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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

SEGUINDO OS PASSOS DE JESUS CRISTO NA CRUZ


1. A paixão de Jesus Cristo

a) A paixão de Jesus Cristo “sofrida”

A realidade histórica da vida de Jesus de Nazaré é que o seu sofrimento e morte na cruz são conseqüência de um processo humano maldoso. O processo contra Jesus teve causa religiosa e política, por ser Messias e Rei. É acusado de blasfêmia e agitação política.

Na espiritualidade cristã, a cruz de Jesus Cristo foi tomada mais na sua expressão piedosa do que na compreensão de um novo conceito de Deus tanto na teologia como na prática cristã. O que se afirma da cruz é quase somente que, por meio dela, o homem foi salvo. Esta é uma grande verdade do cristianismo, mas não esgota a compreensão do mistério da morte de Jesus de Nazaré. Este conceito, se compreendido de maneira unilateral, pode levar a uma concepção mágica da salvação, que elimina o escândalo da cruz histórica de Jesus. Além disto, desenvolveu-se uma espécie de espiritualidade da cruz e sofrimento identificada com a dor e a tristeza, que dá mais importância à sexta-feira santa que ao domingo da ressurreição. Assim, para uma adequada interpretação da cruz de Cristo é necessário situá-la como conseqüência histórica de sua vida. Segundo Severino Dianich, no processo da morte de Jesus na cruz algumas atitudes e posições de sua vida foram determinantes, como: a relação de Jesus com o Templo, onde todo o sistema de culto é questionado; a relação com a Lei, onde Jesus considera-se maior do que a Lei; reviravolta na hierarquia, pois o Reino é dos pobres e a identificação de Jesus como Deus, chamando-o de Pai[1]. É inocente, mas morre como vítima do poder. Ele foi assassinado, condenado injustamente. Jesus perde o processo, é condenado e morre injustamente. É resultado de uma condenação pública e oficial. Jesus se tornou uma presença inquietante no jogo social. Tornou-se perigoso: «Caifás fora o que aconselhara aos judeus: é melhor que um só homem morra pelo povo» (Jo 18,14).

Bruno Forte nos diz: “a sua condenação foi, no final, política, como atesta o titulus crucis, a tabuleta com a motivação da condenação colocada sobre o lenho da vergonha: “Jesus Nazareno Rei dos judeus” (Jo 19,19). A sua morte, então, pode definir-se como um assassínio judiciário, de significado político-religioso. A sexta-feira santa é para a Lei o dia em que morre o blasfemador e para o poder o dia em que morre o subversivo. A fé cristã reconhecerá o dia em que, no Inocente que morre, Deus morreu por nós”[2].

b) A paixão de Jesus Cristo “desejada”

Ao se aproximar sua “hora”, “ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém” (Lc 9,51b). A caminhada para Jerusalém, cidade “que mata os profetas”, iniciou com um ato consciente e decidido de Jesus: firme decisão, enfrentou, literalmente “endureceu a face”. É a atitude bíblica do Servo Sofredor: “por isso não me acovardava, endureci o rosto como pedra” (Is 50,7); da dureza de Jeremias “coluna de ferro, muralha de bronze” (Jr 1,18); da decisão de Ezequiel: “parti decidido e inflamado” (Ez 2,6). Não existe caminho espiritual sem determinação, decisão, vontade, energia. Mesmo quando o fim desejado comporta o sofrimento.

