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terça-feira, 12 de maio de 2009

PASTOR INCOMPREENDIDO


Ser pobre e despojado é procurar ser como Nosso Senhor Jesus Cristo, que nada teve, a não ser uma única túnica, que foi objeto de escárnio da parte dos que o assassinaram. As raposas têm tocas, as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde inclinar sua cabeça (Mt 8, 22). Francisco de Assis e o Irmão Universal Charles de Foucauld amaram em profundidade a Senhora Pobreza, que Cristo a inaugurou, ao nascer numa estribaria e, ao morrer, semelhante a um malfeitor, despido e sedento.
O Papa João XXIII, “Il Papa buono”, como era conhecido pelo povo Italiano, teve a bela inspiração de iniciar uma nova era na Igreja, era de uma Igreja mais povo de Deus, mais servidora e pobre. Isso teve seu início com convocação do Concílio Vaticano II.
No Ceará tivemos a sorte de contar com Dom José de Medeiros Delgado, um paraibano sábio e de uma cultura invejável, que compreendeu e assimilou o Concílio Vaticano II, desejando uma Igreja rejuvenescida, renovada. O mais exigente para ele foi viver essa transição, fazer acontecer e levar o clero e povo a uma compreensão do mundo, com suas exigências e que todos tinham a missão de construir a sua própria história. Neste sentido, Dom Delgado, foi grandioso e extraordinário.
Prestes a encerrar o Concílio Vaticano II, maior acontecimento eclesial do Século XX, 40 padres conciliares redigiram e assinaram um documento, dentre os quais uma boa parte de bispos da América Latina, no dia 16 de novembro de 1965, firmando no final da Celebração Eucarística na Catacumba de Santa Domitila um Pacto – foi o “Pacto das Catacumbas”.
Dom Helder Câmara, Dom José Mota Albuquerque, Dom Antônio Batista Fragoso, Dom Fernando Gomes e Dom José de Medeiros Delgado estavam à frente desse pacto, que foi conseqüente, influenciando e fazendo florescer tantas coisas belas e maravilhosas na nossa Igreja, na América Latina e no Brasil.
Comprometeram-se os nossos queridos pastores em levar uma vida de pobreza, de rejeitar todos os símbolos ou privilégios do poder, de colocar os pobres no centro da sua ação e ministério pastoral. Outra coisa presente no pacto foi a colegialidade e a coresponsabilidade da Igreja como povo de Deus, a abertura ao mundo e a colhida fraterna.
Dom Helder procurou viver rigorosamente a mística do pacto das catacumbas, despojando-se de tudo que pudesse transparecer uma Igreja com estrutura pesada e burguesa, abraçando a simplicidade e a pobreza, indo ao encontro da profecia, sendo a voz dos pobres e dos que não podiam falar, nos duros anos do arbítrio. O compromisso do pastor dos empobrecidos foi um insulto para muitos, mesmo dentro da própria hierarquia da Igreja, não para aquele que tinha na mente e no coração a colegialidade e a coresponsabilidade, Dom José Delgado.
Esse grande pastor soube ser fiel ao pacto firmado, solidarizando-se com Dom Helder e outros irmãos perseguidos. Dom Delgado foi um bispo extremamente aberto, fiel as decisões conciliares e assim se pronunciou: ‘A Imprensa brasileira vem desencadeando uma intensa campanha contra a pessoa de D. Helder Câmara, Arcebispo de Olinda e Recife’ (cf. Artigo de Márcio de Sousa Porto, Livro o Peregrino da Paz, Pg. 73).
Dom Delgado foi o terceiro Arcebispo de Fortaleza, ficou à frente de nossa Igreja por 10 anos, de 1963 a 1973. Não foi fácil para ele assumir o período da transição, mas como um homem sensível, aberto as novidades do seu tempo e, ao mesmo tempo, com sua vasta cultura, sonhava e desejava obstinadamente ver implantada as resoluções de uma Igreja que se abria para o mundo, Igreja comunhão e participação.
Construiu o Seminário Regional Noroeste I – Para os Estados do Ceará, o Piauí e o Maranhão; fundou o Centro de Treinamento da Pacatuba; revitalizou o Banco Popular de Fortaleza; adquiriu a Casa de Lazer do Clero na Praia do Pacheco; retomou a construção da Catedral e a construção da nova residência episcopal [...] e desmembrou a Arquidiocese de Fortaleza, com a criação das Dioceses de Itapipoca e Quixadá.
Dentro da visão de uma Igreja do Vaticano II, a partir do pacto das catacumbas, pobre e servidora, longe dos símbolos e dos privilégios do poder, foi corajosamente levado a desfazer-se do patrimônio mais histórico e expressivo da cidade de Fortaleza - “Palácio do Bispo”.
Dom Delgado ao despedir da Arquidiocese de Fortaleza, com o coração compungido, disse: “Agora, Senhor, podes deixar teu servo partir em paz, segundo a tua palavra; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos, luz para iluminar as nações e glória de teu povo, Israel” (Lc 2, 29-32), citando o velho Simeão, sumamente alegre e feliz. Diante do acima exposto e das críticas que sempre escutei a seu respeito, quero afirmar, sem nenhuma dúvida, que esse homem de Deus fez que o que tinha que ser feito e foi um grande bispo, um pastor incompreendido.



pegeovane@paroquiasantoafonso.org.br


Última Alteração: 09:10:00

Fonte: Pe. Geovane Saraiva
Local:Fortaleza (CE)

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