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AGRADECEMOS AOS NOSSOS IRMÃOS E LEITORES, POR MAIS ESTE OBJETIVO ATINGIDO, É A PALAVRA DE CRISTO SEMEADA EM MILHARES DE CORAÇÕES. PAZ E BEM

segunda-feira, 23 de março de 2009

LIBERDADE DO CRISTÃO


Uma situação de conflito na Igreja: sintoma de um mal oculto
Paulo não se dava muito bem com a comunidade de Jerusalém. Não era culpa sua. Alguns cristãos de lá não confiava nele. Além de conservarem a lembrança dolorosa da perseguição que ele tinha movido contra eles (At 9, 13.26), acabava com as tradições e de que incitava os judeus do mundo inteiro a abandonarem a observância da lei de Moisés (At 18, 13; 21,28). Ele teria dito que a circuncisão já não valia mais nada (At 21,21). Seria mais ou menos como quando hoje alguém anda dizendo que o preceito dominical, o celibato, o jovem, o jejum eucarístico, as fitas, o terço, etc., não valem mais nada.
Paulo sentia profundamente essa falta de confiança dos seus irmãos na fé. Justamente ele, que tudo dera de si, por amor a Cristo, em quem eles também acreditavam (Gal 2,20; 2 Cor 10,1; 11,22-23; Fil 3, 5-8). Além de não ser verdadeira, a acusação contra ele era o sintoma de um mal oculto. Revelava uma divergência muito profunda entre Paulo e os seus colegas de Jerusalém. Tinham opiniões radicalmente opostas sobre o evangelho e sobre a função e o lugar de Jesus Cristo na vida dos homens.
Paulo achava perfeitamente compatível existir, dentro da unidade da fé, um certo pluralismo na maneira de se viver esta fé em Jesus Cristo.. Os judeus convertidos viviam essa fé, na sinceridade e na doação total, observando as prescrições de Moisés (At 21,20; cf 10,14.28; 11,3; 1,46) .Paulo não era contrário a isso. Ele mesmo, quando o julgava oportuno, observava a lei (1 Cor 9,20) . Nem por isso podia ser acusado de oportunista, pois não procurava seu próprio interesse. Mas ele não podia suportar a pretensão de alguns colegas de Jerusalém que queriam encampar a maneira judaica de se viver o evangelho, como sendo a única válida e verdadeira, e impô-la a todos como caminho obrigatório, para alguém poder participar da salvação de Cristo (At 15,1.5.24) .
Paulo achava que um pagão, convertido ao cristianismo, deveria poder viver essa mesma fé a seu modo, diferente dos judeus, mas com a mesma sinceridade e doação total. E era exatamente neste ponto que se manifestava a divergência. Os outros não tinham essa abertura de espírito e contestavam a iniciativa de Paulo. Talvez agissem sem maldade, impelidos por uma consciência mal formada. Paulo porém, tinha lá as suas dúvidas a respeito da sinceridade desses homens ( cf Gal 2,4-5; 4,17; 6,12; Fil 3,2) .Em todo o caso, eles trabalhavam ativa e organizadamente para conseguir o seu objetivo.
II
As dúvidas e as lutas internas, geradas pelo conflito
Provocou-se assim uma grande confusão dentro dá Igreja (At 15,2) .Ninguém sabia o certo. Quem tinha razão ? Paulo ou o grupo de Jerusalém, que se escondia atrás do nome do Apóstolo Tiago? (Gal 2,12) .Até Pedro, o chefe da Igreja, ficou na dúvida e na in- certeza, não sabendo logo encontrar o caminho certo, nessa problemática eminentemente prática, e deixou influenciar-se pelo grupo de Jerusalém (Gal 2,11-14) .