A segunda indicação é a ânsia interna, o desejo de Jesus para que o amor do Pai pela humanidade se cumprisse: “Como desejei comer convosco esta vítima pascal antes de minha paixão” (Lc 22, 15). Algumas bíblias traduzem assim: “desejei ardentemente”. “Tenho de passar por um batismo, e como me impaciento até que se realize” (Lc 12, 50). Esta ânsia não é sinônimo de ansiedade, que pode ser um empecilho na vida humana e espiritual, mas de ardor, que quer ver realizado o que tanto deseja. O ardor espiritual se expressa na vontade, na prontidão diante dos apelos de Deus, na coragem diante dos desafios, na criatividade para encontrar caminhos, na fidelidade à vontade de Deus, na urgência do tempo que não pode esperar. É o contrário da preguiça, da mornidão, da indiferença. É próprio daqueles que foram tomados por Deus: “Tu me seduziste, Javé, e eu me deixei seduzir. (...) Era como se houvesse no meu coração um fogo ardente, fechado em meus ossos” (Jr 20,7.9).

Mas a paixão de Jesus Cristo é desejada, sobretudo, pelo Pai. No mesmo êxtase de amor com que criou o ser humano, chamando-o para a comunhão consigo, participante da vida trinitária, envia seu Filho ao mundo. “Deus tanto amou o mundo, que entregou o seu Filho único, para que quem crer não pereça, mas tenha vida eterna. Deus não enviou seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo se salve por meio dele” (Jo 3,16-17). A paixão do Filho é manifestação de até que ponto chegou o amor do Pai pela humanidade para sua salvação. O máximo do amor é dar a vida. O que o Pai quis foi o bem do ser humano, sua salvação, não o sofrimento do Filho. A cruz é conseqüência do amor fiel num mundo de pecado, que não acolheu este amor.

c) A paixão de Cristo “assumida livremente”

Toda a vida de Jesus de Nazaré pode ser lida como uma entrega livre de si mesmo para a humanidade. “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). A primeira indicação é a que nos dá São Paulo, na Carta aos Filipenses, da kénosis voluntária do Filho na sua Encarnação. “Ele tinha a condição divina, mas não se apegou à sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fl 2,6-8).

Amou-nos até o extremo da cruz. «Amou-nos até o fim» (Jo 13, 1). «pois ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos» (Jo 15, 13). “Eu dou a minha vida pelas ovelhas. (...) O Pai me ama porque eu dou a minha vida para retomá-la de novo. Ninguém tira a minha vida; eu a dou livremente. Tenho o poder de dar a vida e tenho o poder de retomá-la” (Jo 10,15.17-18). Jesus morreu inocente. O cântico do servo sofredor retrata esta entrega de si para a humanidade (Is 53).

Este «mistério» da vida de Jesus de Nazaré é uma “entrega”. Por amor, livre e consciente da situação, Jesus caminha para a morte deixando-se entregar de mão em mão, como nos contam os relatos da paixão. No entanto, existe uma entrega que é maior do que a entrega às autoridades. É a entrega de si mesmo como oferta livre e generosa ao Pai pelos homens. Lucas assim narra a última entrega: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito» (Lc 23,46) e João: «E inclinando a cabeça entregou o espírito» (Jo 19,30).

Na história de sofrimento e de entrega do Filho na cruz é a Trindade que sofre e se entrega. Junto com o Filho, o Pai também faz sua entrega, o qual «não poupou o próprio Filho, mas o entregou por todos nós» (Rm 8,32). Por isso, na dor do Crucificado, Deus sofre. O Crucificado experimenta profundamente o sofrimento humano, especialmente o sofrimento inocente, fruto da injustiça e o pecado. No entanto, o modo como sofreu é singular. O seu sofrer não foi passivo, mas ativo, livremente aceito e escolhido por amor e, por isso, libertador. A entrega dolorosa é o supremo abaixar-se de Deus sobre o homem. É o sinal finito do esvaziamento infinito, da autodoação de Deus ao homem.



