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terça-feira, 16 de setembro de 2008

A ORAÇÃO NOS PADRES DO DESERTO.


Um tema caro à espiritualidade cristã nos primórdios da Igreja é a vida orante, tendo como referência a experiência bi-milenar dos Padres do deserto, que a partir da vida silenciosa, vivida no anonimato do deserto, longe dos centros urbanos e regada a uma boa dose de ascese cristã, buscaram no silêncio o diálogo profundo com Deus. Do deserto, estes homens irradiaram um tesouro espiritual riquíssimo, um testemunho de vida baseado na humildade, simplicidade, interioridade e despojamento.

O estilo de uma pessoa rezar hoje, com todas as formas e as mais variadas expressões diante do sagrado, é uma forma bem diferente da que percebemos nos Padres do deserto há 16 séculos. O que hoje nos é familiar no momento em que vamos rezar; por exemplo, nos recolhermos numa capela ornamentada, com imagens de santos, bela iluminação, presença do Santíssimo Sacramento, genuflexórios... Na época dos padres não era assim, a realidade era outra. Estas expressões não faziam parte do cotidiano deles, mas era comum vê-los na cela, pequeno quarto, fazendo algum tipo de confecção manual: cestos ou esteiras para serem vendidas no mercado mais próximo. O que nos chama a atenção neste trabalho solitário é o fato de que, durante o tempo em que iam trabalhando, iam também repetindo incessantemente alguns versículos dos salmos ou algumas invocações das Sagradas Escrituras.

“Ao realizar o meu trabalho manual, dizia o aba Lúcio, rezo sem interrupção. Sento-me com Deus, molhando os juncos e tecendo as cordas, dizendo: Tende piedade de mim, ó Deus, segundo a vossa bondade; e na vossa infinita compaixão, perdoai o meu pecado”[1].

É mister dizer que a vida de oração não se resumia apenas aos momentos de trabalho. Um mestre espiritual da época aconselhava os que iam até ele para ouvir um conselho da seguinte forma: “Logo de manhã, senta-te num banco pequeno, entra no teu coração e fica lá. E assim, laboriosamente prostrado num espírito de penitência, gritarás com perseverança: Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim” [2].

O desejo de oração constante é uma marca na vida dos Padres que pertenceram ao monacato antigo e mesmo posteriormente, quando as primeiras comunidades monacais foram surgindo, ainda percebemos que a preocupação com a oração foi mantida. São Basílio, um dos idealizadores da vida comunitária entre os monges, preocupou-se em não perder a vida orante dos eremitas primitivos. Escreve ele: “Embora as nossas mãos trabalhem, podemos louvar a Deus através dos salmos, dos hinos e dos cânticos espirituais; com a boca, quando isso é possível e pode edificar, ou, pelo menos, com o coração. Caso contrário, como poderemos conciliar estas duas palavras do Apóstolo Paulo: orar constantemente e trabalhar sem descanso?”[3]. Também se observam várias outras frases que são como que conselhos para os monges no que tange à oração contínua até durante a noite: “Compromete-te a fazer durante a noite várias orações, porque a oração é a luz da tua alma”. “Ama a oração contínua para que o teu coração seja iluminado”.

Desta fase do monacato não percebemos momentos “fortes” de oração comunitária, digo como se houvesse num determinado momento do dia uma hora para eles rezarem. Nesta fase, a vida orante era durante o dia “como um todo”, seja nos momentos de descanso, seja nas horas de trabalho. A oração, para eles, estava intimamente ligada à vida a ponto de não terem necessidade de ter um tempo para orar, pois todas as funções executadas durante as horas eram feitas em espírito de oração. Cassiano, um dos grandes Padres do monacato, vê na oração um dos principais objetivos da vida monástica: “O objetivo último do monge consiste numa perseverança ininterrupta da oração. Uma vez que está sujeito à fragilidade humana, é um esforço em direção à tranqüilidade da alma e a uma pureza perpétua”.

Cremos que podemos dizer sem medo que estes homens do deserto sentiram em profundidade a presença de Deus em suas vidas. Sentiram Deus falar continuamente a eles, pois tinham sempre presente as Sagradas Escrituras na memória, pois como já mencionamos, eles chegavam a decorar trechos inteiros da Bíblia, sobretudo versículos dos salmos para refletirem durante as horas do dia.

Para nosso momento, como Igreja, podemos aprender dos monges ou Padres do deserto, o amor às Escrituras e o valor da solidão na edificação da personalidade. Solidão, não como sinônimo de isolamento, frustração ou fuga da sociedade, mas como vivência, assimilação pessoal da Palavra de Deus. E uma vez que nem todos somos anacoretas, monges enclausurados por vocação, a conseqüência desta vida orante pessoal deve ser o testemunho e engajamento na comunidade eclesial. Tendo assimilado os ensinamentos de Cristo pela vida de oração, o fruto desta descoberta deve ser a manifestação do amor sendo expresso em gestos concretos de ajuda e solidariedade.

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