FICAMOS ALEGRES COM SUA VISITA

ESPERAMOS, QUE COM A GRAÇA SANTIFICANTE DO ESPIRITO SANTO, E COM O DERRAMAR DE SEU AMOR, POSSAMOS ATRAVÉS DESTE HUMILDE CANAL SER VEÍCULO DA PALAVRA E DO AMOR DE DEUS, NÃO IMPORTA SE ES GREGO, ROMANO OU JUDEU A NOSSA PEDRA FUNDAMENTAL CHAMA-SE CRISTO JESUS E TODOS SOMOS TIJOLOS PARA EDIFICACÃO DESTA IGREJA QUE FAZ O SEU EXODO PARA O CÉU. PAZ E BEM

AGRADECIMENTO

AGRADECEMOS AOS NOSSOS IRMÃOS E LEITORES, POR MAIS ESTE OBJETIVO ATINGIDO, É A PALAVRA DE CRISTO SEMEADA EM MILHARES DE CORAÇÕES. PAZ E BEM

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

PARA GANHAR AS VEZES É NECESSÁRIO PERDER

Eu assisti a um filme muito bom, que me fez refletir nas escolhas que fazemos e de como essas escolhas podem influenciar para sempre nas nossas vidas e na vida de muitas outras pessoas que estejam ou estarão próximos de nós.

Tomar uma decisão, geralmente será muito complicado e difícil para quem normalmente
reflete nos passos que toma na vida; O viver de hoje nos faz está constantemente frente a decisões, pois são tantas demandas nesse mundo capitalista que vivemos e que por ser muito capitalista nos leva sempre a refletir bastante antes das tomadas decisões, pois a qualquer escolha errada, pode custar uma vida de sucesso, pode nos levar a uma fila de emprego, pode nos fazer morar em uma favela, pode nos tirar a vontade de viver...

Como é difícil caminhar sem ter um "mapa" da vida para nos guiar qual caminho certo, qual escola colocar os filhos, qual curso superior cursar, qual profissão seguir, qual igreja ir, qual mulher ou homem certo para casar, qual método de educação usar na criação dos filhos?


Acredito que nós somos frutos de nossas escolhas, pois Deus, ao criar o mundo, deu de presente ao ser humano a livre escolha, o livre arbítrio de seguir o que quiser, andar por onde quiser, comer o que quiser, casar com quem quiser, viver sozinho ou acompanhado, viver ou morrer...


Tudo está em nossas mãos, tudo que possamos ser está nas nossas mentes; Os cemitérios estão lotados de
Picassos que não quiseram pintar, temos muitos Robertos Carlos que não quiseram cantar, temos muitos filósofos que não quiseram filosofar, temos muitos professores que não quiseram ensinar, temos muitos de um tudo, que optaram por não escolher determinados caminhos.

Fazer escolhas para mim é como fechar os olhos e andar no escuro o tempo todo sem ter a certeza que o próximo passo vai se firmar em algo; Fazer escolhas é andar em fé acreditando que algo vai acontecer de bom ou de ruim.


Nossas escolhas irão determinar muito do que seremos e de como viveremos.


Nesse filme que assisti o
ator teve que tomar uma decisão muito complicada, e no caso dele foi De-Cisão mesmo, pois ele teve que decepar parte do próprio braço para poder sobreviver e sair da situação difícil ao qual se encontrava, ele teve que perder, para poder ganhar a sua vida.

Quantos de nos muitas vezes temos que cortar algo que vai doer e muito em nós para poder dar continuidade da vida, quantos de nós vai ter que abdicar de coisas que são tão importantes que chega a parece essencial à vida, como um braço?


Decidir perder é uma atitude muito difícil, mas muitas vezes na vida temos que admitir que perdemos para dar novos rumos a nossa vida; Admitimos que perdemos para poder ver o nascimento do novo. No filme, um dos motivos que levou o personagem a cortar o braço, foi a esperança de ter um filho de ter uma família e de ter uma nova etapa de sua vida.


Consegui ver muita coragem na vida desse personagem em reagir a sua situação, e uma
reação que o levou a derrota, a perca, mas que concomitantemente o levou a vida, a família, a novos rumos.

Acredito que esse dom que Deus nos deu, é um dos melhores presentes que um pai poderia ter dado, o dom da escolha, da liberdade; Temos a livre escolha de poder continuar sofrendo, se sentindo coitado, continuar batendo na mesma tecla, nadar, nadar e morrer na praia, tudo isso faz parte do presente, faz parte do livre arbítrio.


Mas também vem no pacote de presente a liberdade de mesmo sentindo dor, chorando, gritando, lutando, buscar uma mudança, iniciar um novo capítulo, ainda que envergonhado com a dor da perda, ainda que frustrado com as expectativas que teve, ainda que humilhado, mas com o entendimento que são minhas escolhas que me levam a onde eu estou.


O nome do filme que assisti chama 127 horas, mas que poderias se chamar, pelo aprendizado que ele expressa: Minha vida, minhas escolhas. Paz e bem


Fonte: Luiz C Gomes

A ALEGRIA PELOS RESULTADOS.........

Todos queremos realizar coisas. Todos queremos ver frutos. Todos queremos que as coisas aconteçam, que haja transformações e que vejamos os resultados de nosso trabalho. Todos. Não conheço ninguém que não goste disso.

Jesus nunca nos advertiu para que não nos alegrássemos nisso. Mas nos ensinou a colocar as coisas no lugar certo.


Se não entendermos bem isso o resultado será impessoalidade no que fazemos. Impessoalidade gera morte, rotina. Impessoalidade gera stress. Impessoalidade gera fuga de nós mesmos. Impessoalidade é a morte de nossas relações com o Eterno Deus.


E essa morte implica a não percepção do Amor.


No Evangelho de Lucas, capítulo 20, versículo 10 vemos o seguinte:


"Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus"


Os discípulos estavam alegres porque invocavam o nome de Jesus e tinham resultados. Eram bons no que faziam. Estavam vencendo. As coisas estavam tendo resultados. Eles estavam crescendo, fazendo, se alegrando com os frutos de suas atividades. Mas Jesus os adverte.


A fim de reparar os danos que a necessidade de aprovação distorcida causa, precisamos entender bem as coisas.


Jesus os ensina que o que importa em primeiro lugar não são os resultados, mas os relacionamentos. Ter o nome escrito nos céus é ter o nome envolvido em um relacionamento; e esse com Deus.


O relacionamento nos faz existir e sentir o Outro. Sentir seu calor e sua admiração pela vida humana. Se focarmos apenas os resultados nos fazemos do Outro um objeto.


Nós tentamos manipular o Sagrado.


Jesus nos ensina que a relação precede a ação. Mas se a ação não for resultado da relação ela se torna rapidamente em rebelião.


A partir daí, o que fazemos começa a ser, não o efeito de um Abraço, nem o manter-se nesse Abraço, mas a procura desolada por esse Abraço.


Jesus diz aos seus discípulos que eles deveriam se alegrar, mas deveriam se alegrar pelas idéias nos lugares corretos.


E na visão de Jesus a ordem correta é relacionamento que implica envolvimento, isso sugere ação, e a ação transforma.


Isso deve nos alegrar. É um conjunto onde o que deve vir primeiro não é a alegria absoluta pelos resultados, mas pelo relacionamento com Jesus Cristo, o Senhor da Alegria.


Se a gente entender isso creio que ficaremos menos adoecidos, não focaremos de maneira distorcida a realidade. Assim faremos de nossas atividades o exercício do prazer relacional, e não ativismo sem sentido e desintegrante.


Esse relacionamento deve ser semelhante ao amor conjugal onde na entrega dos corpos nascem os frutos do amor no tempo certo. E nossa alegria deve envolver tanto o amor como os frutos. Mas nessa ordem e não o inverso.

O PECADO HEDIONDO DA INVEJA

Provérbios 27:4 - "O furor é cruel e a ira impetuosa, mas quem poderá enfrentar a inveja?"

A inveja é um dos mais antigos sentimentos do universo , pois foi por inveja de Deus que Lúcifer se rebelou, contra a ordem estabelecida, foi no jardim do Éden que a inveja fez sua primeira vítima no meio humano.


A Bíblia nos faz sérias advertências sobre o pecado de inveja, como Cristão louvo a Deus pois este é um pecado que não levo a Jesus, entretanto tenho de dizer como disse o salmista no Salmos 37:1- "NÃO te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade." Este é um texto prático para o Cristão, mas os mentirosos, aqueles de coração maligno que muitas vezes por inveja de nosso simples modo de vida, inventam meios de nos perseguir dizendo que estamos com inveja de seus modos pecaminosos de vida.


