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segunda-feira, 12 de julho de 2010

A RESPOSTA DE DEUS AO MAL


Há enigmas que, enquanto o Reino de Deus não vier em sua completa plenitude, permanecerão objeto das mais variadas especulações. E, honestamente, não sei se, frente à grandeza deste Reino (afinal, o apóstolo Paulo afirma que "Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam" - cf I Co 2.9) estaremos preocupados em buscar respostas às então velhas questões que nos aborreciam nos dias de hoje. Um deles é a presença constante do mal.

O mal acompanha o ser humano por onde quer que ele vá. É inescapável. Tanto pelas suas próprias ações, quanto pelas ações exteriores, os chamados "desastres naturais" (ainda que muitos possam ser, direta ou indiretamente, atribuídos a sua ação, outros seguramente não o são) atingem a todos, sem distinção facilmente perceptível.
Há diversas explicações, nenhuma satisfatória. Uma, baseada no livro da Antiga Aliança, propõe que o mal é resposta de Deus as ações inadequadas ou pecaminosas do homem. Raciocínio que remete a cada um de nós à infância, onde havia muito da relação boa ação = premiação e má ação = punição. Poderosa regressão, que transmite a subjetiva certeza de que o raciocínio está correto.
Contudo, Jesus adverte no Sermão da Montanha de que Deus Pai "faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos" (cf. Mt 5.45). Ele desafia a noção simplista de que todo (e este advérbio é que faz diferença) mal é punição. Sim, pode acontecer, e exemplos bíblicos não faltam. Mas há uma certa porção de mal distribuída a todos, indistintamente (aparentemente), sem que faça sentido muitas vezes. Por que Estêvão tinha de morrer? e o apóstolo Tiago? por que Paulo sofreu tanto no seu ministério*? por que boas pessoas, incluindo cristão verdadeiros, morrem em terremotos, tsunamis, enchentes, acidentes, doenças potencialmente curáveis...?
Outra explicação afirma que Deus aperfeiçoa seus filhos através do sofrimento. Ideia algo trágica...por que o crescimento em santidade e caráter somente pode ser moldado por graus extremos de sofrimento? Não seria moldado pelas pequenas (ao menos na superficialidade) dificuldades do cotidiano, sendo o mal maior apenas o efeito colateral de vivermos neste mundo que "jaz no maligno"? Contudo, as Escrituras afirmam que "o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho" (cf. Hb 12.6). Mas o contexto do versículo é a luta do cristão contra o pecado, sua busca de santificação, e não o mal...
Na oração do Pai Nosso Jesus ensina a orar suplicando para sermos livres do mal (cf Mt 6.13) e na sua oração na última ceia, intercedeu para que não fôssemos retirados do mundo, mas, sim, livres do mal (cf Jo 17.15). A oração dEle não é ouvida? Ou nós entendemos errado o significado da palavra "mal"?
A encarnação de Deus em Jesus me parece ser a única resposta adequada, mas insatisfatória frente ao nosso sofrimento. Ele se faz homem, e habita entre nós. Por livre e soberana decisão, opta por ser companheiro de seus compatriotas em todos os sofrimentos da época. E por livre e soberana decisão, tomada mesmo antes da criação do mundo, aceita ser vítima de injustiça: não foi julgado por um crime ou ofensa real, mas inventada - portanto, sua morte não foi consequência de suas ações humanamente falando. Identificando-se com nossa necessidade de redenção, aceita ser o sacrifício perfeito. Associando-se ao nosso sofrimento, sua execução não é rápida, mas lenta e dolorosa. Ele não sentiu todos os sofrimentos que somos capazes de experimentar, mas vivenciou duríssimas provas, tanto físicas como psicológicas e espirituais.
A resposta de Deus ao mal é solidariedade. É empatia. É estar junto. É oferecer ombro amigo. É oferecer compaixão. Não fala da origem, ou da razão, do mal. Mas combate-o da forma mais poderosa possível, destruindo a solidão, a falta de sentido, dando suporte firme as nossas fraquezas e temores.
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cf II Co 11.23ss: entre outros, 195 açoites,1 apedrejamento, 3 naufrágios

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