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ESPERAMOS, QUE COM A GRAÇA SANTIFICANTE DO ESPIRITO SANTO, E COM O DERRAMAR DE SEU AMOR, POSSAMOS ATRAVÉS DESTE HUMILDE CANAL SER VEÍCULO DA PALAVRA E DO AMOR DE DEUS, NÃO IMPORTA SE ES GREGO, ROMANO OU JUDEU A NOSSA PEDRA FUNDAMENTAL CHAMA-SE CRISTO JESUS E TODOS SOMOS TIJOLOS PARA EDIFICACÃO DESTA IGREJA QUE FAZ O SEU EXODO PARA O CÉU. PAZ E BEM

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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Como transformar a comunidade.


Começar um texto com uma pergunta como esta é como cair numa armadilha. Aqui a armadilha é a do pragmatismo em relação às soluções que apresentamos aos dilemas de comunidades pobres ou não. Na minha tentativa de escapar deste ardil, gostaria de apresentar ao leitor alguns aspec-tos que considero importante para a nossa reflexão. De que comunidade estamos falando? Na retórica dos dias de hoje, observo a tendência de posicionar as “comunidades” em um nível diferente do “nosso”. O nível pode ser superior – quando a gente idealiza os pobres e os classifica como “coitadinhos bonzi-nhos” – ou em um nível inferior – quando a gente acredita que “eles não sabem nada, e nem são tão espertos assim, e logo dependem da nossa solução incrível que irá tirá-los desta situação deplorável em que se encontram, e muitos destes estão assim porque qui-seram”. Ambas as abordagens sobre as “comunidades” são equivocadas na perspectiva cristã. Não há uma diferença de “nível” que posiciona as “comunidades” em uma escala moral. Nós já fizemos isto no passado e nos demos mal, mas parece que esta armadilha sempre nos pega desprevenidos. Parece que nos esforçamos em nos distanciar destas “comunidades”: nosso discurso faz questão de apresentar demarcações – nem que sejam de ordem linguística – a respeito do “eles” e “nós”. Entre estes dois pronomes, há um abismo. Todo cristão deveria se posicionar longe da armadilha desta distinção entre “eles” e “nós”. Na hermenêutica do Reino de Deus, não caímos nesta armadilha. Todos fazem parte da comunidade. A violação dos direitos de alguns afeta todos. A violação dos diretos “deles”, é contra “nós”. Um grupo de pessoas que se reúne de maneira que chamamos de igreja local, e não se sente afetado pelo que acontece aos demais membros da comunidade, tem sérios problemas. Quem se propõe a transformar as comunidades, antes de tudo, tem que se ver como gente, ser humano, membro da comunidade humana criada pelo próprio Deus. As agências cristãs deveriam ser orientadas humildemente no seu relacionamento com as comunidades, já que também são parte dela. As igrejas deveriam estar atentas aos acontecimentos ao seu entorno, já que são parte dele. Quem não entende isto, deve pensar que é extraterrestre e está com problemas de ordem médica, ou já foi pego pela armadilha. O mito que sugere ao termo “comunidade” o sentido de ambientes de pobreza extrema material nos impede de empreendermos ações relevantes em qualquer outro contexto que Deus nos insere. Novamente nos vemos na tentação de reduzir ao alcance do nosso potencial transformador. A antiga análise de Herman Dooyeweerd, e de seu antecessor Abraham Kuyper, cabe bem aqui: as diversas esferas da criação constituem o rico e plu-ral cenário de atuação redentora de Deus. Toda a criação é alvo da ação redentora de Deus. Há um mandato de responsabilidade, dirigido aos cristãos, que diz respeito ao nosso serviço na criação. Uma igreja local deve ser relevante seja na favela ou no palácio, seja no morro ou num condomínio fechado. A pergunta do título deste texto sugere a noção de uma “teleologia”. As ações que serão demandadas para que se alcance a transformação são orientadas por agendas institucio-nais, teológicas, políticas etc. A adesão a estas agendas pressupõe que as pessoas e co-munidades assumam os valores que sustentam as propostas apresentadas. Há uma vasta literatura que orienta organizações e agentes do governo em relação a ações de combate a pobreza, sendo que o pressuposto sugerido é que nós estaríamos alcançando o alvo da transformação, na medida em que os pobres “evoluíssem” para a condição de consumi-dores. A transformação aqui é prover as condições necessárias para libertar as pessoas pobres – privadas da liberdade do consumo – para esta nova situação: a de poderem livremente consumir os bens que a indústria tem a oferecer. É nestes termos que cele-bramos a emergência da dita nova classe média no Brasil, e a libertação da demanda de consumo reprimida por anos de pobreza. O ápice da transformação se dá quando perce-bemos que a multidão de pobres ascende para o status de uma multidão de novos con-sumidores, livres. Na perspectiva de uma cosmovisão cristã, isto tudo é reducionista e no mínimo, mancha a imagem de Deus no ser humano. A agenda transformadora cristã é muito mais do que liberar a demanda reprimida de mercado. Trata-se da mobilização de comunidades para o exercício da cidadania, do reencontro com as intenções originais de Deus para as mulheres, homens, jovens, crianças, famílias e etc. A teleologia da transformação, na perspectiva cristã, não é orientada pelas forças do mercado; antes, está submetida à vontade original de Deus para a criação, se esforça em compreendê-la e principalmente, obedecê-la. Quem transforma? Por fim, eu me pergunto: quem transforma? Há muito tempo caímos recorrentemente na tentação de acreditar que nós – agências, ONG´s, igrejas, governos – possuímos os sa-beres necessários para engendrar a transformação de comunidades. No discurso, estamos dispostos a ouvir e dialogar com as comunidades, pessoas e famílias de nosso entorno, mas nossas práticas ainda reproduzem um padrão de relacionamento assimétrico. Desconsideramos os saber local das comunidades, ignoramos as competências que Deus já tem aportado nas comunidades espalhadas pelo mundo. Há uma miríade de dons e talentos que vieram da parte do próprio Deus, que estão neste exato momento em opera-ção nos morros do Rio de Janeiro, nas favelas de Fazenda Rio Grande (PR), talentos que revelam a criatividade entregue por Deus a estas pessoas. As soluções relevantes, sus-tentáveis e inovadoras serão articuladas a partir daquilo que Deus já está fazendo nas comunidades. Falta-nos mais humildade, capacidade de escuta, tolerância com a pers-pectiva do outro, entendimento de que Deus não está ausente da história. Ainda somos incompetentes. A iniciativa como o Seminário de Desenvolvimento Comunitário, promovido pela orga-nização que faço parte, está alinhada com as tentativas de equipar pessoas para empre-ender ações transformadoras em seus contextos. O CADI propõe compartilhar conheci-mentos que ofereçam condições para descobrirmos com as comunidades alternativas para facilitar processos transformadores. Que o leitor seja encorajado a fazer parte disto tudo. As comunidades pobres precisam de seus dons, e você precisa aprender com eles. ______________________ Marcel Lins Camargo é diretor-presidente do Centro de Assistência e Desenvolvimen-to Integral (CADI), localizada em Fazenda Rio Grande (PR), organização cristã que executa projetos sócio-educativos com crianças e adolescentes tendo em vista o desen-volvimento da comunidade. Em julho o CADI vai realizar o curso de capacitação para pessoas que desejam realizar ações de desenvolvimento comunitário.

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