Provérbios 24:19 - "Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos ímpios"


Mas como Satanás é o pai da mentira então devemos deixar claro que só um estúpido teria inveja de uma fortuna feita em cima de roubos, assassinatos e outras coisas, mais o que realmente está por trás de tudo ? não é de nossa parte existe tal sentimento, mas dos invejosos.


Se fosse para ter inveja de alguém teria inveja de Moisés, Elias, Paulo, Francisco de Assis,  e outros servos de Deus, cujo relacionamento com Deus foi de extrema importância para a humanidade. Provérbios 14:30 - "O sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos."


Inveja vem seguido do desejo destruidor da existência do outro, a pessoa dotada de inveja vai mentir, difamar,caluniar, levantar falso testemunho contra o ser portador de seu ódio, neste caso fico muito feliz com meu Deus, pois não há um único ser humano na face do universo infinito por quem eu nutra tal sentimento ou tenha feito alguma destas coisas, de tudo o que tive que escrever e dizer posso oferecer provas documentais e testemunhais, na hora que for preciso. Ezequiel 31:9 "Formoso o fiz com a multidão dos seus ramos; e todas as árvores do Éden, que estavam no jardim de Deus, tiveram inveja dele."


Mas uma coisa que se nota nos servos da inveja, é que eles gostam de fazer o mal sem esperar conseqüências ou que a lei do retorno não os atinja, vejamos o que diz sobre isto o Pregador:


Eclesiastes 4:4 - "Também vi eu que todo o trabalho, e toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo. Também isto é vaidade e aflição de espírito."


Porque eu deveria ter inveja de cargos e funções publicas, ocupados por ímpios e malfeitores, se tenho o eterno e imutável chamado de Deus para a vida eterna? Porque invejar o que tem fim e limitado, quando possuo o que não tem fim e nem limites? Enganam-se os servos de Satanás, não há lugar em meu coração para ódio, mágoa de quem quer seja, sou servo de Deus, nunca inventei de ser crente ou evangélico, fui chamado por Deus para isto e até aqui o Senhor tem dado provas disto. Atos 17:5 - "Mas os judeus desobedientes, movidos de inveja, tomaram consigo alguns homens perversos, dentre os vadios e, ajuntando o povo, alvoroçaram a cidade, e assaltando a casa de Jasom, procuravam trazê-los para junto do povo."


Deus sonda os corações e conhece as mentes e pesa os sentimentos, Ele trará a juízo todas as coisas, inclusive as ocultas, vejamos Ezequiel 35:11- "Portanto, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que procederei conforme a tua ira, e conforme a tua inveja, de que usaste, no teu ódio contra eles; e me farei conhecer entre eles, quando te julgar." Desta forma fica claro que nem um servo de Deus pode ou deve nutrir sentimentos invejosos ou a isto ligado.


O dinheiro dos ímpios não me interessa, sua posição no que chama sociedade, não me interessa a única coisa que me interessa é dizer-lhes o quanto Jesus os ama e que lhes da o verdadeiro valor, que nada neste mundo pode se comparar, que é a vida eterna em Cristo Jesus o único Senhor e Salvador da humanidade. I Timóteo 2:5 - "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem."


Não importa quanto dinheiro você tenha, isto não vai torna-lo um filho de Deus, não importa qual seja o seu sobrenome ou sua posição na escala social, isto não vai fazer de você um filho de Deus, não importam quantos títulos acadêmicos você possua, isto também não lhe torna um filho de Deus só há uma coisa que pode lhe tornar um filho de Deus, vejamos: João 3:18 - "Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus."


João 1:12 - "Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome." Só e somente crendo em Jesus Cristo, você pode ser considerado um filho de Deus, no mais, religião não salva, dinheiro não salva, só Jesus Cristo, através da graça, por meio da fé que é um dom de Deus. Efésios 2:8-9 - "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie." Nisto creio e isto vivo. Paz e bem


Fonte: Luiz C Gomes 

O BOM SAMARITANO E JESUS

Os judeus devem ter morrido de ódio quando Cristo disse que não tinha visto fé tão grande em Israel quanto a de um Centurião Romano que veio lhe pedir ajuda. Isto é, seria semelhante a dizer para um Umbandista que não se viu fé tão grande no Brasil inteiro quanto a dele. Se Cristo dissesse isso no Brasil, o matariam de novo sem acreditar que de fato o mesmo pudesse ser Cristo. Eu acredito que sem sombras de dúvidas, os outros personagens da parábola são análogos, hoje em dia, a Pastores e Padres, diáconos, e todos os títulos evangélicos e católicos que não caberiam aqui. É análogo a qualquer líder espiritual de qualquer religião que seja intolerante e portador de ódio a quem não é igual a ele. Vale ressaltar antes que queiram xingar-me, que tenho uma boa lista de Padres e Pastores que admiro.

Mas, voltando ao assunto, o interessante também foi o fato de que Cristo que tinha acabado de ter sido rejeitado na Aldeia
samaritana ao passar por ela com intuito de tentar pregar, mesmo assim Cristo coloca um samaritano como protagonista de bondade em sua parábola, e isso, mesmo sabendo que samaritanos tinham cultura idólatra oriundas das influências babilónicas e árabes do nascimento deste povo. Outro detalhe é de que seus discípulos perguntaram, com mania de mandinga gospel, se Cristo queria que eles pedissem que caísse fogo dos céus. Ódio semelhante que vejo no meio Cristão evangélico. Alguém já viu por aí em jornais notícias de que pastor e seus adeptos invadiram Centros de Um banda ou Candomblé e quebraram tudo? Bom, eu já vi! A resposta de Cristo foi doce e apaixonante, ele disse que veio para salvar e não destruir. Quanto carinho aos que o tinha negado!

Lucas 9:53-56: "53- Mas não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém.54- E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? 55- Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. 56- Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia."


Tal povo tinha práticas abomináveis para a religião que Cristo seguiu: o Judaísmo. O que me faz rir, tamanha a ironia, foi Cristo fazendo um Escriba, equivalente nos dias de hoje a um teólogo fundamentalista, admitir que o bom da história foi quem ele, o Escriba, abominava: um Samaritano!


Simplesmente demais! Ainda disse para o Dr. da Lei da Escrituras para ir e prosseguir de tal modo, isto é, imitar o samaritano! Tenho certeza de que se ateus, budistas, cientistas ou qualquer grupo social que seja, não tivesse ido com a cara de Cristo naquele dia, Cristo teria usado como exemplo de bondade, teria sido
protagonista de bondade e amor na parábola. Dizendo que bondade não depende de ser participante de grupo social, classe social, religião, que com crença ou sem crença, com poder ou sem poder aquisitivo, sim, a bondade pode vir de qualquer pessoa não dependo desses rótulos. A bondade é inerente ao ser humano e não a etnia, gênero sexual, crença ou não-crença. Paz e bem



