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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

AMOR DE SÃO JOSEMARIA ESCRIVÃ A IGREJA


(Apresentação do livro Amar a Igreja de São Josemaria Escrivá. Ed. Quadrante, 2004)
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Este livro que agora oferecemos ao leitor é um ato de fé e de amor. Mais exatamente, é um ato de fé amorosa, surgido no meio da dor.

As duas homilias sobre a Igreja e a homilia sobre o sacerdócio, que aqui se reúnem, foram pronunciadas por São Josemaria Escrivá em 1972 e 1973. Como é bem conhecido, os anos posteriores ao Concílio Vaticano II − a magna assembléia da Igreja Católica no século XX, fonte de imensas esperanças − viram surgir, ao lado de frutos esplêndidos de renovação, de santidade e de apostolado, uma onda crescente de interpretações errôneas e aplicações deturpadas do Concílio, que semearam deplorável confusão entre os fiéis católicos, e produziram defecções e crises dolorosas em amplos setores do clero e dos religiosos, e desorientação em incontáveis leigos. Como alguém dizia, de modo rudemente expressivo, ao “autêntico pós-Concílio” parecia querer sobrepor-se, estrangulando-o, um “falso pós-Concílio”. De fato, nesses anos 70, a Igreja, em todos os seus níveis, parecia varrida por um furacão de loucura anárquica, cujas seqüelas ainda se deixam sentir em alguns ambientes atuais.

É por isso que o Papa Paulo VI, que encerrara com tão felizes expectativas o Concílio, em 8 de dezembro de 1965, se mostrava desolado. Lamentava, com angústia visível, a que chamava “falsa e abusiva interpretação do Concílio”, que considerava como uma verdadeira “ruptura” com a Igreja, como uma tentativa − dizia − de criação de uma “Igreja nova, quase reinventada de dentro da sua constituição, tanto no dogma, como na moral e no direito” (Alocuções, 1970). Em momentos de máxima preocupação, Paulo VI chegou a falar em “autodestruição da Igreja” e a declarar, perante milhares de fiéis, que “a fumaça de Satanás se tinha introduzido dentro da Igreja”.

Como é natural, todos os católicos fiéis à Igreja e ao Papa participavam dessas apreensões e sofriam com os sinais inequívocos da crise. A São Josemaria Escrivá, essa situação lamentável, que tanto mal causava ao clero e à generalidade dos fiéis, fazia-o padecer indizivelmente. E foi precisamente nesses momentos, em que o desânimo ameaçava tomar conta de muitos, que ele, cheio de amor e esperança, se sentiu movido por Deus a lançar-se, até ao limite das suas energias, num trabalho incansável de pregação, de catequese -milhares de horas ante milhares de pessoas −, por numerosos países de Europa e América, tornando-se pregoeiro alegre e esperançoso da doutrina católica, fazendo-se eco fiel dos ensinamentos do Santo Padre, e contagiando milhares de homens e mulheres com a sua fé e a sua fidelidade inquebrantáveis.

´Dói-me a Igreja”- confidenciava São Josemaria. Sim, doía-lhe, e muito − como declarava −, ver que “o clamor da confusão se levanta por todos os lados, e com estrondo renascem todos os erros que houve ao longo dos séculos [...]. Rejeita-se a doutrina dos mandamentos da Lei de Deus e da Igreja, tergiversa-se o conteúdo das bem-aventuranças dando-lhe um significado político-social, e quem se esforça por ser humilde, manso e limpo de coração é tratado como um ignorante ou atávico defensor de coisas passadas. Não se suporta o jugo da castidade e inventam-se mil maneiras de ludibriar os preceitos divinos de Cristo [...}. Fabrica-se uma imagem da Igreja que não tem a menor relação com a que Cristo fundou” (Homilia O fim sobrenatural da Igreja).

