FICAMOS ALEGRES COM SUA VISITA

ESPERAMOS, QUE COM A GRAÇA SANTIFICANTE DO ESPIRITO SANTO, E COM O DERRAMAR DE SEU AMOR, POSSAMOS ATRAVÉS DESTE HUMILDE CANAL SER VEÍCULO DA PALAVRA E DO AMOR DE DEUS, NÃO IMPORTA SE ES GREGO, ROMANO OU JUDEU A NOSSA PEDRA FUNDAMENTAL CHAMA-SE CRISTO JESUS E TODOS SOMOS TIJOLOS PARA EDIFICACÃO DESTA IGREJA QUE FAZ O SEU EXODO PARA O CÉU. PAZ E BEM

AGRADECIMENTO

AGRADECEMOS AOS NOSSOS IRMÃOS E LEITORES, POR MAIS ESTE OBJETIVO ATINGIDO, É A PALAVRA DE CRISTO SEMEADA EM MILHARES DE CORAÇÕES. PAZ E BEM

sábado, 19 de setembro de 2009

MERCADO E FAMILIA


O divórcio cresceu, no Brasil, de 3,3 para 17,7 em cada 100 casamentos, entre 1984 e 2002, de acordo com a pesquisa patrocinada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).1 Descobriu-se uma correlação significante entre a chegada da televisão e o aumento dos divórcios.

Analisando os censos de 1970, 80 e 91, Chong e La Ferrara descobriram que a proporção de mulheres separadas ou divorciadas cresce significantemente com a chegada das telenovelas. Isso fica mais evidente em cidades menores, onde o sinal de televisão atinge uma fração maior da população.

A pesquisa buscou a influência das novelas sobre a situação socioeconômica das mulheres. Seus autores dizem que as novelas criticam, sistematicamente, valores tradicionais e fomentam a circulação de ideias modernas, como a emancipação e o fortalecimento da mulher no trabalho e em casa. “Separação e divórcio são reflexos naturais dessas atitudes”, dizem eles.

O estudo abrangeu todas as novelas da Globo, de 1965 a 2004. Os resultados revelaram que o relacionamento extraconjugal feminino é relativamente constante ao longo do tempo. Cerca de 30% dos personagens femininos são infiéis.

Outro achado é que separação ou divórcio eram temas praticamente ausentes das conversas entre os personagens até meados dos anos 70. Daí em diante cresceram, até chegarem à média de 20%.

Conduzida em mais de 3 mil municípios brasileiros, a pesquisa revela que novos padrões de “normalidade comportamental” podem ser estimulados pelas novelas e podem atingir grupos específicos (como, no caso, as mulheres casadas), a um baixo custo. Podem, assim, ser empregados como ferramentas de políticas públicas. Nesse sentido, os autores esperam estar fornecendo ao BID e aos governos meios de usar mais eficientemente essa poderosa arma.

Os autores de novelas, ao serem criticados por sua ousadia, alegam que não criam nada; apenas retratam a realidade já existente. Porém, desconfio que a novela já foi eleita “a menina dos olhos do mercado”, senhor todo-poderoso de nossa cultura de massa. Repare que nem governos desafiam o mercado. Quem tentou está soterrado sob os escombros do muro de Berlim.

Se a essa “entidade” misteriosa não interessar uma família formada por casamentos duradouros e fiéis, entre homens e mulheres, ela será ridicularizada nas novelas, que passarão a mostrar o “sexo sem gênero ou número” como sinônimo de liberdade: lindos casais (ou trios) coloridos, lutando contra a opressão retrógrada pelo direito de existir sob a proteção da lei e, por que não, de Deus.

Se o mercado lucrar com gente avulsa e caótica comprando compulsivamente para esquecer a dor da solidão, “desconstruirá” até a proteção que a Constituição brasileira dá à família. Seu objetivo, enfim, é recriar nossa sociedade à sua imagem e semelhança. Para ser-lhe senhor; “...para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome” (Ap 13.17). E a mídia, em geral serva fiel, já recebeu suas ordens.