Fonte: Luiz C Gomes

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

NO TERCEIRO DIA

Viva a Nova Páscoa em sua comunidade
POR PE. MÁRIO FERNANDO GLAAB
Existem pessoas que sempre lamentam a situação em que a humanidade se encontra. Esses lamentos se fazem mais clamorosos de tempos em tempos, especialmente em épocas de transição e de dificuldades maiores.
Não é por acaso que o ano litúrgico, no seu início e no seu fim, trata também de questões semelhantes. Para os leigos no assunto, os textos que a liturgia da Palavra apresenta nesses períodos, falam do fim do mundo. E, usando um modo estranho para a nossa concepção atual, apresentam cenas catastróficas: é o estilo apocalíptico. No fundo, no entanto, o que se quer destacar com isso é a salvação que vem de Deus para os que seguem a Jesus Cristo em qualquer momento.
O mundo hoje, como, aliás, também em outros tempos, não vive conforme as regras estabelecidas pelos “bons”. Parece que os maus e as suas obras ruins estão tomando conta de tudo. Não tem mais saída. Do jeito como está somente uma intervenção do alto pode solucionar o que os homens não conseguem mais ajeitar. Deus, sob o ângulo dos “bons”, virá com castigos para os maus. Os “bons” deverão se proteger para não serem arrastados com as calamidades que se precipitarão sobre o mundo dos homens. O melhor é não se envolver com as impurezas que assolam a realidade dos humanos. Assim, o pequeno número dos que vivem na pureza se angustia apenas em pensar no mundo que os rodeia. Estão no mundo impuro, mas sempre com saudades de outro mundo, longe desse que está cheio de perversos. Os “bons” pensam que possuem fé; mas essa, quando é vista com mais atenção, não é a mesma ensinada e vivida por Jesus de Nazaré. É mais uma relíquia histórica do que virtude teologal. Relíquia porque satisfaz necessidades do além; e histórica no sentido de já ser algo do passado.
As pessoas que agem dessa forma não estão conscientes de que para se chegar ao mundo novo é preciso passar pelo mundo atual. Jesus de Nazaré não saltou para o terceiro dia sem passar pelos “três dias”. Ele foi até o fim, assumindo a cruz e morte, próprios de todo ser humano. Os “três dias” podem muito bem significar o período das provações, tanto para Jesus quanto para qualquer ser humano. As provações certamente continham grandes dificuldades para Jesus, assim como as contém para quem quer que seja, também hoje. Ele, Jesus, derramou todo o seu sangue e confiou a Deus o seu futuro, como também o projeto de sua ação – a implantação do Reino de Deus. O terceiro dia – dia da Ressurreição – pode ser chamado de “dia D”, pertence a Deus. Essa era a convicção que lhe deu tanta confiança. Onde está esse terceiro dia para os cristãos de hoje?
Seguindo a lógica parece que o dia da vitória é o dia da derrota dos maus e da premiação dos “bons”. Tudo está levando a crer que os maus e os “bons” estão forçando a consumação. Pouco tempo resta. Os maus são cada vez piores; e os “bons”, cada vez melhores (pois não se contaminam com as maldades, vivem em pequenos grupos onde rezam, se benzem, dão esmolas…)! Mesmo que Deus não queira, vai ter que agir. Esquece-se, no entanto, que quando Jesus confiou totalmente a sua vida e a sua causa nas mãos de Deus, ele não fugiu da realidade de um mundo cheio de maldades. E que o terceiro dia não foi forçado; era o dia de Deus. Também hoje, ninguém pode forçar nada: o único caminho a ser seguido é o do compromisso com a transformação do que está corrompido; o resto fica nas mãos de Deus. Ele saberá “criar um novo céu e uma nova terra”, onde não haverá mais “bons” e maus, mas somente os que confiam em seu amor que é eterno.
Portanto, que ninguém queira antecipar o terceiro dia. Ele pertence a Deus e não será como o ser humano possa imaginar, mas somente a consumação plena de seu amor, que saberá perdoar e recompensar cada gesto sincero e confiante, mesmo que limitado, do amor humano.
 e. Mário Fernando Glaab é Mestre em Teologia Dogmática, Professor de Teologia no Instituto de Filosofia e Teologia Santo Alberto Magno e Pároco da Paróquia N. Sra. de Fátima, União da Vitória/PR.
Contato: marioglaab@yahoo.com.br

UMA ESCOLA DE VIDA

Fique atento às lições que a Bíblia traz
 POR MARGARIDA HULSHOF
 Ninguém duvida de que a Bíblia é um livro extraordinário e único por ser a Palavra de Deus revelada aos homens. Por isso mesmo, é o livro mais impresso e mais lido em todos os tempos.
Talvez seja justamente a consciência de sua importância que nos impede, às vezes, de olhar para ela com a simplicidade de coração que, segundo Jesus, é condição para compreender a mensagem divina (Mt 11,25). Com frequência permitimos que os “ouvidos do nosso coração” sejam bloqueados por interferências como:
1. Incompatibilidades aparentes (não reais!) entre a Bíblia e a Ciência ou a História;
2. Tentativas de amoldar sua mensagem a esta ou aquela ideologia;
3. O erro de considerá-la mero relato de histórias passadas, que nada têm a ver conosco;
4. O perigo de uma leitura fundamentalista que nos leva a absolutizar a língua e os termos, esquecendo que a mensagem não é a mesma coisa que a sua expressão, e que a boa compreensão exige uma adequada “tradução” para a linguagem de quem ouve.
 Estamos cientes da importância da intimidade com a Bíblia e do seu uso como “ferramenta de trabalho” em todos os setores da Igreja, mas muitas vezes esquecemos a finalidade essencial da Palavra de Deus, que é transformar a nossa vida.
 Na verdade, a Bíblia é uma escola. Tudo o que aconteceu aos antigos, aconteceu para nossa instrução (1Cor 10,11; Rm 15,4). Muito mais do que leis, crônicas, orações e profecias, a Bíblia contém a experiência do relacionamento de um povo (que representa toda a humanidade) com seu Criador: a experiência do dom gratuito da vida, do pecado e do arrependimento, da miséria humana e da misericórdia de Deus, da infidelidade humana e da fidelidade de Deus. “Eu te instruirei e te indicarei o caminho a seguir, conservarei meus olhos sobre ti e serei teu conselho” (Sl 32,8).
 Um caminho a seguir
Por meio dos acontecimentos bíblicos vamos aprendendo que Deus ama, mas por isso mesmo nos deixa livres e permite que sejamos atingidos pelas consequências de nossas escolhas. Ele não nos impede de fazer o mal, nem mesmo em seu nome (daí as famosas “violências em nome de Deus” que escandalizam alguns leitores da Bíblia), mas nos oferece sempre o seu auxílio e orientação, e nos resgata do fundo do poço sempre que lhe pedimos socorro. Com isso aprendemos não que Deus é mau ou inconstante, mas que nós somos lentos para compreender e fracos para agir; e que tantas vezes formamos ideias erradas a respeito dele e tentamos manipulá-lo segundo nossos interesses e culpá-lo por nossos erros. Tudo isso nos revela que precisamos de Deus, e que só nele – e seguindo o caminho que ele nos indica – podemos encontrar a verdadeira felicidade.
Motivando
Para todas as situações de nossa vida a Bíblia tem resposta. Na caminhada do povo hebreu reconhecemos nossa própria caminhada, pois os dilemas humanos são os mesmos em todos os tempos, e a Revelação de Deus se destina a toda a humanidade. Também nós, hoje, somos um povo a caminho, guiados pelos Pastores e intérpretes que Cristo colocou à frente da Igreja, Povo Eleito da Nova Aliança. Fortificados pela comunhão fraterna na comunidade, seguimos confiantes em meio aos inimigos e perigos que, hoje, não são nada menores que os de ontem, rumo à Terra Prometida do Reino de Deus, que já está entre nós, mas precisa ser constantemente conquistado, ampliado e defendido enquanto durar este mundo.
 Margarida Hulshof é Escritora, Tradutora e Revisora, Autora de diversos livros, dentre eles: “Conversando sobre a Fé”, pela Editora Santuário. Atualmente escreve para a seção RESPONDENDO AOS LEITORES do Jornal O Lutador, de Belo Horizonte/MG.

CAMINHO DO ENTENDIMENTO

Saiba que as parábolas revelam os mistérios sobre o Reino de Deus
 POR PE. FRANCISCO ALBERTIN
 Jesus “ensinava muitas coisas por meio de parábolas” (Mc 4, 2; Mt 13, 3). Afinal, o que é uma parábola? A palavra vem do grego paraballo: para significa “lado a lado” e ballo “colocar, jogar”. A tradução poderia ser “colocar lado a lado”, no sentido de comparação. Essa palavra grega é traduzida do hebraico: mashal, no sentido de “provérbio”, dito sapiencial, charada, enigma, etc. Simplificando: parábola “é uma comparação onde se usa fatos ou histórias bem conhecidas para que o ouvinte, com a sua participação e a sua experiência, possa descobrir algo desconhecido (…). Assim, a parábola nasce da vida, da experiência diária”[1].
 Explicando
Jesus tinha um jeito especial e carinhoso de explicar ao povo simples e aos discípulos os segredos e os mistérios de seus ensinamentos sobre o Reino de Deus ou dos Céus. Para isso, utilizava muitas parábolas. Ocorre que, por detrás de cada uma delas, bem como dos fatos e histórias simples da vida do povo, há um segredo, um ensinamento, em que o ouvinte deve descobrir o que está oculto e qual é a mensagem principal, assim como o que Jesus quis dizer com aquela parábola e o que ela diz para a minha vida, para a comunidade.
Diante de uma parábola, o que surpreende é a interpretação aberta e livre, mas também a reação de algumas pessoas, dentre elas os chefes dos judeus que entendem que Jesus havia contado uma parábola contra eles (Mc 12, 1-12), e também a dificuldade em entendê-las, quando os próprios discípulos pedem: “Explica-nos a parábola do joio” (Mt 13, 36).
6 orientações importantes sobre as parábolas
1. O contexto em que foi contada e qual era o objetivo de Jesus com aquela parábola;
2. A quem Jesus dirige a parábola: aos discípulos, às multidões, ou aos dois juntos, aos chefes dos sacerdotes, anciãos do povo, fariseus, doutores da Lei, alguém, etc. Esses podem, entretanto, nos dar pistas de como interpretar e entender o seu significado;
3. Observar como começa a parábola, seu desenrolar e seu fim. Fazendo isso, fica bem mais fácil entender o ensinamento de Jesus:
 “O Reino dos Céus é como (semelhante)…” (Mt 13, 24-30.31-32.33.44-46.47-50; Lc 13, 18-22; etc.);
4. Para mostrar a necessidade de rezar sempre e nunca desistir (Lc 18,1-8);
5. Algumas vezes, é contada para responder a uma pergunta anterior ou controvérsia, e até mesmo um ensinamento posterior. Nesse caso, não se pode ler só a(s) parábola(s) em si, mas o que vem antes e depois (Lc 10, 25-37; Mt 21, 23-22,14; etc.);
6. Estar atento(a) às parábolas que estão em bloco. Diante dos cobradores de impostos e pecadores e dos fariseus e doutores da Lei, há três parábolas que expressam a misericórdia de Deus: a da ovelha perdida (Lc 15, 3-7), da moeda perdida (Lc 15, 8-10) e a do filho pródigo (Lc 15, 11-32). Da mesma maneira, há três outras parábolas que expressam a importância da vigilância ou de uma espera ativa: a do servo fiel (Mt 24, 45-51), das dez virgens (Mt 25, 1-13) e a dos talentos (Mt 25, 14-30);
Para entender as parábolas de Jesus, portanto, Ele mesmo nos dá a dica: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes essas coisas aos sábios e inteligentes, e a revelaste aos pequeninos” (Mt 11, 25). E o segredo maior está na sequência desse texto (Mt 11, 25-30). Afinal, o que devemos aprender com Jesus? “Quem tem ouvidos, ouça!” (Mt 13, 9).
Pe. Francisco Albertin Ferreira é Mestre em Ciências da Religião, Escritor e Autor de vários livros, dentre eles: “Explicando o Antigo Testamento”, “Explicando o Novo Testamento”, “Explicando as Cartas de São Paulo”, pela Editora Santuário. Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo, em Poços de Caldas/MG.
Contato: franciscoalbertin@yahoo.com.br

