FICAMOS ALEGRES COM SUA VISITA

ESPERAMOS, QUE COM A GRAÇA SANTIFICANTE DO ESPIRITO SANTO, E COM O DERRAMAR DE SEU AMOR, POSSAMOS ATRAVÉS DESTE HUMILDE CANAL SER VEÍCULO DA PALAVRA E DO AMOR DE DEUS, NÃO IMPORTA SE ES GREGO, ROMANO OU JUDEU A NOSSA PEDRA FUNDAMENTAL CHAMA-SE CRISTO JESUS E TODOS SOMOS TIJOLOS PARA EDIFICACÃO DESTA IGREJA QUE FAZ O SEU EXODO PARA O CÉU. PAZ E BEM

AGRADECIMENTO

AGRADECEMOS AOS NOSSOS IRMÃOS E LEITORES, POR MAIS ESTE OBJETIVO ATINGIDO, É A PALAVRA DE CRISTO SEMEADA EM MILHARES DE CORAÇÕES. PAZ E BEM

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Postura nas celebrações.....


FORMAÇÃO IV - Posturas nas Celebrações Nas celebrações litúrgicas, as diversas posturas ou atitudes são expressões corporais simbólicas que expressão uma relação com Deus. O participante deve conhecer as posições em que ficará durante a celebração da santa missa. No entanto, o verdadeiro cristão deve conhece-las. A seguir você ira aprender as principais posturas: Estar em pé: é a posição do Cristo Ressuscitado, atitude de quem está pronto para obedecer, pronto para partir.Indica também a atitude de quem acolhe em sua casa.Estar de pé demonstra prontidão para pôr dm prática os ensinamentos de Jesus. Estar sentado: é a posição se esculta, de diálogo, de quem medita e reflete.Na liturgia, esta posição cabe principalmente ao se ouvir as leituras (Salmo, 1ª e 2ª Leitura), na hora da homilia e quando a pessoa esta concentrada e meditando. Estar ajoelhado: é a posição de quem se põe em oração profunda, confiante. “Jesus se afastou deles à distância de um tiro de pedra, ajoelhou-se e suplicava ao Pai...” (Lucas,22,41).Lembremos dos leprosos que,de joelhos, suplicava que Jesus o livre da lepra (cf. Marcos 1,40). Fazer genuflexão: faz-se dobrando o joelho direito ao solo.Significa adoração, pelo que é reservada ao Santíssimo Sacramento, quer exposto,quer guardado no sacrário. Não fazem genuflexão profunda aqueles que transportam objetos que se usam nas celebrações, por exemplo, a cruz, os castiçais, o livro dos evangelhos. Prostar-se: significa estender-se no chão; expressa profundo sentimento de indignidade, humildade, e também de súplica.Este gesto está previsto na Sexta-feira santa,no inicio da celebração da Paixão.Também os que ser ordenados diáconos e presbíteros se prostram.Em algumas ordens ou congregações religiosas se prevê a prostração na celebração da profissão dos votos religiosos. Inclinar o corpo: é uma atitude intermediária entre estar de pé e ajoelhar-se.Sinal de reverência e honra que se presta às pessoas ou ás imagens.Faz-se inclinação diante a cru,no inicio e no fim da celebração; ao receber a benção; quando,durante o ato litúrgico,há necessidade de passar diante do sacrário; antes e depois da incensação, e todas as vezes em que vier expressamente indicadas nos diversos livros litúrgicos. Erguer as mãos: é um gesto de súplica ou de oferta o coração a Deus.Geralmente se usa durante a recitação do pai-nosso. Mãos Postas (juntas): Forma Liturgica dos que estão no Altar, é uma forma de Oração que deverá ser conservada. Bater no peito: é expressão de dor de arrependimento dos pecados.Este gesto ocorre na oração Confesso a Deus todo poderoso... Caminhar em procissão: é atitude de quem não tem moradia fixa neste mundo:não se acomoda, mas se sente peregrino e caminha na direção dos irmãos e irmãs, principalmente mais empobrecidos e marginalizados. Existem algumas procissões que se realizam fora da Igreja, por exemplo, na solenidade de Corpus Christi e no Domingo de Ramos, na festa do padroeiro..., e outras pequenas procissões que se fazem no interior da igreja:a procissão de entrada, a das ofertas e a da comunhão.A procissão do Evangelho é muito significativa e se usa geralmente nas celebrações mais solenes. Silêncio: é atitude indispensável nas celebrações litúrgicas.Indica respeito, atenção, meditação, desejo de ouvir e aprofundar na palavra de Deus.Na celebração eucarística, de prevê um instante de silêncio no ato penitencial e após o convite à oração inicial, após uma leitura ou após a homilia.Depois da comunhão, todos são convidados a observar o silêncio sagrado.O silencio litúrgico, porém, previsto nas celebrações, não pode ser confundido com o silêncio ocasionado por alguém que deixou de realizar sua função, o que causa inquietação na assembléia. A celebração litúrgica é feita de gestos, palavras, cantos e também de instante de silêncio. Tudo isso confere ritmo e dá harmonia ao conjunto da celebração.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

A arte de Presidir ...