A Igreja estava numa encruzilhada e ninguém sabia o caminho certo a ser seguido. Aquilo não fora previsto; Cristo não deixara nada escrito; normas anteriores não eram capazes de equacionar o problema totalmente novo e que exigia criatividade. Era difícil escolher: continuando na linha dos mais moderados, não haveria o perigo da perseguição (Gal 6,12; 5,11) , mas também não haveria pagão que entrasse na Igreja, submetendo-se ao rito da circuncisão; a Igreja ficaria reduzida a uma seita judaica e seria tragada pelo tempo; continuando na linha de Paulo, o mundo judeu e romano iria abater-se sobre o cristianismo ( cf At 13,45; 13,50; 14,2.5 ; 16,20), mas a fé estaria aberta para todos os homens indistintamente. Que fazer? Atrair sobre si a reação de todos e colocar em perigo a sobrevivência da fé por excesso de velocidade, ou andar com mais calma e colocar em perigo a sobrevivência da fé por morte prematura?
Paulo era da primeira opinião e lutou por ela. Sofreu muito por causa dessa sua convicção. Os seus adversários fizeram tudo para diminuir a influência de Paulo. Procuravam contestar a sua autoridade: o evangelho pregado por ele seria só dele, e não dos apóstolos Pedro e Tiago (cf Gal 2,6-9; 1,19-23) .Destruída a sua autoridade, estaria solapada a base de todo o seu trabalho. Paulo teve que defender-se, mostrando não existir nenhuma divergência entre ele e aqueles do.is grandes apóstolos (Gál 2,1-10) .Fêz todo o possível para desfazer a impressão de que ele fosse um demolidor da lei e da tradição ( cf 2 Cor 11,21-23; 12,11; At 25,8; 24,14-15 ; 1 Cor 9,20; Rom 3,31; 10,4) .É possível que a reação dos outros contra Paulo fosse motivada apenas por medo de perseguição. É difícil julgar à longa distância. Paulo, ao menos, era desta opinião : «É só para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo !» (Gal 6,12) .Ele os chamava «irmãos falsos» (Gal 2,4; 2 Cor 11,26. 12-13) .



III
A convicção de Paulo, traduzida em atitudes práticas
A Paulo. pouco importava alguém ser circunciso ou não, ser um cristão vindo do judaísmo ou do paganismo (Gal 6,15; 5,6; 1 Cor 9,20) .Não proibia ninguém a observar a lei de Moisés. Mas também não suportava a pretensão dos outros de que essa lei fosse necessária para se poder ser cristão. A salvação que Cristo trouxe, essa estava aberta a todos, pois segundo Paulo, bastava a fé em Jesus Cristo, entendida como adesão total a ele (Gal 3,22; 2,15-19. 21) . Diante de Cristo, todo o mundo está em pé de igualdade. Todo o resto, as observâncias, as prescrições e aquela quantidade inumerável de normas, tudo passou para o plano secundário de instrumento e meio .
Por isso, quando lhe convinha, isto é, para poder fazer-se judeu com os judeus, Paulo observava a lei de Moisés (1 Cor 9,20) . Fez até questão de circuncidar Timóteo, para facilitar o relacionamento com os judeus (At 16,3) .Mas opôs-se energicamente a fazer o mesmo com Tito, quando os outros queriam fazer disso uma questão de princípio (Gá12,3-5*; 5,2).
O mesmo se diga daquelas observâncias judaicas em relação à comida e à bebida. Paulo achava que, em tudo isso, o que tinha valor mesmo era a consciência (Rom 14,1-5) Que cada um fizesse o que bem entendia, mas que seguisse sempre a sua consciência e que fizesse tudo para o Senhor (Rom 14,6-9) , porque, afinal, «o reino de Deus não é uma questão de comida e de bebida» (Rom 14,17) .Que fossem livres realmente (Gal 5,1). Porém, quando os outros queriam fazer dessas coisas secundárias uma questão de princípio, então ele reagia fortemente, até contra o próprio Pedro (Gal 2,11-14), e denunciava as pretensões deles como contrárias à vontade de Deus, como coisas que apenas «favorecem o orgulho» (Col 2,23) .Não passavam de prescrições humanas (Col 2,22) .
