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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

BISPO AMEÇADO DE MORTE FALA DA REALIDADE NA AMAZONIA.


O bispo da Prelazia de Marajó, no Pará, dom José Luís Azcona Hermoso, participa do III Fórum Mundial de Teologia e Libertação – FMTL, que se realiza na cidade de Belém, com a participação de cerca de 900 pessoas provenientes de diversas partes do mundo para debater o tema “Terra, Água e Teologia, por um outro mundo possível”. Ameaçado de morte juntamente com outros 2 bispos e mais de 200 lideranças no Estado do Pará, dom Azcona lançou um desafio ao Fórum: fazer um manifesto mundial a ser entregue às autoridades para chamar a atenção sobre a gravidade do problema na região. Falando à revista Missões o bispo espanhol da ordem dos Agostinianos Recoletos, traçou um panorama da realidade na Ilha do Marajó.



Dom Azcona, qual a importância de se realizar a 3ª edição do Fórum Mundial de Teologia e Libertação em Belém, na região Amazônica?
A importância para a Igreja no Brasil é grande por se tratar de um acontecimento mundial. Nós corremos o risco de centralizar o nosso diálogo teológico na América Latina ou somente no Brasil. Esta abertura mundial é algo verdadeiramente fecundo e promissor.
Enquanto libertação, a palavra tem muitos sentidos e creio que também pode ajudar. A pergunta talvez seria: o que o Brasil pode contribuir neste Fórum?



Sobre isso teria uma observação de amigo. A programação não teve em conta, de modo suficinte, a realidade da teologia que se faz no Brasil e especificamente aquela da Amazônia. Foi grande a palestra do Leonardo Boff, mas ele não tem experiência da Amazônia. A teologia dele está construída sobre livros. Outros que falaram ou falarão, com certeza, podem fazê-lo escrevendo artigos em Frankfurt, Chicago ou em Milão. Creio que não houve essa mútua colaboração em diálogo com uma teologia que se faz no Brasil e que deseja abrir caminhos novos e fecundando, de alguma maneira, para outras teologias.



No seu trabalho, o senhor e outras lideranças receberam ameaças de morte por abordarem questões gritantes da realidade. O que está acontecendo no Marajó?



A problemática, em geral na Amazônia é estrutural. O Marajó é uma região abandonada pelas autoridades. Esse abandono secular está aparecendo agora de um modo ameaçador. Por exemplo, a presença do narcotráfico, de modo acelerado, está levando a população a uma crise social e ética que coloca em risco sua própria sobrevivência. Por outro lado, o abandono econômico inside diretamente na proliferação de problemas como a exploração sexual de menores, de jovens, o tráfico de seres humanos, sobretudo através da Guiana Francesa. Eu chamaria essa política de descaso de imobilismo criminoso. Uma região sem lei está contribuindo para que grupos criminosos organizados construam o seu império. Mais tarde será muito difícil erradicar.



Além disso, o Marajó virou questão de segurança nacional. Na região, ao longo de 300 quilômetros, do Pará ao Amapá, a vigilância da Marinha brasileira é inexistente. Se a segurança nacional não funciona, por esse caminho pode se dar o tráfico de armas, o tráfico humano e a biopirataria. Toda essa situação cria um ambiente de alto risco humano, eclesial e evangelizador. Por exemplo, a afirmação que se faz em alguns lugares da Ilha, de que o narcotráfico é bom, que não é mais como era antes quando era ruim. Agora essa atividade é boa porque está ajudando as famílias, está entregando medicamento às crianças desprovidas de políticas públicas. Essa mentalidade vai trazer a guerra em todo o Marajó. O narcotráfico vai dominar e será muito mais difícil erradicá-lo do que nos morros do Rio de Jeneiro ou em Medellín, na Colômbia. Isso pela configuração geográfica de grandes ilhas, rios e selva. É nesse contexto que surgiu a ameaça.



Fizemos denúncias de exploração sexual de menores e adolescentes e de tráfico humano para a Europa, especialmente através da rota Breves, Macapá, Guiana Francesa e de lá para a Europa. E também de Marajó, Belém, Guarulhos em São Paulo, para Madri na Espanha e de lá para toda a Europa. É uma vergonha o turismo sexual que se pratica na Europa, que compra com Euros a dignidade de crianças, adolescentes e jovens. Estamos diante duma crise mundial em que a cobiça sexual se desenvolve de modo brutal e violento desrespeitando os valores mínimos da dignidade humana e social desses menores.



Diante dessas denúncias eu recebi uma comunicação da Comissão de Direitos Humanos em Brasília que tinha colaborado na investigação, dizendo que pelos contatos que tinham em Belém, tanto eu quanto o assessor da Comissão estaríamos sendo procurados para nos matar. Disseram-me que tivesse muito cuidado por se tratar de grupos perigosos. O assessor já foi assassinado e eu estou em pé. No dia 23 de dezembro de 2007, saiu no jornal “O Globo”, o meu nome com uma lista de 15 marcados para morrer, entre os quais três bispos do regional e dois padres com outras pessoas. Hoje, somente no Pará, temos 200 pessoas marcadas para morrer.



A Grande Missão Continental, uma proposta da Conferência de Aparecida, lançada em Quito, durante o CAM 3 – Comla 8, deverá acontecer também no Brasil. Como desenvolver essa Missão na Ilha do Marajó?



Na nossa região, creio que essa Missão Continental, tem seus limites humanos, sociológicos e eclesiais. Diante das problemáticas gravíssimas que atravessamos, a contribuição que pode fazer Aparecida no que diz respeito à Missão Continental é bastante reduzida. Nós devemos criar nossa própria reflexão, partindo da realidade e também da orientação de Aparecida, com nossos próprios posicionamentos e encaminhamentos pastorais. Sem dúvidas, nós precisamos dessa conversão pastoral a partir de uma conversão pessoal, mas concretizada na nossa situação. Marajó tem linhas pastorais específicas que não podem ser confundidas com as do resto do continente.



Jaime Carlos Patias, diretor da revista Missões.



Última Alteração: 08:44:00

Fonte: Revista Missões
Local:Belém (PA)

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