Se não temos nada para esconder.
Se a mais recente maldade contra o próximo ou contra Deus já foi confessada e reparada.
Se não temos nem culpa nem remorso ainda alojados no fundo da consciência.
Se saímos de um ano e entramos em outro sem dever qualquer coisa.
Se não guardamos ira justa ou injusta contra aquele que nos causou algum mal.
Se andamos cuidadosamente no temor de Deus, evitando o mal e apegando-nos ao bem.
Se não nos sentimos mais santos nem mais importantes que os outros.
Se somos humildes e nos sentimos extremamente dependentes da graça e da misericórdia de Deus.
Se estamos olhando para cima, onde Deus está e não para baixo onde a miséria está.
Se estamos olhando para frente, onde as coisas podem acontecer, e não para trás, onde as coisas já aconteceram.
Se amamos os que nos amam e também os que nos aborrecem, com razão ou sem razão.
Se nos toleramos mutuamente e lidamos com aqueles que nos molestam ou nos incomodam com toda e verdadeira paciência.
Então...
Será possível caminharmos de cabeça erguida o ano bissexto, que começa neste domingo.
O próprio Deus é o agente da cabeça empinada como se vê na experiência do salmista: “O Senhor é o escudo que me protege, a minha glória, e me faz andar de cabeça erguida” (Salmos 3.3).
É verdade que, às
vezes, a cabeça empinada é uma arrogância. O mesmo Deus que estimula a
cabeça erguida, dobra o pescoço para baixo daqueles que têm a cerviz
dura como o ferro ou bronze (Isaías 48.4).
Na época
tumultuada do profeta Isaías (cerca de 700 a.C.), encontra-se esta
passagem curiosa: “Vejam como as mulheres de Jerusalém são vaidosas!
Andam com o nariz para cima, dão olhares atrevidos e caminham com passos
curtos, fazendo barulho com os enfeites dos tornozelos. Por isso, eu, o
Senhor, vou castigá-las: raparei a sua cabeça e as deixarei carecas”
(Isaías 3.16-17).
Nessa época, quando a classe alta era
extremamente consumista em prejuízo da classe miserável, as mulheres
chiques de Jerusalém andavam com o nariz para cima, chamando a atenção
de todos para a abundância de seus enfeites, que faziam barulho quando
elas andavam, sempre com passos curtos, como se estivessem desfilando
numa passarela. Para não deixar as coisas assim, o profeta avisou que o
Senhor tiraria delas todos os enfeites que elas usavam na cabeça, no
nariz, nos braços: colares, brincos, pulseiras, véus, chapéus, talismãs,
anéis, argolas (de usar no nariz), vestidos luxuosos, mantas ou xales,
saias transparentes, turbantes, mantilhas. A beleza dessas mulheres
indevidamente empinadas vai virar uma feiura de dar vergonha! (Isaías
3.16-24).
Que o equilíbrio nos ajude a fugir da cabeça
empinada pela arrogância, sem impedir que a graça do Senhor nos levante
para enfrentar o novo ano que começa.
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