Paulo tinha horror àquela uniformidade no agir, imposta em nome da fé. Não gostava de gente que, por não entender nada do principal, se levantava em defensor de coisas secundárias, querendo definir por elas a ortodoxia de alguém. Assim como ele dizia : «O reino de Deus não é uma questão de comida e de bebida», poderíamos repetir hoje: «0 reino de Deus não é uma questão de comunhão na mão ou na boca, de padre casado ou solteiro, de cor de paramento, de hábito branco ou marrom, de confissão uma vez por mês ou uma vez por ano, de missa com uma ou com três leituras, de jejum eucarístico de 50 ou de 60 minutos, de «E contigo também» ou de “Ele está no meio de nós», e de uma infinidade de outras questões que obnubilam a visão. 0 reino de Deus é «justiça, paz e alegria no Espírito Santo» (Rom 14,17) . 0 que vale mesmo é «a fé que opera e se manifesta na caridade» (Gál 5,6). O resto é bom, válido e útil enquanto tiver capacidade de levar a isso e for expressão sua. Do contrário, nada vale; certamente, “não provém daquele que vos chamou» (Gál 5,8) .
Em outra ocasião, Paulo chegou a tomar uma atitude que lhe deve ter custado muito. De volta a Jerusalém, depois da terceira viagem missionária ao mundo pagão, aceitou levar alguns homens ao templo, para cumprirem uma promessa, feita segundo a lei de Moisés. Era uma manobra de tática de alguns colegas seus de Jerusalém, para darem aos outros a impressão de que Paulo não era contrário à lei (At 21,20-24) . Mas em outra ocasião, em se tratando apenas de um problema de convivência à mesa, Paulo chegou a enfrentar Pedro publicamente (Gál 2,11-14) .Por motivo de tradições e convenções judaicas, Pedro se deixou envolver pelo grupo de Jerusalém e abandonou o convívio com os pagãos convertidos, comendo só com os judeus convertidos. Os pagãos, por causa disso, se sentiam reduzidos a uma categoria inferior de cristãos e se viam forçados, pela situação" a observarem aquelas mesmas convenções . Paulo, diante disso, reagiu fortemente: «Se você, embora sendo judeu, vive como um não-judeu, como então pode forçar os não- judeus a viverem como judeus ?» .E falou isso «na presença de todos» (Gál 2,14) .
Vê-se que, apesar dos interesses tão grandes em Jogo, a luta se trava sempre, tanto ontem como hoje, nas coisas bem comuns da vida, coisas irritantes de pequena monta; mas é lá que se decide a batalha. Um quilômetro se percorre, vencendo-o centímetro por centímetro .



IV
A liberdade em Cristo
O que Paulo prezava, antes de tudo, era a sua liberdade. Livre da lei (Gál 3,13), livre de tudo, para em tudo poder seguir a consciência nova, nele nascida a partir da sua adesão a Cristo (Gál 5,1; 2,4) .A obrigatoriedade não se impunha de fora, mas nascia de dentro. Por nada trocaria tal liberdade (Fil 3,7 -9) , e não permitia que outros impedissem os pagãos de viverem essa mesma liberdade (Gál 2,4-5) .Nem mesmo Pedro, o chefe supremo da Igreja, tinha autoridade para isso (Gál 2,14) .Nem mesmo aqueles «figurões» ou «super-apóstolos» de Jerusalém (2 Cor 11,5; 12,11) .Ele os enfrentava corajosamente, porque, assim escrevia, «eu acho que não sou em nada inferior a eles» (2 Cor 12,11) , pois «penso possuir, eu também, o Espírito de Deus» (1 Cor 7,40) .
A partir dessa sua visão, Paulo tomava as suas decisões, mas não sem antes consultar os outros apóstolos (Gál 2,1-2) que aliás, nunca tiveram nada a reprovar nele, ao menos em princípio (Gál 2,6-9) .Talvez, na prática, não conseguissem entender de todo o procedimento de Paulo. De fato, havia muita gente que não conseguia acompanhar Paulo em sua abertura, pois não, tivera a mesma luta e experiência por que ele passara. Paulo, por sua vez, também não exigia que todos pensassem como ele .Sabia respeitar a consciência dos outros. Sendo realmente livre, ele se fazia escravo de todos (1 Cor 9,19) .