Presidir a assembleia é um dos temas sobre os quais se concentra hoje a atenção seja dos peritos em liturgia seja dos documentos do Papa. O Papa Bento dedicou a segunda parte da Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, de 22 de fevereiro de 2007, à Eucaristia, mistério a ser celebrado. Particularmente, à ars celebrandi foram dedicados cinco números, do 38 ao 42. A ars celebrandi deve ser necessariamente unida, diz o Papa, à participação plena e frutuosa de todos os fieis. “Com efeito, o primeiro modo com que se favorece a participação do Povo de Deus no Rito sagrado é a celebração adequada do próprio Rito” (n. 38). O Bispo, escreve o Papa, “como primeiro dispensador dos mistérios de Deus na Igreja particular a ele confiada, é o guia, o promotor e o guardião de toda a vida litúrgica” (n. 39). O que o Papa diz sobre o Bispo diocesano pode-se aplicar também a todo presbítero que preside a celebração. “Bispos, sacerdotes e diáconos, cada um segundo o próprio grau, devem considerar a celebração como o seu principal dever” (n. 39). Contudo, lembremos que a ars celebrandi diz respeito não só aos ministros ordenados: o Bispo, o presbítero, o diácono, mas a todos os que exercem um ministério e à própria assembleia que celebra. Esta minha conferência quer ser uma introdução geral ao tema, útil aos fieis leigos mas sobretudo aos sacerdotes. Na primeira parte do texto são apresentadas algumas indicações gerais sobre o conceito de liturgia que estão na base da ativa participação dos fieis e do ofício de presidir, com particular referência à celebração eucarística. Deixar-nos-emos guiar por alguns princípios da Sacrosanctum Concilium e pela reforma litúrgica pós-conciliar. Deter-me-ei, todavia, mais longamente sobre a arte de presidir a celebração eucarística, convencido que estou que também para os sacerdotes vale o que o Concílio diz mais propriamente para os Bispos: “Do Bispo (do presbítero) deriva e depende de certo modo a vida de seus fieis em Cristo”.[1] Este é o melhor modo de celebrar o Ano sacerdotal. O Papa Bento XVI, na Carta com que estabeleceu um “Ano sacerdotal” (da solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus de 2009 à solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus de 2010), propôs os ensinamentos e os exemplos de São João Maria Vianney como ponto significativo de referência para compreender o dom e a missão do sacerdócio. Na mesma Carta, foram citadas as palavras deste santo, o qual, depois de falar da celebração dos Sacramentos da parte do sacerdote, afirma: “O padre é o ecônomo do bom Deus”. “O padre não é padre para si, mas sim para vós”. Ser padre significa, portanto, dar glória a Deus no serviço à comunidade cristã. Tais palavras evocam, como foi lembrado acima, as palavras que se leem na Introdução ao Missal Romano: “O sacerdote que... preside a assembleia reunida... deve servir a Deus e ao povo com dignidade e humildade, e no modo de comportar-se e de pronunciar as palavras divinas deve fazer sentir aos fieis a presença viva de Cristo” (n. 60). II. UMA MUDANÇA DE MENTALIDADE Transcorreram já quarenta e cinco anos desde a conclusão do Concílio Vaticano II (8 de dezembro de 1965) e desde a promulgação do primeiro documento conciliar: a Sacrosanctum Concilium (4 de dezembro de 1963). A SC essencialmente não é um conjunto de normas sobre a Liturgia, mas, antes, um documento doutrinal que exige a mudança de mentalidade antes da mudança dos ritos. 1. O conceito de Liturgia segundo o Concílio A Sacrosanctum Concilium não formula, em primeiro lugar, um conceito de Liturgia, mas indica o que através dela se realiza: “Através da Liturgia se exerce a obra de nossa Redenção”.[2] Mediante a Liturgia, os fieis, portanto, fazem experiência do Mistério pascal de Cristo na sua inteireza. A Constituição então indica os efeitos da Liturgia, a qual “cada dia edifica em templo santo no Senhor, em tabernáculo de Deus no Espírito (cf. Ef 2,21-22) aqueles que estão dentro dela, até à medida da idade da plenitude de Cristo (cf. Ef 4,13)”.[3] A Liturgia, segundo o Concílio, é o desígnio da salvação realizado por Deus desde a eternidade e progressivamente revelado. Ele tende todo para Cristo Senhor e para a sua “hora” pascal de morte e ressurreição: é ele que, com seus atos humano-divinos, realiza a salvação. Com a celebração do Sacrifício e dos Sacramentos “sobre os quais gira toda a vida litúrgica”,[4] a Igreja, nascida sobre o Calvário e manifestada ao mundo em Pentecostes, estende no tempo e no espaço o que Jesus operou uma vez por todas. Isto é, portanto, a Liturgia, segundo o Concílio: a re-atuação eficaz, nos sinais do Mistério, da salvação. Surge espontânea uma pergunta: a mais de quarenta e cinco anos do Concílio, quanto somos ainda ligados à noção errada da Liturgia, já reprovada por Pio XII na Mediator Dei: “Não têm uma exata noção da Sagrada Liturgia aqueles que a consideram como uma parte somente externa e sensível do culto divino ou como um cerimonial decorativo... ou como uma mera soma de leis e preceitos com os quais a hierarquia eclesiástica ordena a realização dos ritos”?