RAÍZES PROFUNDAS

Amplie os conhecimentos sobre a História da Igreja e aplique em sua atividade pastoral
 POR LUIZ SANTINÁCIO
 A Igreja, nossa Mãe e Mestra: sua história e ciência como todas as ciências, a História tem suas especificidades, trabalha  com formas de raciocínio próprias, tem seus limites e também suas  exigências.
Para começar a entender os aspectos que dão à História da Igreja o seu  caráter científico é fundamental estabelecer a diferença entre o  verdadeiro trabalho historiográfico e o que não passe de simples juízo  de valores sobre determinado tempo.
Vamos pensar na Igreja do tempo apostólico. A que conjunto de  acontecimentos pertencia a ideia do “ser cristão”? Certamente, aos  seguidores do “caminho”. E a quem interessava a difusão dessa ideia?
Eis a diferença! Não se trata apenas de opinar ou julgar. O trabalho  do historiador é localizar e compreender historicamente cada  acontecimento, de buscar entender por que as pessoas de determinada  época agiam dessa ou daquela maneira e, finalmente, contribuir para a  formação de valores e de uma cosmovisão eclesiológica mais crítica e  abrangente.
O conhecimento  histórico é o resultado de uma tentativa de reconstrução dos fatos  passados a partir de fontes históricas disponíveis. É o  pensamento de hoje buscando alcançar o modo de pensar e de viver de  outros tempos, de outros povos e outras culturas.
O conhecimento histórico é dinâmico. Modifica-se, reestrutura-se a  partir de novas descobertas, do aparecimento de novos documentos e até  mesmo de novas formas de ler os documentos já conhecidos. Não é possível recuperar a verdade do passado; apenas montam-se  hipóteses com base nas informações que as fontes históricas oferecem. 
Do mesmo modo, não se podem resgatar todas as experiências humanas  vividas. Primeiro, porque muitas não foram registradas; segundo,  porque a quantidade de assuntos a serem estudados seria muito grande.
Ao iniciar, vem à mente os Padres da Igreja, que foram os teólogos da  antiguidade. Eles constituem toda uma galeria de grandes homens de fé,  cuja palavra e cujos escritos geraram um pensamento cristão, uma  história cristã e católica, no sentido mais universal e mais  abrangente. Todo esse pensamento ficou como qualquer coisa de básico  para os séculos posteriores. Não são todos os Santos antigos, que  foram numerosos, paradigmáticos e deram vigor e afirmação ao  cristianismo nascente, mas nem sempre legaram à posteridade um  patrimônio doutrinário.
Historicamente, o título de Padres foi dado inicialmente aos bispos,  às vezes também aos ascetas, que nos desertos ofereciam uma palavra  espiritual, geradora de vida, aos que os procuravam. A partir do  século IV, recebiam o apelativo de Padres da Igreja os pastores e  mestres que tomaram parte no Concílio de Niceia e personificavam o  princípio da tradição, como anteriormente os anciãos do judaísmo.
 4 características situam a figura do Padre da Igreja
1. Ortodoxia doutrinária; 
2. Santidade de vida;
3. Reconhecimento ao menos indireto, por parte da  Igreja;
4. Antiguidade.
Tal conceituação tornou-se clássica. A ortodoxia não é preciso  entender-se de modo que exclua posições errôneas em tais ou quais  pontos, sendo antes uma orientação geral dos escritos, em consonância  com o depósito genuíno da fé. Assim, segundo os Concílios de Trento e  do Vaticano I, o acordo comum dos Padres é critério normativo na  interpretação da Sagrada Letra, mas lembrando Pio XII, na encíclica  Divino Afflante Spiritu, as interpretações pessoais dos Padres não  gozam dessa normatividade, pois eles não foram apenas representantes  do magistério eclesiástico em condições históricas de maior  proximidade com as fontes e de decisividade em questões basilares, mas  também teólogos com suas perspectivas pessoais.
A aprovação da Igreja se manifesta às vezes expressamente; outras  vezes consistindo no fato de virem citados determinados escritores, de  maneira honrosa, em Concílios e Documentos oficiais; podendo, enfim,  ser uma aprovação apenas implícita. A antiguidade é uma característica também um tanto indefinida. Se há  uma distinção de fases nessa História, situa-se entre o tempo  apostólico e toda a era pós-apostólica.
 Primeiro período: a Igreja  está sendo constituída, da mesma forma que a recepção das verdades  reveladas.
Segundo período: cresce a Igreja como crescem o conhecimento, a  assimilação e a difusão das verdades, sob a guia do Magistério;  assistida pelo Espírito Santo. A esta fase pertencem os Padres, por  privilegiada que tenha sido sua condição de pioneiros.
Costuma-se dividir a História dos Padres em três períodos:
1º.  Das origens até o Concílio de Nicéia, em 325 d.C.;
2º. A chamada “idade áurea”,  que vai desde então ao Concílio de Calcedônia, em 451 d.C.;
3º. O declínio,  daí aos séculos VII-VIII.
O período das origens interessa mais à crítica, por ser o dos  primeiros testemunhos da fé tradicional na divindade de Cristo e na  Trindade, e o das estruturas mais antigas da Igreja. Abrange os  chamados Padres Apostólicos, que tiveram relações mais diretas com os Apóstolos: Clemente Romano, Inácio de Antioquia, Policarpo, Papias;  sendo do mesmo tempo o escrito denominado Didaqué. Além disso,  pertencem a esse período os autores seguintes do século II, que  redigiram escritos apologéticos e anti-heréticos: Justino, Atenágoras,  Irineu e os que fizeram, do fim do século II ao início do século IV,  os primeiros ensaios de sistematização doutrinária: Orígenes, Tertuliano, Hipólito.
No segundo período inscrevem-se os principais autores, desde Santo  Atanásio a Santo Agostinho. Tempo das obras mais importantes e das  formulações doutrinárias basilares. O título de período de declínio não se afigura bastante justo para  designar a era pós-calcedonense, pois inclui diversos Padres de  primeira grandeza, apenas menos numerosos do que os anteriores.  Estabelecem um traço de união entre o mundo antigo, greco-romano, e a  cristandade derivada dos povos bárbaros, os quais começam a ser  educados sob o impulso primordial de São Gregório Magno.
Graças a essa História, feita por homens iluminados pela Sabedoria  incriada, a Igreja continua sendo “o sal da terra e a luz do mundo”, à  luz do próprio Cristo, no Espírito Santo.Seria uma presunção triunfalista admitir a plena significação da frase  acima? Seria temerário pensar que o Cristo escolheu alguns no meio da  multidão para encarregá-los de ser o sal da terra? Não será, ao  contrário, arriscado por em dúvida o aviso do Senhor de que, se o sal  perder a força do comunicar o seu sabor, a terra inteira será  insípida? Poderia não ser presunção, poderia não ser temerário,  poderia até, não ser um risco de avaliação inadequada, admitir que a  atribuição evangélica a alguns de ser o sal da terra estaria, hoje,  encerrada, se essa atribuição fosse baseada nas qualidades humanas dos  investidos e não uma tarefa ou missão conferida pelo próprio Cristo a  eleitos e ordenados, como portadores qualificados de sua mensagem.
Luiz Santinácio é Professor de Línguas e Literaturas, Tradutor,  Escritor e Poeta. Autor de “Simbolismo, uma estética poética – A vida, uma estética simbólica”, entre outros. Reside em Cascais, Portugal.

