a vivência com Deus que me permitiu entrar e não me deixa morrer.
Saber e conhecer a verdade, por mais coerentes que sejam não significam vivê-las. Mesmo que pareça. As dez virgens acreditavam e esperavam pelo noivo, mas somente cinco delas estavam preparadas, as demais, não foram reconhecidas pelo noivo quando a porta da festa se fechou(4), e acredito que essas, assim como muitos de nos, também eram cheias de certezas, convicções e verdades bíblicas. Termino esse texto com a proposta de Paulo para examinar-se o homem a si mesmo e constatar se realmente está na fé(5).

Busquemos a vivência com Deus enquanto a porta não se fecha, enquanto é dia.

(1)Mt7:7;(2)Jó42:5;(3)Rm12:2;(4)Mt25:1-13;(5)IICo13:5
Maringa - PR

COMO VIVEREMOS



Tenho pensado muito sobre o rumo que estamos tomando como sociedade e me pergunto aonde tudo isso vai nos levar. Estava lendo um artigo sobre a pós-modernidade, que descrevia algumas características do homem contemporâneo; citarei as três que mais me chamaram a atenção: 1) ele vive para as sensações, 2) não produz nada para a próxima geração nas áreas de arte, literatura e filosofia, ou seja, ele não gosta
de pensar, 3) constrói uma época da história, na qual o homem não tem perspectiva de futuro e está mais imoral.

Se prestarmos atenção nos detalhes do dia-a-dia, veremos essas características estampadas em nossa "molecada", através das programações de TV, fi lmes, músicas e a forma como os produtos são vendidos. Um exemplo que me chamou atenção foi uma propaganda de uma bebida que tem como sua frase tema: “O que você contará para seus netos?”. Uma propaganda que fala sobre curtir a vida, cada momento e cada nova sensação. Não que eu discorde de diversão, no entanto, não pode ser nosso único alvo de vida. Esse estilo de vida fundamentado em sensações projeta uma geração que não tem perspectiva de futuro, que não quer trabalhar, mas que quer ganhar o máximo em menos tempo.

Neste momento, as perguntas que estão gritando dentro de mim são: como meu cristianismo será relevante para uma geração com estas características? Quais serão os contra valores para essa geração e para o que ela tem vivido? Chego à conclusão que a grande questão será para quem voltarei com essas perguntas.

Creio que o convite de Deus hoje para nós é o mesmo que ele fez a Adão: caminhar com ele nos fi nais da tarde trocando experiências, ouvindo e perguntando, aprendendo através do relacionamento.

É bem provável que tenhamos que repensar muito da nossa forma de ver as coisas. Refletiremos para os outros exatamente a forma como vemos o cristianismo. Se para nós cristianismo é uma religião, refl etiremos um conjunto de crenças; se ele é uma doutrina, refletiremos um conjunto de regras...

Precisamos, outra vez, romper nosso medo de reconhecer que não sabemos as respostas certas e voltarmos para aquele que criou todas as coisas. Acredito que esta é uma boa oportunidade para levantar-nos como Igreja e co-criar com Deus uma linguagem contextualizada que alcance esta geração. Do contrário, realmente teremos uma geração com muitas histórias para contar, porém, que nada construiu durante toda a sua vida.
Termino com a palavra de Atos 2: 37b “O que faremos a vista destas coisas?”.
Petrópolis - RJ

O ANO PASSADO NÃO PASSOU

 
 
 
O ano novo chegou. É isto que dizem os calendários em seus diferentes tons e formatos vários anunciando aos quatros cantos que já estamos em 2011. Apesar deste apelo ainda sentimos o cheiro e a presença do ano passado.

Oa aumentos - alguns até abusivos - as contas a pagar, e algumas decepções, ainda estão presentes herdadas que foram do ano que recentemente se acabou. Fica dificil encerrar e esquecer 2010, pois quando menos esperamos ele aparece de alguma forma e nos toca com o seu ar de morto-vivo. Isto nos deixa entre divididos e assustados, mas é um fato: não temos como negar a sua presença.

Sempre quando penso nestas coisas me vem à mente um poema do meu poeta preferido e patrono na Academia Guaçuana de Letras, Carlos Drummond de Andrade. No poema "O ano passado", eis o que ele escreveu: "O ano passado não passou,/ continua incessantemente./ Em vão marcos novos encontros./ Todos são encontros passados./ As ruas, sempre do ano passado / e as pessoas também as mesmas / com iguais gestos e falas. / O céu tem exatamente sabidos tons de amanhecer / de sol pleno, de descambar /como no repetidíssimo ano passado./ Embora sepultos, os mortos do ano passado/sepultam-se todos os dias./ Escuto os medos, conto as libélulas,/ mastigo o pão do ano passado./ E sempre será assim daqui por diante: / Não consigo evacuar o ano passado".

Analisando bem, o ano passado não passou. Fizemos festas com muito barulho e fogos para receber o ano novo. Muito dinheiro foi gasto, mas na prática, continuamos convivendo com os fantasmas do ano passado. O inicio de um ano, na verdade, é cheio de expectativas e nos convida a reflexões - principalmente quando há mudança de governo. Isto é um fato inegável, e muitos aproveitam para vender a ideia de que um novo ano significa vida nova, vida melhor. E outros fazem votos e promessas nessa época, mas depois se esquecem, pois percebem que tudo continua igual ou até pior. E tem a "indústria" das previsões com os videntes de plantão ocupando os meios de comunicação com suas previsões mais obvias e mais "previsíveis" que chegam a arrancar algumas gargalhadas. E por aí vai... E tem gente que assiste essas coisas, acredita e até se emociona! Esses videntes são os herdeiros intelectuais do famoso Nostradamus que estão espalhados por aí à caça de fama e dinheiro explorando a boa fé de milhões de incautos.

E vivemos nessa busca, nessa luta acreditando e renovando as esperanças em todo inicio de ano. Os fogos de artifício, os abraços, os votos de feliz ano novo fazem parte desta festa e marcam o momento. Tudo isto é válido e às vezes até mexe com o emocional da gente, mas não devemos nos esquecer dos compromissos assumidos no ano passado que estão pendentes e sempre presentes. Afinal, na verdade o ano passado não passou, pois a vida continua e ela é a soma de todos os anos, bem ou mal vividos.
Para finalizar, vamos relembrar as palavras do nosso grande poeta: "E sempre será assim daqui por diante: Não consigo evacuar o ano passado". (Carlos Drummond de Andrade )