Via no outro, por mais fraco e fechado que fosse, um «irmão por quem Cristo morreu» (1 Cor 8,11) .E se, por acaso, o seu procedimento livre pudesse ser motivo de queda para o outro, estava disposto a nunca mais comer carne, se com isso podia ajudar o irmão (1 Cor 8,13) ; praticou o que escrevia aos gálatas: «Fostes chamados, irmãos, à liberdade, não a uma liberdade que dê ocasião à carne; antes, sede escravos uns dos outros pelo amor» (Gál 5,13) .O amor o levava a respeitar a consciência dos outros. Só pedia que não dificultassem o seu trabalho, impondo restrições que nada tinham a ver com a fé em Cristo, e que não escondessem, sob o manto da fé e da boa ordem, a sua própria falta de coragem de enfrentar a realidade e as perseguições (Gál 6,12) .
Deve-se notar ainda que tudo isso, para Paulo, não ficava apenas em teoria ou em documento escrito. Ele tinha a coragem de ensiná-lo aos outros na prática e de assumir o risco das conseqüências. Tinha a coragem de dizer ao gálatas, povo simples e sem muita cultura: «Deixai-vos guiar pelo Espírito. Santo e já não cumprireis os desejos da carne» (Gál 5,16) .Os «desejos da carne» eram aquelas preocupações com as observâncias materiais de comida e bebida, com festas e normas e sobretudo com a circuncisão, a ser feita na carne. E não ficava nisso. Depois de ter indicado aos outros o caminho, ele não se esquivava, quando surgiam dificuldades com as outras autoridades. O compromisso de Paulo com Cristo se traduzia concretamente no compromisso com os outros . Êle não fazia distinções teológicas, para não ter que entrar na briga. Não distinguia muito entre teoria e prática. Para ele, a fé era uma atitude eminentemente prática. E apelava para este seu comportamento de compromisso real: «Daqui por diante ninguém me moleste mais, pois trago no corpo as marcas de Jesus» (Gál 6,17) . Aludia ao sofrimento e à tortura, suportados pelo bem dos outros .
V
Solução do problema: aceitação do pluralismo
Na medida em que o tempo passava, a confusão aumentava na Igreja. A convivência entre cristãos vindos do paganismo e cristãos vindos do judaísmo tornava-se cada vez mais difícil (At 15,1-5) .Era urgente resolver esse problema e obter uma visão mais clara do evangelho. Foi convocada uma reunião em Jerusalém, que entrou na história como o primeiro concílio ecumênico (At 15, 6) .A discussão foi longa (At 15,7). Mas no fím, Pedro falou e encerrou o assunto: o que salva mesmo e liberta o homem, é a fé em Jesus Cristo (At 15,11) .Falou assim, não para agradar a Paulo, mas porque ele mesmo vira e percebera, por própria experiência e por indicação divina, que esse era o caminho certo (At 15, 7-9; 10,44-48) .As visões se clarearam. Não foi proibida a observância da lei de Moisés . Foi apenas condenada a obrigatoriedade dessa observância para os pagãos convertidos (At 15,10) .Tiago apoiou a decisão de Pedro (At 15,13-19) e ambos se distanciaram definitivamente daqueles que andavam dizendo o contrário (At 15,24) . Fizeram questão de deixar bem claro esse ponto no comunicado
final da reunião: «Tendo sido informados de que alguns dos nossos, sem autorização da nossa parte, foram inquietar-vos com certas afirmações, lançando a confusão em vossas almas, resolvemos unânimimente designar alguns homens e enviá-los a vós, junto com nossos diletos Barnabé e Paulo, homens que expuseram sua vida em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo» (At 15,24-26) .