JOSÉ PROFÉTA

Profetizar e evangelizar é promover a libertação integral do ser humano
POR PE. ALFREDO J. GONÇALVES, CS
De uns tempos para cá, os profetas estão fora de moda. Prevalece o espetáculo recheado de câmeras, holofotes e microfones. Em tempo de mídia, a visibilidade do fantástico ganha terreno sobre o silêncio da semente e do fermento. Com frequência se confunde mudança com show ilusionista, profusamente iluminado e ruidoso, com luzes, sons e imagens. José Comblin viveu, lutou e morreu para mostrar que a profecia continua viva e ativa. E que o Evangelho só é Boa Nova na exata medida em que se faz profecia renova em cada contexto histórico. E, ainda, que profetizar e evangelizar é promover a libertação integral do ser humano.
Três características marcam o movimento profético no Antigo Testamento: memória, denúncia e anúncio. A memória está associada a um reiterado “lembra-te” que remonta à abertura do decálogo: “Eu sou Iahewh teu Deus, que te fez sair da terra do Egito, da casa da escravidão” (Ex 20,2). O decálogo, por sua vez, vem precedido do código da aliança. Assim, os profetas procuravam, em primeiro lugar, trazer para o contexto do reinado e do exílio o espírito de libertação fundamentado na memória do êxodo. Ali se encontram suas raízes. Em outras palavras, se foste escravo no Egito, como podes agora submeter teus próprios irmãos ao mesmo regime? Enquanto sob o Faraó, os hebreus eram subjugados por uma nação estrangeira, agora era o próprio Estado de Israel que escravizava seu povo através de pesados impostos e do trabalho de corvéia. Contra isso se insurgem o movimento profético, retomando e atualizando as exigências do Deus que os tirou da condição de escravos.
Um Deus que “vê a aflição, ouve o clamor, conhece o sofrimento e desce para libertar” marca profundamente a experiência religiosa do Povo de Israel. Ou seja, esse povo vivenciou o contato vivo com um Deus único: atento, sensível e solidário com as condições de vida e trabalho dos oprimidos. Numa palavra, um Deus que caminha pelo deserto da  história pessoal e coletiva. Os profetas tentam reviver e recriar essa mesma experiência num novo contexto de opressão e exploração.
Aqui entra em cena a segunda palavra chave do movimento profético. A denúncia tem uma força devastadora em figuras como Isaías, Jeremias, Amós, Oséias e Miquéias. Na mira de seus ataques estão os poderosos dos reinados do Norte e do Sul. São os “chefes da casa de Jacó e magistrados da casa de Israel”, na medida em que desconhecem o “direito e a justiça”, “comeram a carne de meu povo, arrancam-lhe a pele, quebram-lhe os ossos, cortaram-no como carne na panela” (Mq 3,1-3). Aos mesmos chefes e magistrados, o profeta acusa: “vós que detestais o direito, que torceis o que é reto; vós que edificais Sião com sangue e Jerusalém com injustiça” (Mq 3,9-10). Mas estão também na mira os líderes religiosos: “seus chefes julgam por suborno, seus sacerdotes ensinam por salário e seus profetas vaticinam por dinheiro” (Mq 3,11).
A veemência de Miquéias irá repetir-se nos demais representantes do profetismo vetero-testamentário. Sobrecarregados de tributos, os camponeses gemiam sob o reinado. O templo representava uma espécie de coração político e econômico da Israel, para o qual convergiam os esforços dos trabalhadores em forma de numerosos impostos. Daí a dureza das palavras proféticas contra chefes e magistrados, de um lado, falsos profetas e sacerdotes, de outro, todos circulando na órbita do tempo e de seus rendimentos. Daí também as profecias sobre a destruição do tempo e do exílio.
A denúncia, porém, vinha acompanhada por um anúncio. Este se expressa de forma particular nos poemas de Isaías sobre a “Nova Jerusalém”. “Vou criar novos céus e nova terra” – diz o profeta – “nela não se tornará a ouvir choro nem lamentação. Já não haverá ali criancinhas que vivam apenas alguns dias, nem velhos que não completem a sua idade; com efeito, o menino morrerá com cem anos”. E prossegue: “Os homens construirão casas e as habitarão; plantarão videiras e comerão seus frutos (…). A duração da vida do meu povo será como os dias de uma árvore, os meus eleitos consumirão eles mesmos o fruto do trabalho de suas mãos” (Is 65,17-25)
A imagem de Isaías, que se repete com outras cores e graus nas páginas de vários profetas, será retomada pelo Apocalipse, no capítulo 21: “Vi então um céu novo e uma nova terra (…). Eis a tenda de Deus com os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo, e Ele, Deus-com-eles, será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima de seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor e nem dor haverá mais. Sim! As coisas antigas se foram!” (Ap 21,1-4).
Nas últimas décadas da história brasileira, poucas pessoas representam esse tríplice terreno da profecia como o belga José Comblin. Memória viva, denúncia vigorosa e anúncio de esperança e liberdade – assim se poderia resumir sua trajetória histórica. Ele que seguramente já conhece “o novo céu e a nova terra”, deixa-nos muitas veredas para trilhar o caminho da fonte e da Boa Nova. José está vivo! O profeta com sotaque estrangeiro e com nome e alma brasileira, segue entre nós. Sua fala mansa e seus escritos proféticos seguem clamando por justiça. Nosso ponto final resume-se a um muito obrigado José!
Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS é Missionário de São Carlos (scalabrinianos), Superior Provincial da Província São Paulo, ministra cursos extras de Pastoral Urbana e Doutrina Social da Igreja, trabalhou por 5 anos (1998 a 2003) como assessor da CNBB – Pastoral Social.
Contato: prov_sp@uol.com.br