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Mas, por cima dessas nuvens de confusão, como já víamos, São Josemaria Escrivá, seguindo o que sempre fora um lema do seu trabalho sacerdotal − “afogar o mal na abundância de bem” − consumiu todas as suas forças, naqueles anos 70 (até a sua morte em 1975), num labor positivo, gozoso, vibrante, de catequese: de aprofundamento nas verdades da fé católica tal como as ensinou e as ensina o Magistério da Igreja; no tesouro divino dos Sacramentos, especialmente da Eucaristia e da Penitência; e na divina estrada dos Mandamentos, sinalizações de Deus para a conduta dos homens, a caminho do Céu. Ao mesmo tempo, apontando alto, como fizera sempre desde que Deus lhe mostrou a sua missão de fundar o Opus Dei, fazia erguer os corações de seus ouvintes para as mais elevadas metas da santidade e do apostolado no meio do mundo; e frisava com alegria que o Concílio Vaticano II acabava de proclamar solenemente, olhando especialmente para os leigos, a validade desses ideais, tão caras para ele.

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“Amar a Igreja”. Impressiona ler, nessas três homilias, a clareza teológica, lúcida e incisiva, com que São Josemaria expõe a fé católica sobre o mistério da Igreja, fé que é o fundamento do amor sobrenatural à Esposa de Cristo.

Leiam-se, por exemplo, esses trechos da homilia Lealdade à Igreja: “A Igreja foi querida e fundada por Cristo, que cumpre assim a vontade do Pai; a Esposa do Filho está assistida pelo Espírito Santo. A Igreja é a obra da Santíssima Trindade; é Santa e Mãe, a nossa Santa Mãe Igreja [...]”. Uma belíssima visão trinitária da Igreja, que incita a meditar.

Há, no ensinamento de Josemaria Escrivá, um forte eco da doutrina de São Paulo − recordada pelo Concílio na Constituição Lúmen Gentium (n. 7) − sobre a Igreja como “Corpo de Cristo”, cuja cabeça é Jesus glorificado, cujos membros são todos os batizados, e cuja “alma” é o Espírito Santo, que reparte a diversidade dos seus dons entre todos os fiéis. “Vós sois o corpo de Cristo − escrevia o Apóstolo − e cada um, de sua parte, é um dos seus membros [...]. Porque, como o corpo é um todo, tendo muitos membros, e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo” (cfr. I Cor 12, 4. 12. 27).

Essa fé permitia-lhe dizer, sem hesitações: “A Igreja é nem mais nem menos Cristo presente entre nós, Deus que vem até a humanidade para salvá-la” (É Cristo que passa, n. 131). Temos aqui a mesma convicção singela que levava Santa Joana d’Arc a afirmar, em resposta a uma pergunta capciosa dos seus juízes: “Quanto à Jesus Cristo e à Igreja, parece-me que são uma só coisa e que não se deve fazer objeções a isso” (Actes du procès).

Bem sabia Mons. Escrivá que, na Igreja, junto ao elemento divino há o elemento humano, com toda a sua carga de misérias. “A ninguém passa despercebida a evidência dessa parte humana − escreve −. A Igreja, neste mundo, está composta por homens e para homens. Ora, falar de homem é falar de liberdade, da possibilidade de grandezas e de coisas mesquinhas, de heroísmos e de claudicações”. Mas é preciso considerar que, “mesmo no caso de as fraquezas superarem numericamente as valentias, ficaria ainda esta realidade mística − clara, inegável, embora não a percebamos com os sentidos −, que é o Corpo de Cristo, o próprio Nosso Senhor, a ação do Espírito Santo, a presença amorosa do Pai” (Homilia O fim sobrenatural da Igreja).

Tinha bem presente o magnífica afirmação que encabeça a Constituição sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II: “A Igreja é em Cristo como que sacramento, isto é, sinal e instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano (Const. Lumen gentium, n. 1). Assim como nos sete Sacramentos o próprio Deus – Cristo, pelo Espírito Santo − age e santifica através de elementos materiais, como o pão e o vinho da Eucaristia, a água do batismo, o óleo da Confirmação..., de modo análogo, Deus age por meio do elemento humano, pecador e falível, da Igreja, e serve-se dele como instrumento vivo de Cristo Sacerdote.