[5] Nestes últimos anos, terminado o período da grande renovação dos textos e dos ritos, deveu-se constatar, infelizmente, a difusão de um certo neo-ritualismo. Alguns sacerdotes, passado o entusiasmo da novidade, voltaram a uma celebração de routine, com efeitos piores do que quando se celebrava a assim chamada Missa tridentina. Antes, grande parte da celebração era coberta pela música do órgão, pelos cantos da schola, e quase todos os diálogos eram restritos ao sacerdote e coroinhas/sacristão. Hoje, ao contrário, a celebração está baseada na participação dos fieis e na capacidade de presidir da parte do sacerdote celebrante. Ainda mais recentemente, nota-se em alguns sacerdotes jovens um certo retorno ao formalismo, ao gosto estético como fim em si mesmo, que por vezes termina por distrair do Mistério celebrado mais que deixá-lo transparecer. Pensando em algumas Missas celebradas nos dias de semana em dez minutos, chega-se a duvidar se a Liturgia, nesses casos, é considerada como algo mais do que “uma mera soma de leis e de preceitos que regulam a realização dos ritos...” 2. O primado de Deus na Liturgia Precisamente porque realização sacramental do Mistério da salvação, a Liturgia é essencialmente teocêntrica. A salvação se desenvolve e se exaure em dois movimentos complementares: a descida de Deus ao homem para santificá-lo e a subida do homem a Deus para glorificá-lo. Neste duplo movimento, Deus é sempre o primeiro: o primeiro na ordem do tempo, porque dEle provém a força que salva, santifica o homem; o primeiro na ordem do fim, porque a Ele sobe do homem santificado a honra e a glória que Lhe são devidos. Em Deus, portanto – na sua grandeza, na sua onipotência, na sua misericórdia e bondade –, se concentra a Liturgia em todas as suas expressões cultuais. Também o homem tem aí a sua parte, mas sempre na luz de Deus: o homem é precedido e representado pelo homem Cristo, isto é, por Aquele que, no duplo movimento de descida-subida (cf. 1Tm 3,16) realizou a essência de sua missão redentora. A Liturgia, portanto, é, por sua natureza, cristocêntrica: “Na Igreja, o Cristo continua a sua obra e alcança todo homem de todos os tempos e lugares, para que todos possam ter parte na sua salvação”.[6] Cristo “está presente pela força nos sacramentos, de tal forma que, quando alguém batiza, é Cristo mesmo que batiza. Presente está pela sua palavra, pois é Ele mesmo que fala quando se leem as Sagradas Escrituras na Igreja. Está presente finalmente quando a Igreja ora e salmodia, Ele que prometeu: ‘Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles’ (Mt 18,20)”.[7] Na Liturgia, enfim, tudo acontece no Espírito Santo. Pense-se, por exemplo, nas duas epicleses na celebração da Eucaristia: sobre os dons e sobre a assembleia.] 3. Liturgia e Igreja Recolocada a Liturgia dentro da história da salvação, tornou-se ela experiência fundamental para todos os fieis: a Liturgia edifica a Igreja, expressa-a e a manifesta. As ações litúrgicas, portanto, não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, “sacramento de unidade”, isto é, do povo santo reunido sob a guia do Bispo. Esta realidade doutrinal[8] tem como consequência prática o envolvimento de todo o povo de Deus, hierarquicamente ordenado, no ato celebrativo. A Liturgia, portanto, não é mais reservada ao clero, mas é concelebração de todo o corpo de Cristo nas suas várias componentes. A eclesiologia de comunhão sublinhada pela SC e pela LG superou a eclesiologia frequentemente ofuscada no passado por várias ideologias, concebida mais como uma organização eficiente, paralela e frequentemente concorrente com outras organizações, como por exemplo a do Estado. Tal eclesiologia expressou no passado uma liturgia clerical, marcada sobretudo por cerimônias exteriores. A liturgia tridentina era condicionada pela necessidade da unidade da Igreja no período da fratura causada pela Reforma Protestante e estava por isso baseada sobre a uniformidade (uso exclusivo da língua latina e inflexibilidade das rubricas), sem nenhuma referência ao povo de Deus. É significativo que, no Missal de Pio V, não se fale jamais de populus, mas só de minister ou ministrante que serve a Missa. A liturgia do Vaticano II supera estas trincheiras erigidas como salvaguarda da unidade e da identidade da Igreja e apresenta uma liturgia caracterizada pela pluralidade das línguas, pela flexibilidade das rubricas, pela possibilidade de adaptação e aberta à participação do povo de Deus. O envolvimento do povo de Deus no ato celebrativo, segundo a eclesiologia do Concílio, comportou a introdução da língua vernácula, a inserção de algumas aclamações destinadas ao povo, a simplificação de alguns ritos, o restabelecimento de outros, a valorização do ministério da Palavra, o incremento do canto em todas as celebrações, o cuidado reservado às ações, aos gestos e às atitudes do corpo, a valorização do sagrado silêncio, as indicações para a construção dos edifícios de culto e ainda a indicação do celebrar voltado para o povo. A ativa participação de que fala o Concílio, todavia, não deve ser feita a todo o custo, mas é guiada por uma regra bem precisa: “nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar a sua função, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete”.