Aceita em tese a pluralidade na maneira, de se viver a fé em Jesus Cristo, tentou-se concretiza-la na pratIca, dando-lhe uma certa estrutura. A tese é uma coisa, a prática é outra. Na aplicação da norma genérica, os apóstolos seguiram o bom senso. Não se podia, por exemplo, exigir de um judeu convicto, como era o caso de Pedro e de Tiago, que fossem viver como os cristãos vindos do paganismo. Nem era necessário. Não podiam exigir de Paulo que fosse adaptar-se às normas da convivência judaica. Por isso, deixaram a Paulo e Barnabé o cuidado pelas comunidades existentes no mundo pagão. Pedro e Tiago tomariam conta das comunidades do mundo judaico (Gál 2,7-9) .A todos, porém, assistia o direito de viver a sua fé em Cristo na santa liberdade da sua consciência Mas, em vista da convivência mútua, exigia-se dos pagãos convertidos que observassem quatro normas, propostas por Tiago (At 15, 20; 21,25)
Assim, a paz voltou, ao menos como possibilidade real, paz fundada sobre o respeito e a aceitação das mútuas divergências .
Os cristãos souberam descobrir e aceitar a vontade de Deus no meio daquela confusão generalizada. E, por mais estranha que possa parecer, essa aceitação realista das mútuas divergências lançou a base de uma aproximação e uma comunhão muito Mais Intima e real do que aquela que os outros pretendiam atingir, impondo todos a mesma bitola na Maneira de se Viver a fé em Jesus Cristo.
No concílio, os cristãos conservadores de Jerusalém, abrindo mão de suas exigências, como que cortaram o cordão umbilical e permitiram que Cristo de fato nascesse para o mundo todo. Precisamente por causa dessa sua magnanimidade, que certamente não foi fácil, obtiveram a gratidão reconhecida dos cristãos vindos do paganismo. E é dessa gratidão que nasceu, depois, uma das mais bonitas iniciativas de unidade: a grande coleta nas igrejas do mundo pagão em favor dos pobres da comunidade de Jerusalém .
V
Do pluralismo nasce a iniciativa da unidade
Os cristãos de Jerusalém, por aquela sua concessão bastante dolorosa, liberaram a mensagem cristã para o mundo pagão. E do mundo pagão, provavelmente em Corinto, (2 Cor 8,10), nasceu a iniciativa de retribuir o bem recebido (Rom 15,27) .Organizou-se, ali, uma campanha de fraternidade que ganhou a simpatia e a colaboração de todas as comunidades da Galácia, na Ásia Menor (1 Cor 16,1) ; da Macedônia, no norte da Grécia (2 Cor 8,1) e da Acaia, no sul da Grécia (2 Cor 9,2) .Havia até uma certa concorrência entre elas, para ver quem dava mais dinheiro (2 Co.r 9,2) .E foram generosas, apesar da sua pobreza (2 Cor 8,2-3) , pois se fala de uma «soma importante» (2 Cor 8,20) .Foi uma mobilização geral das igrejas pagãs em favor dos irmãos necessitados de Jerusalém. E Paulo deu tudo por esse trabalho.. Tornou-se esmoleiro esperto, para convencer os outros a darem com generosidade (cf 2 Cor cc 8-9) .
Não se deve confundir essa campanha de fraternidade com uma coleta Qualquer. Ela é um sinal eloqüente de que o Espírito Santo nunca é derrotado pelos fatos novos. Ele nunca fica preso nas idéias dos homens. E criador e sabe suscitar coisas novas, quando os homens desanimam por falta de idéias, derrotados pela realidade.
Com efeito, oficializada a divergência entre pagãos e judeus, aceitos os fatos. e reconhecida a realidade, no primeiro concílio, esta mesma realidade nova recém-criada, como sempre acontece, suscitou logo um novo problema, como manter a unidade nessas condições? Mais ainda: os cristãos de Jerusalém, reconhecendo e aceitando os apelos de Deus nos fatos, tiveram que assistir ao lento deslocamento do eixo da Igreja para o mundo pagão. Sabiam que iriam ser uma pequena minoria. Qual o lugar e o futuro deles na Igreja ?