2. O discípulo e a paixão de Jesus Cristo

As palavras de Jesus aos seus discípulos na hora de sua paixão foram: “Minha alma está numa tristeza de morte. Fiquem aqui e vigiem comigo” (Lc 26,38). Permanecer com Jesus Cristo, acompanhando-o no caminho da cruz, para viver a alegria da Ressurreição pascal.

a) Primeira atitude: incompreensão e fuga

Os discípulos, realmente, não compreenderam a cruz de Jesus de Nazaré. O Messias não poderia ter a mais ignóbil morte. Por três vezes, Jesus prepara os discípulos falando de sua cruz e ressurreição: Mc 8,31-33; Mc 9,31-32; Mc 10,33-34. Na primeira vez, Pedro não compreende e o repreende. Na segunda “os discípulos não compreendiam o que Jesus estava dizendo, e tinham medo de fazer perguntas” (Mc 9,32). Na terceira, “os discípulos estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam com medo” (Mc 10,32). Ao anúncio de Jesus que dá sua vida e veio para servir, segue-se uma disputa entre os apóstolos pelos primeiros lugares no Reino (Mc 10,35-45).

Pedro representa os sentimentos do grupo dos 12. Estavam dispostos a dar a vida pelo Mestre: “Ainda que eu tenha de morrer contigo, mesmo assim não te negarei. E todos os discípulos disseram a mesma coisa” (Mt 26,35). Não duvidemos da boa vontade dos discípulos. Foi uma resposta sincera. Eram, porém, fracos e não sabiam o que estavam dizendo. No momento do perigo os discípulos se dispersaram e o abandonaram: “E todos os discípulos, abandonando a Jesus, fugiram” (Mt 26,56).

A cena mais clara da incompreensão acontece novamente com Pedro no momento da negação. Ao ser interpelado por uma inofensiva criada repete por duas vezes esta sugestiva frase: “Não conheço este homem” (Mt 26,72.74). Afora a desculpa para não comprometer-se, realmente não o conhecia.

Ao discípulo de ontem e de hoje, o escândalo da cruz, revela o amor de Deus. Amor descendente. Despido do poder mundano. A tentação é tirar a cruz de Jesus Cristo e moldar o Messias às nossas expectativas. É uma tentação também fugir das cruzes pessoais, do compromisso que comporta o amor-serviço. Quem não conhece a si mesmo, sua história, facilmente foge de si, não consegue doar-se livremente a Deus numa missão.

b) Segunda atitude: releitura, integração e seguimento

O paradigmático Pedro novamente nos ensina o caminho da releitura e integração da paixão de Jesus Cristo na sua e na nossa vida. “E, saindo, chorou amargamente” (Mt 26,75). Sua profissão de fé ao Senhor Ressuscitado mostra que soube compreender e reler sua vida a partir da cruz e da ressurreição. “Senhor, tu conheces tudo, tu sabes que eu te amo” (Jo 21,17), disse Pedro.

Àqueles que se põe no caminho do seguimento, Jesus Cristo vai revelando os segredos do Reino. Jesus é o Messias Servo. O discípulo deve ser o servidor. O próprio Jesus de Nazaré, “embora sendo Filho de Deus, aprendeu a ser obediente através de seus sofrimentos” (Hb 5,8). Renúncia de si e entrega da vida são as atitudes do discípulo: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8,34).

Ao voltarmos novamente o nosso olhar para os três anúncios da paixão, veremos qual a correta atitude do discípulo. No primeiro anúncio Ele pede negar-se a si mesmo, carregar a cruz, perder a vida por causa dele, como Ele a doou (Mc 8,34-38). No segundo, pede para fazer-se servo de todos, receber os pequenos, as crianças (Mc 8,34-35). Ao falar de sua morte pela terceira vez, pede ao discípulo para beber o cálice que ele vai beber, não imitar os poderosos que exploram, mas imitar o Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir (Mc 10,35-45). No contexto da ceia pascal, após lavar os pés dos discípulos, pergunta: “Vocês compreenderam o que eu acabei de fazer? (...) Se vocês compreenderam isto, serão felizes se o puserem em prática” (Jo 13,12.17).