[9] Os membros da assembleia não devem pensar que sua participação na liturgia depende da quantidade de tarefas que conseguem desenvolver, mas unicamente do bom cumprimento do ofício que compete a cada um. Também o sacerdote que preside a celebração, portanto, não deve fazer tudo, mas limitar-se àquilo que lhe cabe. 4. A Liturgia, ação divino-humana Como “naquele tempo” Deus entrou em contacto com os homens através da humanidade de Jesus – “Toda a multidão procurava tocá-lo, porque dele saía uma força que curava a todos” (Lc 6,19) –, assim a salvação realizada por Jesus nos é comunicada, no “hoje” da celebração, através de palavras e gestos rituais. A Igreja, como a sua Liturgia, é a Igreja de hoje, não a do passado ou do futuro: toda celebração é ação de Deus, mas feita acontecer entre nós por pessoas concretas. A Liturgia, portanto, é obra de Deus e obra da Igreja, santo comércio e diálogo interpessoal entre o divino e o humano: “a Liturgia é ponto de encontro, em Cristo, de Deus que santifica a Igreja e da Igreja que presta seu culto a Deus”.[10] De um lado, através da ação de Deus, a presença do Ressuscitado garante a validade objetiva das celebrações litúrgicas; de outro, a ação do homem, e por isto a linguagem comunicativa, torna frutuosos os ritos e as palavras da Liturgia. “A Liturgia é para o homem e, enquanto obra de Cristo e da Igreja, é o lugar em que o divino e o humano entram em contato entre si, para que o divino salve o que é humano e o humano adquira dimensão divina”.[11] III. A TAREFA DE PRESIDIR A ASSEMBLEIA A Introdução geral ao Missal Romano (nn. 59-60) trata dos ofícios e ministérios da Ordem sagrada e dá as indicações fundamentais sobre o ofício de presidente da Eucaristia: “O sacerdote que... preside a assembleia reunida... deve servir a Deus e ao povo com dignidade e humildade, e, no modo de comportar-se e de pronunciar as palavras divinas, deve fazer sentir aos fieis a presença viva de Cristo” (n. 60). Outras indicações particulares estão contidas nos diversos capítulos dos Princípios e Normas para o uso do Missal (nn. 11, 73, 297-298) e na Introdução ao Lecionário (n. 38). 1. Um sacerdócio único para o culto No Novo Testamento, o termo sacerdote é referido a Cristo, a todo o povo de Deus e jamais a uma pessoa individual. “Vós sois a raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo que Deus adquiriu para si, para anunciar a todos suas obras maravilhosas” (1Pd 2,9; cf. Ex 19,5-6; Is 43,20-21; Ml 3,17). Na Igreja, o sacerdócio é único; duas são, todavia, as modalidades de participação no único sacerdócio: o sacerdócio dos fieis e o sacerdócio ministerial, ambos necessários. Eles não estão em contraposição, mas devem ser harmonizados e equilibrados entre si. O sacerdócio dos fieis é participação no sacerdócio de Cristo e, na base deste, todos os batizados têm a possibilidade e o direito de exercer o culto agradável a Deus: isto é, eles são “pedras vivas para construir o edifício espiritual, para um sacerdócio santo, para oferecer os sacrifícios agradáveis a Deus por meio de Jesus Cristo” (1Pd 2,5). O sacerdócio dos fieis habilita, portanto, os batizados a exercer o culto litúrgico. O sacerdócio ministerial mediante o Sacramento da Ordem configura a Cristo na sua qualidade específica de cabeça e pastor de seu povo. O sacerdócio ordenado, portanto, está a serviço do sacerdócio comum dos fieis. Neste sentido, não se deveria jamais esquecer a dupla perspectiva que fundamenta o sacerdócio ministerial: o sacerdote representa sacramentalmente o Cristo pastor, “o único mediador entre Deus e os homens” (1Tm 2,5), o Cristo que reúne e conduz seu povo, mas representa também a Igreja, ao serviço da qual ele realiza sua ação. A Igreja sem o ministro ordenado encontra-se desprovida do sinal-presença de Cristo-cabeça; e sem o sacerdócio batismal falta-lhe o sinal-presença de Cristo-membros. Os fieis, portanto, têm o direito e o dever de participar das celebrações, precisamente porque “as ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja... pertencem a todo o Corpo da Igreja e o manifestam e afetam”.[12] Sendo a Igreja constituída por diversas ordens e ministérios, a partir do Concílio emergiram também na celebração vários ofícios e ministérios do povo de Deus, com tarefas específicas de serviço: acólitos, leitores, cantores, coroinhas, encarregados do acolhimento, animadores. A “actuosa participatio” Antes de falar da tarefa de serviço à comunidade desenvolvida pelos vários ofícios e ministérios e sobretudo por aquele que preside, desejo inserir um parêntese e dar alguns esclarecimentos acerca da ativa participação dos fieis na liturgia, sobre a qual tanto insistiu o Concílio. A redescoberta do Sacerdócio único para o culto, como acabamos de acenar, está na base da “ativa participação” (actuosa participatio) na liturgia. É importante recordar que o conceito de participação mudou profundamente a partir do Concílio. Antes, ele estava essencialmente ligado não ao rito, mas ao estado de ânimo dos fieis. Assim, aqueles que não queriam seguir a ordem da liturgia podiam participar do sacrifício eucarístico “de outra maneira... como, por exemplo, meditando piamente os mistérios de Jesus Cristo, ou realizando exercícios de piedade e fazendo outras orações, que, embora diferentes, na forma, dos ritos sagrados, a eles todavia correspondam por sua natureza”.[13] Este assim chamado paralelismo participativo foi superado pela Sacrosanctum Concilium, que prevê uma única modalidade de participação, per ritus et preces.