ATEUCRACIA E HETEROFOBIA


Robinson Cavalcanti

A humanidade conviveu e tem convivido com regimes não-democráticos: monarquias absolutas, teocracias, ditaduras, aristocracias, oligarquias, que privilegiam famílias, etnias, religiões, partidos ou classes. Com a substituição do poder personalizado pelo poder institucionalizado, surgiram os Estados Nacionais, as constituições e a democracia, como “o povo politicamente organizado”. Na maioria das vezes, o formalismo democrático e a liturgia das eleições apenas legitimam grupos, que controlam os aparelhos do Estado. Ao povo cabe apenas escolher periodicamente, entre os escolhidos, os seus senhores. Presencia-se no Ocidente, sob a fachada da democracia, uma nova autocracia: a dos ateus e agnósticos e materialistas secularistas -- netos do Iluminismo -- contra a maioria religiosa dos cidadãos. Essa ideologia aparece mais nítida com o término da Guerra Fria, e pretende confundir Estado laico com Estado secularista. Por Estado laico se entende aquele legalmente separado das igrejas, sem religião oficial, com a igualdade perante a lei, que se constitui um avanço para a civilização, e que foi uma das bandeiras do protestantismo histórico no Brasil. O Estado secularista expressa uma ideologia militante de rejeição da religião, de sua negação como fato social, cultural e histórico, ou a considerando intrinsecamente negativa. No passado, tivemos a influência da filosofia positivista que, com sua “lei dos três estados”, advogava a marcha inexorável da história de uma etapa religiosa inferior para uma etapa superior, pretensamente científica ou positiva. Essa filosofia marcou grande parte das ideologias contemporâneas, inclusive o marxismo, cujos regimes, oficialmente ateus, procuravam “colaborar” com esse processo histórico perseguindo implacavelmente a religião e tornando compulsório o ensino do ateísmo. O que essa elite iluminada tem dificuldade de aceitar é o fato de que, no século 21, a religião em vez de diminuir está aumentando, no que Giles Kepel denomina “a revanche de Deus”, e que dá o título do novo “best-seller” de John Micklethwait e Adrian Wooldridge, “Deus Está de Volta”. Há todo um malabarismo intelectual para “explicar” essa anomalia, e, por outro lado, se procura promover um combate sistemático para contê-la. O antirreligiosismo teve como epicentro a Europa Ocidental, estendeu-se para a América do Norte, e se espalha pela periferia do sistema mundial, chegando até nós. Há uma prioridade de se atacar as religiões monoteístas de revelação, porque julgam que o monoteísmo promove a intolerância e a revelação traz conceitos e preceitos autoritativos retrógrados (o pecado, por exemplo) que se chocam com as visões tidas como superiores da autonomia das criaturas. Mais particularmente, esse ataque se centra contra o cristianismo. A intolerância para com a religião implica impossibilitar sua expressão nos espaços públicos ou que seus seguidores ajam publicamente por motivações religiosas. A religião, para seus adversários secularistas, deveria apenas ficar confinada às quatro paredes dos templos e dos lares, à subjetividade de cada um, condenada à irrelevância. Essa elite se sente iluminada, superior, com o papel histórico de proteger as pessoas delas mesmas, de corrigir seus “atrasos” e de “educar” a humanidade, seja pelo apropriação dos aparelhos ideológicos do Estado (educação, mídia), seja pelo uso do aparelho coercitivo do Estado (leis, justiça, polícia). Na esteira desse movimento temos tido a chatice do “politicamente correto” (moralismo de esquerda), a luta por retirar símbolos religiosos dos espaços públicos, acabar com os dias santificados, proibir a saudação “Feliz Natal” (deve-se apenas desejar “Boas Festas”), e a defesa de bandeiras como a liberação sexual, o aborto (no lugar do direito à vida, o direito da mulher a dispor do “seu” corpo), a eutanásia e a licitude das “orientações sexuais” -- a chamada agenda GLSTB (gays, lésbicas, simpatizantes, transgêneros e bissexuais). Por sua mobilização política (e não por “descobertas científicas”) se promoveu a retirada dessa anomalia do rol das enfermidades e dos ilícitos -- e se instituir o casamento homossexual -- e se parte para proibir os que querem deixá-la, cassar o registro de psicoterapeutas, forçar a maioria a mudar seus padrões morais e criminalizar os que não aderirem. Enquanto a Europa e a América do Norte já evidenciam um novo ciclo de perseguição religiosa, corre no Congresso Nacional um projeto de lei que faria o autor desse artigo ser condenado a até cinco anos de prisão por escrevê-lo. Enquanto a minoria materialista tenta forçar uma ateucracia e a minoria homossexual tenta fomentar uma heterofobia -- ódio aos que insistem no seu direito de afirmar a normatividade da heterossexualidade, e de não aceitar a normalidade do homoerotismo -- eles recebem o apoio (cavalo de troia) de outra minoria: o liberalismo teológico. A nós, a maioria, cabe, democraticamente, o direito à resistência!