A Igreja é a Mãe que nos gera, ensina, alimenta, acompanha, purifica e conduz até o Céu. À vezes, pode dar a impressão − pelos pecados de seus membros − de ser como uma daquelas pobres mulheres corroídas pela lepra, que a Beata Teresa de Calcutá assistia ao darem à luz; e a Madre sorria ao ver que, daquele corpo desfeito, nascia uma criança sadia, pura, bela. A Igreja é Mãe que, em seus membros, ao lado de exemplos heróicos de santidade, ostenta muitas vezes a “lepra” do pecado, da fraqueza humana, do escândalo; mas é a Mãe que Deus nos deu, e a doutrina e a vida que nos transmite são e serão sempre puras, belas, divinas. Temos, pois, toda a razão para exclamar, com o poeta Paul Claudel, “Seja louvada para sempre esta grande Mãe majestosa, sobre cujos joelhos eu tenho aprendido tudo”.

Uma gratidão com essa levava São Josemaria a escrever: “O mistério da santidade da Igreja..., exclui todo e qualquer pensamento de suspeita ou de dúvida sobre a beleza da nossa Mãe [...]. A nossa Mãe é Santa, porque nasceu pura e continuará sem mácula por toda a eternidade. Se, por vezes, não soubermos descobrir o seu rosto formoso, limpemos nós os olhos; se notamos que a sua voz não nos agrada, tiremos dos nossos ouvidos a dureza que nos impede ouvir, no seu tom, os assobios do Pastor amoroso [...]. Tu és santa, Igreja, minha Mãe, porque foste fundada pelo Filho de Deus, Santo; és santa porque assim o dispôs o Pai, fonte de toda a santidade; és santa porque te assiste o Espírito Santo” (Homilia Lealdade à Igreja).

Ao amor à Igreja, São Josemaria unia inseparavelmente − na sua incansável pregação − o amor a todas as verdades da fé católica, que não mudam nem murcham; aos Sacramentos, tão combatidos naquela época, que foi uma verdadeira “noite de sonos e traições”; ao sacerdócio, ao qual dedica uma homilia empolgante − Sacerdote para a eternidade −, densa em doutrina e piedade; e o amor ao Papa, pelo qual oferecia diariamente a sua vida, “e mil vidas que tivesse”. E, em todos os temas, a doutrina vem impregnada, como pelas águas de uma fonte límpida, da Palavra da Sagrada Escritura, do Magistério pontifício e conciliar, e dos ensinamentos perenemente válidos da Patrística. São coisas que o leitor poderá apreciar nestas páginas.

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“Eu amo a Igreja com toda a minha alma − confidenciava São Josemaria. no período final de sua vida −; e tenho queimado a minha juventude, a minha maturidade e a minha velhice para servi-la. Não o digo com pena, pois tornaria a fazê-lo se vivesse mil vezes” (Andrés Vázquez de Prada, O Fundador do Opus Dei, vol. III, Quadrante, São Paulo 2004, pág. 548).

A catequese de Mons. Escrivá sobre a Igreja, sobre a sua doutrina, sobre os seus Sacramentos, sobre a entrega inefável de Cristo em seu máximo ato de amor – o Sacrifício da Cruz − em cada Missa que se celebra, sobre a grandeza e santidade do sacerdócio..., naqueles momentos críticos dos anos 70, levantou ânimos decaídos, acendeu fervores apagados, dissipou dúvidas dolorosas, extinguiu críticas estéreis, alentou ideais de entrega e de serviço a Deus e à Igreja, inflamou no amor que procede da autêntica fé católica inúmeros corações, conduzindo-os a uma paz e uma alegria que lhes havia sido toldada. Queira Deus que a leitura destas homilias, que, decorridos mais de trinta anos, continuam a ser de uma atualidade assombrosa, produza hoje os mesmos frutos benéficos em muitos corações.

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