[14] Não é, portanto, possível ter uma bela liturgia se não há ativa participação nos textos e ritos que se realizam. É conveniente, além disso, recordar que a actuosa participatio inclui vários âmbitos de participação. A participação deve ser: consciente (aspecto intelectual); ativa (aspecto corporal: todo o corpo deve ser envolvido segundo as modalidades do rito); piedosa (o aspecto das emoções partilhadas). As ações litúrgicas, com efeito, não nos devemos jamais cansar de repetir, “não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é o ‘sacramento da unidade’, isto é, o povo santo, unido e ordenado sob a direção dos Bispos. Por isso estas celebrações pertencem a todo o Corpo da Igreja e o manifestam e afetam; mas atingem a cada um dos membros de modo diferente, conforme a diversidade de ordens, ofícios e da participação atual”.[15] Com estas palavras é afirmado o motivo teológico da participação ativa dos fieis[16] e do primado da celebração comunitária[17] frente a outros modos de viver e celebrar a liturgia. Se não se participa deste modo do rito sagrado, hoje se corre infelizmente o perigo de ceder também na liturgia à cultura individualista dominante, em que a liberdade de iniciativa de cada um dos membros tende a prevalecer sobre a participação comunitária. Corre-se, portanto, o risco de um retorno à mentalidade de considerar as ações litúrgicas como ações privadas e não como celebrações que manifestam e afetam todo o corpo da Igreja (cf. SC, 26). Além disso, é evidente que a “actuosa participatio”, que se exerce numa pluralidade de formas (no comportamento, na palavra e no gesto, no canto, no silêncio, na contemplação), não pode ser confundida com um “ativismo” puramente exterior. Ao contrário, ela é fruto de uma sincera adesão de fé à pessoa e à mensagem do Senhor Jesus; é suscitada e sustentada pelo Espírito Santo, aquele mesmo Espírito que consagrou o Verbo encarnado, desde o seio de sua Mãe,[18] Sumo Sacerdote da Nova Aliança e que é prodigalizado nos sacramentos do Batismo e da Confirmação, para que todo fiel seja distinguido pelo “sacerdócio real” e faça da própria vida um culto agradável a Deus.[19] 2. A tarefa específica daquele que preside No contexto litúrgico-eclesial da pluralidade de ofícios e ministérios, coloca-se o papel específico do presidente da celebração. A ele cabe coordenar e estimular a participação dos fieis na celebração, de modo que constituam uma verdadeira comunidade que celebra. a) Algumas características do múnus de presidir Fazer sentir a presença de Cristo Como diz o n. 60 da Introdução ao Missal, quem preside deve antes de tudo “fazer sentir a presença viva de Cristo”. Os presbíteros têm, portanto, uma missão que é totalmente relação; por si nada podem fazer: eles são e permanecem somente servos e, enquanto tais, não devem jamais colocar em primeiro plano a si mesmos e suas opiniões, mas somente o Kyrios, Jesus Cristo! Como João Batista, devem saber diminuir diante do Senhor (cf. Jo 3,30) e, sobretudo na presidência eucarística, não devem erigir-se em protagonistas da ação litúrgica. Animar a oração litúrgica não significa, portanto, provocar a todo custo nos fieis uma participação só exterior, mas conduzi-los a participar intimamente do Mistério da morte e da ressurreição do Senhor. Em tal perspectiva, é importante evitar a inflação das palavras, dos gestos, da música, e promover, ao contrário, o recolhimento, dar espaço a momentos de silêncio. Só deste modo poder-se-á favorecer a oração e a contemplação de toda a assembleia. Mas devemo-nos perguntar: quando se pode dizer que uma Eucaristia é “bem celebrada”? A experiência me ensinou que uma Eucaristia é bem celebrada antes de tudo quando se deixa que a celebração eucarística seja simplesmente e nada mais do que uma celebração eucarística. Este é na realidade o primeiro ato de obediência à ordem eucarística do Senhor: “Fazei isto em memória de mim”. Isto é, é necessário deixar que a celebração eucarística seja nem mais nem menos do que o Senhor Jesus na última Ceia quis que fosse: memorial da sua morte e ressurreição. Às vezes, infelizmente, tem-se a impressão que a celebração do grande mistério da Eucaristia se torna uma espécie de grande recipiente em que cada um pode colocar o que quer. Torna-se então uma escola para quem quer ensinar; um lugar de encontro para quem quer agregar; um espetáculo para quem quer seduzir com efeitos especiais... Em outras palavras, a liturgia é certamente festa, mas “festa da fé” e não festa mundana com formas e linguagens mundanas. “Descobrimos a íntima riqueza da liturgia da Igreja e sua verdadeira grandeza: não somos nós a fazer festa para nós, mas é, ao contrário, o próprio Deus vivo a preparar para nós uma festa”.[20] Sim, a Eucaristia é o memorial do Sacrifício de Cristo e, portanto, é toda a vida do Filho unigênito, e se alteramos algo dela e comprometemos a celebração, na realidade comprometemos não simplesmente um rito, mas uma vida, a vida de Cristo Senhor. Deixar que a celebração eucarística seja só e nada mais do que uma celebração eucarística significa, portanto, respeitar sua natureza e a finalidade que o próprio Senhor quis que tivesse. Cabe sobretudo aos ministros ordenados, chamados a presidir a celebração, empenhar-se na não fácil tarefa de ser mistagogos. Só se nós por primeiro soubermos viver o que celebramos seremos capazes de ajudar outros a entrar na compreensão do próprio mistério. Devemos, todavia, ter presente que “o objeto da mistagogia não é o rito em si, mas o evento de salvação que através do rito se celebra. Como as Escrituras, que escondem sob a casca da graphé um sentido espiritual, do mesmo modo a liturgia esconde, sob a casca do érgon, da ação, do texto, do rito, um sentido espiritual. O rito é para a liturgia o que a letra é para as Escrituras. Por isso, a liturgia, como as Escrituras, exige uma leitura e uma inteligência espiritual. O que significou para as Escrituras o retorno, depois de séculos, à Lectio divina, será para a liturgia o retorno, depois de séculos, da mistagogia”.