terça-feira, 30 de agosto de 2011

TODO CUIDADO É VALIOSO

Saiba das diferenças entre o dízimo e a teologia da prosperidade
POR CÔN. EDSON ORIOLO
A todo instante ouve-se falar em globalização, mercados financeiros, internet, mercados de créditos, efeito estufa, manipulações genéticas, organismos geneticamente modificados, mídia, marketing, merchandising. São tantas as inchações econômico-financeiras, metafísicas, morais e religiosas! Fazemos história e evangelizamos em uma sociedade totalmente relativista, individualista e consumista.
O Papa Bento XVI afirmou: “ter fé clara, segundo o credo da Igreja, é ser frequentemente etiquetado como fundamentalista, enquanto que o relativismo, isto é, o fato de se deixar levar ‘aqui e ali por qualquer vento de doutrina’ aparece como o único comportamento à altura dos tempos atuais. Está se construindo uma ditadura do relativismo” (Trecho da homilia do Cardeal Joseph Ratzinger – Decano do Colégio Cardinalício – na Celebração Eucarística “Pro Eligendo Romano Pontífice”-L’osservatore Romano, 23/04/2005, p.2).        
 Explicando
Desde as primeiras edições da “Revista Paróquias & Casas Religiosas”, venho escrevendo sobre a Pastoral do Dízimo, usando da filosofia do marketing como instrumental. Tenho, porém, a grande preocupação de não cair em ideias relativistas ou consumistas sobre o dízimo porque, querendo ou não, contradizem a doutrina católica no tocante às verdades bíblicas, teológicas ou mesmo pastorais.
Com essas motivações, quero falar sobre a grande diferença que existe entre o marketing como instrumental para a Pastoral do Dízimo e a Teologia da Prosperidade que tem a mídia como instrumento de divulgação. Preservo, assim, a fidelidade ao ensinamento do Magistério ordinário e extraordinário em relação ao dízimo.
 O ensinamento da Igreja
A Igreja Católica sempre necessitou de ajuda para se manter e para manter os seus ministros. Por isso, segue algumas orientações acerca do que o “Direito Canônico” prescreve e o que o “Catecismo da Igreja Católica” exorta:
1. O “Código de Direito Canônico” pondera: “Os fiéis têm obrigação de socorrer às necessidades da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é necessário para o culto divino, para as obras de apostolado e de caridade e para o honesto sustento dos ministros” (cân. 222 § 1).
2.O “Catecismo da Igreja Católica” ensina que “o quinto mandamento (Ajudar a Igreja em suas necessidades) recorda aos fiéis que devem ir ao encontro das necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades” (n. 2043).
O dízimo é uma das maneiras para suprir essas necessidades da Igreja. É um gesto consciente de gratuidade e de amor.
 O que é a “Teologia da Prosperidade”?
Na década de 40, nos EUA, nasceu a “Teologia da Prosperidade”, solidificada depois, na década de 70, chegando ao Brasil nos anos 80. É conhecida também como “Confissão Positiva”, “Palavra da Fé” ou “Movimento da Fé”. Trata-se de uma prática religiosa que precisa ser muito bem compreendida pelos agentes da Pastoral do Dízimo.  Rege-se por uma hermenêutica bíblica que prega um Deus fiel e que tudo o que se pedir a Ele será concedido. Porém, Deus precisa ser ajudado financeiramente, necessita de ofertas para poder banir a pobreza, a doença e levar a pessoa a desfrutar de uma excelente situação na área financeira e na saúde, gozando de amplo bem-estar.
Os adeptos da “Teologia da Prosperidade” pensam que se pode reivindicar o que se quiser de Deus, mediante contribuição. Basta lembrar alguns chavões:
1. “Quem não é capaz de dar é porque não crê”;
2. “Quanto mais você é capaz de doar mais você recebe”;
3. “Quem oferta deve esperar riquezas espirituais e materiais”;
4. “Quem doa ao que necessita, além de emprestar a Deus, também semeia, para colher no dia de sua necessidade”. 
Contribuindo financeiramente, fazendo confissão da Palavra em voz alta e “no nome de Jesus” para recebimento das bênçãos almejadas, por meio da confissão positiva, a pessoa compreende que tem direito a tudo de bom e de melhor que a vida pode oferecer: saúde perfeita, riqueza material, etc.
Construindo o dízimo consciente
Nunca é demais ter presente essa diferença quando se usa o marketing como instrumental na Pastoral do Dízimo. A Igreja Católica e muitas Igrejas Cristãs quando usam os recursos de marketing na prática do dízimo não o fazem incentivando um “toma lá e dá cá”, mas procuram conscientizar os fiéis do verdadeiro sentido do dízimo:  
“uma retribuição que fazemos a Deus de parte do que gratuitamente dele recebemos, um pouco de nós mesmos; e o fazemos por meio da Igreja, para que ela possa cumprir a missão da qual Jesus a incumbiu”.
Não se trata de uma exigência imposta a Deus para que esteja a nosso serviço. Pelo contrário, é um gesto de doação da parte da pessoa, reconhecendo o seu amor, misericórdia e bondade para conosco.
Côn. Edson Oriolo é Mestre em Filosofia Social, Especialista em Marketing e Pároco da Catedral Metropolitana de Pouso Alegre/MG.

A INTEIREZA DO SER

Resgate as formas de contemplar a magnitude sagrada do corpo e da alma
POR REGINA MARIA DE ALMEIDA
A Conferência de Copenhage trouxe novamente à pauta temas como a justiça social e a preservação da natureza. Evidenciou-se, em seus debates, que estamos exaurindo as riquezas naturais do planeta em uma velocidade e ferocidade suicidas. Também, ficou claro que os países que detém a hegemonia do ter e do poder defenderam os interesses das grandes corporações transneoliberais, que não querem diminuir seus lucros, resistindo às reivindicações em defesa da vida do planeta advindas de todas as partes do mundo.Em um país como o Brasil, em que 80% da população mora na cidade, é desafiador conversar sobre esse assunto e, principalmente, motivar ações solidárias e proféticas.
Por que aceitamos essa situação tão passivamente, deixando de cobrar medidas protetivas capazes de promover um crescimento sustentável (ou, mais propriamente, um decrescimento sustentável)? Por que a sabedoria que vem dos povos da Amazônia, por exemplo (indígenas, remanescentes de quilombos, comunidades ribeirinhas…), com sua proposta de harmonia entre corpo, natureza e organização social igualitária, não consegue envolver a maioria das pessoas?
 Dualismo corpo e alma
Olhando a questão a partir do aspecto religioso, percebemos que a origem desse descaso tem raízes antigas, nos primórdios do cristianismo. Quando a Boa Nova rompeu as fronteiras da Palestina e se espalhou pelo império romano, a partir do século I, a mensagem cristã teve que se adaptar ao modelo de pensamento greco-romano, com nítida influência do filósofo Platão. O cristianismo influenciou o império, mas também foi influenciado por ele.
Platão postulava a existência de duas realidades, uma espiritual e outra material, sendo a primeira superior à segunda, gerando o dualismo entre sagrado e profano, corpo e alma, secular e religioso, natural e sobrenatural.
Essa dicotomia, principalmente na Idade Média, vai resultar na apresentação do corpo/sexualidade como fonte de pecado. Mais tarde, vai influenciar as questões renascentistas e contemporâneas, por meio dos embates entre ciência e teologia, razão e fé, moderno e antigo, tecnológico e obsoleto, urbano e rural, etc.
Hoje o ser humano “pós-moderno” ocidental tem dificuldade em enxergar-se na inteireza de seu ser. São séculos em que se entendeu dividido e separado de si mesmo. Não é de estranhar que não aceite a verdade de que é apenas uma espécie entre outras, todas dependentes da natureza para sobreviver. A sua visão dualista, ao invés de trazer progresso para o mundo, está destruindo o planeta.
 Respeito ao corpo
A partir do Concílio do Vaticano II, teve início um importante processo de resgate do pensamento bíblico. A Bíblia passou a ser o alimento da caminhada das comunidades, onde se descobriu que nela não há separação entre corpo e alma:
1º. O corpo é bom: “e Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; e os criou homem e mulher. E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo era muito bom” (Gn 1,27.31).
2º. A salvação se dá por meio do agir: quando o Evangelho demonstra o que é o amor, ele aponta para atos concretos e para os cuidados com o corpo do próximo:“Então os justos lhe perguntarão: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ Então o Rei lhes responderá: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram” (Mt 25,37-40).
3º. O corpo é importante: na ressurreição, ponto alto da fé cristã, Deus nos promete um corpo novo, sem dores, sem doença, sem exploração, sem miséria, sem morte. Ele não é, portanto, o “cárcere da alma”.
Relacionando ressurreição e a sabedoria dos povos amazônicos, descobrimos um elo teológico importante: o respeito ao corpo. Essas populações propõem formas de vida que não são meramente alternativas – são as únicas possíveis para se preservar a humanidade no futuro. Mas só poderemos enxergar isso deixando o dualismo de lado.
Regina Maria de Almeida é Teóloga e Assessora Bíblica Popular do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI) em São Paulo/SP.
Contato: reginama6@uol.com.br

ABRACE ESTA IDEIA

Leve a conscientização para a sua comunidade mudando velhos hábitos
POR ANA  PAULA MOREIRA LIMA
O lixo produzido no mundo está no topo do ranking dos vilões responsáveis pela degradação ao meio ambiente e sua produção vem aumentando de forma assustadora.
Segundo dados da Associação Brasileira de  Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), cada brasileiro produz cerca de um quilo de lixo por dia, o que equivale a 100 mil toneladas de lixo produzidos diariamente. Diante destes dados alarmantes, constatou-se que apenas 5% deste lixo é reciclado – valor muito baixo, se comparado à quantidade de material reciclado nos Estados Unidos e Europa (40%).
Tão grave quanto à característica do lixo produzido, outro problema que assola o meio ambiente é o destino dado a ele. Grande parte desses materiais podem ser reaproveitados ou reciclados, diminuindo, assim, as enormes montanhas formadas nos lixões da cidade e, conseqüentemente, a degradação do meio ambiente.
O levantamento revela que cerca de 80% do lixo produzido poderia ser separado e enviado a cooperativas, diminuindo assim, a quantidade de lixo que vai para os aterros sanitários. O papel da sociedade para solucionar este problema é muito simples: separar o lixo que produz.
Sendo assim, convido você a incentivar e estimular a educação ambiental em sua comunidade, fazendo com que haja uma mudança de mentalidade, e conhecimento dos danos causados à natureza, quando o lixo não é definitivamente destinado.
5 Dicas para implantar um programa de coleta seletiva em sua comunidade
1 A consciência
Desperte a consciência para a coleta seletiva, informando e motivando todos, por meio de palestras, reuniões, treinamentos ou cartazes.