3. Apaixão de Cristo e a nossa vida à luz da ressurreição

O amor de Jesus Cristo pela humanidade, que deu sentido à sua entrega fiel, até o fim, na cruz, encontra uma luz na sua ressurreição. O discípulo de Jesus também não se “escandaliza” pela morte do Mestre se a compreender a partir da ressurreição. Nela também encontrará razões para carregar a cruz de cada dia, no seguimento de Jesus Cristo. A grande mensagem é que quem ama sofre, mas só o amor permanece.

Podemos compreender a centralidade da Ressurreição na vida de Cristo a partir da história dos discípulos. Foram eles que nos deixaram os evangelhos de Jesus. Quando Jesus iniciou a sua vida pública, os discípulos ficaram entusiasmados com o Mestre. O Reino de Deus chegou, até que enfim. Largaram tudo. Seguiram Jesus para aonde Ele ia. Porém não conheciam bem que tipo de Messias era Jesus. Com sua morte, porém, tudo acabou. Pedro e os outros discípulos voltaram a pescar (Jo 21, 2-3).

No momento da morte de Jesus, os discípulos se encontram numa situação de desencorajamento, desilusão e perturbação pelo fim inglório do seu Mestre. Transformou-se em tristeza o entusiasmo dos discípulos. Não obstante os anúncios de sua ressurreição, esta parecia não incluir-se na compreensão e nas expectativas dos discípulos (cf. Mc 9,10). A sua morte causara uma dor tão profunda a ponto de destruir toda a esperança. Ilustrativo é o episódio dos discípulos de Emaús, que se afastaram de Jerusalém, tristes, desiludidos com o fim de seus sonhos: «Nós esperávamos que fosse o libertador de Israel, mas apesar de tudo isso, já fez três dias que tudo isso aconteceu» (Lc 24, 19-21). Foi o próprio Jesus Ressuscitado que reinterpretou para os dois discípulos, à luz das Escrituras, a sua missão messiânica (cf. Lc 24,27).

É só na Páscoa, portanto, que os discípulos compreendem o mistério do seu Mestre. Já o haviam reconhecido anteriormente como o Messias prometido, mas a morte lhes causou o desânimo e a negação. O acontecimento maravilhoso e inesperado da ressurreição possibilita aos discípulos verdadeira compreensão de Jesus. O brilho da Páscoa ilumina na sua autêntica verdade a missão de Jesus. Assim, os discípulos passam de um reconhecimento superficial e incompleto à convicção e ao anúncio incansável, até a entrega da própria vida através do martírio. É a partir da Páscoa que os discípulos de Jesus de ontem e de hoje compreendem o mistério de sua paixão. Não fosse esta, toda a Encarnação seria sem sentido. «Por que vocês estão perturbados e por que o coração de vocês está cheio de dúvidas? Vejam minhas mãos e o meus pés: sou eu mesmo» (Lc 24, 38-39).

Discípulo de Jesus é aquele que se põe no caminho com Ele. Como Jesus e com Ele faz de sua vida uma entrega, abandono, serviço, com o sentido maravilhoso e a esperança que brota da luz da ressurreição do Crucificado. A cruz faz parte deste caminho. Pois num mundo organizado a partir do egoísmo,o amor e o serviço sempre serão crucificados. O discípulo não pode querer um Messias sem a cruz. Não será verdadeiro discípulo. Mas quem souber caminhar e fazer a “entrega de si” (Mc 8,35), quem aceitar “ser o último” (Mc 9,35), quem assumir “beber o cálice e carregar a cruz” (Mc 10,38), encontrará no Ressuscitado o sentido do seu viver[3].

Enfim, ao seguirmos os passos de Jesus na entrega de sua vida, no amor até o fim (Jo 13,1), vale-nos a exortação de S. Paulo: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Jesus Cristo” (Fl 2,5). A paixão de Jesus de Nazaré pela humanidade revela-nos o rosto compassivo do Pai, que ama a humanidade e assume as conseqüências deste amor (Jo 3,16). Revela também que a vida humana e cristã só tem sentido se for pautada por um amor “descendente”, de entrega, como o do Mestre.

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