[21] Servir a Deus e ao povo com dignidade e humildade Presidir significa superar a espiritualidade prevalentemente individualista. O sacerdote deve ser santo não tanto para si quanto para a comunidade; ele é padre sobretudo na medida em que se dedica ao serviço da comunidade. Tal dedicação constitui a fonte da espiritualidade sacerdotal do clero diocesano: “os presbíteros são chamados à santidade por força do ministério e das mesmas sagradas ações que realizam quotidianamente”.[22] Eles se santificam ao exercer o munus a que foram chamados. O Papa Bento XVI nos convida a “entrar com a nossa mens na vox da Igreja... Na medida em que interiorizamos esta estrutura [da oração], compreendemos esta estrutura, assimilamos as palavras da liturgia, podemos entrar nesta consonância interior e assim não só falar com Deus como pessoas individuais, mas entrar no ‘nós’ da Igreja que ora. E assim transformar também o nosso ‘eu’, entrando no ‘nós’ da Igreja, enriquecendo, alargando este ‘eu’, rezando com a Igreja, com as palavras da Igreja, estando realmente em colóquio com Deus”.[23] A Introdução ao Missal fala daquele que preside como um que serve com humildade. O presidente da celebração deve, por isso, considerar-se irmão entre os irmãos, ouvinte entre ouvintes da Palavra, intérprete e anunciador da mesma Palavra, aquele que deve comunicar aos outros o dom que recebeu primeiro. O presbítero deve ter consciência de ser um instrumento nas mãos do Senhor e não um ator em primeira pessoa. Ele deve saber estar no seu lugar, sem tornar-se único protagonista da celebração. Como já acenei, o protagonismo pode, com efeito, ser uma grande tentação para quem tem a tarefa de reger uma ação como a ação litúrgica, facilmente exposta ao risco de transformar-se em “espetáculo”. Isto ocorre quando a própria piedade e os dons pessoais são enfatizados e expostos: em tal caso, os gestos litúrgicos não narram mais a ação de Deus, mas tornam-se ação de quem os realiza. Se da parte do presbítero há excesso de expressão sentimental ou quando se confia demasiadamente na inspiração pessoal, chega-se a cair no exibicionismo, que transforma a Liturgia em “teatro”, em cena religiosa mundana. Neste caso acontece, infelizmente, que quem preside acaba por seduzir, por atrair a si, pervertendo a Liturgia no seu escopo, que é o de educar, isto é, de levar a Cristo e, através dele, a Deus Pai, graças à ação do Espírito Santo, e não de levar à admiração suscitada por quem celebra. É neste sentido que Bento XVI escreve: “Recomendo ao clero que aprofunde sempre mais a consciência do próprio ministério eucarístico como humilde serviço a Cristo e à Igreja”,[24] e recorda que o ministério é amoris officium, “ministério de amor”, segundo a expressão de Santo Agostinho.[25] Presidir significa, portanto, estar diante da assembleia com a própria pessoa, os próprios gestos, as atitudes, as palavras, os movimentos. Quem preside deve ter a qualidade da dignidade: estar consciente da importância da ação que realiza, ter o sentido da celebração, da proclamação de um texto, ter uma gestualidade apropriada, decoro no porte e na pessoa, conhecimento concreto da comunidade dos fieis, conhecimento pastoral, histórico e teológico da ação litúrgica, ter o sentido da relação entre o gesto, a palavra e a ação, ter o gosto do belo... Nós sacerdotes deveríamos sempre ter presente que o Sacramento da Ordem nos configura a Cristo na sua qualidade específica de cabeça e pastor do seu povo. Isto é, devemos ter presente a dupla perspectiva que fundamenta o sacerdócio ministerial: o sacerdote representa sacramentalmente o Cristo pastor, “o único mediador entre Deus e os homens” (1Tm 2,5), o Cristo que reúne e conduz seu povo, mas que também representa a Igreja, a serviço da qual ele realiza sua ação. “Ao Bispo é preparado um assento mais elevado, porque toca a ele vigiar, isto é, proteger, o povo. De fato, ‘bispo’ é um termo grego que em latim se deveria traduzir como ‘vigia’, isto é, um que de cima observa e vê do alto... Quando se está num posto elevado como este, começa a tornar-se perigosa a prestação de contas. É necessária tal disposição que, embora colocados aqui em cima, em virtude da humildade sintamo-nos sob os vossos pés, e ao mesmo tempo rezemos por vós...”.