2 Planeje todo o processo
Procure conhecer bem o lixo “produzido” (papel, vidro, plástico alumínio ou orgânico etc). E defina se todo o tipo de lixo será coletado, quem serão os responsáveis pela coleta, onde será estocado e para quem será doado ou vendido.

3 Defina o destino do material reciclável
Geralmente o material pode ser doado ou comerciado. Se a intenção for vender o material coletado, você deve conhecer o mercado de recicláveis e pesquisar antecipadamente os valores. Caso a intenção não seja dar rentabilidade, mas promover a conscientização, opte por doar a coleta às associações que reaproveitam o material.

4 Agora é executar
 Depois de tudo acertado, a inauguração do programa pode ser marcada por um grande evento, por exemplo, como uma festa sob o tema “coleta seletiva”. A programação pode incluir palestras sobre o meio ambiente e oficinas de reciclagem, onde podem ser fabricados objetos com material reciclável, como  cestas de jornal, por exemplo, além da projeção de vídeos sobre o assunto.

5 A manutenção
Não basta apenas iniciar um projeto, é necessário mantê-lo, para isso planeje continuamente atividades visando a informação, não só dos membros de sua comunidade, mas de todo os moradores da região. E não esqueça de manter todos informados, sobre os resultados e o andamento da coleta.

Ana Paula Moreira Lima cursa Jornalismo na Universidade São Judas Tadeu, São Paulo/SP.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ADEUS AMIZADE

Nem tudo o que termina tem um gosto amargo, mas algumas coisas têm. Uma amizade, por exemplo. Às vezes, a gente se engana quando pensa que tem um amigo, e as circunstâncias da vida mostram o contrário. Amigo é uma coisa, colega é outra; mas, a gente fica em dúvida quando gosta muito de um colega. A gente passa a considerar que é um amigo, ainda que, no fundo, não seja. A gente acha que é; engana-se, “quebra a cara”. A gente se magoa e fica triste, mas tem de aceitar que cada pessoa possui o direito de escolher seus amigos, e entender que nem sempre somos escolhidos.

Pior que perder um amigo pela distância imposta, é perdê-lo repentinamente por um descuido qualquer, uma desatenção ou no calor de uma discussão. Talvez não exista nada tão triste quanto constatar anos de engano através de um simples olhar. Olhar irado, tormentoso, colérico. Olhar que não existiria se houvesse mútua afeição. Isso corta o coração da gente como a descoberta de uma traição. Chega a doer fisicamente quando a gente percebe que estava gostando da pessoa errada, simplesmente porque ela não estava gostando da gente. Machuca muito na hora e depois, quando a gente começa a se lembrar de tantos momentos que, considerava, haviam sido verdadeiros e bons.

Gandhi dizia que as pessoas gritam quando seus corações estão distantes. Penso que ele estava certo. Percebemos, por vezes de forma grosseira e ensurdecedora, como estávamos longe de quem julgávamos estar próximos. Levamos um susto. Acordamos para a realidade. Porque a gente se engana dessa forma eu não sei. Acho que gostamos de pensar que a maioria das pessoas nos quer bem. Isso nos faz sentir confortáveis e acolhidos num mundo que costuma ser frio e cheio de desafios. Quando constatamos o engano, primeiramente ficamos surpresos; depois, talvez até envergonhados, pelo fato de não termos percebido que aquilo não era amizade. Experimentamos raiva e, posteriormente, mágoa, já que guardamos a raiva que poderia ter se expressado de forma inadequada. Depois, resta uma tristeza, um vazio grande no lugar que era ocupado por um sentimento que já não tem mais razão de ser, não pode mais existir porque não tem correspondente. A amizade acabou.

Bom, mas não devemos nos demorar nessa tristeza. Afinal, outras pessoas existem, e certamente entre elas, novas oportunidades de amizade e bem querer. A vida é uma escola e nos ensina valiosas lições. É desse modo que vamos aprendendo em quem podemos depositar a nossa afeição. Isso não faz das pessoas melhores ou piores, apenas diferentes conforme aquilo a que atribuem valor. Precisamos nos aproximar das pessoas que possuem valores semelhantes aos nossos se não quisermos experimentar a decepção. Nada como um dia após o outro para assimilar os contratemos da vida. Uma coisa é certa: tudo passa.
 
Última Alteração: 13:24:00
Fonte: Maria Regina Canhos Vicentin

O MESSIAS INDISPENSÁVEL

Viver bem o momento presente, na presença de Deus e iluminado por sua palavra, é uma necessidade, no sentido de se afirmar que já estamos salvos e com disposição para edificar um mundo diferente do existente, voltando-se para o futuro, segundo os desígnios do Criador e Pai. Evidentemente, sem jamais perder de vista a realidade futura, esplendorosa, interpretada através dos sinais dos tempos, á luz da palavra de Deus, cabendo ao cristão batizado, confiar em profundidade no projeto que nos é proposto pelo enviado do Pai, levando-o à frente, uma vez que ele é imprescindível para a vitória final, em consonância com o mandamento maior: “Eu vos dou um no mandamento, que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 13, 34).

Somos chamados a anunciar, todos os dias, a salvação oferecida por Deus e proclamar a sua glória às nações (cf. Sl 92, 2), a partir da manifestação de Jesus de Nazaré, no seu amor infinito, pleno de bondade e presente no mundo, quando entendemos que é possível viver a vida em harmonia com o mundo, que ele criou para nós, mas, sobretudo, com os nossos semelhantes.

O convite que Deus nos faz é para que nos afastemos do mal, ao mesmo tempo em que procuramos, com muita disposição, a eliminar todo tipo de falsidade e hipocrisia. É preciso que se tenha a mesma atitude de Natanael, que debaixo da figueira e, depois, dirigindo-se ao Mestre, recebeu um grande elogio: “Ai vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade” (Jo 1, 47).

Natanael representa o povo de Deus em busca do Messias esperado, na certeza de que a vida pede coragem, pede ideal e sonho. Temos ideais e sonhos que passam, sem preencher o nosso coração, sedento e ávido de felicidade, de poder participar da força redentora do próprio Deus, como um valor incomparável. Precisamos ter presente à realidade futura, o céu, como absoluta realização humana, no dizer do teólogo Leonardo Boff.

A morte ocasiona um silêncio extremamente profundo, a ponto de pensar que os males provém da nossa liberdade. Nas muitas vezes que a usamos e abusamos, não raras, atribuímos a Deus o que existe de ruim no meio da humanidade, na seguinte afirmação: “Se Deus existisse não haveria no mundo guerras, mortes e tantos outros males”. Mas nós, enquanto caminhamos aqui na terra rumo ao amanhã dos nossos dias, para o nosso destino definitivo, temos que ter consciência da nossa morada eterna. Por ismo mesmo, nosso ideal de vida deveria ser baseado no Evangelho, ao afirmar: “buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça e tudo mais virá por acréscimo” (MT 6, 34).

O novo povo de Israel vive à espera do Messias, do Noivo, no sonho do banquete nupcial, representado na comunhão das pessoas entre si, participando de todas as coisas, na visão beatífica, vendo Deus face a face. É claro que a condição terrestre é diferente e incomparável a celestial, onde a criatura humana participa do mistério da glória de Deus e essa glória vai ficando cada vez mais brilhante e cada vez mais parecida com o Senhor, que é Espírito (cf. 2Cr 3, 18).

O céu consiste em poder viver a vida de Deus, perfeita, numa eterna convivência, totalmente realizada, em comunhão fraterna, em que no mistério da redenção, o universo se abre para Deus e se torna para nós uma nova realidade, no rompimento do véu do templo de cima para baixo (cf. MT 27, 51).
 

Pe Geovane Saraiva, Pároco de Santo Afonso

*pegeovane@paroquiasantoafonso.org.br

DOM LUCIANO, EXEMPLO A SER SEGUIDO !