Todos tinham o mesmo Cristo, a mesma fé. o mesmo Pai, o mesmo batismo, o mesmo Espírito Santo (Ef 4.4-6) , mas a vida era pluriforme. Do mesmo tronco estavam nascendo os galhos mais diversos, diversificando-se cada vez mais uns dos outros na medida em que cresciam. Mas nesses galhos, por mais variado.s e diferentes que fossem, corria a mesma seiva que fazia nascer, em todos eles, as mesmas folhas e os mesmos frutos, os frutos da caridade. concretizada nessa ampla campanha de fraternidade. Foi uma iniciativa, ao que tudo indica, espontânea, não imposta (2 Cor 8,3.10) , que uniu as comunidades pagãs mais do que antes e que deu aos irmãos de Jerusalém uma consciência bem maior de pertença à Igreja, bem maior do que antes. A campanha fazia até parte da oficialização do pluralismo existente na Igreja (Gál 2,10) .Era uma forma de concretizar as decisões do concílio .
A campanha não era tanto para dar a impressão de unidade aos outros, pois não havia a assistência do mundo, para aclamar as iniciativas dos cristãos. Não era para servir de fachada que escondesse a mais profunda desunião. Pelo contrário, ela nasceu precisamente da aceitação realista das divergências; cresceu do próprio pluralismo. Ê a resposta agradecida dos cristãos pagãos à magnanimidade dos colegas de Jerusalém, aos quais deviam a liberdade de viverem a sua fé, conforme a sua própria inspiração e realidade (cf Rom 15,26-27) .A desunião fora vencida, porque souberam encontrar o sentido da unidade no nível mais profundo e sólido do pluralismo, onde o amor pôde dar prova da sua criatividade . Tal campanha teria sido impossível antes do concílio de Jerusalém, quando eles ainda estavam brigando em torno de idéias, uns querendo impor aos outros a sua opinião. Nesse casa, a campanha teria sido um instrumento a mais, para um grupo poder dominar o outro.
Agora, aceita a diversidade e partindo dela, a unidade pôde florescer e cada flor pôde desabrochar no seu próprio campo, com o seu próprio adubo, e mostrar as suas próprias qualidades e cores, colocadas na vitrina da Igreja para alegrar a vista de todos os irmãos. A campanha mostrou até onde ia o compromisso de cada um com Cristo e com os irmãos. Era o termômetro da sua fé, esperança e caridade. Não era uma forma barata de esmola, dada para tranqüilizar a própria consciência .



VII
Conclusão
Nem todos os judeus convertidos conseguiram ter essa visão. Não compreenderam a abertura imensa do concílio, e continuaram, mesmo depois, a defender a sua opinião., molestando Paulo o mais possível. Mas quem vence uma guerra, já não se incomoda com uma pequena escaramuça. Essas discussões, por mais dolorosas que fossem, não conseguiram tirar de Paulo o profundo sentimento de gratidão. Êle sabia distinguir entre o que era iniciativa de alguns poucos, por mais perigosa e desagradável que fosse, e o que era iniciativa da Igreja .
Tudo isso já se passou há muito tempo e não volta mais. Mas hoje existe na Igreja uma situação de conflito que, ao que tudo indica, também, é sintoma de uma divergência profunda sobre o que vem a ser o evangelho hoje. Será que hoje não estamos impedindo, como outrora, o nascimento de Cristo para o mundo, mantendo-o preso em esquemas e modos de pensar e de viver que têm pouco a ver com a fé ? Será que não é hc.ra de darmos uma prova de magnanimidade, como fizeram os cristãos de Jerusalém? Será que não deveríamos ser realistas e aceitar o pluralismo na maneira de se viver a fé, a mesma fé, em Jesus Cristo ? Ou será medo de enfrentar a realidade e as perseguições ?

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