[26] A presidência litúrgica Aquele que preside diante da assembleia não só é visto, mas também aprovado e julgado no desenvolvimento de seu papel, que se desenvolve em “Persona Christi”. E todavia tal presidência não pode ser exercida sem considerar a qualidade da assembleia e sem ser capaz de responder às expectativas do povo de Deus: aquele que preside, com efeito, de algum modo preside também em “Persona Ecclesiæ”. Quando preside, o presbítero age em nome de Cristo, é ícone de Cristo, assim como age também em nome da Igreja, como representante oficial e porta-voz da comunidade. Ele não é uma simples pessoa privada, mas sua ação em nome da Igreja não substitui a participação ativa da assembleia; antes, deveria torná-la possível, porque a Liturgia permanece, em todo caso, uma ação comum: quando preside a Liturgia, o presbítero não se esqueça que os fieis não são chamados em assembleia para “ver”, mas para “agir junto”, para celebrar junto. Sendo avesso a toda forma de protagonismo, o presbítero, plasmado pelo autêntico espírito da Liturgia, presidirá a synaxis “como aquele que serve” (Lc 22,27), à imagem dAquele do qual ele é um pobre sinal. Por isso, a qualidade da presidência litúrgica, na sua forma mais alta e fecunda, irá bem além de uma simples arte de presidir, de um mero savoir faire, para tornar-se princípio de comunhão, na íntima consciência de que o conjunto dos dons do Espírito Santo se encontra unicamente no conjunto da Igreja. Em outras palavras, na celebração eucarística, o presbítero deve ter uma consciência profunda e clara do seu “ser sinal”. Precisamente por isso ele traz as vestes litúrgicas escolhidas, que são em si “linguagem”, veiculam mensagens necessárias à plenitude da celebração. Quando o presbítero entra na assembleia eucarística, não entra como um fiel qualquer, porque ele é sinal do Cristo que vem em meio aos seus; é sinal do Cristo quando prega a Palavra do ambão; é sinal do Cristo quando parte o pão eucarístico... Há um modo de caminhar, de sentar-se, de falar, de fazer gestos que, se permanece inscrito na banalidade dos gestos comuns e quotidianos, não é sinal, antes, cria obstáculo à possibilidade de “ver além” da parte de quem participa da Liturgia. Presidir significa, além disso, relação e diálogo; implica, portanto, a comunidade como ponto de referência, comunidade composta por colaboradores, como os leitores, os acólitos, os coroinhas, os cantores. “Do ‘eu’ do presbítero ao ‘nós’ da Igreja, esta é a ação formativa da liturgia, que torna o presbítero capaz de presidir a oração da Igreja. Ao presbítero, portanto, não é pedido só que seja um homem de oração: isto é pedido a todo cristão. Ao presbítero se pede também que seja capaz de presidir a oração da Igreja, que seja servo da Ecclesia orans. Isto não significa simplesmente “fazer rezar” uma assembleia, mas conduzir a assembleia à oração através da oração da Igreja”.[27] “Um presidente que se agita no altar, que observa tudo (e o deixa ver), que repreende e reprova, que vai de um lado para o outro do presbitério para realizar funções que não lhe competem (acender e apagar luzes, mudar de lugar microfones, inserir discos, trazer cálice e patena ao altar etc) não é um bom presidente”.[28] Presidir envolve também outros elementos que contribuem para a expressividade e o diálogo: as vestes sagradas, as toalhas do altar, a luz, as flores, os objetos necessários e os livros litúrgicos. Estes elementos frequentemente falam por si, antes mesmo das palavras. Limpeza, ordem, vestes apropriadas, luminosidade do ambiente, boa amplificação do som, flores dispostas com gosto, constituem já as boas vindas aos fieis que entram na Igreja e um convite a ali retornar. Ao contrário, um serviço descuidado, vestes sujas e desarrumadas, leitura sem cuidado e corrida, velas tortas, cadeiras em desordem, pó, paredes deterioradas, não constituem um convite a retornar à Igreja. A presidência não se exerce só no curso da celebração, mas se deve iniciar na preparação para a celebração: “a preparação prática a cada celebração litúrgica seja feita de comum acordo entre todos os envolvidos respectivamente na parte ritual, pastoral e musical, sob a direção do reitor da Igreja, sendo ouvido também o parecer dos fieis para aquelas coisas que lhes dizem diretamente respeito”.[29] A celebração litúrgica, com efeito, exige a harmonia das várias componentes: liturgia da Palavra e liturgia Eucarística, presidência e ministerialidade, palavras e gestos, canto e silêncio, respeito às rubricas e sentido de adaptação, comunidade e indivíduo, participação em silêncio e participação nos gestos e palavras, oração pessoal e oração de toda a assembleia. Isto exige uma atenta e cuidadosa preparação, porque uma celebração não preparada e feita com pressa se reduz frequentemente a um puro ritualismo formal. A presidência, todavia, se exerce sobretudo no curso da celebração. Presidir uma celebração não significa só ocupar o posto reservado àquele que preside, nem cumprir com escrúpulo as rubricas. Presidir significa fazer-se intérprete e mediador da comunidade, coordenar os vários ofícios e ministérios, de modo que tudo se desenvolva em ordem e deixe transparecer o equilíbrio entre o divino e o humano. Aquele que preside deve-se tornar ele mesmo, através das palavras e dos gestos da fé, sinal que deixa intuir a presença do divino. Em síntese, o ofício de presidir não consiste principalmente na eficiência, mas em dar glória a Deus e edificar a comunidade cristã. Permito-me, neste ponto, dar algumas explicações acerca da ars celebrandi, de que hoje tanto se fala. É verdade que, nos últimos decênios da atuação da reforma, pouco se meditou na ars celebrandi e pouco dela nos ocupamos: desse modo, porém, ocorreu um empobrecimento da liturgia... E quando não há mais, sobretudo naquele que preside, a atenção, o cuidado, para que emerja aquela beleza que é sempre eloquência eficaz do gesto e da palavra, então aparecem o mecanismo do celebrar, a recitação de um texto ao qual não se adere, a cantilena, uma repetição de ações sem que se seja sujeito capaz de dar-lhes força