Agosto é um mês de saudades para quem ama a Igreja e quer seu discípulo-missionário. Mas é mês abençoado das vocações porque lembramos de vocações santas de pessoas da envergadura de DOM LUCIANO PEDRO MENDES DE ALMEIDA, Arcebispo de Mariana, que em 27 de agosto de 2006, entrou na glória dos céus.
 Eu, com a graça de Deus, sem mérito nenhum de minha parte, pude ter um contacto pessoal e íntimo com Dom Luciano. Fui seu advogado e o ajudei em várias questões jurídicas e tive a graça de conviver com a sua pessoa, haurindo de sua santidade, de sua coerência de vida, de sua simplicidade e de seu incrementado amor pelos pobres, os mais preferidos de Deus. Quantas vezes, chegando cansando de suas visitas apostólicas, havia aquela fila de pessoas humildes, uns pedindo passagem, outros pedindo gás, outros ainda querendo alimentação e com a sua atenção, sorriso na boca e olhos brilhando atendia a um por um com a mesma proverbial bondade.
 Lembro-me bem de sua famosa maneira de saudação diária: “o que eu posso fazer para ajudá-lo?”. Nós que fomos ajudados pela santidade e pela vida de Dom Luciano realmente notamos que a sua profecia, a sua ousadia, a sua santidade, a sua coerência andam fazendo falta em um mundo tão descristianizado e sem fé em que vivemos. Dom Luciano doou a sua vida até o fim. E doou a sua vida na santidade, na espiritualidade, na pobreza, no amor ágape fraterno.
 Uma semana antes de seu falecimento tive dois contactos com ele no hospital. Primeiro um contacto pessoal em que ele me dizia: “continue sendo bom, continue fazendo o bem continue servindo e não revide as perseguições porque elas nos ajudam a andar as veredas de Deus”. O último encontro foi na presença de Dom Raymundo Damasceno Assis e de Dom Orani João Tempesta quando Dom Luciano nos abençoou, agradeceu a amizade fraterna dos três para com ele e disse que a nossa missão era continuar sendo bons e servindo a Deus, a Igreja e ao povo santo, ao povo que sofre e que não pode perder a esperança.
 Realmente Dom Luciano nos ensinou a amar, a perdoar, a silenciar diante dos sofrimentos, mas a ter a santa teimosia em ser bom e em ajudar a quem bate em nossa porta. A manifestação uníssona do povo de Mariana, de Minas e do Brasil em seus funerais pedindo a sua beatificação súbita agora é oficializada pela Igreja Primaz de Minas, pela pena de Dom Geraldo Lyrio Rocha. Que possamos, todos os que como eu, que conviveram com Dom Luciano escrever testemunhos de sua santidade e invocarmos a sua proteção e intercessão. A beatificação de Dom Luciano dependerá mais de nossa organização do que de seus méritos que sempre se apresentaram de várias maneiras em nossas vidas e nas vidas dos mais humildes. Que logo possamos rezar São Luciano Pedro, rogai por nós que recorremos a Vós!
 Dom Luciano reze por nós que nós o amamos eternamente!
 Padre Wagner Augusto Portugal.
 Vigário Judicial da Diocese da Campanha(MG)
 
Última Alteração: 08:21:00
Fonte: Rádio Vaticano
Local:Campanha(MG)

CARREGAR A CRUZ REDENTORA DE CRISTO

Domingo passado o Brasil recebeu a cruz e o ícone de Nossa Senhora que percorrerá todas as nossas Dioceses e as do Cono Sur celebrando na América do Sul o início da Jornada Mundial da Juventude na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. A Cruz e o ícone de Nossa Senhora chegarão ao Brasil no próximo dia 18 de setembro através da capital do Estado de São Paulo de onde iniciará sua peregrinação.
Por providência de Deus neste domingo somos convidados a contemplar o mistério da Cruz de Cristo e de nossa Cruz. Teremos também oportunidade de aprofundar esse mistério no mês de Setembro  quando celebraremos a Exaltação da Santa Cruz e o dia de Nossa Senhora das Dores.

As leituras para as Missas do dia de domingo e dos dias santos foram escolhidos da Bíblia, de acordo com critérios específicos. Salvo exceções justificadas, durante um ano inteiro depois de se ler seguidamente um dos evangelhos sinóticos (este ano, Mateus) e segundo o tema do texto escolhido vem individuada a primeira leitura de um trecho do Antigo Testamento, com a oração feita pelo Salmo Responsorial. A segunda leitura segue um caminho bastante distinto (geralmente é a leitura contínua de uma carta do apóstolo Paulo, neste período, aquela aos romanos) e, portanto, não é intencional, que seu argumento esteja em sintonia com os outros dois. Mas isso também acontece, notadamente como neste domingo, basicamente, não surpreendendo aqueles que se lembram da profunda unidade e coerência entre todas as partes da Sagrada Escritura. 


Jesus anunciou a sua paixão iminente para seus discípulos e a Pedro, que tinha acabado de ouvir elogios como sendo o fundamento da Igreja (seriam as leituras do domingo passado, mas no Brasil celebramos a festa da Assunção), que protesta e promete: "Isso não acontecerá convosco, Senhor!" ganhando a repreensão mais severa do Mestre, que realmente chama de Satanás e diz: "Você é minha queda, porque não estás pensando como Deus, mas como homens" Então, para todos os discípulos que o seguem, talvez, por causa de uma honra e de uma glória que esperavam dele, ficam desiludidos:. "Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo e tome a sua Cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la, mas quem perder a sua vida por minha causa vai achá-la. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?" Essas expressões baseadas na combinação do binômio salvar-perder descreve a condição do crente e daquele que não é mais: a diferença é avaliar a vida presente e as coisas deste mundo como  únicas e definitivas, ou apenas o

prelúdio para outras, que valem infinitamente mais. Quem não acredita tenta "salvar" a sua vida, dando-lhe todo valor, buscando toda a satisfação que ele pode dar, buscando o limite para subjugar o mundo inteiro, mas isso não garante uma vida verdadeira, de fato, na realidade impede a vida futura: tudo de uma vez, e então nada para a eternidade. Isso compensa? Quem ao invés guarda um pouco para depois, garante, então, uma verdadeira vida, realiza a vontade do Senhor, que diz: que segui-lo, aos seus ensinamentos, e a seu exemplo, e como ele submeteu-se a uma Cruz, assim os discípulos resistem à tentação de recuar diante das dificuldades, das renúncias, dos sacrifícios que pode levar a permanecer fiel a ele.

Queridos irmãos, o Evangelho do seguimento revela que o cristianismo é um culto dinâmica, animado e exigente. Quem quer ser um discípulo de Jesus deve se espelhar n’Ele todos os dias para mudar e ser como ele, que assume até mesmo a morte para realizar a vontade do Pai e ser o nosso modelo. Portanto, o compromisso que o Senhor quer de nós é duplo: primeiro, crescer na fé através da participação nos sacramentos e a escuta da Palavra, elementos indispensáveis para o discipulado e, em em segundo lugar, lutar para alinhar nossas atitudes com seus ensinamentos, testemunhando, experimentando, no encontro com Cristo, que é o episódio mais belo de nossas vidas, porque Ele é o único que dá sentido à nossa existência, caso contrário, somos destinados à escuridão da morte . O discípulo sabe que conformando-se ao Mestre, assume os traços de sua vida de fracasso e perda, mas a vitória conquistada por Cristo na manhã da Páscoa, com a promessa de vida eterna é consolo, aqui na terra: "quem perde sua vida por minha causa achá-la", encoraja-nos, então, a sermos discípulos, a caminhar na história, atrás de Jesus. Ele dá um exemplo impressionante, o do profeta Jeremias, de cujo livro, a primeira leitura apresenta a página mais dramática (20, 7-9). Ele diz de si mesmo, da sua vocação, e começa com uma frase de ousadia inimaginável: "Seduziste-me, Senhor, e eu deixei-me seduzir, numa luta desigual, dominaste-me, Senhor". Mas o chamado divino não é para levar uma vida fácil: "Tornei-me um objeto de escárnio a cada dia, e cada um é zombador de mim ... A palavra do Senhor se tornou para mim causa da vergonha e do ridículo". Daí a tentação de desistir; “disse a mim mesmo: eu não acho mais nele, e não falarei mais no seu nome!" Entretanto, uma vez superados, porque "não estava em meu coração como fogo ardente, contido em meus ossos, Eu tentei contê-lo, mas eu não podia." E aqui, em linha com as palavras de Jeremias e Jesus, as da segunda leitura (Romanos 12,1-2): "Não vos conformeis com este mundo, mas transformai, renovando sua maneira de pensar, de discernir a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito". Em outras palavras é o mesmo que o convite de Jesus a "pensar como Deus": portanto, não tenhamos medo de ir contra a maré, embora não seja fácil, mesmo se isso implica mal-entendidos e zombaria, o crente não busca

a sua satisfação no imediato, porque ele sabe avaliar as consequências, sabe como olhar para mais longe. Esse também foi o convite do Papa Bento XVI, no último domingo, aos mais de dois milhões de jovens que se reuniram em Madri para a Jornada Mundial da Juventude que em 2013 será aqui no Rio de Janeiro, onde meditaremos sobre o tema: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações”. Sendo verdadeiros discípulos que carregam com o mestre a própria cruz, seremos missionários do Senhor no Rio de Janeiro, que acolherão os jovens de todo o mundo, e aonde somos chamados a dar testemunho da Cruz Redentora de Cristo!


† Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