• Dom Robinson Cavalcanti é bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Política -- teoria bíblica e prática histórica e A Igreja, o País e o Mundo -- desafios a uma fé engajada.
www.dar.org.br

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

SÓ PROTEGEMOS O QUE AMAMOS


“A gente protege o que a gente ama”, declarou recentemente o filho de Jacques Cousteau. Se alguém não cuida, é porque não ama. Ou seja, descuidar da natureza e de si mesmo é evidência não apenas de desnaturação, mas também de falta de amor à vida e a si próprio. Por exemplo, quem sorve constantemente as 4.720 substâncias contidas no cigarro, muitas delas cancerígenas, maltratando assim sua “casa corporal”, (cf. 1Co 12.22) dificilmente será consistente na defesa da “casa comum”, até porque não se importa com os fumantes passivos ao seu redor nem com a condição de semiescravidão dos fumicultores. Quem se conforma com a “dose diária inaceitável” de agrotóxicos no leite materno e no alimento em geral não se interessará em desmascarar o agronegócio como insustentável em termos ambientais (devastação), sociais (trabalho escravo) e econômicos (rendição ao sistema bancário e às multinacionais controladoras das sementes e da maléfica transgenia). Logo, a tolerância com as pequenas incoerências pessoais é uma das causas da pouca eficácia do cuidado pela natureza em nosso sistema de crescimento econômico. Pois, contraditoriamente, ninguém se opõe à preservação ambiental. Afinal, trata-se de um empreendimento ganha-ganha para todos, hoje e no futuro. Contudo, que a promovam os outros e que ela não tolha nosso modo de vida e modo de produção.

Diante do muito que está sendo feito e dos poucos avanços na preservação ambiental, Jean-Michel Cousteau acrescenta que, quando olha para uma criança, alvo do amor humano e carente de proteção, consegue vencer o desânimo e renovar o compromisso de lutar pela preservação do planeta.

Essa motivação “secular” é desenhada de duas maneiras nos textos bíblicos. A primeira, mais conhecida, é a afirmação de que devemos preservar a criação de Deus porque somos parte dela e incumbidos de seu cuidado: ser criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26) significa ser o estandarte do domínio de Deus sobre a terra, representando, anunciando e executando a vontade benfazeja dele. Ao Senhor Deus pertencem o mundo e tudo o que nele existe, inclusive seus habitantes (Sl 24.1). Além disso, a informação de que Deus considerou muito boa toda a sua criação (Gn 1.31) faz lembrar que, na concepção hebraica, “bom” é o que está ligado a Deus, ainda que seja “imperfeito”, ao passo que a concepção grega da “perfeição” do cosmos nos leva à crise diante das deficiências físicas. Qualquer ser humano, por mais falho que seja, pode ser útil na mão de Deus. Embora a criação toda esteja gemendo, e nós com ela, o Espírito de Deus geme com ela e conosco (Rm 8.22-26). Não é bom estar separado de Deus nessa empreitada de cultivar e preservar.

A segunda base, menos lembrada, do empenho em favor da preservação, não vem da teologia da criação, mas da experiência da libertação. É a única que transmite a realidade do amor, sempre nas três vias: amor de Deus ao ser humano e à criação, amor do ser humano a Deus, e amor do ser humano ao semelhante e à natureza. Trata-se da interpelação direta de Deus que intervém na história, transformando a criatura humana em sua parceira de diálogo e ação, e revestindo-a de uma dignidade inaudita (cf. Sl 8.4ss). “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te arranquei do contexto da escravidão” (Êx 20.1). É esse amor divino aos e nos humanos que estremece diante de abusos contra seres humanos indefesos como as crianças, que se compadece da frágil biodiversidade e que se deslumbra com a tenacidade da vida. Que lamenta perplexa e criticamente a mercantilização dos patrimônios universais da humanidade: “Nossa água, por dinheiro a bebemos, por preço vem a nossa lenha” (Lm 5.4). E que levanta a voz, defendendo os direitos humanos, quando escravos libertos submetem outros à corveia: edificar um templo a esse Deus libertador mediante trabalhos forçados? (cf. 1Rs 9.15).

A intensidade da experiência de Deus na história é indutora da crítica social: Quem vê apenas o problema e não o sistema, não vê o problema. E é indutora da luta em favor de soluções socioambientais dignas e consistentes: Não se resolve a questão ambiental à custa da social, nem a social à custa da ambiental. O social e o ambiental estão interligados. Quem não respeita a terra e o ser humano sobre a terra tampouco respeita o meio ambiente. Assim, desumaniza a si próprio. Portanto, cuidamos do jardim por causa de nós mesmos, de nossa coerência conosco mesmos e com nossa posição de interlocutores amados de Deus (Gn 2.15).

A resposta humana a esse amor divino é louvor e reconhecimento: Sim, “os céus são os céus do Senhor, mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens” (Sl 115.16). É também ser pró-ativo, articulando e difundindo modos de vida e de produção com tecnologias sociais e ambientais que respeitem o meio ambiente e a abundância de vida que ela nos propicia, a exemplo da agroecologia, das cisternas no semiárido, dos projetos comunitários de economia solidária. Porém, essa resposta é sobretudo defender os empobrecidos e fragilizados, em consonância com o agir de Jesus. Porque esmagar a cana quebrada e torcer o pavio que fumega não é somente desumano, mas primordialmente antidivino (cf. Is 42.3; Mt 12.20). Paz e bem