e comunicação; em tal caso, no sacerdote não há mais autoridade, mas nele prevalece o aspecto do funcionário, do operário, de quem faz alguma coisa por profissão e função, mas sem convicção. Isto é, a arte de celebrar, de que hoje tanto se fala, deve ser entendida antes de tudo como arte de promover, per ritus et preces, a actuosa participatio na celebração da parte de toda a assembléia. Evidentemente, ela inclui também o respeito às rubricas, mas não pode ser reduzida à arte da sua simples, exata e mecânica execução. Se fosse assim, constituiria um retorno ao primado, na liturgia, da fria execução das rubricas que caracterizou o período que precedeu a reforma litúrgica. b) Empenho permanente da pastoral litúrgica Reforma litúrgica e reforma da Igreja As disposições da Sacrosanctum Concilium foram realizadas com a publicação dos livros litúrgicos e com oportunas indicações; e realmente se pode dizer que – assim escrevia João Paulo II – “os Pastores e o povo cristão, na sua grande maioria, acolheram a reforma litúrgica em espírito de obediência, antes, de alegre fervor. Por isso devemos dar graças a Deus pela passagem do seu Espírito na Igreja, tal como foi a renovação litúrgica”.[30] “A reforma da liturgia querida pelo Concílio Vaticano II – são ainda palavras de João Paulo II – pode ser considerada já posta em ato; a pastoral litúrgica, ao contrário, constitui um empenho permanente para haurir sempre mais abundantemente, da riqueza da liturgia, aquela força vital que do Cristo se difunde aos membros do seu corpo, que é a Igreja”.[31] As verdadeiras dificuldades da Liturgia para hoje e para amanhã não dizem respeito mais principalmente “ao ordenamento dos textos e dos ritos”.[32] É necessário recordar que o Concílio se tinha proposto quatro precisos objetivos: o crescimento da vida cristã; o “aggiornamento” das instituições eclesiais às exigências do nosso tempo; a unidade de todos os que creem em Cristo e, por isto, o ecumenismo; a chamada de todos ao seio da Igreja e, por isto, a missão. Para atingir estes quatro objetivos, o Concílio julgou “ser seu dever cuidar de modo especial da reforma litúrgica e do incremento da Liturgia”.[33] A reforma da Liturgia não foi, portanto, querida e atuada como simples reforma de ritos, mas como fundamento e inspiração para chegar aos escopos a que o Concílio se propusera. Por isso, segundo penso, o fim da Liturgia é o próprio fim da Igreja, o futuro da Liturgia é o futuro do cristianismo e da nossa vida cristã. E isto precisamente porque, recordam-nos os Padres do Concílio, “a Liturgia é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força”.[34] IV. CONCLUSÃO O ato de presidir as celebrações litúrgicas oferece aos sacerdotes muitos elementos de reflexão não só para aprofundar o significado do Ano sacerdotal, mas para vivê-lo mais intensamente. O Papa, na sua carta, não indicou aos sacerdotes atos particulares a realizar, mas sublinhou algumas ideias de fundo que devem guiar a vida sacerdotal: viver a total identificação com o próprio ministério; desenvolver a colaboração com os fieis leigos, com os quais os presbíteros formam um único povo sacerdotal; dar um forte testemunho evangélico penetrado pela Palavra, isto é, realizar um novo estilo de vida; viver a comunhão com o próprio bispo, que se exprime na concelebração eucarística etc. É, portanto, desenvolvendo o próprio ministério em toda a sua riqueza e intensidade, precisamente a partir da presidência das celebrações litúrgicas, que o sacerdote é convidado a celebrar o Ano sacerdotal. Certamente, trata-se de um ano determinado, que tem um início e um fim no tempo, mas, como ideal de vida, permanece convite aberto para toda a vida do sacerdote. O ano sacerdotal se vive, portanto, celebrando o ano litúrgico da Igreja com maior intensidade. A celebração do Ano sacerdotal, com efeito, não se realiza através da organização de celebrações extraordinárias ou de grandes eventos. As celebrações do ano litúrgico permanecem, portanto, a fonte e o cume da vida da Igreja e do sacerdote. “Bispos, sacerdotes e diáconos, escreve o Papa, cada um segundo o próprio grau, devem considerar a celebração como seu principal dever”.[35] Olhar para a frente “Nossa recomendação é esta – dizia o Papa Paulo VI, em 1º de março de 1965, na vigília da primeira atuação da reforma litúrgica –: dedicai sumo cuidado... ao conhecimento, à explicação, à aplicação das... normas com que a Igreja quer... celebrar o culto divino. Não é fácil; é delicado; exige empenho direto e metódico: exige a vossa assistência pessoal, paciente, amorosa, verdadeiramente pastoral. Trata-se de mudar tantos hábitos, ... trata-se de incrementar uma escola mais ativa de oração e de culto em cada assembleia de fieis, ... trata-se, em uma palavra, de associar o povo de Deus à ação litúrgica sacerdotal. Repitamos: é difícil e delicado; mas acrescentemos: é necessário, obrigatório, providencial, renovador. E esperamos também: consolador... São necessários anos..., mas devemos começar, recomeçar, perseverar, para conseguir dar à assembleia sua voz grave, unânime, doce e sublime”.[36] É uma “entrega” sempre atual para a pastoral litúrgica; é um convite a olhar para frente e a continuar com entusiasmo o caminho iniciado no Concílio † Piero Marini Arcebispo Responsável pelos Congressos Eucarísticos Internacional Ex Mestre de Cerimonias Liturgicas da Casa Pontifícia